Sexta, 17 Maio 2024 | Login

A procura por testes de detecção de covid-19 em Salvador é tanta que está até alterando o trânsito nas ruas. A espera nas filas de carros nos laboratórios chega a até 5 horas. Na Pituba, por exemplo, equipes da Transalvador precisaram ser acionadas para organizar o trânsito na Rua Ceará e na Avenida Manoel Dias para os laboratórios DNA e Jaime Cerqueira, respectivamente. Quem procura os testes nas farmácias diz ter dificuldades, assim como para agendar a testagem. Com isso, a alternativa é buscar o drive thru por ordem de chegada e enfrentar fila.

O petroquímico Fábio Nunes, de 43 anos, esperou tanto nesta quinta (20) pela testagem no Laboratório DNA, na Paulo VI, que deu tempo de tomar três tigeladas de açaí, que substituíram o almoço. Ele chegou por volta das 10h e, somente às 15h era o próximo a ser atendido. O final da fila alcançava a Rua Ceará. “A fila nem estava tão grande assim quando eu cheguei, mas a demora está absurda. Eu não entendo isso, porque a duração do teste em si é rápida”, disse.

Fábio já tinha testado positivo e, agora, precisava de um teste negativo para poder voltar ao trabalho. “Quando eu vim pela primeira vez fazer o teste, passei umas 4 horas na fila. Aí deu positivo. Agora é essa agonia de novo para poder comprovar que já estou negativado e voltar a trabalhar".

Na Avenida Manoel Dias, a fila da clínica Eco e do Laboratório Jaime Cerqueira se confundiam e chegava até a Igreja Nossa Senhora da Luz durante a manhã. À tarde, até o cruzamento com a Rua Pernambuco. O Jaime Cerqueira dividiu os atendimentos. Na frente, clientes particulares e, pelos fundos, pacientes com requisição do plano de saúde. Às 16h, a próxima pessoa da fila esperava desde às 12h.

A psicóloga Luana Araújo, de 24 anos, foi fazer o teste pela manhã. Ela chegou por volta das 10h30 e saiu 13h. O plano inicial era fazer o teste no Jaime Cerqueira, mas, com a confusão no trânsito, acabou fazendo na Clínica Eco. “Era uma fila só e, lá na frente eles dividiam. Quando cheguei na frente da Eco, só tinha um carro na fila, sendo que a fila do Jaime ainda estava enorme. Aí fiz ali mesmo”, contou. O resultado sai em 24 horas.

Ela está com tosse, mal estar, nariz entupido e espirros, por isso, decidiu fazer o teste. “Os laboratórios não estão mais agendando, só se for para atendimento domiciliar. Mas aí eu tentei essa modalidade e só tinha para a próxima segunda. Então resolvi enfrentar as filas por ordem de chegada”, explicou.

Segundo a Transalvador, o órgão tem intensificado, desde a última semana, o monitoramento e ordenamento das filas que se formam nos entornos de laboratórios da cidade, especialmente na Av. Manoel Dias da Silva e na Av. Paulo VI. “O órgão de trânsito tem adotado medidas cabíveis, como acostar e sinalizar as filas, para garantir a fluidez do tráfego de veículos nas principais faixas das vias”, diz o comunicado.

“Na manhã de quinta-feira (20), a Transalvador realizou uma visita técnica nestes locais para avaliar outras possíveis soluções. Ao mesmo tempo, a autarquia municipal tem exigido dos laboratórios a contratação de monitores para organizar as filas”, completa a nota.

As filas atraíram o artista plástico e produtor cultural Adilson Guedes, de 55 anos, conhecido por carregar uma escultura grande em formato de seringa nas filas de vacinação. Ao invés das filas de vacinação, ele fica agora nas filas dos testes.

“O artista está onde o povo está. Antes eu ficava nas filas de vacinação, que diminuíram. Agora as filas da vez são as dos testes. Estou por aqui pela Manoel Dias porque é onde tem mais movimento. Chego às 8h, paro um pouco quando o sol está mais forte e depois volto. Essa é minha forma de levar alegria para as pessoas e também minha forma de sustento atualmente”, contou.

A alta procura acontece no momento de subida dos casos ativos na Bahia. Segundo especialistas, isso se deve à alta taxa de transmissão da variante Ômicron, que já é responsável pela maioria das infecções. Nesta quarta (19), a Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) divulgou que a taxa de positividade dos testes PT-PCR para covid-19 analisados pelo Lacen-BA chegaram a 51,29%. Isso significa que, a cada 100 testes feitos no estado, 51 dão positivo. Para efeito de comparação, a taxa de positividade há duas semanas, no dia 4 de janeiro, era de 5,49%. Com isso, o aumento da taxa foi de 683% nos últimos 19 dias.

A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) fez um alerta para a possibilidade de falta de testes de antígeno e PCR (o molecular, tipo mais preciso), se estoques de insumos necessários para os exames para o diagnóstico da covid-19 não forem repostos "rapidamente". A Abramed diz não saber até quando os laboratórios conseguirão atender a demanda por testes e recomendou que aos seus associados que pararem de testar casos leves da doença.

A falta ou escassez de insumos já é realidade em alguns laboratórios. A estudante Jade Leal, de 22 anos, disse que procurou sete laboratórios e duas farmácias em busca de teste, sem sucesso. Por conta das longas filas, ela preferiu a testagem domiciliar. “Eu não dirijo, então eu ia colocar em risco meu pai ou minha mãe”.

“Eu entrei em contato com sete laboratórios e não conseguia agendar, às vezes só tinha para daqui a cinco dias e um deles não me respondeu até hoje. No Labchecap o teste estava até suspenso por falta de material. Foi um caos! Isso era pelo plano, então eu decidi buscar as farmácias de forma particular. Era surreal porque você ligava disposta a pagar e eles simplesmente não tinham teste”, disse. “Depois de muito consegui uma coleta em domicílio pelo Spalazanni, mas mesmo assim porque houve uma desistência e a atendente me encaixou”, completou.

Procurados, os laboratórios DNA e Jaime Cerqueira não responderam o contato até o fechamento da reportagem. O CORREIO não conseguiu contato com o Laboratório Labchecap.

Quais são os tipos de teste?

Os testes PCR são considerados os mais eficazes para o diagnóstico do vírus. Deve ser feito durante a primeira semana de sintomas, sendo indicado a partir do terceiro dia. O material é colhido com swab por raspagem do nariz ou garganta para encontrar a presença do material genético (RNA) do vírus. O resultado fica pronto entre 24 e 48 horas.

Os testes de sorologia por sua vez identificam a presença de anticorpos IgM, IgA e/ou IgG no sangue. Ele deve ser feito no mínimo 10 dias após o início dos sintomas uma vez que anticorpos surgem apenas após um tempo mínimo de exposição ao vírus. É eficaz para determinar se a pessoa entrou em contato com o vírus anteriormente ou em período recente. Caso seja realizado fora do período indicado ou os sintomas apresentados sejam leves ou sem sintomas, é possível ter um resultado negativado.

Os testes rápidos utilizam coleta oral, nasal ou de amostra do sangue. Deve ser feito durante a primeira semana de sintomas e ambos oferecem resultados em até 30 minutos. Porém seu método é simplificado e não oferece a mesma precisão dos PCRs, sendo propensos a resultados falso negativo e falso positivo.

Nos Estados Unidos e em países da Europa, por exemplo, a população pode comprar ou conseguir gratuitamente testes de covid-19 para serem feitos em casa. Enquanto isso, no Brasil, a testagem continua centrada em clínicas, laboratórios, farmácias e postos de saúde. Isso porque o chamado autoteste não é autorizado no Brasil por causa de uma resolução da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) de 2015.

O Ministério da Saúde concluiu que o autoteste para diagnóstico de covid-19 pode ser uma “importante ferramenta de apoio” na contenção do vírus e pediu à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que avalie o tema. A reunião para avaliação aconteceria nesta quarta (19), mas foi adiada. O placar da votação foi de quatro votos contrários à liberação com as informações atuais contra um voto a favor da liberação imediata.A Anvisa alega que falta uma política pública para os autotestes e deu um prazo de 15 dias para que o Ministério da Saúde apresente mais informações.

Como conseguir teste pelo plano de saúde?

Nesta quarta (19) a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) determinou que o teste rápido de antígenos para detecção da covid-19 passa a ter cobertura obrigatória dos planos de saúde. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União desta quinta (20) e tem validade imediata. A inclusão do exame no rol de procedimentos obrigatórios levou sete meses de discussão porque enfrentou resistência das operadoras de saúde. O teste de antígeno é aquele em que o coronavírus é detectado em até 15 minutos e pode ser encontrado em farmácias e laboratórios.

A justificativa da decisão é facilitar e ampliar a detecção da doença, diante da alta do número de casos ativos e da procura por testes. Além dos testes de antígeno, quem tem plano de saúde no país poderá se valer da cobertura do RT-PCR, dos testes sorológicos por pesquisa de anticorpos IGG ou anticorpos totais.

O acesso aos testes rápidos é para indivíduos com planos de saúde com segmentação ambulatorial, hospitalar ou referência, que apresentem Síndrome Gripal (SG) ou Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), entre o 1° dia e 7° dia desde o início dos sintomas.

A Síndrome Gripal (SG) é atribuída ao paciente com quadro respiratório agudo, caracterizado por pelo menos dois dos seguintes sinais e sintomas: febre, calafrios, dor de garganta, dor de cabeça, tosse, coriza, distúrbios olfativos ou distúrbios gustativos. Em crianças: além sintomas citados, o responsável deve considerar obstrução nasal, na ausência de outro diagnóstico específico. Em idosos: deve-se considerar também critérios específicos de agravamento, como: síncope, confusão mental, sonolência excessiva, irritabilidade e inapetência. Na suspeita de Covid-19, a febre pode estar ausente e sintomas gastrointestinais (diarreia) podem estar presentes.

Já a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) é atribuída ao paciente com Síndrome Gripal (SG), que também apresente: desconforto respiratório ou pressão persistente no tórax, ou ainda saturação de oxigênio menor que 95% em ar ambiente, coloração azulada dos lábios ou rosto. Em crianças: além dos sintomas já mencionados, o responsável deve observar os batimentos de asa de nariz, cianose, tiragem intercostal, desidratação e inapetência.

Os convênios só são obrigados a pagar o exame caso haja pedido de um médico. O teste rápido incluído no rol de coberturas dos planos de saúde é feito exclusivamente em laboratórios, não estando cobertos os testes realizados em farmácias.

A Agência orienta que o beneficiário consulte a operadora do seu plano de saúde para informações sobre o local mais adequado para a realização do exame. A ANS recebe reclamações sobre falhas de atendimento pelo telefone 0800 70 19 656 ou em seu site (www.ans.gov.br).

Onde fazer teste sem precisar agendar?

Laboratório Clab:
Teste RT-PCR
Valor - R$280,00
Unidades: Barbalho, Imbuí, Cidadela e Itinga
Prazo para entrega do resultado: 1 dia útil

Teste Rápido de Antígeno
Valor - R$190,00
Unidades: Barbalho, Imbuí, Cidadela e Itinga
Prazo para entrega do resultado: em até 3 horas

Diagnoson a+:
Teste de Sorologia (IgM e IgG)
Valor – R$210,00
Unidades: Matatu, Graça, Paulo VI, Imbuí, Stella Maris, Rua Pernambuco (Pituba)
Prazo para entrega do resultado: em até 3 dias úteis

Teste de Anticorpos Neutralizantes
Valor – R$231,00
Unidades: Matatu, Graça, Paulo VI, Imbuí, Stella Maris, Rua Pernambuco (Pituba)
Prazo para entrega do resultado: em até 4 dias úteis.

Teste Rápido de Antígeno
Valor – R$ 150,00
Unidades: Rua Pernambuco (Pituba)
Prazo para entrega do resultado: em até 4 horas.

Labchecap
Teste Rápido de Antígeno
Unidades: Barra, Dom João VI, São Rafael, Federação, Rua Pernambuco (Pituba), Salvador Shopping
Valor - R$175,00
Prazo para entrega do resultado: em até 4 horas

Postos itinerantes da prefeitura
Atendimento começa às 8h e são distribuídas 200 senhas

Posto 1 - Brotas (Final de linha)

Posto 2 - São Caetano (Quadra poliesportiva de São Caetano)

Laboratório DNA
Teste RT-PCR: Valor - R$250,00
Unidades: Itapuã, Brotas, Resgate, Paulo VI, Periperi Itaigara, Caminho de Areia e Imbuí
Prazo para entrega de resultado: até 2 dias úteis

Publicado em Saúde

A taxa de positividade dos testes PT-PCR para covid-19 analisados pelo Lacen-BA chegaram a 51,29%. Isso significa que, a cada 100 testes feitos no estado, 51 dão positivo, de acordo com dados divulgados pela secretaria de Saúde da Bahia (Sesab).

Para efeito de comparação, a taxa de positividade há duas semanas, no dia 4 de janeiro, era de 5,49%. Com isso, o aumento da taxa foi de 683% nos últimos 19 dias.

A grande culpada dessa explosão de casos é a variante Ômicron, que já representa 74% dos casos ativos na Bahia. Ela é considerada pelos especialistas muito mais transmissível que as outras cepas, incluindo a Delta.

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O Diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom disse nesta terça-feira que a alta no número de casos de covid-19, por conta da cepa ômicron, torna provável que novos variantes do coronavírus surjam. Em coletiva à imprensa, Tedros Adhanom informou que na semana passada foram registrados mais de 18 milhões de casos da doença.

"O número de mortes permanece estável até o momento, mas nos preocupamos com o impacto da ômicron está tendo em sistemas de saúde exaustos e sobrecarregados", afirmou. Tedros afirmou que "esta pandemia não está nem perto do fim" e que é "enganosa" a narrativa de que a doença provocada pela ômicron seja leve, ainda que na média seja menos grave.

O diretor reforçou sua preocupação especialmente com países onde a taxa de vacinação ainda é baixa. Tedros pontuou que, ainda que as vacinas tenham menor eficácia em prevenir a infecção e transmissão da ômicron em relação às variantes anteriores, ainda são "excepcionalmente boas em prevenir casos sérios da doença e mortes".

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O Ministério da Saúde divulgou nesta segunda-feira (17) que antecipou a data da chegada do terceiro lote das vacinas pediátricas. Inicialmente os imunizantes da Pfizer para crianças de 5 a 11 anos estavam previstos para chegar no dia 27, mas a data da chegada foi antecipada para o dia 24 de janeiro.

Esta será a terceira entrega de vacinas pediátricas neste mês. As duas primeiras remessas totalizaram 2,4 milhões de doses e, segundo o ministério, estão em processo de distribuição para os estados e para o Distrito Federal.

O lote mais recente, com 1,2 milhão de doses, chegou no Brasil nesse domingo (16). Após a chegada, as doses são encaminhadas para o centro de distribuição do Ministério da Saúde em Guarulhos (SP) e enviados para os estados, que repassam aos municípios. A expectativa é que esse lote seja distribuído até quarta-feira (19) para as unidades da Federação. A primeira remessa chegou no dia 13 de janeiro.

A previsão da pasta é que o Brasil receba 4,3 milhões de doses em janeiro. O primeiro contrato de aquisição de doses pediátricas junto à farmacêutica Pfizer prevê a entrega de até 20 milhões de doses até março.

A marca é a única que já recebeu autorização para uso de forma emergencial pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

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Um ano depois de começar a vacinação contra a covid-19, o Brasil se aproxima do patamar de 70% da população com as duas doses, enquanto 15% já receberam a dose de reforço e cerca de 75% receberam ao menos a primeira dose, segundo dados do painel Monitora Covid-19, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A campanha coordenada pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) já tinha atingido 68% dos brasileiros com as duas doses até a última sexta-feira (14) e dá agora os primeiros passos para proteger crianças de 5 a 11 anos.

A vacinação contra a doença teve sua primeira dose administrada em 17 de janeiro de 2021, na enfermeira Mônica Calazans, em São Paulo. A profissional de saúde recebeu a vacina CoronaVac, produzida no Instituto Butantan em parceria com a empresa chinesa Sinovac. Desde então, três em cada quatro brasileiros receberam ao menos a primeira aplicação de um dos quatro imunizantes adquiridos pelo PNI: AstraZeneca, CoronaVac, Janssen e Pfizer.

Pesquisadores da Fiocruz e da Sociedade Brasileira de Imunizações ouvidos pela Agência Brasil indicam que o resultado da vacinação produziu queda drástica na mortalidade e nas internações causadas pela pandemia, mesmo diante de mutações mais transmissíveis do coronavírus, como a Delta e a Ômicron.

Mudança epidemiológica
Quando o Brasil aplicou a primeira vacina contra covid-19, no início do ano passado, a média móvel de vítimas da doença passava das 900 por dia, e 23 estados tinham mais de 60% dos leitos de pacientes graves da doença ocupados no Sistema Único de Saúde (SUS). Com doses limitadas, a campanha começou focando grupos mais expostos, como os profissionais de saúde, e mais vulneráveis, como os idosos.

Levou até junho para que um quarto dos brasileiros recebesse ao menos a primeira dose, e o país viveu o período mais letal da pandemia no primeiro semestre do ano passado, quando a variante Gama (P.1) lotou centros de terapia intensiva e chegou a provocar picos de mais de 3 mil vítimas por dia. Nos grupos já vacinados, porém, as mortes começaram a cair conforme os esquemas vacinais eram completos, e os pesquisadores chegaram a indicar que a pandemia havia rejuvenescido, já que os idosos imunizados passaram a representar um percentual menor das vítimas.

A diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações, Mônica Levi, reforça que as vacinas reduziram a ocorrência de casos graves e mortes na pandemia, mesmo que a ascensão de variantes mais transmissíveis tenha provocado novas ondas de disseminação do coronavírus. "Não conseguimos ganhar do aparecimento de variantes, principalmente porque não houve uma vacinação em massa no mundo inteiro simultaneamente. Então, em lugares em que havia condições de alta transmissibilidade, surgiram variantes", afirma ela, que acrescenta: "Mas as vacinas se mostraram eficazes contra formas graves e mortes mesmo nesse contexto de variantes. Neste momento, com a Ômicron, a explosão do número de casos não foi acompanhada nem pelos casos de internação nem pela mortalidade. E isso se deve à vacinação. As vacinas cumpriram o papel principal e mais importante: salvar vidas".

Pesquisador da Fiocruz Bahia, o epidemiologista Maurício Barreto concorda e avalia que a velocidade de transmissão da Ômicron trará mais um alerta para quem ainda não tomou a primeira dose ou não concluiu o esquema vacinal.

"Esse pico que estamos começando da Ômicron vai crescer nas próximas semanas e pode atingir número grande de pessoas. Pode haver casos severos entre os vacinados, porque a efetividade da vacina não é de 100%, mas será em uma proporção muito maior entre os não vacinados", prevê o epidemiologista, que vê risco para os sistemas de saúde com demanda grande por internação de não vacinados. "Havendo número razoável de não vacinados, isso pode gerar enorme quantidade de casos severos. A Ômicron está expondo a fragilidade dos não vacinados".

Barreto vê como positivo o número de 68% da população com duas doses, mas acredita que há espaço para aumentar esse percentual, porque o Brasil tem tradição de ser um país com alto grau de aceitação das vacinas. Além disso, destaca que há diferença grande entre os vacinados com a primeira dose (75%) e com a segunda dose (68%), o que dá margem para avançar entre quem já se dispôs a receber a primeira aplicação.

"De modo geral, é positivo [o percentual de vacinados]. Reflete, de um lado, o desejo da população de ser vacinada, e, do outro, o desenvolvimento de vacinas com efetividade capaz de proteger principalmente contra casos severos da doença", afirma ele, que pondera: "Poderia ser um pouco mais. O Brasil poderia chegar um pouco além".

Estados e municípios
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse, na última semana, que o sucesso do enfrentamento da pandemia depende da colaboração de estados e municípios, principalmente com relação ao avanço nas aplicações da segunda dose e da dose de reforço. Queiroga chamou a atenção para a situação de alguns estados, principalmente da Região Norte, onde os níveis de aplicação da vacina estão baixos.

Ele comentou que assiste-se ao aumento do número de casos, mas ressaltou que ainda não há pressão sobre os estados. "Estamos ampliando os testes. Em janeiro, vamos distribuir 28 milhões de testes rápidos". Segundo ele, em fevereiro, devem ser distribuídos 7,8 milhões de testes.

Vacinação no mundo
O percentual de vacinados com a segunda dose no Brasil posiciona o país à frente da maioria dos vizinhos sul-americanos, segundo a plataforma Our World in Data, vinculada à Universidade de Oxford. Apesar disso, Chile (86%), Uruguai (76%), Argentina (73%) e Equador (72%) conseguiram cobertura maior no continente.

Quando são analisados os 30 países mais populosos do mundo, o Brasil fica na nona colocação entre os que conseguiram a maior cobertura com duas doses, lista que é liderada pela Coreia do Sul (84,5%), China (84,2%) e Japão (78,9%). Em seguida, o ranking tem Itália (74,9%), França (74,8%), Alemanha (71,8%), Reino Unido (70%) e Vietnam (69,7%). Os países onde a população teve menos acesso às vacinas foram Quênia, Nigéria, Tanzânia, Etiópia e República Democrática do Congo, onde o percentual não chegou a 10%.

A América do Sul é o continente com a maior média de vacinação no cálculo da platafoma Our World in Data, com 65% da população com as duas doses. A lista indica grandes desigualdades regionais, com Europa (62%), Asia (58%), Oceania (58%), América do Norte (54%) e América do Sul acima da média mundial de 50% de vacinados, e a África com apenas 9,9% da população com duas doses.

Mônica Levi vê o percentual de vacinados no Brasil como alto em relação a países que lidam com movimentos antivacina mais fortes, como Estados Unidos (62%) e Israel (64%). "Eles não conseguem avançar, porque sobraram aqueles que têm resistência enorme à vacinação. A gente vê no Brasil facilidade muito maior, e estamos em situação melhor. Alguns países estão melhores que a gente, mas a resistência à vacinação aqui ainda não é tão grande, mas pode se tornar", diz ela, que vê com preocupação a hesitação à vacinação de crianças. "É uma tristeza para nós, da área médica, ver que questões políticas estejam influenciando as decisões de pais sobre a saúde dos próprios filhos, que possa existir pais que se importem mais em seguir orientações politicas do que as bases da ciência e as conclusões de pessoas que são qualificadas para a tomada de decisões na saúde".

Eventos adversos
A médica afirma que o público está sob bombardeio de informações confusas, que supervalorizam eventos adversos raros previstos na vacinação e ignoram os benefícios que as vacinas já trouxeram desde o início da pandemia.

"Eventos adversos aconteceram, alguns graves, mas foram extremamente raros e muito menos frequentes que a ocorrência desses mesmos quadros sendo causados pela própria covid-19. A ponderação do risco-beneficio é extremamente favorável à vacinação. A gente não está negando a existência de eventos adversos graves. Eles existem, mas são extremamente raros. Só que a gente tem que considerar as vidas salvas e os benefícios que a vacinação traz frente ao risco que é incomparavelmente menor".

O epidemiologista da Fiocruz concorda e afirma que as vacinas contra covid-19 usadas no Brasil estão em uso em muitos outros países, o que faz com que diferentes órgãos regulatórios e pesquisadores avaliem os resultados e sua segurança.

"Internacionalmente, já são bilhões de doses. Não são vacinas dadas só no Brasil, mas no mundo inteiro. Então, há muita clareza de que há efeitos adversos, mas que são em uma proporção tão ínfima, que os benefícios os superam e muito. E, sobre isso, há uma concordância dos órgãos regulatórios, sejam brasileiros, americanos, europeus, japoneses, australianos. Milhares de instituições estão monitorando os efeitos dessas vacinas, então, há uma tranquilidade imensa de que a gente tem vacinas seguras".

Para avançar na vacinação, Barreto acredita que é preciso entender por que algumas pessoas não completaram o esquema vacinal e identificar localmente possíveis problemas que podem ter criado dificuldades para que as pessoas retornassem aos postos. O objetivo, reforça ele, deve ser facilitar ao máximo a ida aos locais de vacinação.

Mônica Levi lembra que, em outras vacinas que preveem mais de uma dose, é frequente que a cobertura caia na segunda e terceira aplicação. " A gente já vê isso na vacina da Hepatite B, por exemplo, que também tem três doses. Esse é um comportamento normal que a gente já via, uma dificuldade de fazer vacinas de várias doses e manter a adesão ao esquema completo", diz ela, que ainda acha difícil prever se a vacinação contra covid-19 vai ser encerrada na primeira dose de reforço. "Mais para frente, se vamos ter novas variantes que vão obrigar a fazer vacinas diferentes, ou se a imunidade vai cair mais uma vez depois do reforço, só o tempo vai dizer".

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O indígena Davi Seremramiwe Xavante, de 8 anos, foi a primeira criança a ser vacinada contra a covid-19 no Brasi. Ele foi imunizado por volta de meio dia dessa sexta (14), em um evento do governo de São Paulo que marcou a inauguração da vacinação de crianças de 5 a 11 anos.

A vacinação na cidade de São Paulo, contudo, só será iniciada de fato na segunda-feira (17). Os postos de outras cidades do estado só devem começar na mesma data.

Davi, que é da etnia xavante, mora em Piracicaba, no interior, mas foi para a capital fazer um tratamento médico. Ele foi imunizado no Hospital das Clínicas, e o governador João Doria (PSDB) acompanhou. O pai de Davi, o cacique xavante Jurandir Seremramiwe, estava presente de maneira virtual,

“Agradeço a compreensão, visibilidade e diálogo com a questão indígena no estado de SP. Que sejam tomadas as vacinas para os guaranis que moram no litoral", disse o cacique. "Nós temos que tomar a vacina e não esquecer o uso da máscara, o distanciamento. Com certeza a nova geração estará segura quando as aulas voltarem. Elas estarão com saúde e brincando", acrescentou.

As doses das vacinas que vêm para a Bahia atrasaram nessa sexta-feira (14). A previsão é de chegada às 14h40 e o estado vai distribuir para que os municípios façam a aplicação.

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Tecnologia possibilitará também novos estudos para produção de vacinas para enfrentamento de doenças como zika, febre amarela e câncer

A vacina brasileira RNA MCTI CIMATEC HDT contra a Covid-19 entrará na primeira fase de testes, nesta quinta-feira (13), em Salvador (BA). No Brasil, o estudo está sendo conduzido pelo SENAI CIMATEC, e o desenvolvimento da tecnologia é feito pelos pesquisadores do Instituto SENAI de Inovação de Sistemas Avançados de Saúde em parceria com a HDT Bio Corp (Seattle, EUA), empresa de biotecnologia sem fins lucrativos, e com a RedeVírus MCTI. O projeto conta com financiamento do Governo Federal, por meio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). Participam desta fase 90 voluntários, com idades entre 18 e 55 anos. O início da primeira fase do estudo clínico acontece às 10h desta quinta-feira (13/1), na sede do SENAI CIMATEC com a aplicação da primeira dose da vacina.

A pandemia da Covid-19 acelerou processos e desenvolvimento da tecnologia brasileira. O diretor-geral do SENAI, Rafael Lucchesi, destaca que as parcerias internacionais têm um importante papel no fomento a inovação brasileira. “Parcerias como essa ajudam a construir novos caminhos para a saúde pública, com a capacidade de fabricar vacinas e medicamentos no Brasil, dando à população maior acesso ao que tem de mais moderno”, ressalta.

A vacina RNA MCTI CIMATEC HDT é composta por duas plataformas tecnológicas: o replicon de RNA (substância ativa) e uma formulação lipídica (LION). Por meio dessas duas plataformas inéditas e inovadoras, repRNA e LION, espera-se que a vacina seja capaz de gerar uma imunização robusta e duradoura com uma dose menor de imunizante. A repRNA (replicon de RNA) é o primeiro imunizante que utiliza essa tecnologia a ter uma fase de estudos realizada no Brasil. O replicon de RNA é capaz de se autoamplificar e ser reconhecido pelo organismo como um RNA mensageiro, que, por sua vez, ensina o corpo humano a produzir respostas contra o vírus (anticorpos).

O imunizante integra um plano de desenvolvimento global que está sendo realizado no Brasil, Estados Unidos e Índia, por meio da parceria entre as três instituições: SENAI CIMATEC, HDT Bio Corp e Gennova Biopharmaceuticals (Índia). O estudo de Fase I custará R$ 6 milhões.

Segundo o médico infectologista e professor titular do SENAI CIMATEC, PhD em Imunologia e Doenças Infecciosas, Roberto Badaró, o objetivo principal desta etapa é avaliar a segurança e a reatogenicidade do novo imunizante, ou seja, a capacidade de a vacina gerar reação adversa (ou colateral) local ou sistêmica no organismo. “Serão testadas três diferentes concentrações de dose, verificando-se qual delas se mostrará mais promissora na produção de resposta imune humoral e celular contra o vírus SARS-CoV-2. Além disso, a expectativa é que essa vacina possa proteger contra todas as variantes da Covid-19 existentes, até o momento”, explica

Ainda de acordo com Roberto Badaró, a tecnologia utilizada no imunizante RNA MCTI CIMATEC HDT é uma grande oportunidade para a produção de outras vacinas não só para o coronavírus. Essa tecnologia poderá atender a produção nacional de vacinas para a prevenção de doenças como dengue, zika, febre amarela,podendo ser adaptada também para o câncer. “O impacto na morbidade das doenças que avassalam a humanidade vai ser muito grande, a ciência dá um salto muito grande para criar medicamentos específicos para as pessoas utilizarem”, ressalta.

Sobre a vacina

A nova vacina consiste numa formulação de nanocarreador lipídica chamada de LION (do inglês, Lipid InOrganic hybridized Nanoparticle) e uma molécula de repRNA que codifica a proteína spike (S) do SARS-CoV-2. Em contato com o organismo, o repRNA tem capacidade de se autorreproduzir, gerando então o RNA mensageiro, que ensina o corpo humano a produzir os anticorpos específicos.

“Diante da plataforma tecnológica da vacina, o que a gente espera é que esta seja uma vacina de dose única, já que pequenas concentrações se mostraram capazes de promover uma alta resposta imune”, afirma Bruna Machado, líder técnica do projeto no SENAI CIMATEC, farmacêutica e PhD em Biotecnologia.

Os estudos da vacina para a Covid-19 incluem ainda as fases II e III, até que o imunizante seja aprovado para registro e produção no Brasil. Uma vez comprovada a segurança na fase I, após as análises estatísticas dos dados, terá início a fase II, com a participação de 400 indivíduos. Da mesma forma, o início da fase III dependerá dos resultados da fase anterior. Para a fase III está previsto o recrutamento de 3.000 a 5.000 participantes. Ao todo, o período de testes vai durar cerca de um ano.

A HDT Bio Corp é detentora da tecnologia e fará, por meio do SENAI CIMATEC, a transferência de tecnologia e incorporação de conhecimento ao Brasil. A instituição brasileira realizará os ensaios clínicos de Fase I, II e III. A Gennova é responsável pela fabricação dos lotes piloto da vacina para os ensaios iniciais, e ainda, conduzirá a transferência de tecnologia de fabricação da vacina para o SENAI CIMATEC.

De acordo com o diretor de Tecnologia e Inovação do SENAI CIMATEC, Leone Peter Andrade, a nova vacina oferece vantagens e benefícios, pois a tecnologia utilizada permite que o processo produtivo seja rápido e escalonável, utilizando menos componentes e etapas, quando comparada a métodos tradicionais. “Esse projeto permitirá a utilização de uma plataforma tecnológica de ponta para o desenvolvimento de novos produtos de interesse do Brasil”, pontua.

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A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) alerta para a possibilidade de falta de testes de antígeno e PCR (o molecular, tipo mais preciso), se estoques de insumos necessários para os exames para o diagnóstico da covid-19 não forem repostos "rapidamente". A Abramed diz não saber até quando os laboratórios conseguirão atender a demanda por testes, que cresceu principalmente por causa da alta transmissibilidade da variante Ômicron, e recomenda parar de testar casos leves da doença.

O Ministério da Saúde, no entanto, se desvinculou do eventual cenário de escassez na rede pública e atribuiu a responsabilidade pela testagem no País aos Estados e municípios. Em nota, a pasta chefiada por Marcelo Queiroga informou estar atenta à situação de testes para covid-19 e disse realizar "rotineiramente" o monitoramento da disponibilidade dos insumos necessários para a realização dos exames no Sistema Único de Saúde (SUS). O ministério, porém, destacou que cabe aos Estados e municípios adquirir os recursos para os diagnósticos.

"No entanto, por conta da pandemia da covid-19, a pasta tem apoiado os Estados com a disponibilização dos testes. Desde o início da pandemia foram entregues mais de 27,4 milhões de testes do tipo RT-PCR e 38,8 milhões de testes rápidos de antígeno para todo o País", diz a nota do ministério.

Minutos antes da divulgação da nota, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) apresentou ofício ao ministro Queiroga com demandas que envolviam, dentre outras medidas, "o aporte de recursos financeiros para abertura, no menor tempo possível, de pontos de testagem em massa para acesso de primeiro contato de toda a população". No mesmo documento, é solicitado o reconhecimento da existência de uma nova onda de covid-19 no País provocada pela disseminação da variante Ômicron.

Diante da possibilidade de desabastecimento dos estoques, a Rede D'Or, de hospitais privados, disse que já tem priorizado pacientes com indicação clínica, internados e profissionais de saúde, diante da alta demanda de exames. A testagem dos casos não graves será retomada "tão logo haja um reequilíbrio entre a demanda e os insumos disponíveis". A Dasa, grupo brasileiro dono de dezenas de redes de laboratórios de medicina diagnóstica, afirmou priorizar casos graves e profissionais de saúde. Já a Rede de farmácias RaiaDrogasil suspendeu o agendamento online para testes de covid.

"A gente está vivendo uma situação parecida com a do início da pandemia, quando havia uma disputa internacional pelos kits de diagnóstico e reagentes", afirmou o presidente do Conselho de Administração da Abramed, Wilson Shcolnik, lembrando que, no Brasil, dependemos de insumos importados para os exames. "Esses insumos são fabricados nos EUA, na Europa, na China, na Coreia do Sul; o que acaba acontecendo é que os países que investem pesado em testagem e aqueles onde os produtores estão localizados estão tendo prioridade."

Gravidade
Segundo a Abramed, seus associados respondem por mais de 65% de todos os exames realizados pela saúde suplementar no País. Para eles, a associação emitiu nota técnica pedindo pela priorização de pacientes a serem testados. A escala de gravidade se dá na seguinte ordem: pacientes que tenham maior gravidade de sintomas; doentes hospitalizados e cirúrgicos; pessoas no grupo de risco; gestantes; trabalhadores assistenciais da área da saúde; e colaboradores de serviços essenciais.

Nesse sentido, a Abramed pede que testes não sejam aplicados em "assintomáticos e pessoas com sintomas leves". Aqueles com quadro leve devem permanecer em isolamento. A associação disse que entrará em contato com outras entidades do setor de saúde, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o Ministério da Saúde, a Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) e a Associação Médica Brasileira (AMB) para falar sobre a necessidade de otimizar o uso dos testes.

De acordo com a Abramed, entre 3 e 8 de janeiro foram mais de 240 mil teste para detecção do coronavírus feitos. A alta é de 98% no número de testes realizados em comparação à semana do Natal, entre 20 a 26. O volume de exames com resultados positivos para covid passou de uma média de 7,6% para mais de 40%.

A Rede D'Or diz que todos os exames coletados estão sendo entregues nos prazos combinados. "Tão logo haja reequilíbrio entre a demanda e os insumos disponíveis, retomaremos a testagem de pacientes que não estejam nos critérios de prioridade."

Rede RaiaDrogasil suspende agendamento online
Farmácias da Rede RaiaDrogasil suspenderam temporariamente o agendamento online de testes de covid-19. Em nota, a empresa informa que "está atuando na reposição dos estoques para o abastecimento de suas lojas o mais breve possível". A retomada no serviço deve se dar quando o abastecimento for "normalizado".

Tanto a Droga Raia quanto a Drogasil oferecem testes de quatro tipos: PCR-LAMP, antígeno nasal, antígeno oral e de sorologia. Para fazer o agendamento on-line é preciso fornecer CPF, e-mail e nome.

Em nota enviada ao Estadão, a empresa diz que "a demanda por testes de covid-19 cresceu consideravelmente e há falta de testes no mercado como um todo". A Rede RaiaDrogasil reúne mais de 2,3 mil lojas em 24 Estados.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O Senai-Cimatec conduz um estudo para a elaboração de uma nova vacina contra a covid-19, que entrará em sua primeira fase de testes em humanos ainda agora em janeiro. A tecnologia utilizada no imunizante é a replicon de RNA (repRNA), sendo esse o primeiro a utilizar a técnica a ter uma fase de estudos realizada no Brasil. O replicon RNA é capaz de se autoamplificar e ser reconhecido pelo organismo como RNA mensageiro, que, por sua vez, ensina o corpo a produzir resposta imune contra o vírus.

Desenvolvido pela HDT Bio Corp, empresa de biotecnologia sem fins lucrativos localizada em Seattle, nos Estados Unidas, o imunizante integra um plano de desenvolvimento global que está sendo realizado no Brasil, EUA e Índia, por meio de uma parceria entre três instituições: Senai-Cimatec, HDT Bio Corp e Gennova Biopharmaceuticals (Índia). No Brasil, o desenvolvimento do imunizante conta com o apoio científico do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). No Cimatec, o projeto está sob a responsabilidade do Instituto Senai de Inovação em Sistemas Avançados de Saúde. O estudo de Fase I custará R$ 6 milhões e será aplicada a vacina em 90 voluntários.

A primeira dose da vacina será aplicada às 10h nesta quinta-feira (13) em Salvador, na sede do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - Campus Integrado de Manufatura e Tecnologia (Senai Cimatec). O evento contará com a participação do ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, astronauta Marcos Pontes e será transmitido ao vivo no canal da pasta no YouTube.

O candidato a imunizante, chamado de RNA MCTI CIMATEC HDT, é composto por duas partes: uma molécula de replicon de RNA e uma substância lipídica chamada LION, que ajuda a proteger a molécula do repRNA e faz o transporte até as células-alvo. Uma vez dentro das células, o replicon de RNA é reconhecido como um RNA mensageiro pelos ribossomos, que são estruturas do citoplasma da célula que produzem as proteínas com as instruções trazidas pelo RNA. Os ribossomos iniciam a tradução da mensagem, produzindo inicialmente o replicon, que gera várias cópias de si mesmo e, depois, produz as proteínas Spike do coronavírus. As proteínas são quebradas em pequenos pedaços e expostas ao nosso sistema imunológico que identifica esses fragmentos como algo estranho (antígeno) e, assim, produz anticorpos contra a doença, preparando a nossa defesa para quando o organismo entrar em contato com o vírus.

O médico infectologista e professor titular do Senai Cimatec, PhD em Imunologia e Doenças Infecciosas, Roberto Badaró, explica que a proteína lipídica LION permite que o imunizante contenha, por exemplo, as cinco variantes da Covid-19, fazendo com que a pessoa produza uma resposta imune semelhante à resposta produzida pela vacina tetravalente, que protege o organismo contra quatro doenças.

A vacina se encaixa na quarta geração de imunizantes, que é quando é utilizado o replicon de RNA. Badaró afirma que a primeira geração são as vacinas mortas, com o vírus inativado, a exemplo da Coronavac, ou atenuadas, feitas de patógeno vivo enfraquecido e incapaz de produzir a doença em indivíduos imunocompetentes, mas são contraindicadas para gestantes e imunodeprimidos. A segunda geração são as vacinas vetoriais, que utilizam um outro vírus para fazer uma combinação efetiva contra a doença, a exemplo da AstraZeneca, que utiliza o vírus Inflluenza. A terceira geração utiliza a tecnologia de RNA mensageiro, que ensina as células a sintetizarem uma proteína que estimula a resposta imunológica do corpo, como a Pfizer e Moderna.

De acordo com o infectologista, a tecnologia utilizada no imunizante RNA MCTI CIMATEC HDT é uma grande oportunidade para fazer outras vacinas não só para o coronavírus, mas também para o câncer e outras doenças respiratórias. “O impacto na morbidade das doenças que avassalam a humanidade vai ser muito grande, a ciência dá um salto muito grande para criar medicamentos específicos para as pessoas utilizarem”, declara o especialista.

O diretor de Tecnologia e Inovação do Senai Cimatec, Leone Peter Andrade, diz que a nova vacina oferece vantagens e benefícios, pois a tecnologia utilizada permite que o processo produtivo seja rápido e escalonável, utilizando menos componentes e etapas, quando comparada a métodos tradicionais. “Esse projeto permitirá a utilização de uma plataforma tecnológica de ponta para o desenvolvimento de novos produtos de interesse do Brasil”, pontua. “A parceria com o Senai Cimatec ajudará a construir novas capacidades de fabricação de vacinas e medicamentos no Brasil, e fornecerá à população do país maior acesso a medicamentos avançados”, ressalta o CEO da HDT, Steve Reed.

O que falta para a vacina chegar no braço do povo?
Desde agosto de 2021, a vacina RNA MCTI CIMATEC HDT obteve autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) para iniciar os estudos clínicos em voluntários. Em parceria com a empresa Gennova Biopharmaceuticals, na Índia, o imunizante já foi administrado em 120 indivíduos, com segurança comprovada, permitindo o avanço do desenvolvimento clínico para Fases II e III em 35 centros do país.. Nos Estados Unidos, o ensaio clínico de Fase I também foi iniciado neste mês de janeiro, com a participação de 78 voluntários.

O estudo para a nova vacina começou a ser desenvolvido logo após o começo da pandemia da Covid-19 e foram feitos os ensaios pré-clínicos, em que foram feitos testes em animais, a exemplo camundongos, coelhos e macacos. A Fase I dos estudos tem por objetivo avaliar a segurança e reatogenicidade do imunizante, que é a capacidade de gerar algum efeito adverso, como febre, dor no corpo ou dor de cabeça. Além disso, também será avaliado se a vacina tem capacidade de produzir células de defesa, anticorpos.

Isso quem explica é a líder técnica do projeto no SENAI CIMATEC, farmacêutica e PhD em Biotecnologia, Bruna Machado. Na segunda etapa do estudo, que irá começar depois de três meses finalizada e feita as análises dos dados da Fase I, continuará sendo avaliada a segurança do imunizante e a eficácia em um grupo maior, com 400 voluntários. Na fase III será utilizado um grupo de 3 a 5 mil indivíduos para verificar com prioridade a eficácia do novo imunizante. “Isso tudo deve durar cerca de 10 a 12 meses para então conseguir, junto a Anvisa, o registro desse produto no Brasil para que ele possa ser utilizado como um produto comercial e incluído do Plano Nacional de Imunização”, destaca Bruna.

Senai Cimatec busca voluntários para estudo em Salvador
Para conduzir a primeira fase de estudos clínicos com voluntários para teste de uma vacina contra a covid-19, o SENAI CIMATEC procura pessoas interessadas em participar dos testes em Salvador. Todos os participantes da pesquisa serão acompanhados pela equipe médica do estudo.

Vale ressaltar que podem participar voluntários de todo Brasil, tanto homens quanto mulheres. Além disso, para se voluntariar, é preciso ter de 18 a 55 anos, não ter sido infectado com a Covid-19 e não estar imunizado com a vacina contra o vírus ou estar imunizado com duas doses.

Os interessados devem preencher um formulário no site. Também é possível entrar em contato com o SENAI CIMATEC por ligação ou mensagem via WhatsApp (71) 98643-6135, de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h.

 

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A prefeitura divulgou nesta segunda-feira (10) o planejamento para vacinação de crianças contra a covid-19 em Salvador. Ainda não há data confirmada de chegada dos imunizantes, mas isso deve acontecer em breve. "Nossa expectativa é que até o final da semana possam chegar a Salvador (as doses) e vamos iniciar de imediato a vacina para as crianças para todos aqueles pais que quiserem vacinar seus filhos de 5 a 11 anos", afirmou o prefeito Bruno Reis nesta manhã. Entre a documentação exigida, está uma autorização dos pais (veja mais abaixo).

Bruno destacou que a orientação é que os pais levem os filhos para se vacinar. "A gente recomenda que faça, por tudo que estamos vendo, aumento do número de casos, e principalmente por estar evidenciado que a vacina tem cumprido seu papel, tem evitado um agravamento no sistema de saúde", destacou ele.

O prefeito citou que mesmo em meio à alta de casos de covid, a maioria não precisa de hospitalização. "Os casos têm aumentado diariamente. Nunca tive tantos colaboradores, secretários, diretores, com covid como estão. Nunca tive tantos amigos, conhecidos, parentes com covid, como nesse momento. Porém graças a Deus, graças à vacina, nenhum demandando internação, demandando tempo de enfermaria ou UTI", ressaltou.

A vacinação para a faixa de 5 a 11 anos foi autorizada pela Anvisa no final do ano passado. "A partir do momento que tem aprovação técnica e científica, e sempre foi isso que nos pautou, a gente está aqui para vacinar e recomendar (que se vacinem".

Salvador tem 149.214 crianças cadastradas na faixa autorizada. O imunizante que será usado na vacinação será o da Pfizer, em uma dose com 0,2 ml e composição específica para esse grupo etário. Não será administrada a vacina contra covid junto com outros imunizantes do calendário infantil. A recomendação, por precaução, é fazer intervalo de 15 dias.

O horário previsto para a vacinação é das 8h às 18h, em mais de 65 pontos espalhados pela cidade. Para se vacinar, a criança precisará ter o nome no site da Secretaria da Saúde e uma declaração de pais ou responsáveis autorizando. Será preciso levar a declaração, originais e cópias do cartão de vacina, e documento de identificação da criança a ser vacinada e do pai ou mãe que fez a declaração. O modelo da declaração vai ficar disponível nos postos para ser preenchido e também no site da SMS, caso o responsável prefira imprimir em casa.

Além de contar com profissionais treinados para o atendimento de crianças, a prefeitura planejou ações para tornar o momento mais lúdico para os pequenos. O tema da campanha será "Dia das Crianças é Dia da Vacina". Estão previstas participações do Le Cirque, atrações do Programa Ruas de Lazer e Anderson Martins DJ.

"Nossa meta para o Dia da Criança é imunizar pelo menos 60 mil crianças", diz a sanitarista e integrante do Centro de Operações de Emergência em Saúde Pública da SMS, Ana Paula Pitanga.

Cadastro SUS

A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de Salvador informou neste sábado (8) que os pais devem fazer o recadastramento do SUS de crianças de 5 a 11 anos de idade, público que poderá ser vacinado contra a covid-19. É possível fazer a atualização através do site ou presencialmente, em uma das 155 unidades básicas da rede municipal, de segunda a sexta, a partir das 8h.

Quem já fez o recadastramento vai entrar automaticamente na lista de habilitados para vacinação. No caso das crianças que não têm cartão SUS de Salvador ou estão com cadastro em outra cidade, os pais ou responsáveis devem procurar uma unidade da Prefeitura-Bairro para conseguir o documento ou fazer a transferência de domicílio. Para esse serviço, é preciso fazer agendamento pelo site do Hora Marcada.

A documentação exigida dos pais é a carteira de identidade, CPF, comprovante de residência e Cartão SUS. Para as crianças, é necessário apresentar certidão de nascimento e cartão SUS (se houver).

Gripe
O prefeito anunciou também que a vacinação contra gripe será liberada para o público geral a partir da terça. "A gente volta com a vacina da gripe para todos em geral. Crianças ou adultos. Temos doses para isso", acrescentou.

A programação de pontos de vacinação e estratégia mais detalhada será divulgada até o final do dia. "Vamos informar locais e horários e pedimos a todos que possam ir se vacinar".

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