Quarta, 15 Maio 2024 | Login

Familiares, amigos e colegas de farda lotaram a capela principal do Bosque da Paz, em Salvador, para o sepultamento do subtenente Alberto Alves dos Santos, 51 anos, que foi morto em ação da Polícia Militar da Bahia (PM) na última terça-feira (27) em uma pousada na cidade de Itajuípe, no sul do estado.

Desde as primeiras horas do dia, o cemitério, que fica no bairro do Trobogy, estava muito movimentado. Em parte consternados pela partida do subtenente Alves, como era conhecido, e em outra revoltados pela forma como ele foi morto, os entes mais próximos não conseguiram conter a emoção.

Sem condição de falar com a imprensa, mãe e filhos da vítima ficaram por horas ao lado do caixão. Quem também estava lá era Elisabeth Alves, irmã do subtenente que pediu Justiça e cobrou que a PM assuma que um erro causou a morte dele.

"Chega de impunidade porque meu irmão não era vagabundo e a polícia precisa admitir que eles erraram, entendeu? Ele amava a polícia, tinha 24 anos na polícia e era honrado. Precisam assumir que mataram meu irmão dormindo", falou.

Elisabeth, que em 1999 perdeu outro irmão policial assassinado, questionou a versão dada pelo comando da PM sobre o caso e ainda fez duras críticas à declaração do governador Rui Costa na última quarta-feira (28).

"A polícia precisa assumir e Rui Costa, mentiroso que falou que meu irmão trocou tiro, é mentira. Ele morreu dormindo, não teve nem defesa. Meu sentimento é de dor e revolta. Quero justiça, não pode ficar impune a morte dele", completou.

Em meio às centenas de pessoas que lotaram toda a extensão da capela e a sua entrada, era possível ver a emoção entre os policiais fardados. Sem querer gravar entrevista, PMs afirmaram que o caso é um golpe duro pelo fato da morte ser resultado de uma ação da corporação.

Um dos colegas de farda, que preferiu não se identificar, chegou a questionar a versão de que os policiais responsáveis pela ação que matou o subtenente teriam os confundido com criminosos.

"Quem é polícia, sabe quando o outro é polícia. Ainda mais daquela forma com o colega dele gritando que era. Não dá para entender o porquê disso e nem o que fez eles atirarem. Dói muito ver um integrante ser morto por ação da própria polícia", afirmou.

Cunhado do subtenente Alves, Raimundo Freitas dos Santos também falou sobre o sentimento de tristeza da família com toda a situação. Ele destacou a personalidade gentil do policial.

"Ele era um exemplo de cidadão, um bom policial e não tinha nada contra ele. Era um homem doce, que não tinha inimigos. Dá pra ver aqui o tanto de amigos que tinha. Ninguém entende porque isso aconteceu. A família está perdida porque realmente não tinha qualquer razão para isso", disse.

O subtenente fazia parte da equipe de segurança do candidato ACM Neto (União Brasil) e estava em Itajuípe para um evento de campanha que aconteceria no dia seguinte em Coaraci. Neto esteve no velório prestando solidariedade à família e também exigindo uma investigação mais rigorosa. "Acima de tudo nesse momento precisamos que tudo seja esclarecido. Esse fato não está esclarecido. A versão oficial do comando da polícia não é verdadeira. Não houve confronto. Os policiais que sobreviveram já se pronunciaram. O subtenente foi brutalmente assassinado enquanto estava dormindo. Na ponta você tem uma operação policial desastrosa. Nada justifica o que aconteceu da forma que aqueles policiais agiram. Chegaram matando. E até agora não ouvimos falar de punições imediatas a esses policiais".

O prefeito Bruno Reis também esteve no enterro e disse que respostas precisam ser dadas. "Sabemos que os PMs trabalham 24h e folgam 72h. Sempre nessas 72h eles fazem outras atividades. Durante 20 anos, ele colaborava com a gente. Já deu assistência muito a nosso trabalho. A gente lamenta hoje a perda de um policial que foi sumariamente assassinado", afirmou. "Por que ocorreu essa operação sem eles terem nem condição de se apresentar?".

Alberto Alves dos Santos foi enterrado por amigos, familiares e colegas de trabalho sob palmas de todos que o conheceram.

Entenda o caso
Um subtenente da Polícia Militar identificado como Alberto Alves dos Santos, de 51 anos, foi morto por outros policiais militares em ação na cidade de Itajuípe, no sul da Bahia, no final da noite de terça-feira (27). O policial fazia parte da equipe de segurança de ACM Neto. Um sargento da PM também foi baleado e segue internado.

A SSP informou que a situação se originou com a busca por um assaltante de banco. Identificado como André Marcio Jesus, conhecido como Buiu, ele tem ligação com uma facção criminosa paulista e deixou o Complexo Penitenciário de Lauro de Freitas na terça às 13h30, com benefício de saída temporária, usando tornozeleira eletrônica.

Por volta das 14h30, Buiu rompeu a tornozeleira, quando estava na BR-324, perto de Candeias. A PM deu início nas buscas e quando as equipes estavam em Uruçuca, também no sul do estado, um assaltante de banco identificado como Bismark e um comparsa foram abordados e trocaram tiros com os militares. Os dois foram mortos. Buiú segue como foragido.

Nas buscas, os policiais foram informados sobre a presença de homens armados em um hotel em Itajuípe e foram até lá. No local, dois homens foram abordados e não reagiram. A SSP informou, no entanto, que outros dois homens, armados, reagiram quando os PMs se aproximaram. Segundo a pasta, dois soldados que estavam em serviço foram baleados na ação. No tiroteio, os dois homens que estavam no hotel, posteriormente identificados como policiais, também foram feridos e um deles morreu.

Os homens, identificados como o subtenente Alberto Alves dos Santos e o sargento Adeilton Rodrigues D'Almeida, foram socorridos. O subtenente não resistiu aos ferimentos e o sargento segue internado, mas sem riscos de morte.

Ambos estavam na cidade para compor a equipe de segurança do candidato ao governo da Bahia ACM Neto (União Brasil), em evento no município de Coaraci, cidade vizinha de Itajuípe. Nas redes sociais, Neto lamentou a morte e suspendeu a agenda.

O comandante geral da PM diz que todo o caso será esclarecido. "Lamentamos o confronto. Estamos solidários às famílias e a determinação é que toda a ocorrência seja esclarecida. As armas foram recolhidas e o local do confronto preservado para a realização de perícia", disse o coronel Paulo Coutinho.

Sargento diz que policiais ‘entraram atirando’

O sargento Adeilton Rodrigues D'Almeida, que também faz parte da equipe de segurança do candidato ao governo da Bahia ACM Neto, relatou que estava dormindo quando foi alvejado. “Os policiais entraram quebrando as janelas e as portas, mesmo eu gritando o tempo todo 'sou polícia, sou polícia’", contou.

A vítima também informou que os PMs atiradores não prestaram socorro imediato e que ele precisou rastejar até a porta do hotel onde o grupo estava para buscar ajuda. “Eu implorei: ‘me dê socorro, por favor, me coloque na ambulância’. Ele me ajudou depois, mas de forma hostil”, disse a vítima.

O sargento disse que os policiais pegaram a arma dele e atiraram diversas vezes no quarto para insinuar um confronto.

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Foi publicado no Diário Oficial do Estado (DOE) desta quarta-feira (28) o edital com abertura de inscrições do concurso público para 2 mil vagas de soldado da Polícia Militar e outras 500 para soldado do Corpo de Bombeiros. As inscrições devem ser feitas pelo site da Fundação Carlos Chagas (www.concursosfcc.com.br), organizadora do certame, no período entre o dia 13 de outubro e 11 de novembro deste ano.

Para concorrer às vagas, os interessados têm que possuir 2º grau completo ou formação técnico profissionalizante (nível médio) em uma instituição reconhecida pelo Ministério da Educação, além de outros pré-requisitos descritos no edital. Os interessados devem ler o edital para conhecer as informações do certame na íntegra. O concurso público para seleção de candidatos ao Curso de Formação de Soldado da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros será em duas etapas relacionadas (provas objetivas e discursivas).

O concurso possui vagas para soldado da PM em Salvador e Região Metropolitana (RMS), além de em outros oito municípios do interior (Feira de Santana, Alagoinhas, Itaberaba, Ilhéus, Juazeiro, Vitória da Conquista, Teixeira de Freitas e Barreiras). As vagas para o Corpo de Bombeiros estão disponíveis na capital, RMS e nove cidades (Itabuna, Porto Seguro, Itaberaba, Paulo Afonso, Santo Antônio de Jesus, Barreiras, Teixeira de Freitas, Alagoinhas e Bom Jesus da Lapa).

Dentre o total de vagas do certame, 30% serão reservadas aos candidatos negros (preto/pardo) que façam a autodeclaração no momento da inscrição. A taxa de inscrição possui o valor de R$ 90,00. As provas objetivas e discursivas serão realizadas no dia 22 de janeiro de 2023, em sete cidades da Bahia.

Os candidatos receberão o cartão informativo por e-mail, no endereço eletrônico informado no ato da inscrição, contendo ao local, data e horário para realização das provas. Caso o candidato não receba o cartão informativo até o terceiro dia que antecede a aplicação das provas ou existindo dúvidas deverá entrar em contato com o Serviço de Atendimento ao Candidato (SAC) da Fundação Carlos Chagas. Podem entrar em contato para o telefone (11) 3723-4388, de segunda a sexta-feira, das 10 às 16 horas ou consultar o site (www.concursosfcc.com.br).

Para acessar os locais de prova é recomendado uso de máscara e obrigatório a apresentação de comprovante de vacinação contra Covid-19. O prazo de validade do Concurso será de um ano, contado da data da homologação, podendo antes de esgotado, ser prorrogado uma vez, por igual período.

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A arma de fogo utilizada pelo adolescente de 14 anos, que matou a estudante Geane da Silva de Brito, de 19, na Escola Municipal Eurides Sant'anna, em Barreiras, falhou durante o ataque. Segundo a Polícia Civil, em coletiva realizada na terça-feira (27), a jovem foi morta com golpes de facão. O rapaz chegou fazer disparos dentro da escola, mas ao abordar Geane não conseguiu atirar.

"Tentou atirar, mas a arma picotou. Ela não teve condições de reagir. Então ele conseguiu esfaqueá-la. Cortou bastante, quase que degolou ela. Uma cena horrível. Ele tentou acertar outras vítimas, atirou na direção do porteiro, mas também falhou", disse o delegado Rivaldo Luz, coordenador da 11ª Coorpin, em Barreiras em entrevista à TV Bahia.

Além do revólver e duas armas brancas, o atirador também estava com um explosivo caseiro que não foi usado. Equipes do COE e do Exército desmontaram o explosivo no mesmo dia do atentado. "Foram apreendidas as armas utilizadas como o revólver calibre 38, um facão e canivetes. Foi encontrado próximo à escola uma mochila que possivelmente carregou os objetos e tinha uma artefato explosivo", disse o delegado de Homicídios de Barreiras, Thiago Aguiar Machado, durante a coletiva. "Ele tinha mais munições, mais instrumentos cortantes, poderia fazer um estrago bem maior", completou.

A polícia ainda não conseguiu esclarecer de onde partiram os tiros que atingiram o adolescente durante o ataque. Ele foi atingido por quatro disparos e segue internado em estado grave. "Recolhemos algumas cápsulas diferentes da arma que ele estava usando para que possamos fazer novas comparações. Vamos tomar novos depoimentos dos policiais militares. A gente sabe também que tinha pais entrando e entregando os filhos. Alguns pais eram policiais, então pode ter sido qualquer um deles", disse o coordenador da 11ª Coorpin.

Arma no colchão
A arma de fogo utilizada pelo adolescente pertence ao seu pai, que é subtenente da reserva do Distrito Federal. Na delegacia da cidade, o militar disse que ainda não sabe como o filho teve acesso ao revólver, que ficava escondido dentro de um colchão em sua casa. O atirador chegou a postar em seu perfil nas redes sociais que estava em busca por munições para realizar o ataque.

Um levantamento feito pelo Instituto Sou da Paz, em 2019, mostra que em metade dos ataques dentro escolas, os atiradores usaram armas que estavam guardadas em suas casas. "Em quase metade dos casos o estudante não precisou ir no mercado ilegal para comprar uma arma porque ela estava dentro de sua própria casa", disse à época Bruno Langeani, gerente do Sou da Paz.

Em 2002, um adolescente de 17 anos matou duas colegas com um revólver .38 dentro da sala de aula, no colégio Sigma, em Salvador. Segundo testemunhas, o ato foi uma vingança porque as duas vítimas teriam dado uma nota baixa para o agressor em uma gincana escolar. O revólver usado pelo adolescente era do pai dele, um agente de segurança pública.

Ainda de acordo com o instituto, o decreto presidencial 9.685, que permite a posse de armas para a população civil pode ter gerado um efeito facilitador. "A flexibilização na compra de armamentos, proposta pelo decreto, tende aumentar a presença de armas nas residências do país, o que pode vir também a aumentar a incidência desses atentados", completou Langeani

A quantidade de armas novas registradas na Bahia deu um salto nos últimos quatro anos. Nos três primeiros meses de 2019, foram 400 registros novos de armas de fogo no estado. Neste ano, o número cresceu para 1.363, o que representa um aumento de 240%, segundo dados da Polícia Federal. A escalada se dá em um momento em que o governo federal se mostra favorável ao armamento da população.

Em fevereiro do ano passado, o presidente Jair Bolsonaro assinou quatro decretos que flexibilizaram o uso e a compra de armas de fogo no Brasil. Uma das medidas foi justamente o aumento do número de armas que o cidadão comum pode adquirir, que subiu de quatro para seis. O governo também passou a permitir o porte simultâneo de duas armas.

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Uma menina sorridente, cativante e que adorava ir para a escola. É assim que uma mulher que foi cuidadora de Geane da Silva de Brito, 19, vai lembrar da adolescente. Geane foi vítima de um atentado na manhã desta segunda-feira na escola em que estudava, em Barreiras, no oeste do estado. A cuidadora, que tem 23 anos e preferiu não ser identificada, acompanhou Geane durante 10 meses na Escola Municipal Eurides Sant'anna.

A cuidadora é contratada da Prefeitura de Barreiras e deixou de trabalhar com a adolescente há três meses, quando passou a atender uma outra pessoa que mora mais perto da sua casa. Ela conta que, mesmo tendo parado de atender Geane, a jovem continuava mantendo contato.

"Mesmo quando eu saí [deixou de trabalhar com a vítima] nossa amizade continuou e até cresceu. Ela sempre me ligava, dizia que estava com saudade e estava sempre em contato comigo", diz a cuidadora de alunos com necessidades especiais.

Por conta da paralisia cerebral que Geane tinha, a cuidadora a ajudava a se alimentar, ir ao banheiro e a se locomover no ambiente escolar. Ela conta ainda que Geane se dava muito bem com todos, por conta do seu jeito cativante e alegre. "Ela era uma menina maravilhosa e amava ir para a escola. Tinha um sorriso largo que cativava todo mundo. Para Geane, não existia dificuldade nenhuma", afirma.

José Ferreira, pai da vítima, também lembrou o jeito doce da filha em entrevista concedida à TV Bahia poucas horas após o atentado. "Uma boa menina, ela é especial. No mês de fevereiro, ela fez quatro operações. No próximo ano, ia fazer mais outras e aconteceu um caso desse, triste para um pai de família", disse.

O pai contou que Geane fazia tratamento em um hospital da Rede Sarah, em Brasília, que fica a cerca de 500 quilômetros de Barreiras.

Relembre o caso

Geane da Silva, 19, foi morta dentro da escola em Barreiras, no oeste baiano, na manhã desta segunda-feira (26), depois que um atirador invadiu a Escola Municipal Eurides Sant'anna.

O atirador também foi baleado depois que a Polícia Militar foi chamada. O agressor, que levava uma aparente bomba caseira e um facão, além do revólver, foi socorrido com vida. O jovem passou por cirurgias e se encontra internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no Hospital Geral do Oeste, em Barreiras.

A arma de fogo utilizada pelo adolescente de 14 anos pertence ao pai dele, um subtenente da reserva do Distrito Federal. Na delegacia da cidade, o militar disse que ainda não sabe como o filho teve acesso ao revólver, que ficava escondido dentro de casa. O atirador chegou a postar em seu perfil nas redes sociais que estava em busca de munições para realizar o ataque.

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Horas antes de invadir a Escola Municipal Eurides Sant'anna, na manhã desta segunda-feira (26), o atirador responsável pela morte de Geane da Silva de Brito, 19, escreveu em uma rede social dizendo que estava calmo e “de boa”. “Nem parece que irei aparecer em todos jornais hoje”, acrescentou o jovem de 14 anos.

No perfil, o atirador postava fotos com roupas e máscara preta, vestido do mesmo modo que invadiu a escola. Legendas mostravam que o crime foi planejado há meses. Com frequência o agressor escrevia sobre conseguir munição, além de postar fotos com facas. Ele também usava a rede social para xingar nordestinos, judeus e público LGBTQIAP+.

“Sai da capital do Brasil para o ‘merdeste’ e nunca pensei que aqui fosse tão repugnante. Lésbicas, gays e marginais aos montes, acham que são dignos de me conhecer e conhecer minha santidade. Os farei clamar pela minha misericórdia, sentirão a ira divina”, declarou.

O agressor era recém-chegado do Distrito Federal (DF) e não mantinha frequência escolar desde a transferência para a Bahia. Ele matou a estudante Geane, que era cadeirante, com dois tiros e golpes de facão. A arma de fogo utilizada foi identificada como sendo do seu pai, que é subtenente da reserva do DF.

Ele foi até a direção de Geane, que estava perto da cantina, e atirou duas vezes contra ela. Depois, partiu para cima da aluna com as facas. A aluna morreu ainda no local. Freitas diz que o invasor chegou a realizar outros disparos, porém, não chegou a atingir outros estudantes.

O atirador publicou e fixou uma “carta de despedida” na última quinta-feira (22), no texto, ele afirma que não tem problemas mentais e tem tendências homicidas desde pequeno. No último domingo (25) ele postou na rede social dizendo que deu o último abraço no pai.

Psiquiatra, doutora em medicina e coordenadora do Centro de Estudos da Holiste Psiquiatria, Fabiana Nery explica que é difícil definir o caso concreto sem avaliação direta do indivíduo, porém, do ponto de vista teórico, a psiquiatria avalia alterações do pensamento e comportamento, a exemplo de delírios.

Fabiana explica que o delírio é uma crença inabalável no qual o indivíduo acredita em algo de forma imutável, mesmo quando não há lógica ou comprovação. A partir da alteração do pensamento, o indivíduo começa a se comportar de maneira alterada, até, se não houve tratamento, ferir os outros ou a si mesmo.

“Tamanha sua ira, que suas vítimas entenderam seus motivos apenas olhando para o se entreaberto olhar. O dia do julgamento havia chegado, e, pela primeira vez, os impuros depararam-se com uma legítima divindade”, escreveu o atirador. O jovem referia-se a si mesmo como divindade com frequência nas redes sociais.

Contudo, a especialista ressalta que nem todos casos de violência acontecem por questão patológica, podendo acontecer também devido a traços da personalidade do indivíduo, ou seja, nem todo ato de violência vai ser secundário a transtornos psiquiátricos.

“Uma dica é, se houve mudança do padrão de comportamento, seja porque ficou mais isolado, irritado, ríspido com a família, é sinal de alerta para entender o que está acontecendo com o indivíduo. É prestar atenção nas pessoas que estão ao nosso redor e oferecer ajuda, […] fazer intervenção precoce”, alerta.

A PM comunicou que, em relação aos questionamentos referentes à segurança da escola municipal, a unidade apenas adota o sistema de ensino da PM e a corporação dá o suporte disciplinar. A reportagem do CORREIO solicitou à Polícia Civil informações sobre perfil da vítima fatal, quantidade de disparos e autoria, porém, não recebeu retorno até o fechamento da matéria.

Uso de armas
Não se sabe como o atirador conseguiu acesso as armas, porém, a quantidade de armas novas registradas na Bahia deu um salto nos últimos quatro anos. Nos três primeiros meses de 2019, foram 400 registros novos de armas de fogo no estado. Neste ano, o número cresceu para 1.363, o que representa um aumento de 240%, segundo dados da Polícia Federal. A escalada se dá em um momento em que o governo federal se mostra favorável ao armamento da população.

Em fevereiro do ano passado, o presidente Jair Bolsonaro assinou quatro decretos que flexibilizaram o uso e a compra de armas de fogo no Brasil. Uma das medidas foi justamente o aumento do número de armas que o cidadão comum pode adquirir, que subiu de quatro para seis. O governo também passou a permitir o porte simultâneo de duas armas.

Para a psiquiatra Fabiana Nery, no entanto, não é o fato de ter facilidade de acesso que vai fazer com que pessoa se torne agressiva, do contrário, quem tem alguma questão que leve a agressividade de alguma maneira vai achar meios para agir de acordo com aquela agressividade.

Ela recorda cálculos que apontam média anual de 20 ataques armados no Estados Unidos, sendo que não há consenso ou motivo definitivo que explique todos os casos. “Tem várias teorias sobre sociedade, bullying, competitividade, acesso fácil às armas. É um fenômeno tão complexo que dificilmente vai achar única causa que justifique”, declara.

Relembre outros casos
Nações com tradição bélica como os Estados Unidos têm histórico de ataques em escolas, mas o Brasil não está longe da realidade vizinha. O caso mais famoso no país é o de Realengo, no Rio, em 2011, com 12 mortos e 13 feridos, sendo todos estudantes.
Relembre atentados em escolas brasileiras. Confira outros crimes que chocaram o país:

• Suzano, 2019 - Um adolescente de 17 anos e um homem de 25 invadiram a Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano (SP) e mataram sete pessoas, cinco estudantes e duas funcionárias. Os dois autores do atentado eram ex-alunos;

• Medianeira, 2018 - Um adolescente de 15 anos invadiu o Colégio Estadual João Manoel Mondrone, em Medianeira (PR) e atirou nos colegas de classe. Duas vítimas ficaram feridas;

• Janaúba, 2017 - Oito crianças e uma professora morreram após um segurança colocar fogo no Centro Municipal de Educação Infantil Gente Inocente, em Janaúba (MG);

• Goiânia, 2017 - Um estudante de 14 anos atirou em colegas no colégio Goyases, escola particular de Goiânia (GO), matando dois colegas e ferindo outros quatro

• Santa Rita, 2012 - Dois adolescentes de 16 e 13 anos promoveram um tiroteio na Escola Estadual Enéas Carvalho, em Santa Rita, na Grande João Pessoa (PB). Três estudantes ficaram feridos

• Realengo, 2011 - Um ex-aluno de 23 anos invadiu a Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo (RJ), matou 12 crianças e feriu outras 13.

• Corrente, 2011 - Um adolescente de 14 anos matou um colega com golpes de faca em Corrente (PI). O agressor alegou que sofria violência física e verbal diariamente da vítima.

• São Caetano do Sul, 2011 - Um estudante de 10 anos da Escola Municipal Alcina Dantas Feijão, em São Caetano do Sul (SP), atirou na professora e depois se matou. Ela sobreviveu.

• Taiúva, 2003 - Um ex-aluno atacou a Escola Estadual Coronel Benedito Ortiz, em Taiúva (SP), ferindo cinco alunos, uma professora e dois outros funcionários. As vítimas sobreviveram, mas um dos estudantes ficou paraplégico.

• Salvador, 2002 - Um adolescente de 17 anos matou duas colegas com um revólver .38 dentro da sala de aula, no colégio Sigma, em Salvador (BA). Segundo testemunhas, o ato foi uma vingança porque as duas vítimas teriam dado uma nota baixa para o agressor em uma gincana escolar. O revólver usado pelo adolescente era do pai dele, um agente de segurança pública

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A Justiça determinou que o advogado José Luiz de Brito Meira Júnior, que foi denunciado pelo Ministério Público do estado (MP-BA) pelo homicídio da namorada, Kézia Stefany, de 21 anos, irá a júri popular. O réu responde pelo crime ocorrido em outubro do ano passado, no apartamento dele, no bairro do Rio Vermelho, em Salvador.

Em decisão assinada pelo juiz Paulo Sérgio Barbosa de Oliveira, da 1ª Vara do Tribunal do Júri de Salvador, ficou definido ainda a desclassificação do crime como homicídio culposo, como requereu a defesa, alegando disparo acidental. Para o juiz, não há elementos para, nesta primeira fase do procedimento do júri, desclassificar o crime de homicídio doloso para culposo.

"Diante da situação fática documentada e já exposta, não se pode decotar desta fase ambas as qualificadoras capituladas, consistentes no motivo fútil, esse caracterizado pelo suposto desentendimento entre a vítima e o acusado em razão do uso recreativo de entorpecente, e no feminicídio, tendo em vista que o fato delituoso ocorreu em razão da condição de sexo feminino em situação de violência doméstica e familiar, porquanto o réu e a ofendida mantinham relacionamento amoroso, o qual, conforme extraído dos elementos probatórios, era conturbado, com histórico de brigas e desentendimentos. À vista disso, cabe ao Conselho de Sentença decidir, consoante doutrina dominante", diz trecho do documento.

A data do júri popular, no entanto, ainda não foi definida. Enquanto isso, José Luiz aguarda o julgamento em liberdade por entendimento de que ele não poderá prejudicar o andamento do processo.

Relembre o caso

Instantes depois de chegar ao condomínio de luxo no bairro do Rio Vermelho na companhia do namorado, o advogado criminalista José Luiz de Britto Meira Júnior, a jovem Kezia Stefany da Silva Ribeiro, 21 anos, retornou à portaria ensanguentada pedindo ajuda. “Luiz quer me matar ”, disse a vítima, de acordo com o depoimento de um porteiro que estava de plantão no dia do crime no condomínio Terrazzo Rio Vermelho. Meia hora depois, Kezia foi baleada na cabeça e não resistiu.

O CORREIO teve acesso ao conteúdo do interrogatório de um funcionário do condomínio. Ele é uma das testemunhas do inquérito que apura o feminicídio que tem como único suspeito o namorado da vítima. O advogado José Luiz foi preso em flagrante e teve a prisão preventiva decretada pelo Tribunal de Justiça da Bahia. No entanto, o acusado deverá cumprir prisão domiciliar pela falta da unidade prisional denominada Sala de Estado Maior, a que advogados, como José Luís, têm direito por lei.

Em seu depoimento, o porteiro disse que o casal chegou ao Terrazzo Rio Vermelho, situado na Rua Barro Vermelho, por volta das 1h30. Cerca de cinco minutos depois, ele percebeu que havia uma confusão no prédio e que uma mulher gritava por socorro. Ele relatou à polícia que, por volta das 2h, Kezia acessou o elevador e chegou à portaria “estando ensanguentada, afirmando: ‘Luiz quer me matar ’”, diz trecho do depoimento, que não especifica o tipo das lesões que causaram o sangramento da vítima.

O porteiro relatou à polícia que na hora acalmou Kezia, pedindo que ela ficasse na portaria. A namorada do advogado criminalista fiou no local por 15 minutos e depois decidiu retornar ao apartamento onde morava com o acusado. Logo em seguida, o porteiro ouviu um tiro. Minutos depois, Luiz bateu no vidro da portaria, “pedindo auxílio e depois desceu, voltando para o apartamento, trazendo a Sra. Kezia que estava baleada (sic)”, conforme trecho do documento.

“Que o Sr Luíz arrastava o corpo da mesma, segurando-a na altura do busto e deixou o corpo da mesma ali, enquanto ia buscar o carro para deixar em posição mais próximo da portaria e saiu dali, tendo o depoente informado os fatos à polícia (sic)”, detalha outro trecho do interrogatório.

No final do depoimento, um policial perguntou se o porteiro tinha conhecimento de brigas anteriores do casal.

“Positivamente, inclusive algumas vezes pediu para proibir a entrada dela no condomínio, e o depoente registrou, mas depois era o próprio Sr Luiz quem levava a mesma para o imóvel, mas nunca percebeu uma confusão como a de presente data”, diz o último parágrafo do interrogatório.

Gritos e tiro

Moradores do condomínio Terrazzo Rio Vermelho, no bairro na Rua Barro Vermelho, relataram à polícia terem ouvido gritos vindos do apartamento onde mora o advogado criminalista. Em denúncia feita à polícia, ainda durante a madrugada, moradores contaram ter visualizado um homem arrastando uma mulher desacordada pelos corredores, deixando um rastro de sangue no caminho. Antes disso, houve disparos de arma de fogo no local, ainda conforme relatos de testemunhas feitos pouco antes da 4h.

No início da manhã do dia 17 de outubro de 2021, logo após a madrugada do crime, moradores do condomínio Terrazzo Rio Vermelho que saíram para caminhar ou passear com o cachorro disseram à equipe do CORREIO não terem ouvido nenhum barulho de disparo ou gritos com pedidos de socorro.

No Terrazzo, funcionários confirmaram que algo estranho aconteceu durante a madrugada, mas foram orientados a não comentar nada sobre o caso. Sob anonimato, uma moradora contou que, pela manhã, ainda havia marcas de sangue perto do elevador.

Em prédios vizinhos, também pela manhã, moradores recebiam informações em grupos de WhatsApp e já conheciam a identidade do suspeito. Localizado na Rua Barro Vermelho, o condomínio é uma construção à beira-mar, com vista e saída para a badalada Praia do Buracão, e possui segurança 24h, piscina, salão de jogos, spa fitness com jacuzzi, sauna e outros espaços de serviço e lazer.

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A fonoaudióloga suspeita de tentar sequestrar pelo menos duas crianças na região da Barra no último domingo (11), se apresentou para prestar esclarecimentos à Polícia Civil na manhã desta quinta-feira (15). A mulher foi sozinha até a Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra a Criança e o Adolescente (Dercca), em Brotas, após ter sido intimada. Logo após prestar depoimento, a suspeita foi encaminhada ao Hospital Psiquiátrico Juliano Moreira.

A Dercca tomou conhecimento da notícia crime por meio das redes sociais, entrou em contato com os pais de supostas vítimas e agendou oitivas. Duas pessoas que registraram ocorrências na delegacia já foram ouvidas e agora a polícia investiga as ocorrências.

A delegada Simone Moutinho, responsável pelo caso, deu detalhes sobre o interrogatório e informou que a fonoaudióloga foi até a delegacia sem a presença de advogados e deu um depoimento desconexo. Ao perceber que a suspeita não estava em condições de ser interrogada, a delegada a encaminhou para o serviço psicossocial da unidade.

“Eu iniciei o interrogatório e de pronto constatei que ela tinha um discurso bastante confuso, em completo desalinho. Como o interrogatório é um meio de o suspeito apresentar sua defesa, notamos que não tinha a menor condição naquele momento e a encaminhamos para o serviço psicossocial”, relata Simone Moutinho. Foi então que a fonoaudióloga foi levada ao 5º Centro de Saúde, nos Barris, e depois levada ao hospital psiquiátrico.

“A psicóloga, em diálogo com a suspeita, suspeitou que ela pudesse ter algum tipo de psicopatia e nós decidimos que uma equipe multidisciplinar acompanhasse ela até o 5º Centro. Salientamos aos médicos que se tratava de uma pessoa que estava tentando sequestrar crianças em toda a cidade de Salvador”, afirma a delegada.

Apesar do médico que atendeu a suspeia no 5º Centro ter optado pela internação compulsória, o médico do Hospital Juliano Moreira a liberou quando a companheira da fonoaudióloga esteve na unidade hospitalar e assinou um termo de responsabilidade.

“Ela falou que abordava crianças tanto na periferia de Salvador como em áreas nobres com a intenção de fazer uma espécie de recreação, porque as crianças sofriam muito por conta do isolamento social”, conta Simone Moutinho.

A delegada reforça ainda que quem passou por situações semelhantes deve procurar a polícia e registrar um boletim de ocorrência.

Novas denúncias
A advogada Tatiana Matos foi uma das pessoas que registrou um boletim de ocorrência contra a fonoaudióloga na Dercca na quarta-feira (14). Ela conta que em junho do ano passado, a suspeita a abordou em uma praça no Caminho das Árvores, segurou na mão de sua filha de 5 anos e começou a correr com a menina. Antes disso, ela agiu como se conhecesse o avô da advogada, que tem 95 anos.

Tatiana relata que correu e gritou muito para a mulher parar e soltar a criança, mas a fonoaudióloga continuava correndo e segurando a menina. “Ela perguntou para minha filha se ela gostava de correr, quando ela respondeu que sim, disse que era para elas duas correrem de mim. As duas saíram disparadas, eu gritava para elas pararem e não paravam. Elas só foram parar antes de atravessar a rua e foi quando eu segurei minha filha pelo cabelo”, relembra.

Nesse momento, Tatiana levou a filha de volta para o carro e, em um certo momento, a fonoaudióloga chegou a adentrar o veículo. A advogada chegou a procurar a polícia para prestar queixa, mas reclama que não foi bem atendida pelos policiais, que não levaram a sério suas acusações. Só quando tomou conhecimento das denúncias mais recentes, foi até o Dercca para prestar depoimento.

Relembre o caso
Relatos de vítimas que vivenciaram situações como a de Tatiana na região da Barra, em Salvador, têm circulado nas redes sociais e no WhatsApp. “Se a gente não impedisse, ela ia levar meu filho embora”, diz uma mãe assustada em um dos áudios que foi encaminhado em grupos de pais da capital baiana. Outras duas mulheres alegam terem sido perseguidas pela mesma pessoa.

Uma mãe que passou pelo ocorrido com o filho de 9 anos no domingo (11), registrou um boletim de ocorrência virtual sobre o acontecido na terça-feira (13) e contou à reportagem os momentos de tensão. Dani Baqueiro, 39, conta que passeava com o pai e o filho na região do Porto da Barra, quando foram abordados por uma mulher jovem e com perfil de atleta. A fonoaudióloga interagiu com o menino até que o segurou pelo braço e começou a correr. Os dois só pararam quando foram alcançados pelo avô do menino. Como esses, vários outros relatos se somam nas redes sociais e grupos de troca de mensagens.

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Uma operação da Secretaria da Segurança Pública da Bahia que investiga crimes de extorsão, roubo, violação de domicílio e fraude processual, entre outros, cumpre nesta terça-feira (12) quatro mandados de prisão e 14 de busca e apreensão contra policiais militares. As ações acontecem sob comando da Força Tarefa de Combate a Extermínio e Extorsões da SSP.

Os mandados foram expedidos pela Vara de Auditoria Fiscal da Polícia Militar da Bahia e são cumpridos em municípios baianos e também em Sergipe.

Mais de 100 policiais das Corregedorias Geral e da Polícia Militar, do Comando de Operações Policiais Militares ( CPE), do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) e do Batalhão de Choque participam da Operação Navalha.

A polícia ainda não informou detalhes sobre os crimes pelos quais os policiais são suspeitos.

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Benedito Cardoso dos Santos, de 44 anos, foi assassinado a facadas e machadadas na noite dessa quarta-feira (7). De acordo com a Polícia Civil, o crime foi cometido por Rafael Silva de Oliveira, 22, e teve motivação política. Benedito é apoiador de Lula, enquanto o assassino é defensor de Jair Bolsonaro.

O crime aconteceu em uma chácara na zona rural de Confresa, no interior do Mato Grosso. Ao g1, o delegado Victor Oliveira, responsável pelo caso, disse que os dois homens trabalhavam juntos no corte de lenha em uma propriedade e, na noite de 7 de setembro, começaram a discutir sobre política.

"O que levou ao crime foi a opinião política divergente. A vítima estava defendendo o Lula e, o autor defendendo o Bolsonaro", diz o delegado Victor Oliveira.

Segundo a Polícia Civil, Bendito deu um soco no rosto de Rafael e, em seguida, pegou uma faca. O autor do crime, então, partiu para cima da vítima e tomou para si a arma branca.

O delegado conta que Benedito começou a correr, mas Rafael o alcançou e começou a golpeá-lo pelas costas. A vítima teria ficado caída no chão e o autor, aproveitado para acertá-la com golpes na olho, pescoço e testa. Segundo o delegado, o autor disse que foram amo menos 15 golpes.

Após as facadas, Rafael foi até um barracão pegar um machado, então voltou até onde estava Benedito, vivo, e o acertou no pescoço.

O autor escondeu as armas do crime e foi andando até a cidade de Confresa, chegou ao hospital e solicitou atendimento médico, pois estava com um corte na mão e outro na testa. Ele alegou que tinha sido vítima de uma tentativa de roubo.

O suspeito foi encaminhado para a delegacia para prestar depoimento e confessou o crime. O suspeito foi preso em flagrante por homicídio qualificado, por motivo fútil e motivo cruel e teve a prisão em flagrante convertida para preventiva.

Os policiais encontraram a faca e o machado e outros elementos que apontavam para o suspeito no local do crime.

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Ao amanhecer, o mercado no bairro do Engenho Velho da Federação, em Salvador, em frente ao qual cinco pessoas foram baleadas, estava de portas fechadas. A agonia dessa quinta (8) à noite deu lugar ao silêncio, interrompido apenas por um carro de som e pelos transportes coletivos, que voltaram a circular na região.

Por conta do episódio violento, as aulas nas escolas municipais da região foram suspensas nesta sexta - as as escolas Iacy Vaz Fagundes, Makota Valdina, Cidade de Jequié, Cmei Pio Bittencourt e Cmei São Gonçalo ficaram sem atividades, confirmou a Secretaria Municipal de Educação (Smed). Somadas, as cinco escolas têm 1.759 alunos que hoje não tiveram aula.

Segundo informações preliminares obtidas pelo CORREIO, o alvo do atentado — também atingido — seria um irmão de um traficante. Ainda não se sabe se a vítima também tem envolvimento com o crime.

Uma mulher que, com muito medo, não quis se identificar, afirma que todas as pessoas baleadas são inocentes — entre elas, uma funcionária do mercado. À reportagem a moradora, que vive na Ladeira da Paz, transversal à Apolinário, conta que houve outros disparos logo em seguida. “Eu subi [a ladeira], pra comprar o pão. Aí, quando chegou aqui, de junto [do mercado], a gente ouviu os tiros”, relata.

“Aí, eu desci, correndo, pra casa. Quando chegou lá, o pessoal gritou: ‘Balearam, Felipe [uma das vítimas]!’”, continua. “Assim que a gente entrou, também, teve outro tiroteio, aqui, do lado [na ladeira].” Dessa vez, porém, não houve vítimas.

Já o pintor Nival Glória, 63 anos, trabalha na mesma rua onde fica o mercado, a Apolinário Santana. Atualmente, ele trabalha com um lava a jato e, como já tinha sabido do tiroteio ocorrido mais cedo, por volta de 12h, nas proximidades, preferiu encerrar as atividades. “Eu desci aqui correndo e não voltei mais”, conta apontando para uma ladeira.

Bandidos chegaram em carro roubado
A autoria do atentado ainda é desconhecida. Mas, de acordo com a Polícia Militar, os tiros foram feitos a partir de um carro roubado. “O que nós sabemos é que indivíduos armados, transitando aqui, na região, reconheceram outro cidadão que teria grau de parentesco com um envolvido com o tráfico, de facção rival.” O rapaz, então, teria buscado abrigo no mercado. “Ele, na busca por abrigo, adentrou o mercado, e outras pessoas acabaram sendo alvejadas”, acrescenta.

O major disse ainda que o jovem recebeu três tiros e ainda está internado no Hospital Geral do Estado (HGE), assim como outras três das cinco vítimas — uma delas teria sido atingida por estilhaços e dispensado o atendimento.

Os feridos são uma caixa de supermercado, que levou um tiro no abdômen, passou por cirurgia e segue internada; uma idosa que foi atingida de raspão na cabeça; um rapaz baleado no pé esquerdo; um homem atingido com um tiro na boca e outro homem que foi baleado no tórax e na perna. Esse último é o que tem estado mais grave.

Durante a manhã desta sexta (9), a polícia marcava presença na cena do crime. De acordo com o major Rodrigues, da Polícia Militar, a corporação atua preventivamente. “A gente pretende intensificar, cada vez mais, não somente no Engenho Velho da Federação mas também em locais onde houve outros episódios, como o Vale da Muriçoca e a Avenida Vasco da Gama”, detalha.

Ele aproveitou para pedir que as pessoas não deixem de denunciar os casos. “Nós, mais uma vez, apelamos à população que denuncie, que nós auxilie, através de denúncia, utilizando o 181, que é o Disque Denúncia.”

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