Sexta, 26 Abril 2024 | Login

A Petrobras anunciou nesta quinta-feira (4) um corte de 3,6% no preço do óleo diesel nas refinarias. A medida é válida a partir desta sexta (5).

Com isso, o preço médio terá uma redução de R$ 0,20. O valor do litro passará de R$ 5,61 para R$ 5,41 para as distribuidoras.

“Essa redução acompanha a evolução dos preços de referência, que se estabilizaram em patamar inferior para o diesel, e é coerente com a prática de preços da Petrobras, que busca o equilíbrio dos seus preços com o mercado global, mas sem o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações internacionais e da taxa de câmbio”, disse a companhia

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Dói no bolso pensar em atravessar a malha soteropolitana usando apenas um tipo de veículo devido ao custo-benefício. Para fugir dos altos preços e demora para chegar no destino, 74% das pessoas que fazem seus trajetos com mais de um meio de transporte - utilizando bicicletas, carros ou caminhada a pé - complementam as viagens com uso de transporte público. O levantamento é resultado de pesquisa feita pela Tembici, empresa de tecnologia para micromobilidade.

Professora da Universidade Federal da Bahia no Departamento de Engenharia de Transporte, Denise Ribeiro explica que, o fato de pessoas de baixa renda não terem condição de comprar o próprio automóvel ou de se deslocar diariamente pagando transporte, a solução encontrada é integrar os meios possíveis. Assim, é comum ver em Salvador pessoas que vão a pé até estações e terminais, ou utilizam bicicletas.

A estudante de direito, Patrícia Pires, 22, vai a pé de casa até a estação da Lapa, onde ainda pega duas linhas de metrô e um ônibus para chegar no local em que estagia. Ela faz o processo invertido para voltar do trabalho. Patrícia conta que existe um ônibus que roda o caminho direto entre sua casa até o trabalho, mas prefere fazer de modo integrado por questão de tempo, segurança e dinheiro.

“Como sou estudante, uso meia passagem. Se fosse de Uber pagaria R$ 30 só de ida e comprar um carro agora é impossível por conta do custo do carro. Vou de metrô por ser mais seguro. [Mas] muitas vezes já peguei Uber na estação de metrô justamente pelo fato de sair mais em conta o preço do Uber que a passagem”, diz.

A coordenadora do Observatório da Mobilidade em Salvador (ObMob), Erica Telles, explica que a mobilidade integrada - quando se usa vários tipos de transporte para um deslocamento - é comum em Salvador por conta das particularidades da capital, como tamanho da Região Metropolitana.

A mescla de transportes é indicada justamente para percursos de longa distância, assim, é possível que a pessoa inicie o trajeto com bicicleta, deixe o veículo em algum bicicletário, após 5km a 7km de corrida, e prossiga com o uso de metrô ou ônibus, orienta Telles. O mesmo método pode ser utilizado por quem mora em Itaparica, por exemplo, indo de bicicleta até a lancha e, após chegar no continente, voltar ao micro transporte, podendo alternar com veículos públicos.

"O transporte público é quem estrutura o direito à cidade. [Mas] precisa ter ao redor dele outros meios que alimentem a infraestrutura e garanta acessibilidade. Como a rede cicloviária, metrô, Elevador Lacerda", afirma o doutor em urbanismo e professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (Ifba), Pablo Florentino.

É o que o professor Marcelo Sant’Anna, 24, costuma fazer. “Misturo os dois [bicicleta e transporte público]. Avalio o destino que quero chegar e, se eu ver que é mais rápido utilizar no meio do percurso a bicicleta, eu mesclo. Utilizo a bike de aluguel do Itaú, que tem pontos na cidade toda, então facilita que eu adapte meu plano aos pontos disponíveis”, diz.

Bicicleta para aluguel
Em um cenário de alta na passagem de ônibus e preço do combustível, a bicicleta apareceu como salvadora para quem quer economizar. São 50 estações e mais de 400 bicicletas espelhadas por toda cidade através do Bike Salvador, sistema de bicicletas compartilhadas da Tembici em parceria com o Itaú Unibanco em Salvador. A vantagem do aluguel de pequenos veículos é justamente ter a liberdade de traçar o próprio trajeto com economia de tempo e dinheiro.

Erica Telles ressalta que a bicicleta é também uma ferramenta de transformação social. Isso porque pode ser objeto de economia, através do dinheiro poupado no transporte público ou gasolina, assim como serve de emprego e renda para quem trabalha com entregas. “É um veículo barato, de fácil manutenção. Se bem cuidada pode durar mais de 10 anos, a minha tem 11 anos. O ciclista pode estar sempre com ela em dia e fazendo percursos que precisa por questão de trabalho, lazer ou estudo”, avalia.

O porteiro Anderson Figueiredo, 28, conta que utiliza bicicleta diariamente para ir e voltar do trabalho e não tem interesse em comprar automóvel por agora devido ao valor investido para combustível. O fator que facilita o uso diário do veículo é que, entre o trajeto de casa até o trabalho, há uma ciclovia pela qual Anderson se sente mais seguro para transitar com segurança todos os dias.

“Escolhi a bicicleta porque é uma forma de chegar mais rápido ao meu trabalho. [Mas] não costumo usar bicicleta fora das ciclovias, há falha nas regiões mais afastadas do centro. Rio Vermelho, Ondina, Barra, Avenida Sete sempre têm ciclovia”, afirma.

Embora haja iniciativas para criação de ciclovias, o professor no Departamento de Engenharia de Transporte da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Juan Pedro Moreno, salienta que algumas, como a da Avenida Garibaldi e Suburbana precisam ser reajustadas. “Estão expondo ciclistas ao risco, a única ciclovia segura que temos é a que está abaixo do metrô. Em termos de infraestrutura, a solução é [...] aproveitar faixas de circulação destinada para automóvel para criar ciclofaixas”, orienta.

Já Erica acrescenta que a malha precisa ser mais conectada e ter recursos, a exemplo de estacionamento para os veículos. Ela recorda a inauguração do bicicletário na Ribeira, estrutura instalada por meio do Movimento Salvador Vai de Bike, por iniciativa da prefeitura. Para ela, no entanto, ainda é preciso que mais “estacionamentos” sejam instalados em locais populares, como a estação da Lapa e Mussurunga, a democratizar o uso da bicicleta com segurança e integrar outras modalidades de transporte, como metrô e ônibus, junto à bicicleta.

Plano Cicloviário
Para tornar Salvador uma cidade mais segura a todos pilotos, a prefeitura tem desenvolvido projetos cicloviários no cronograma de ações. O secretário municipal de Mobilidade (Semob), Fabrizzio Muller, diz que o município está desenvolvendo um plano cicloviário que deve guiar a gestão atual e gestões seguintes no sentido de Salvador ser uma cidade com maior infraestrutura. Segundo Muller, ainda neste ano será aberta audiência pública para que ciclistas participem da construção da guia e apontem as necessidades da classe.

“O plano incluirá desde informações técnicas de melhorias de ciclovias e ciclofaixas existentes como até novas ciclofaixas entre uma e outra que ainda não tem conexão. [Também discutirá sobre] velocidade de vias que precisam ser remodeladas para que haja ciclofaixa de forma segura”, detalha o secretário.

Presidente da Saltur, Isaac Edington destaca o Movimento Salvador Vai de Bike - do qual é coordenador -, projeto iniciado em torno de 2013 a partir do governo ACM Neto e válido até hoje com objetivo de ampliar a infraestrutura cicloviária. Quanto às críticas sobre a distribuição das ciclovias na capital, Edington relembra que a iniciativa é recente e antes de 2013, a malha tinha cerca de 20 km, hoje, já passa de 300km.

Ele ainda cita capacitações feitas para motoristas de ônibus com intuito de promover o respeito a pedestres e ciclistas no trânsito. Para ele, a capacitação é importante porque, tendo ou não ciclovia na região, é importante que motoristas saibam usar as vias públicas com respeito. “São ações que atuando em conjunto ao longo dos anos progrediram na cidade”, afirma.

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Fundada há 22 anos, a Mondial foi a primeira empresa do Grupo MK, que hoje conta ainda com a Aiwa - de volta ao Brasil - e a X-Zone, focada nos gamers. A principal unidade da marca de eletroportáteis fica no município de Conceição do Jacuípe, a cerca de 100km de Salvador, e emprega mais de 3 mil pessoas. E vai aumentar.

Em entrevista exclusiva ao CORREIO, durante a Eletrolar Show, em São Paulo, o sócio-fundador da Mondial, Giovanni Marins Cardoso revelou que a empresa vai inaugurar uma nova fábrica, somente para airfryers, e até setembro, abrir mais de 600 novos postos de trabalho. Cardoso também comentou o momento econômico do país e o crescimento da Mondial mesmo nesse quadro de dificuldade e como se deu a parceria com a ex-BBB e cantora Juliette. Confira:

CORREIO: O setor de eletrodomésticos e eletroeletrônicos teve resultados ruins no início desse ano (retração de 24% de janeiro a maio). Como foram esses cinco meses de 2022 para a Mondial?


Giovanni Marins Cardoso: Com a pandemia, as pessoas passaram a usar mais eletroportáteis em casa. Então, usaram mais airfryers, mais liquidificadores, porque tinham que fazer comida em casa. Daí como também não tinham cabeleireiro, precisaram comprar secador de cabelo, escova, para fazer em casa. Tinham que limpar a casa, não tinham funcionário, tiveram que comprar produtos. Então, com isso, os eletroportáteis ganharam uma relevância muito grande na casa das pessoas. O mercado dos eletroportáteis, de janeiro a maio desse ano, cresceu 7% em quantidade e 14% em valor, e a Mondial cresceu 20%.

C: O mercado de ar-condicionado caiu dos últimos 12 meses, e uma das justificativas é que não fez tanto calor devido ao fenômeno La Niña. Vocês também sentiram isso?

GMC: Claro. Todo Verão La Niña é mais chuvoso e frio. Em São Paulo, em dezembro estava dando 18°, 17°. Nos grandes mercados, que são Rio e São Paulo, caiu muito. Foram 17% de queda na parte de ventilação de um ano para o outro, a maior queda que eu vi nos últimos 20 anos. A projeção para o próximo ano é que o La Niña está enfraquecendo, estamos chegando em agosto, perto do equilíbrio. Não vai ser nem La Niña e nem El Niño, possivelmente será um Verão padrão normal, o que é bom. Só não sendo nenhum dos dois, o mercado no 2° semestre deve crescer acima de 4 milhões de peças de ventiladores a mais só no sell-out [vendas para o consumidor final]. Então, estamos otimistas para a sequência.

C: Vocês tiveram problemas de falta de componentes na pandemia?

GMC: A Mondial é uma empresa que trabalha muito forte com parcerias, temos com nossos funcionários, com nossos clientes e temos parcerias com nossos fornecedores internacionais. São parceiros a longo prazo e não me faltou nenhuma peça. Por isso, crescemos muito no período.

C: Como a situação econômica do país, com alta de inflação e taxa de juros, está se refletindo para vocês?

GMC: A Mondial não é classe A, B, C ou D. A Mondial é classe G, de gente. Então, a gente tem liquidificador de R$ 129,90 e de R$ 300, todo nível de preço. Quando o dinheiro está mais curto, eu passo a vender mais os de R$ 149, R$ 159, e menos os grandões de R$ 299. A gente adapta a nossa linha de produto em função da situação econômica. Mas é claro que eu prefiro trabalhar com juros mais baixos. É custo menor para todo mundo, para o meu o vendedor e para mim também.

C: Independentemente de quem seja eleito em outubro, em termos de Brasil e Bahia, qual a expectativa da Mondial para o próximo ciclo de governos?

GMC: Nós não olhamos a mínima para isso. Temos muitos desafios internos. Onde eu não sou piloto, eu não consigo alterar a direção do rumo. Então, vamos fazer o nosso melhor todo dia, independentemente do governo que seja. Vamos crescer, evoluir, contratar gente.

C: Por falar em crescimento, alguma perspectiva de ampliação e contratações para a unidade de Conceição do Jacuípe?

GMC: Para o Grupo MK, que são as empresas de Manaus e da Bahia, vamos contratar 1.000 funcionários até dezembro. Na unidade da Bahia, 630 funcionários novos serão contratados, a maioria agora entre julho e setembro.

Unidade da Mondial no município de Conceição do Jacuípe (Foto: Divulgação)
C: Isso tem a ver com a volta da Aiwa ao país, pelo Grupo MK?

GMC: Não, a Aiwa são 370 pessoas, em Manaus. As 670 são Mondial. Nós vamos fazer uma terceira fábrica, de airfryers, na Bahia. Uma fábrica separada. Ela estava dentro do contexto total da unidade e vamos separar as airfryers, dar mais foco. A Mondial hoje é a maior fábrica de airfryers do mundo fora da China. Somos a maior fábrica do mundo de eletroportáteis fora da China, como um todo. A fábrica da Bahia é importante, a gente emprega mais de 50% da população ativa de Conceição do Jacuípe.

C: Recentemente, vocês trouxeram Juliette para ser uma parceira de vocês, na parte de cuidados pessoais.

GMC: Ela é Head de Inovação. Juliette trabalhou 10 anos como cabeleireira. Como ela tem uma grande projeção, com 32 milhões de seguidores e exercia a profissão, ela fez parte do nosso grupo de desenvolvimento de produto. Trabalhou dois ou três dias inteiros no nosso escritório desenvolvendo, dizendo ‘olha, eu fui profissional, eu sei que preciso de um cabo maior do produto, precisa de um suporte assim...’. Ela deu uma visão profissional e criou uma linha assinada por ela. Não é só uma embaixadora, é a Head de Inovação.

C: O fato dela ser nordestina [Juliette nasceu na Paraíba] e vocês terem uma fábrica na Bahia contou?

GMC: O pessoal da fábrica na Bahia fez até um movimento para trazer ela. Fizeram um filme! ‘Queremos Juliette, queremos Juliette!’ [risos]. A gente tem uma ligação muito forte com o Nordeste. A Mondial é uma empresa nacional, mas temos uma fábrica cravada no Nordeste, gostamos demais da mão de obra, da relação que temos com as pessoas. Somos uma empresa que chegou numa cidade que não tinha nada e hoje emprega 3.500 pessoas. Fiquei muito orgulhoso de poder contribuir com o desenvolvimento da ‘nossa’ Bahia.

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Postos de combustíveis de Salvador e da Região Metropolitana serão alvos da operação “Olho no Preço”, deflagrada nesta quarta-feira (6), pela Superintendência de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon- Bahia), órgão vinculado à Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social da Bahia (SJDHDS).

A ação visa verificar se os postos e revendedores de combustíveis repassam os descontos provenientes da redução da alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), após a aprovação da Lei Complementar n º 194/2022. Além de verificar os preços nas bombas com desconto, a operação vai buscar informações sobre o comportamento destes fornecedores no intuito de averiguar a ocorrência de infrações e evitar abusos.

A medida, aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo Governo da Bahia na última sexta-feira (1º), reduziu a alíquota do ICMS nos combustíveis, energia elétrica, telecomunicações e transporte coletivo para 17%. Os consumidores que identificarem irregularidades podem encaminhar queixas através do Aplicativo PROCON-BA MOBILE ou por e-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo..

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Na contramão do que aconteceu no Brasil em maio, Salvador e a Região Metropolitana registraram o maior aumento de preço dos últimos 27 anos, com a aceleração de 1,29% da inflação, ocupando o lugar de 2ª maior inflação do Brasil, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Enquanto isso, no cenário nacional, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, ficou em 0,47% em maio. A taxa é inferior ao 1,06% registrado em abril. Na Região Metropolitana de Salvador, o aumento entre abril e maio deste ano foi de 0,32%. Alguns dos principais produtos e serviços que ajudaram a puxar o aumento da inflação na RMS foram a gasolina (6,66%) e a energia elétrica (2,56%).

Para o economista e membro do Conselho Regional de Economia da Bahia (Corecon-BA), Edval Landulfo, o fato da Região Metropolitana de Salvador (RMS) ser abastecida por uma refinaria privada explica o preço diferente do praticado no país.

“A Petrobras deixou de ter influência no valor dos combustíveis aqui e a Acelen [empresa que administra a Refinaria de Mataripe] passou a praticar o que chamam de livre mercado [...] Ela pratica um preço diferente porque ela possui uma outra planilha, que é justificada pela empresa ter um custo variável diferente do da Petrobras", explica o economista. No Brasil, houve desaceleração de 1% nos combustíveis em maio.

Nos 12 meses encerrados em maio, a inflação na RMS chegou a 12,98%, frente a 12,78% em abril. Continua acima do indicador nacional (11,73%) e já é a segunda mais elevada, abaixo apenas da Região Metropolitana de Curitiba (14,19%).

Energia elétrica

Para entender o aumento da energia, é preciso voltar alguns meses. Em abril, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou um reajuste de 21,35% nas contas de energia na Bahia. Como o aumento ocorreu dias depois do fim da bandeira tarifária de escassez hídrica, o que impactou em uma redução de 20%, a Agência justificou que não haveria aumento e sim redução de 1,6% nas contas de luz.

O acréscimo, entretanto, foi sentido no estado e destoa da realidade do país. Para se ter noção da diferença, a energia teve uma diminuição de 7,95% no Brasil. “Quando a bandeira tarifária vermelha caiu, houve diminuições de preços em todo o país, mas, alguns estados tiveram aumentos logo depois. No Ceará, por exemplo, o aumento contribuiu para que a Região Metropolitana de Fortaleza tivesse a inflação mais alta do país em maio”, esclarece a supervisora de disseminação de informações do IBGE, Mariana Viveiros.

Alimentos
Em maio, todos os nove grupos de produtos e serviços que compõem o IPCA ficaram em alta na Região Metropolitana de Salvador. Isso não ocorria desde janeiro deste ano. Outro grupo responsável pelo aumento da inflação é o dos alimentos (0,94%), que aumentaram menos do que em abril (2,22%).

De acordo com o IBGE, o acréscimo do mês foi puxado principalmente pelo leite e derivados, que registraram alta de 3,96%. Só o leite longa-vida, que possui validade estendida de até quatro meses, ficou 8,17% mais caro nas prateleiras. Aumento que foi sentido pela estudante Julia Pinto, 22.

Como mora sozinha, a jovem é quem faz as compras de casa e conta que precisou mudar hábitos de consumo para economizar na hora de ir ao mercado. A solução encontrada por ela foi reduzir o número de produtos industrializados no carrinho e comprar mais itens de feira. “No caso do leite de caixinha, por exemplo, tenho levado sempre a marca mais barata, que nunca custa menos de R$ 4”, diz.

Enquanto isso, os brasileiros não estão tendo aumento real dos salários, o que faz com que a inflação diminua consideravelmente o poder de compra das famílias. “Nos últimos cinco anos, de 2017 até 2022, as pessoas perderam cerca de 31% do poder de compra dos seus salários”, afirma Edval Landulfo.

Mais pobres sentem um peso maior

O aumento dos produtos pesa mais no orçamento das pessoas que recebem menos dinheiro, como aponta o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) da Região Metropolitana de Salvador. A taxa mede a inflação das famílias que recebem até cinco salários mínimos e ficou em 1,32%.

A diferença entre o INPC e o IPCA, que não tem restrições, é de 0,03 pontos percentuais. “Os pesos dos produtos mudam dependendo da renda. Os alimentos e a energia elétrica, por exemplo, têm um peso maior para as famílias de baixa renda e elas acabam sendo mais afetadas pela inflação”, diz Mariana Viveiros. Isso acontece porque as famílias mais pobres destinam uma parte maior do orçamento para comprar comida do que os mais ricos.

Uma pesquisa divulgada na quarta-feira (8), mostra que 33,1 milhões de brasileiros passam fome, o que equivale a 15,5% da população. O número de pessoas em insegurança alimentar grave no país quase duplicou em menos de dois anos, de acordo com o levantamento realizado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan). Em 2020, eram 19 milhões.

Pão francês e farinha de mandioca mais caros
O valor do conjunto dos alimentos que compõem a cesta básica diminuiu em 14 das 17 capitais onde o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) pesquisa. Em Salvador, houve aumento de 0,53% em relação a abril. De acordo com o departamento, as altas foram alavancadas pelos aumentos do quilo do pão francês (3,79%) e da farinha de mandioca (3,26%).

O pão teve alta de preço em todas as cidades pelo segundo mês consecutivo e a explicação para o reajuste é a guerra entre Rússia e Ucrânia, como explica a supervisora técnica regional do Dieese, Ana Georgina Dias.

“Houve um aumento no preço do trigo no cenário internacional porque tanto a Rússia como a Ucrânia são produtores que não estão conseguindo escoar a produção no momento por conta da guerra”, afirma. No caso da farinha, a alta se deu pela baixa oferta de mandioca e a forte demanda industrial, que fizeram com que a cotação subisse no varejo.

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O Banco Central (BC) vai responsabilizar as instituições financeiras que tenham contas laranjas utilizadas por golpistas em nome de outras pessoas para cometer crimes. A afirmação foi dada pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto, durante audiência pública na Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados. Segundo ele, a medida faz parte das ações para combater crimes bancários e financeiros, bem como garantir a segurança do Pix.

“Estamos apertando o máximo possível para que os bancos não tenham capacidade de ser hospedeiro de conta laranja ou intermediária. Inclusive, estamos começando a fazer um processo em que os bancos serão responsabilizados se for feita uma fraude de Pix e eles tiverem uma conta laranja”.

Para Campos Neto, o processo de digitalização dos sistemas financeiro e de pagamentos facilita a redução do número de fraudes. “É muito mais fácil fazer fraude não digital do que digital: consigo percorrer o caminho do dinheiro com eficiência”, argumentou.

Ele reforçou que o processo de combate às fraudes é longo, mas que o BC tem avançado no tema, principalmente ao começar a mapear as contas receptoras e pressionar os bancos usados para abrir contas falsas.

Na visão do chefe da autoridade monetária o aumento de fraudes com a abertura econômica e com o surgimento do Pix é importante, mas possível de ser endereçado.

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A mineração baiana continua se destacando no cenário nacional. Na contramão da queda do faturamento brasileiro, a Bahia registrou um crescimento de 8%, em relação ao mesmo período do ano passado, conforme dados do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM). No primeiro trimestre de 2022 o faturamento foi de R$ 2,2 bilhões, contra R$ 2,1 computados em 2021. Já o faturamento nacional teve uma queda de 20%.

O estado, que ocupa a terceira posição na lista de maiores arrecadadores de CFEM (Compensação Financeira pela Exploração Mineral) do país, vem se destacado, este ano, principalmente na produção de cobre, ouro, níquel e ferro que juntos representam mais de 70% de todo o valor arrecadado (até o fechamento desta matéria). Dos mais de R$ 54 milhões arrecadados de CFEM, mais de R$ 19 milhões vieram do cobre, R$ 10 milhões do ouro, R$ 5 milhões do níquel e mais R$ 3 milhões do ferro.

O cenário é diferente do que aconteceu com a mineração brasileira de forma geral. Na comparação entre o 1º trimestre de 2022 e o de 2021, estima-se que a produção em toneladas caiu 13% e o faturamento baixou 20%, de acordo com dados divulgados pelo IBRAM. Para a instituição, alguns fatores contribuíram para estes resultados, a exemplo das medidas de isolamento decretadas pela China, em reação à pandemia de Covid-19, a queda na produção de minério de ferro, dentre outros.

“Quando a China promove alguma mudança na condução de suas políticas, a indústria mineral brasileira fica à mercê. Precisamos refletir se esta dependência não está em níveis excessivos”, avaliou Raul Jungmann, diretor-presidente do IBRAM, na apresentação dos dados setoriais.

Investimentos

A previsão de investimentos no setor mineral também é motivo de comemoração. Conforme dados do IBRAM, dos mais de U$$ 40 bilhões de dólares, estimados para o período de 2022 a 2026, em todo o país no setor mineral, aproximadamente U$$ 6 bilhões, o equivalente a quase R$ 30 bilhões de reais, serão investidos na Bahia. A previsão é que 15% do que será investido na mineração do país, nos próximos quatro anos, sejam realizados aqui no estado, que ocupa a segunda colocação na lista dos que receberão mais investimentos. O primeiro é Minas Gerais, que concentrará 27% dos investimentos, boa parte destinada para solucionar os problemas relacionados a barragens.

Um dos exemplos é a Largo, produtora de vanádio no município de Maracás, que divulgou um plano de investimentos na Bahia, até 2032, na ordem de U$$590 milhões. Grande parte do orçamento (U$$360 milhões) será destinado à construção de uma fábrica de pigmentos de titânio, a ser instalada no Pólo Industrial de Camaçari, que aproveitará os resíduos produzidos da mina de vanádio. A outra parte (U$$230 milhões) será utilizada na expansão da produção de vanádio das atuais 12 mil toneladas, por ano, para 15.900 toneladas, a partir de 2030.

Outro destaque, é a Ero Brasil, antiga Mineração Caraíba, produtora de cobre nos municípios de Jaguarari, Juazeiro e Curaça, que investirá US$ 94,5 milhões para expansão de capacidade e melhoria de operações; Engenharia (obras), máquinas e equipamentos para aprofundamento das minas subterrâneas de Pilar e Vermelhos; E a reabertura da mina a céu aberto de Surubim. A Ero Brasil ainda indica investimentos adicionais em pesquisa mineral no Vale do Curaçá: de US$ 35 milhões/ano.

Para o presidente da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), Antonio Carlos Tramm, os dados refletem o trabalho que vem sendo realizado nos últimos anos para alavancar a mineração em todo o estado, inclusive na área de pesquisa. A Bahia de acordo com dados na Agência Nacional de Mineração (ANM), foi o que mais investiu em pesquisa mineral nos anos de 2019 e 2020 - levando em consideração investimentos públicos e privados

“O avanço da mineração baiana se deve principalmente pela diversidade geológica do Estado. Em 2021, por exemplo, a Bahia liderou a produção de 19 tipos de substâncias. Isso reforça a importância da mineração para a economia do estado”, pontua Tramm, que também destaca que a mineração entre 2017 e 2022 está presente em mais de 200 municípios do estado.

 

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O terror que é parar um veículo em um posto não para de ganhar cenas mais tensas para quem é da Bahia. Isso porque os combustíveis tiveram mais um reajuste no estado. A Acelen, que administra a Refinaria de Mataripe, anunciou, ontem um aumento nos preços do diesel S10 (11,3%), diesel S500 (11,4%) e da gasolina (6,7%). De acordo com um levantamento do Sindicato dos Revendedores de Combustíveis do Estado da Bahia (Sindicombustíveis Bahia), esse é o nono reajuste feito pela empresa. Com isso, em quatro meses, a gasolina registra uma alta de 27% e o diesel de 64%, muito acima da inflação oficial do país que, até março, acumulava uma alta de 3,20%.

Em nota, a Acelen disse que os reajustes "seguem critérios de mercado que levam em consideração variáveis como custo do petróleo, que é adquirido a preços internacionais, dólar e frete". A reportagem procurou a empresa para obter detalhes sobre os aumentos e os valores disponibilizados pelas distribuidoras, mas não obteve retorno. Secretário executivo do Sindicombustíveis Bahia, Marcelo Travassos afirma que os aumentos já têm impacto nas vias e afeta a competitividade de quem comercializa combustível no estado.

"As consequências dos constantes aumentos são a redução do consumo e a queda nas vendas, principalmente, nos postos de rodovias, que já sentem uma queda de mais de 50% em suas vendas. E isso se dá também pela dificuldade da Bahia em concorrer com estados, a exemplo de Pernambuco, onde as refinarias são geridas pela Petrobras, que pratica preços mais baixos", diz Travassos.

As declarações do secretário corroboram com os dados apresentados pela Petrobras, que alega ter feito apenas dois reajustes nos preços dos combustíveis esse ano. Em janeiro, o preço comercializado por litro da empresa para as distribuidoras na gasolina saiu de R$ 3,09 para R$ 3,25 e, em março, aumentou de R$ 3,25 para R$ 3,86. Nos mesmos meses, o diesel subiu de R$ 3,34 para R$ 3,61 e de R$ 3,61 para R$ 4,51.

A reportagem procurou a Acelen para obter detalhes sobre os aumentos da empresa e os valores disponibilizados pelas distribuidoras, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.

Aumento na bomba

O que aumenta na refinaria tem sido repassado pelos postos ao consumidor. Segundo dados da plataforma Preço da Hora, que registra o valor médio de mais de 500 mil produtos de todos os municípios da Bahia, o litro de gasolina que, em média, saía a R$ 6,88 em janeiro, custa R$ 7,58 em maio nos postos do estado. Já o diesel, que tinha o valor médio do litro em R$ 5,81, sai a R$ 7,44 para quem quer abastecer com o combustível. Para se ter ideia dos aumento, ainda de acordo com dados da Preço da Hora, em maio de 2021 o litro da gasolina e do diesel custava, respectivamente, R$ 5,71 e R$ 4,56.

São números que indicam um aumento acumulado de 10,17% de janeiro a maio na gasolina e 28,06% no mesmo período no diesel, segundo o economista Edísio Freire. Ele afirma que o crescimento do combustível está acima da inflação oficial, mas ressalta que tem um motivo para isso. “O que define o aumento não é só a inflação. Ela reflete já que, no instante em que os custos internos aumentam, as distribuidoras e postos precisam aumentar os preços, mas o principal [fator] é o preço mundial do petróleo e o câmbio”, explica.

O aumento da bomba, no entanto, não é um problema para quem abastece ou para os que precisam pagar passagens mais caras ou viagens por aplicativo mais custosas. É que a alta no combustível faz com que os custos cresçam em todos os setores da economia. "Combustível é energia. Se você imaginar que indústrias usam o diesel em geradores, que toda logística do transporte rodoviário também usa, o aumento combustível vai impactar diretamente na mesa do trabalhador, nos produtos finais. [...] Toda cadeia acaba sofrendo. Algumas, não de imediato. Mas, à medida que o combustível sobe, o repasse de valor chega ao consumidor", diz.

Uso limitado

Os altos custos têm feito os baianos limitarem as saídas com veículos. Exemplo disso é o autônomo Anderson Farias, 28 anos, que mora em Feira de Santana e passava o fim de semana em Salvador duas vezes por mês. Agora, só aparece na capital em datas comemorativas.

"Eu tinha esse costume de ir frequentemente pra Salvador. Só que com esse preço da gasolina ficou completamente inviável e tive que dar uma diminuída. Todo mês eu estava lá, no geral com duas visitas mensais. Hoje, fico meses sem ir. Aí deixo para aparecer em feriados como o da páscoa. Agora mesmo, só vou em junho", conta.

Matheus de Carvalho, 24, é analista de produção e costumava usar sempre o carro para as atividades do dia a dia. Neste ano, passou a limitar ao máximo as saídas da garagem para não ter que arcar com tantas despesas na hora de abastecer.

"Por conta do preço dos combustíveis, tenho evitado ao máximo sair de carro. Trabalho em casa e isso me ajuda muito a evitar custos maiores. Para as outras coisas, tento avaliar ao máximo se vale a pena gastar gasolina para fazê-las ao invés de buscar outras alternativas. Se tem como fazer sem o carro, eu faço", garante ele.

Outra que também limita o uso de carro é a jornalista Lara Silva, 23. Ela conta que o gasto com gasolina praticamente dobrou de um ano para cá. “Os R$ 100 que eu abastecia e ficava no tanque mais de uma semana, agora dura, geralmente, uns quatro dias. No máximo, em cinco dias tenho que abastecer de novo. Assim, cada saída é calculada por quilômetro, não tem jeito”, afirma.

Para não dizer que tudo é problema na vida do consumidor, o gás (GLP) da Acelen apresentou uma redução de 10%. Em abril, na Petrobras, o preço médio do kg de GLP tinha caído de R$ 4,48 para R$ 4,23.

Duas casas decimais

Já no próximo sábado (7), todos os postos deixarão de exibir preços em três casas decimais e terão que apresentar os valores apenas com duas. Uma mudança que foi definida em novembro de 2021 pela Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) para facilitar a vida de quem compra combustível na hora de pagar.

De acordo com a ANP, a alteração não vai mudar os preços finais para o consumidor porque não traz custos relevantes a quem está vendendo e nem restrições aos preços praticados, apesar de arredondar valores para cima, segundo o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec).

Preço médio dos combustíveis nos postos da Bahia por mês em 2022 com base nos dados da Preço da Hora:

Gasolina comum

Janeiro: 6,88
Fevereiro: 6,95
Março: 7,51
Abril: 7,37
Maio: 7,58

Maio de 2021: 5,71

Diesel

Janeiro: 5,81
Fevereiro: 5,95
Março: 6,77
Abril: 6,93
Maio: 7,44

Maio de 2021: 4,56

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Reduzir a taxa de 29% dos micro e pequenos negócios que acabam até o seu quinto ano de existência por falta de conhecimento e qualificação. Esse é um dos objetivos da primeira edição do Bahia Expo & Negócios, que começou no Centro de Convenções de Salvador, na Boca do Rio, nesta quinta-feira (28) e é realizada pelo Sebrae em parceria com o Senac.

Leandro dos Santos, idealizador da marca Africalion, que produz itens de vestuários inspirados na ancestralidade africana e que têm as cores como destaque, é um exemplo que prova a necessidade do evento. Antes do atual projeto, ele teve um negócio de logística que deu errado por falta de preparo. “Quem não se qualifica e deixa de participar de feiras como essa, que são muito importantes, acaba ficando para trás e perde um negócio que, muitas vezes, poderia funcionar, que foi o que aconteceu comigo”, relata.

Natural da Boca do Rio, agora Leandro se sente mais preparado para continuar crescendo com a marca que tem hoje justamente por conta do hábito de busca por conhecimento que adquiriu. “A questão de capacitação e interesse ajuda demais. Eu entrei no site da Bahia Expo para me inscrever e ver os negócios, mas acabei vendo a opção de participar como expositor e estou aqui. Então, o ato de ir atrás de qualificação abre portas”, fala Leandro.

Oportunidade rara

O evento, que é gratuito e aberto ao público que quiser chegar, reúne até o próximo domingo (1º) modelos de negócios baianos dos ramos de alimentos, bebidas, moda, cosméticos e beleza, que são as maiores cadeias produtivas do estado quando o assunto é empreendedorismo. Negócios de artesanato também ganharam espaço na feira.

Além de palestras de grandes nomes da área no auditório e das atrações musicais e gastronômicas que apareceram por lá ao longo dos próximos três dias, 100 estandes com empresas baianas estão em exposição no local. Gerente regional do Sebrae em Salvador, Rogério Teixeira destaca que, mais do que expor seu trabalho, os empreendedores vão estar no evento para trocar experiências com quem for conhecer.

“É uma grande oportunidade para fazer conexões, ampliar sua rede de contatos e conhecer o que cases de sucesso estão fazendo para se inspirar. [...] Além dos expositores que estão aqui para conversar e partilhar suas experiências, a gente trouxe uma agência do Sebrae para orientar quem tem um negócio e está com uma dificuldade, bem como quem ainda quer abrir”, explicou ele, destacando que a programação vai até às 19h do domingo.

A vice-prefeita de Salvador, Ana Paula Matos, fez questão de marcar presença na abertura da programação do Bahia Expo & Negócios. De acordo com ela, os micro e pequenos negócios são fundamentais para a economia da cidade. "A gente compreende que os micro e pequenos empreendedores são a mola propulsora dessa economia. É através da força de trabalho deles que a gente consegue crescer. Por isso, a gente se compromete a melhorar o ambiente de negócios e dar as condições para que eles possam investir", disse.

Genuinamente baianos

Outro destaque do evento é a concessão de espaço para modelos de negócio genuinamente baianos que vêm dos quatro cantos do estado. O Grupo Nery, que é de São Gonçalo dos Campos, cidade próxima à Feira, e produz biscoitos tradicionais à mesa do baiano é um exemplo. A marca está na feira para ampliar sua área de atuação e está usando o evento para contratar quatro representantes comerciais que possam atuar em Salvador.

"Em 2022, completamos 10 anos. Estamos em diversos municípios com panificadoras, distribuidoras de bebidas e lojas de biscoitos também. Os biscoitos são os nossos filhos mais novos e trabalhamos para expandir porque é um alimento tradicional na vida dos baianos. Além de mostrar nossos produtos, estamos contratando representantes para mediar contato com empresas daqui", fala Márcio Mota, diretor comercial do Grupo Nery.

Quem também quer usar a feira para ficar em evidência para o mercado é a Vertrau, empresa soteropolitana que produz, desde 2018, produtos de cozinhas industriais para restaurantes, bares e até hotéis da Bahia. Neilton Souza, diretor executivo da Vertrau, afirma que a empresa vem para ocupar lugar vago na produção de cozinhas industriais do estado e no fornecimento de assistência técnica de qualidade.

"A Vertrau traz para a Bahia, que é a sétima maior economia do Brasil, um serviço necessário que é uma indústria de cozinha para um lugar tão rico em gastronomia. Oferecemos a linha completa de cozinha profissional para o setor de food-service, bares, restaurantes e hotelaria. Uma empresa instalada aqui em Salvador", explica.

Para quem gosta de cerveja, também tem atração no evento. Várias empresas de cerveja artesanal estão na praça de alimentação da feira para mostrar seu trabalho. A cervejaria 2 de julho, que é oriunda de Lauro de Freitas, entrega cervejas que referenciam a cultura alimentícia baiana.

“Abrimos em 2017 para reforçar o que é baiano, local e o que é a nossa identidade. Fazemos cerveja com toques baianos nos estilos tradicionais. Temos, desde 2019, o selo Confraria do Hospício para pensar fora da caixinha na produção. Então, tem cervejas que trazem ingredientes como limão siciliano e pimenta do reino, amendoim, café da chapada e mel do recôncavo baiano”, fala.

Alavanque seu negócio

Para quem está começando e precisa de dicas para alavancar seu negócio, os expositores do evento deram dicas sobre o que é fundamental no trabalho com empreendedorismo. Veja a seguir:

Neilton Souza, da Vertrau

"Defina seu público-alvo, não comece ou continue seu negócio sem fazer isso. É a partir dessa definição que ele vai organizar a qualidade do produto, dos equipamentos que serão usados e tudo mais. Depois disso, busque pessoas que já estão no segmento para ter uma consultoria e aumentar a chance de êxito do negócio", orienta.

Márcio Mota, do Grupo Nery

"Sempre se capacite, nem que seja por cursos on-line porque não falta alternativa para isso. O próprio Sebrae, o Senac e o Sesi disponibilizam esse tipo de conteúdo. Outro ponto fundamental é perseverar, acreditar que você oferece um diferencial e não recuar nos primeiros problemas", indica.

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Mesmo com a alta da inflação no país, o setor de construção civil cresce na Bahia e já é o segundo estado que emprega mais do que no período pré-pandemia. Em fevereiro de 2020 eram 114 mil vagas formais, enquanto que no mesmo mês deste ano, o número saltou para 133 mil, o que representa um aumento de 15%. Enquanto isso, a capital Salvador ocupa o lugar de terceira cidade que mais gerou empregos formais nos dois primeiros meses de 2022, foram 3.043, atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro.

Os dados foram divulgados pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) durante um evento realizado na tarde de quarta-feira (27) na sede do Sindicato da Indústria da Construção do Estado da Bahia (Sinduscon-BA). Para se ter noção da importância do setor para a engrenagem da economia, 7,35% do total de trabalhadores formais no estado estão empregados na construção civil, de acordo com o Ministério do Trabalho.

“Hoje a construção civil no Nordeste emprega 20% a mais trabalhadores do que no período anterior à pandemia e isso acontece na Bahia também [...] O estado ganhou mais de 20 mil trabalhadores com carteira assinada, ou seja, é um mercado importante de geração de emprego e renda”, afirma Iêda Vasconcelos, economista da CBIC.

Seguindo a linha do setor aquecido, Salvador é a capital do Nordeste que mais lançou unidades residenciais no ano passado, foram 5,6 mil. Apesar disso, a cidade ocupa o quinto lugar no ranking de capitais que mais vendeu na região, segundo dados da consultoria Brain. Fábio Tadeu Araújo, sócio-dirigente da Brain, explica que um dos motivos que explica o fato de Salvador não ter vendido tanto quanto lançou é a baixa unidade de estoque.

“Fortaleza começou o ano passado com um estoque maior, eram cerca de 6 mil unidades em estoque. Enquanto Salvador tinha 4 mil unidades em estoque, então um dos fatores que explica Fortaleza ter vendido mais é que lá eles tinham mais o que vender [...] Salvador demorou para eliminar estoque ano passado, então faltou tempo para o lançamento. Falta muito produto em Salvador”, afirma Fábio Tadeu.

Um dos motivos que contribuíram para o cenário positivo do setor em 2021 na Bahia foi o decreto presidencial que tornou a construção civil um tipo serviço essencial durante a pandemia, em maio de 2020. “Temos que falar da importância que foi para o Brasil e para o emprego a construção civil não ter parado. Nós aumentamos em 15% a quantidade de empregos nesse período, o que é muito significativo”, diz o presidente da CBIC, José Carlos Martins.

As boas notícias sobre maior geração de postos de trabalho, especialmente no setor de construção de edifícios, deve esbarrar em um grande problema nos próximos meses: o aumento no preço dos insumos. A construção civil convive com significativas elevações de custos por conta de problemas na indústria durante a pandemia.

Entre julho de 2020 e março deste ano, pelo menos sete insumos imprescindíveis tiveram aumento de mais de 75% na capital baiana. A grande vilã é a chapa de compensado, que já acumula alta de 101%, ou seja, está valendo o dobro. Em seguida vem a fechadura para porta interna (98%), aço (96%) e vidro liso transparente (87%). A alta dos preços é muito acima da inflação brasileira, que está em 11,30% no acumulado dos últimos 12 meses, até março.

“A inflação da construção civil é muito maior do que a inflação do Brasil, então, os salários são reajustados pela inflação oficial, que está na faixa de 10%, aqui nós não temos inflação abaixo de 30%. É por isso que as famílias estão perdendo a capacidade de compra. Existe preocupação hoje dos empresários se vão conseguir dar conta de vender os lançamentos”, explica José Carlos Martins.

A elevação dos preços, no entanto, ainda não foi completamente repassada aos consumidores finais, aqueles que compram os imóveis. Isso pode ser explicado por um ditado muito usado por quem trabalha no setor: “a obra de hoje é o contrato de ontem”. Ou seja, as obras que foram realizadas ao longo de 2021 e no primeiro trimestre deste ano são fruto do ciclo de negócios iniciado em julho de 2020, quando a alta de preços não era tão significativa quanto agora.

Entre as cinco cidades analisadas pelo CBIC, Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Belo Horizonte, a capital baiana se destaca por ser a que menos aumentou o valor dos imóveis residenciais. Houve um incremento de apenas 6% nos valores dos imóveis vendidos na cidade no primeiro trimestre de 2022, em comparação com o período do ano anterior, segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção.

Imóveis devem ter elevação de preços nos próximos meses

Se até agora os empresários não tinham necessidade de fazer um repasse maior do aumento do preço dos insumos, a partir de agora não tem mais jeito, os preços dos imóveis vão subir, é o que garantem os especialistas.

“É impossível lançar um empreendimento hoje com o mesmo custo que você tinha em março do ano passado ou em março de 2020. Mediante ao baixo volume de novas unidades disponíveis para comercialização, que é o estoque, e a demanda continua consistente, a tendência é de aumento de preços. Não tem como fechar a conta”, explica Iêda Vasconcelos.

Apesar dos especialistas não precisarem quando a alta de preços deve começar a ser sentida em Salvador, o presidente do Sinduscon-BA, Alexandre Landim, é claro: “A hora de comprar imóveis é agora”. Ele destaca, no entanto, que a inflação não é benéfica para nenhum dos lados e afirma que uma saída está sendo não priorizar as indústrias nacionais e comprar insumos onde os preços estão mais em conta.

“Ninguém ganha com a inflação, por isso não é do nosso interesse aumentar o preço dos imóveis e nem oportunizar isso. Mas hoje nós temos esse problema complexo [...] Estamos hoje, na construção civil, experimentando o que todo mundo já faz, que é comprar onde está mais barato no planeta globalizado”, diz Alexandre Landim.

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