Segunda, 29 Abril 2024 | Login

Após quatro horas de negociação, o homem identificado apenas como Tarcísio, que fez quatro moradores reféns desde o início dessa manhã de segunda-feira (15), na Rua Lourival Costa, em Águas Claras, se entregou à polícia. As vítimas, sendo três adultos e um criança, foram liberados sem ferimentos pelo suspeito.

Tarcísio tinha um mandado de prisão por feminicídio, que seria cumprido nesta segunda pelo Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP). Quando percebeu a chegada dos agentes, ele prendeu a família e os manteve em cárcere privado. O suspeito, inclusive, era inquilino recém-chegado a residência onde estava, que é composta por kitnets. As vítimas eram vizinhos dele.

Para liberar os cinco, o suspeito exigiu a presença da imprensa e dos familiares. Durante o diálogo com ele, os negociadores enfatizaram que todos estavam na residência. "Tarcísio, seu pai e seu advogado estão aqui. A imprensa também veio acompanhar, ninguém aqui vai tirar sua vida", falou um negociador do Batalhão de Operações Policiais Especiais.

Além do feminicídio, que ocorreu em abril de 2021 contra uma ex-namorada, Tarcísio é suspeito de ser autor de 20 homicídios.

Agora, vai responder também por cárcere privado. Além do DHPP e do BOPE, agentes da Rondas Especiais (Rondesp) e do Centro de Operações e Inteligência (COI) participaram da ação que terminou na prisão e condução do suspeito.

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A quadrilha que montou um esquema de fraudes em apostas envolvendo partidas de futebol explorou o uso de contas falsas em casas de apostas e transferências de valores por meio de "laranjas". O objetivo era impedir que apostas atípicas caíssem no alerta dos sites das jogatinas e acabassem bloqueadas, além de evitar a vinculação dos supostos líderes do esquema criminoso com os pagamentos a jogadores profissionais.

A partir de diversas contas abertas em sites de apostas, o grupo afirmava usar um "robô" em computadores que permitia a operação simultânea dos cadastros. As descobertas estão no âmbito das investigações realizadas pelo Ministério Público de Goiás (MPGO) nas duas fases da Operação Penalidade Máxima.

A apuração mira um esquema de aliciamento de jogadores de futebol para que realizassem determinadas ações em partidas das Séries A e B do Campeonato Brasileiro, além de campeonatos estaduais. Os eventos manipulados viravam apostas que rendiam lucros ilegais à quadrilha e a atletas.

Em um diálogo entre dois dos principais articuladores do esquema, Thiago Chambó diz a Bruno López que devem ser evitados compartilhamento de endereços e de números de telefone. Contas bancárias pessoais também não deveriam aparecer nas transações. "Nem transfere mais da sua mulher nem do seu CNPJ para ninguém nas próximas, entendeu? Pega umas contas 'laranja' para mandar", disse Chambó, pelo WhatsApp.

Outro apostador na mira do MP, William de Oliveira Souza aparece nas investigações como alguém que atuava para oferecer cadastros nos sites de apostas, em troca de vantagem financeira.

Para o Ministério Público de Goiás, William McLaren, como era conhecido, tinha plena ciência da atividade criminosa. "Se quiser delegar pra mim, na resposta de arrumar, vai 'oh Mclaren, eu preciso de cem contas', eu fico na responsa de arrumar cem contas, coloco saldo e resumo as cem e a gente define a porcentagem, entendeu? É uma equipe, mano, o bagui é uma equipe", disse.

Bruno López é empresário e ex-jogador de futebol. Ao Estadão, um atleta que atuou com ele em um time de futsal de São Bernardo confirmou que o agora empresário pedia acesso a cadastros em sites para diversificar a origem das apostas em troca de percentuais sobre os lucros.

Camila Silva Motta, mulher de Bruno, é apontada como integrante do núcleo administrativo do esquema. Segundo a investigação, ela tinha a "relevante atuação" de fazer pagamentos e verificar o funcionamento das contas apócrifas utilizadas pelo grupo.

Bruno e Camila são sócios da BC Sports, uma empresa recém-criada para agenciar jogadores de futebol, mas que era usada principalmente para pagamento dos "sinais", as antecipações a jogadores que aceitavam se corromper para realizar determinadas ações em campo, como receber cartões ou cometer pênalti.

Ao todo, 16 pessoas se tornaram réus nesta semana por envolvimento no esquema das apostas com manipulação de 13 partidas. Oito da Série A do Campeonato Brasileiro de 2022, uma da Série B e quatro de campeonatos estaduais de 2023.

O advogado de Bruno López, Ralfh Fraga, afirmou que ainda precisa se debruçar sobre o processo para se manifestar com mais embasamento sobre o caso. A reportagem não localizou advogados de Thiago Chambó e William McLaren.

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A digital influencer Laine Mendonça, de 44 anos, morreu na madrugada desta sexta-feira (12). Ela estava internada na UTI de um hospital do Paraná após ser espancada e queimada pelo namorado na cidade de Japurá.

O crime ocorreu na última terça-feira (9). O suspeito, de 21 anos, foi preso no mesmo dia, segundo o g1. Ele chegou a ir trabalhar após espancar e queimar Laine.

Além de ter 30% do corpo queimado, a mulher tinha tinha sinais de enforcamento e também lesões na cabeça.

O crime teria sido cometido por ciúmes.

De acordo com a polícia, o suspeito agiu por ciúmes. O próprio suspeito avisou ao pai que achava que a namorada estava morta. O sogro, então, foi resgatar Laine.

Segundo a PC, Laine e o suspeito moravam juntos. A polícia afirmou que não havia boletim de ocorrência registrado contra ele, nem medida protetiva. O homem, entretanto, tinha passagem por violência doméstica contra a própria mãe.

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O repórter Marcelo Castro, um dos investigados pela Polícia Civil no 'Golpe do Pix da Record', foi até a Delegacia de Estelionato e Outras Fraudes (Dreof), no Centro de Salvador, nesta quarta-feira (3). Ele foi por vontade própria, sem convocação policial.

Na porta da delegacia, após o encontro com as autoridades, ele gravou um vídeo falando que ainda não prestou depoimento sobre o caso.

"Apesar de não ter sido intimido, eu respeito a Polícia Civil e o trabalho do delegado Charles Leão por isso compareci a delegacia hoje ao lado do meu advogado Marcos Rodrigues para buscar informações e prestar esclarecimentos. Eu ainda não fui ouvido, mas estou a disposição", disse ele.

No vídeo, Marcelo também desabafou sobre os ataques que tem sofrido nas redes sociais e nas ruas. "Tem o trabalho de investigação e quem pode falar algo é a Polícia Civil. Não fulano ou ciclano, pessoas querendo aparecer", afirmou.

Marcelo também escreveu uma citação bíblica na legenda do vídeo, que foi postado no Instagram. "Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam."

Marcos Rodrigues, advogado do repórter, também falou brevemente sobre o caso e a ida a delegacia nesta quarta. "Ja vim aqui [na Dreof] várias vezes. Sempre respeitando a dinâmica e metodologia do delegado. Hoje marcelo pediu para vir. Ele sofre ameaças, represálias e fake news. Achei conveniente trazê-lo à delegacia, mas a autoridade não quis fazer a ouvida. Apenas disse que em um prazo de 15 dias o convocaria", revelou.

Marcelo estava de férias em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, quando o caso explodiu na mídia. Ele foi demitido da emissora assim que retornou ao trabalho.

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O trabalho conjunto das polícias Civil e Militar resultou nas apreensões e prisão de 30 adolescentes, criança e adulto envolvidos com a produção e disseminação de fake news ou por levar armas brancas ou pistolas falsas para escolas.

Nesta quinta-feira (13), 11 estudantes foram flagrados em Salvador e na cidade de Cravolândia, provocando pânico.

Ações de inteligência e de patrulhamento foram ampliadas nas redes sociais como WhatsApp, Instagram, Facebook e Discord. As rondas também foram reforçadas no entorno das instituições de ensino.

Informações sobre grupos ou possíveis autores podem ser repassadas através do Disque-Denúncia da SSP, no telefone 181. As informações são tratadas pela Superintendência de Inteligência e imediatamente repassadas para as forças policiais.

Fotos, prints e vídeos também podem ser enviados através do site do Disque Denúncia. Outra forma de repassar informações é pelo site do Ministério da Justiça.

Ações
O prefeito de Salvador, Bruno Reis, anunciou nesta quinta-feira (13) uma série de medidas preventivas de segurança para as escolas municipais. Em pronunciamento nas redes sociais, o prefeito elencou as ações, como o início de uma ronda da Guarda Municipal nas escolas e a ampliação do videomonitoramento nas unidades de ensino, com o objetivo de garantir a proteção de estudantes e profissionais da Educação.

O anúncio do prefeito ocorre após os ataques e ameaças de atentados contra unidades de ensino em todo o país. Ao falar sobre as medidas, Bruno afirmou que “a onda de violência que está ocorrendo nas escolas de forma covarde e absurda” tem causado preocupação. Nesta quinta, ele se reuniu com integrantes da Secretaria da Educação e da Guarda Municipal para discutir o tema.

“Não poderia assistir isso de braços cruzados. Convoquei, agora à tarde, uma reunião com toda minha equipe da Secretaria de Educação e da Guarda Municipal. Estamos adotando uma série de medidas para terem início imediatamente. Amanhã, vamos iniciar a ronda nas escolas, nos dois turnos, manhã e tarde. As viaturas da Guarda Municipal estarão circulando nas imediações das escolas”, declarou.

Outra medida será o treinamento, feito pela Guarda Municipal, com dirigentes escolares para lidarem com situações relacionadas a violência. “Vamos também ampliar o videomonitoramento nas escolas, implantando mais câmeras e sistemas de alarme, para, caso tenha alguma ocorrência, a viatura possa ser acionada imediatamente”, disse.

Por fim, o prefeito enfatizou que estas ações vão ocorrer em caráter permanente. “Elas chegam para ficar. Espero, com isso, poder levar mais segurança, mais tranquilidade para os nossos profissionais da educação e, principalmente, para os nossos alunos, que precisam estudar nas nossas escolas com tranquilidade e segurança”, ressaltou.

Ações da Prefeitura:

* Ronda escolar feita pela Guarda Municipal nos dois turnos, de segunda à sexta;

*A Guarda Municipal vai realizar uma formação com todos os gestores escolares, orientando sobre as medidas que devem ser tomadas em situações que possam oferecer riscos;

* Ampliação dos equipamentos de videomonitoramento nas escolas;

* Construção junto com toda a rede de um projeto que debata, permanentemente, a cultura de paz.

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Para algumas mulheres, buscar a Delegacia Especializada da Mulher (Deam) para denunciar uma violência sofrida - seja física, psicológica ou moral, entre outras - significa passar por mais um sofrimento. Entre as maiores dificuldades estão não encontrar um ambiente acolhedor, policiais despreparados para lidar com traumas e o assédio. Diante dos problemas, a Lei Federal n° 14.541, publicada em 4 de abril (quarta-feira), estabelece diversas determinações para melhorar a assistência prestada às vítimas.

As baianas contam com 15 Deams em todo o estado, segundo dados da Polícia Civil da Bahia. Duas delas estão em Salvador - Paripe e Brotas - e são as únicas no estado com atendimento 24 horas, uma das determinações da nova lei. As demais estão espalhadas por outros 13 municípios. Agora, a lei estabelece que todas as unidades funcionem ininterruptamente, inclusive em feriados e finais de semana. Apesar do avanço, as Deam cobrem apenas 3,5% do território baiano, já que a Bahia tem 417 municípios.

Nelas, pela nova legislação, o atendimento passa a ser prestado obrigatoriamente em salas reservadas e, preferencialmente, por policiais mulheres. O que antes não acontecia. O texto define ainda que os policiais encarregados do atendimento deverão receber treinamento adequado para permitir o acolhimento das vítimas de maneira eficaz e humanitária. Nos municípios onde não houver Deam, a delegacia existente deverá priorizar o atendimento da mulher vítima de violência por agente feminina especializada.

Já nos municípios que têm unidades especializadas, fica estabelecido que as delegacias devem disponibilizar um número de telefone ou outro canal de comunicação eletrônico exclusivo para o acionamento da polícia civil em casos de violência contra a mulher. A guarnição deve atender a ocorrência imediatamente após ser notificada.

As determinações, no entanto, chegaram muito depois de Juliana* ter precisado fazer uma denúncia. Após dois anos vivendo um relacionamento aparentemente tranquilo, ela foi convidada pelo namorado para ir a um jantar entre casais. Ao chegar no restaurante, descobriu que havia apenas um amigo do companheiro. O encontro seguiu e ela preferiu não beber. Mesmo assim, foi pressionada diversas vezes a consumir álcool.

Quando decidiu ir embora, por estar se sentindo desconfortável, foi convencida pelo namorado a ir para casa dele. Lá, ele continuou insistindo para que ela bebesse. Ela bebeu e foi dopada. No dia seguinte, sentiu que algo de errado havia acontecido, questionou o parceiro, mas ele negou. Meses depois, descobriu que ele armazena fotos dela no celular, tiradas sem consentimento - assim como de outras mulheres. E que naquela noite ele havia armado um plano para estuprá-la junto com o amigo.

Quando buscou uma Deam de Salvador para denunciar o crime, teve a assistência negada e foi assediada pelo policial que a atendeu. “O cara não parava de olhar para os meus seios. Ele mordia os lábios. Eu fiquei tão constrangida que cruzei os braços. Ele me disse que como não apanhei, eu deveria correr atrás de outra forma e que aquilo acontecia o tempo todo”, contou Juliana*, que chegou a questionar se havia uma policial para atendê-la e teve como resposta um “não, é o que tem para hoje”.

A reportagem questionou a Polícia Civil sobre quais medidas eram tomadas nas unidades especializadas para evitar e punir este tipo de ação dos policiais, mas até o fechamento da edição, não obteve resposta.

Avanço limitado
Os dados da Rede de Observatórios da Segurança apontam que de 2021 para 2022, o índice de violência contra a mulher na Bahia cresceu 58%. Ao todo, foram 348 casos registrados no ano passado. Para Larissa Neves, pesquisadora da instituição, a sensibilização do atendimento prestado nas delegacias significa um avanço necessário. Pois a chegada à delegacia muitas vezes é um dos últimos passos que a mulher vítima de violência consegue dar.

“A chegada na delegacia já é um desafio. Daí chegar neste espaço e não conseguir ter um acolhimento de escuta, humanizado, e de enxergar o momento de vulnerabilidade que a mulher está passando, é preocupante, pois até essa mulher conseguir falar, ela já passou por diversas violências. E o testemunho negativo de uma, afasta ainda mais as outras do ato de denúncia", destaca Larissa.

A presidente da Comissão de Proteção aos Direitos da Mulher da Ordem dos Advogados da Bahia (OAB-BA), Renata Deiró, salienta que a falta de Deams no estado e de estrutura para manter o atendimento 24h são impasses para garantir a segurança das mulheres. Apesar disso, vê a lei como um avanço, e acredita que se as determinações forem cumpridas como previsto nas unidades que já existem, a diferença será ainda maior.

“Sabemos que 50% dos crimes de violência doméstica são praticados após às 18h, por uma série de fatores socioeconômicos. Há aquele tensionamento durante o dia, com ofensas verbais, gritos, ameaças e quando chega a noite, desemboca para a violência mais grave. Isso faz as mulheres necessitarem de ajuda após às 18h. A lei se torna um divisor de águas, obrigando as delegacias a cumprirem o atendimento 24h”, ressalta Renata.

A presidente da Comissão da OAB Mulher participou do grupo de transição do Ministério da Justiça e apresentou como proposta de trabalho, uma nota técnica sobre o funcionamento do estado do Brasil, atualizada em 2010. Nela, estão presentes todas as medidas estabelecidas pela Lei Federal n° 14.541, exceto a que determina que o número de Deams em cada município seja calculado com base no número de habitantes. O que para Renata, é um déficit. "Todo município a partir de 50 mil habitantes deveriam ter uma Deam e os que tenham mais de 150 mil habitantes deveriam ter no mínimo duas.

Falta de efetivo feminino
Para o presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Estado da Bahia (Sindpoc), Eustácio Lopes, a publicação da lei federal n° 14.541 também é uma oportunidade de pressionar o governo estadual a investir na Polícia Civil. Conforme os dados apresentados por ele, em 2023, a Bahia conta com 5.300 policiais civis, quando o ideal seria o estado ter um efetivo de 11.000. Nesse contingente que já está em déficit, apenas 22% são policiais mulheres, ou seja, 1.200 para 4.100 homens.

Ainda segundo EustácioLopes, a polícia Civil também possui um batalhão formado por uma maioria de policiais prestes a se aposentar. Ao todo, 85% estão com 50 anos de idade ou mais. Apenas 15% dos policiais são jovens entre os 20 e os 40 anos de idade. Todos estes fatores juntos são vistos pelo presidente do Sindipoc como impasses para que a corporação consiga cumprir as determinações da lei publicada na quarta-feira.

“Nem sempre conseguimos fazer o acolhimento nas Deams com [policiais] mulheres. Não tem efetivo para o primeiro atendimento, para não constranger [as vítimas], para acolher. Não conseguimos ter centrais de flagrantes para trazê-las [as vítimas para as delegacias]. Em todas as delegacias falta servidores para o plantão, para o administrativo. Então, o governo [do estado] precisa estruturar, fazer concurso”, ressaltou o presidente do Sindpoc.

A reportagem entrou em contato com a Secretária de Segurança Pública (SSP-BA) e com a Polícia Civil (PC-BA), questionando sobre as medidas previstas para o cumprimento da Lei e o tipo de atendimento prestado às mulheres que buscam as Deams no estado, mas não houve retorno. O governo do estado também foi procurado para falar sobre as demandas do Sindpoc, mas não enviou resposta.

*A fonte pediu para ter sua identidade preservada

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O tiro de fuzil que matou o pedreiro Rui Antônio da Silva, 61 anos, também destruiu a vida de seus filhos. “Eles acabaram com tudo o que a gente tinha. Meu pai era a nossa base”, afirma a operadora de telemarketing Paula Andrade, 29. Rui Antônio morreu durante uma ação da Polícia Militar (PM) no Alto do Coqueirinho, no dia 3 de março deste ano. A dor de Paula reflete o sofrimento das 696 famílias que tiveram parentes baleados em Salvador durante quase oito meses. Nesse período, a capital baiana registrou um tiroteio a cada oito horas.

O número faz parte de um estudo do Instituto Fogo Cruzado, realizado entre o dia 1 de julho de 2022 e o dia 30 de março deste ano. Os dados apontam ainda que na Região Metropolitana (RMS) a situação é mais preocupante: é um tiroteio a cada seis horas.

De acordo com o estudo, Salvador registrou 815 tiroteios no período analisado. Sendo que 263 das ocorrências resultaram de ações policiais. O estudo aponta que neste período, foram 696 pessoas baleadas, das quais 519 morreram. Na RMS, o instituto contabilizou 1.107 tiroteios, dos quais, 362 foram com a participação da polícia. A apuração concluiu que 986 pessoas foram atingidas por projéteis e 761 não resistiram.

“O Fogo Cruzado está há oito meses mapeando Salvador e região metropolitana e nesse tempo já percebemos que esses números mostram a realidade que a população e a imprensa conhecem bem, mas que até então não tinha dimensão do problema. Acontece que esses dados são um ponto de partida para a elaboração de políticas públicas de segurança”, declara a coordenadora regional do instituto, Tailane Muniz.

O Fogo Cruzado é um Instituto que usa tecnologia para produzir e divulgar dados abertos e colaborativos sobre violência armada. Com uma metodologia própria, o laboratório de dados da instituição produz mais de 30 indicadores inéditos sobre violência em Salvador, Rio de Janeiro e Recife.

“É uma violência desenfreada. Eles arrombaram a porta. Meu pai acordou no susto. Não deu nem tempo dele falar. Caiu com um tiro de fuzil. Eles na certa invadiram para achar armas e drogas, como fazem nas casas, mas mataram um trabalhador, que morava há 40 anos no bairro. Na Corregedoria da Polícia Militar, que apura o caso, o policial alegou que meu pai foi para cima dele com uma faca. Ele atirou no escuro, numa pessoa indefesa. Foi despreparo total, irresponsável”, conta Paula Andrade, detalhando a forma como o pai foi morto.

Violência generalizada
Por meio de um aplicativo, o Fogo Cruzado recebe e disponibiliza informações sobre a ocorrência de tiroteios que são checadas em tempo real e que estão no único banco de dados aberto sobre violência armada da América Latina, que pode ser acessado gratuitamente pela base de dados do instituto. “A violência armada atinge todo mundo, mata inocentes, leva tensão e medo aos cidadãos. Mesmo aqueles que não circulam em áreas estigmatizadas como mais violentas. Então, com os dados, é possível pela primeira vez qualificar o impacto da violência armada em Salvador e na região metropolitana”, acrescenta Tailane.

O levantamento da entidade aponta também que 74,75% das vítimas de tiroteio em Salvador e na RMS não foram identificadas; 3,38% foram agentes públicos; 2,88% ex-detentos; 0,20% entregadores/motoboys e grávidas; 0,99% motoristas de aplicativo; 1,19%, vendedores ambulantes; 1,29%, mototaxistas; políticos, 0,10%; rifeiros, 0,89% e outros, 14,12%.

Em relação às circunstâncias da vitimização, 85,58% está sem identificação; 9,98% foram chacinas; 3,83% balas perdidas; 0,40% feminicídios e 0,30% outros.

A coordenadora regional do FC comenta as causas apontadas no estudo. “Esses dados registrados nos últimos meses mostram que as chacinas e as disputas entre os grupos armados são os principais motores dessa violência. E essa dinâmica explica porque o estado não produz dados de segurança pública ou não é transparente na divulgação dessas informações”.

As informações diárias dos boletins de ocorrência no site da Secretaria de Segurança Pública (SSP) deixaram de ser públicas há mais de um ano. Imprensa, órgãos públicos, universidades e outras instituições que trabalham com a coleta de dados, e a própria sociedade, não têm mais acesso de forma rápida às informações sobre homicídios, baleados, furtos e roubos de veículos na Bahia.

“O problema da violência armada hoje está diretamente ligado à falta de transparência. Faltam dados de qualidade para embasar políticas públicas e falta, sobretudo, vontade política de abandonar métodos de combate à violência que já se mostraram ineficazes há muito tempo”, pontua Tailane, que emenda:

“Planejamento de segurança pública eficiente tem que ser baseado em evidência, tem que ser baseado em dados. Sem dado não pode haver plano para que políticas públicas sejam pensadas, para que a população não sofra ainda mais com traumas e a perda de seus familiares”.

Posicionamento
A reportagem cobrou da SSP/BA) um posicionamento em relação aos dados apurados pelo instituto. Em nota, a pasta informou que “não comenta os dados apresentados pelo aplicativo. Por não se tratar de um recurso oficial, não é possível atestar a veracidade das informações que são apresentadas, o que impossibilita, inclusive, a utilização desse recurso para fins policiais. Os dados gerados de forma indiscriminada e sem confirmação oficial podem produzir estatísticas distorcidas”, diz o texto.

A SSP disse que nos primeiros três meses do ano foram capturados 2.211 criminosos, uma média de 30 por dia, que 1.142 armas foram retiradas de circulação, entre elas 15 fuzis. Neste mesmo período, pouco mais de 2,5 toneladas de drogas foram também encontradas. A pasta diz que o trabalho se refletiu nas reduções de 4,7% das mortes violentas na Bahia. Em Salvador, a queda foi de 15% dos homicídios, latrocínios e lesões dolosas seguidas de morte.

Em relação a não disponibilização das informações diárias dos boletins de ocorrência no site da SSP, a órgão informou: “O site da SSP, buscando dar mais comodidade para o cidadão acessar e também ampliando a sua proteção contra os ataques cibernéticos, está passando por uma mudança de plataforma. O processo está em fase final e logo o portal contará com todas as suas funcionalidades”, diz a nota.

Em janeiro de 2022, 21 páginas institucionais do governo da Bahia sofreram um ataque hacker e ficaram fora do ar. Curiosamente, os serviços foram normalizados dias depois, com exceção do boletim diário. A SSP finalizou dizendo que “nesse momento de atualização do site, dados estatísticos podem ser solicitados à Polícia Civil, que segue atendendo as demandas da imprensa”.

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O Ministério Público Estadual deflagrou na manhã desta sexta-feira (31), a ‘Operação Gamboa’ para cumprimento de cinco mandados de busca e apreensão no município de Salvador. Os mandados, expedidos pelo 2º Juízo da 1ª Vara do Tribunal do Júri da Comarca de Salvador, foram cumpridos nas residências e endereços profissionais de quatro policiais militares, investigados pelas mortes de Alexandre Santos dos Reis, Cléverson Guimarães Cruz e Patrick Sousa Sapucaia, ocorridas em março de 2022, durante intervenção policial na localidade de Gamboa de Baixo.

A ação visa coletar indícios do envolvimento dos policiais em possíveis atos ilícitos, no exercício da atividade policial. Os policiais são investigados pelas práticas dos crimes de homicídio e fraude processual. Todo o material apreendido será submetido a conferência e análise pelos promotores de Justiça e, posteriormente, encaminhado aos órgãos competentes para adoção das medidas cabíveis.

A operação é comandada pelos Grupos de Atuação Especial Operacional de Segurança Pública (Geosp) e de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e teve o apoio da Força-Tarefa de Combate a Grupos de Extermínio e Extorsão mediante Sequestro da Corregedoria-Geral da Secretaria de Segurança Pública (Coger).

Relembre o caso
A ação da Polícia Militar na comunidade da Gamboa, na região da Avenida Contorno, deixou três mortos no dia 1º de março de 2022. Moradores da localidade denunciam uma abordagem agressiva e dizem que PMs já chegaram atirando. A Polícia Militar diz em nota que foi averiguar uma denúncia e ao chegar ao local foi recebida por tiros, tendo apenas reagido.

Na madrugada, foram baleados e morreram Alexandre dos Santos, 20 anos, Patrick Sousa Sapucaia, 16, e um terceiro rapaz identificado somente como Cauã. Os moradores contam que os três estavam em um bar e foram levados pelos PMs para uma casa, onde foram baleados. O local teria sido lavado pelos policiais em seguida. O Departamento de Polícia Técnica (DPT) foi acionado para fazer a perícia nessa casa.

Tia de consideração de Alexandre, a camareira Saionara Bonfim, 31, disse que falou com o rapaz instante antes dos tiros. "Eu chegava em casa do trabalho quando encontrei com Alexandre na entrada da comunidade. Ele estava com uma caixa de som na mão e até brincou comigo. 'Isso é hora de chegar?'. Foi o tempo que cheguei em casa, tomei um banho e um café e logo escutei os tiros. No dia seguinte, soube que os três foram retirados do bar da comunidade e levados para uma casa abandonada, onde foram mortos com tiros na cabeça. Eles próprios lavaram o local com água corrente", contou Saionara.

Na ocasião das mortes, em nota, a PM disse que equipes da Rondesp foram até o local após denúncias de que homens armados estavam transitando na Avenida Lafayete Coutinho, entre a Avenida Contorno e a Gamboa, na madrugada de hoje. Lá, diz a PM, as equipes foram recebidas a tiros por um grupo. Houve revide e depois a PM encontrou três feridos, que foram socorridos para o Hospital Geral do Estado (HGE), onde morreram. Outros suspeitos conseguiram fugir.

A polícia disse ainda na ocasião que com o trio apreendeu um revólver calibre 38; duas pistolas, sendo uma de calibre .40 e outra de calibre 380; 177 papelotes de maconha; 233 pinos e dez embalagens de cocaína; 130 pedras de crack; três aparelhos celulares; uma balança eletrônica, R$ 172,00 em espécie e um relógio de pulso. A ocorrência foi registrada na Corregedoria da PM.

Já o comandante da PM-BA, o coronel Paulo Coutinho, informou na época que "nossas equipes foram atender uma demanda de homens armados naquela localidade. Ao chegar no local, houve por parte dos que estavam armados, resistência". "Não queremos em hipótese alguma óbitos, infelizmente aconteceu algo dessa natureza", disse. Ele ainda prometeu uma apuração do caso. “Nosso PM está para defesa do cidadão e só ele sabe o que encontrou nessa operação. Todos os fatos serão esclarecidos e nós passaremos para a sociedade baiana tudo o que aconteceu”.

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Cerca de 120 mil pés foram erradicados pela polícia no povoado da Barriguda de Brasília, zona rural do Município de Umburanas, região norte da Bahia. Toda plantação foi incinerada pelos policiais, nessa quinta-feira (23).

Segundo a polícia, a plantação tinha um sistema de irrigação por gravidade e a água utilizada no processo era transferida através de bomba d'água elétrica. Os traficantes ainda contavam com um acampamento com energia elétrica, equipado com freezer, fogão e utensílios domésticos. O plantio foi erradicado e incinerado, juntamente, com todos equipamentos e utensílios encontrados.

Uma amostra da droga foi colhida e encaminhada para a Delegacia da Polícia Civil de Jacobina para adoções das medidas cabíveis. Ninguém foi preso.

A ação foi realizada pela Companhia Independente de Policiamento Especializado (CIPE) – Caatinga, Unidade subordinada ao Comando de Policiamento Especializado (CPE), e pela 24ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM) / Jacobina, Unidade Operacional subordinada ao Comando de Policiamento da Região Norte (CPR-N).

A Região Norte registrou neste ano a marca de 158 mil pés de maconha erradicados, na continuação da execução da Operação Terra Limpa 2023. Em 2022, foram erradicados mais de 800.000 pés de maconha na supracitada operação.

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Os resultados dos laudos periciais das mortes da vereadora Yanny Brena Alencar e Rickson Pinto Lucena apontaram para feminicídio seguido de suicídio. A conclusão foi da Perícia Forense (Pefoce) e da Polícia Civil, por meio da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Juazeiro do Norte.

A presidente da Câmara Municipal foi encontrada morta ao lado do namorado, em casa, no último dia 3 de março. Mais detalhes sobre a investigação vão ser divulgados pela Polícia Civil nesta quinta-feira (23).

Yanny era médica, além de vereadora pelo PL. Rickson se intitulava como atleta de vaquejada, mas não possuía uma ocupação fixa, conforme as investigações. O casal estava junto desde 2020.

Anteriormente, a Pefoce informou que a causa da morte foi asfixia, de acordo com os exames feitos nos corpos feitos. Yanny Brena sofreu ferimentos no pescoço, no abdômen e também teve unhas quebradas, segundo o laudo pericial ao qual a TV Verdes Mares teve acesso.

As marcas, segundo o documento, indicam que houve luta corporal. Um cabo do aparelho de TV foi utilizado no crime.

Depoimento de amiga

Em depoimento à polícia, uma das amigas de Yanny Brena afirmou que ela já tinha expressado que não queria continuar pagando as despesas de Rickson Pinto.

A reportagem da TV Verdes Mares Cariri, afiliada da TV Globo, teve acesso ao depoimento da amiga de Yanny Brena, uma das 17 pessoas ouvidas pela polícia para elucidar o caso. A polícia também investigou se Yanny havia tentado terminar o relacionamento com Rickson dias antes das mortes.

“Yanny relatou que não queria mais ficar pagando as contas de Rickson; que nunca dividia as despesas do casal, ela sempre arcava com tudo”, disse a amiga em depoimento à polícia.

Ainda conforme o depoimento, a conversa sobre os gastos de Yanny no relacionamento teria acontecido com a amiga duas semanas antes das mortes.

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