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74% dos soteropolitanos usam mais de um modal para economizar tempo e dinheiro

74% dos soteropolitanos usam mais de um modal para economizar tempo e dinheiro

Dói no bolso pensar em atravessar a malha soteropolitana usando apenas um tipo de veículo devido ao custo-benefício. Para fugir dos altos preços e demora para chegar no destino, 74% das pessoas que fazem seus trajetos com mais de um meio de transporte - utilizando bicicletas, carros ou caminhada a pé - complementam as viagens com uso de transporte público. O levantamento é resultado de pesquisa feita pela Tembici, empresa de tecnologia para micromobilidade.

Professora da Universidade Federal da Bahia no Departamento de Engenharia de Transporte, Denise Ribeiro explica que, o fato de pessoas de baixa renda não terem condição de comprar o próprio automóvel ou de se deslocar diariamente pagando transporte, a solução encontrada é integrar os meios possíveis. Assim, é comum ver em Salvador pessoas que vão a pé até estações e terminais, ou utilizam bicicletas.

A estudante de direito, Patrícia Pires, 22, vai a pé de casa até a estação da Lapa, onde ainda pega duas linhas de metrô e um ônibus para chegar no local em que estagia. Ela faz o processo invertido para voltar do trabalho. Patrícia conta que existe um ônibus que roda o caminho direto entre sua casa até o trabalho, mas prefere fazer de modo integrado por questão de tempo, segurança e dinheiro.

“Como sou estudante, uso meia passagem. Se fosse de Uber pagaria R$ 30 só de ida e comprar um carro agora é impossível por conta do custo do carro. Vou de metrô por ser mais seguro. [Mas] muitas vezes já peguei Uber na estação de metrô justamente pelo fato de sair mais em conta o preço do Uber que a passagem”, diz.

A coordenadora do Observatório da Mobilidade em Salvador (ObMob), Erica Telles, explica que a mobilidade integrada - quando se usa vários tipos de transporte para um deslocamento - é comum em Salvador por conta das particularidades da capital, como tamanho da Região Metropolitana.

A mescla de transportes é indicada justamente para percursos de longa distância, assim, é possível que a pessoa inicie o trajeto com bicicleta, deixe o veículo em algum bicicletário, após 5km a 7km de corrida, e prossiga com o uso de metrô ou ônibus, orienta Telles. O mesmo método pode ser utilizado por quem mora em Itaparica, por exemplo, indo de bicicleta até a lancha e, após chegar no continente, voltar ao micro transporte, podendo alternar com veículos públicos.

"O transporte público é quem estrutura o direito à cidade. [Mas] precisa ter ao redor dele outros meios que alimentem a infraestrutura e garanta acessibilidade. Como a rede cicloviária, metrô, Elevador Lacerda", afirma o doutor em urbanismo e professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (Ifba), Pablo Florentino.

É o que o professor Marcelo Sant’Anna, 24, costuma fazer. “Misturo os dois [bicicleta e transporte público]. Avalio o destino que quero chegar e, se eu ver que é mais rápido utilizar no meio do percurso a bicicleta, eu mesclo. Utilizo a bike de aluguel do Itaú, que tem pontos na cidade toda, então facilita que eu adapte meu plano aos pontos disponíveis”, diz.

Bicicleta para aluguel
Em um cenário de alta na passagem de ônibus e preço do combustível, a bicicleta apareceu como salvadora para quem quer economizar. São 50 estações e mais de 400 bicicletas espelhadas por toda cidade através do Bike Salvador, sistema de bicicletas compartilhadas da Tembici em parceria com o Itaú Unibanco em Salvador. A vantagem do aluguel de pequenos veículos é justamente ter a liberdade de traçar o próprio trajeto com economia de tempo e dinheiro.

Erica Telles ressalta que a bicicleta é também uma ferramenta de transformação social. Isso porque pode ser objeto de economia, através do dinheiro poupado no transporte público ou gasolina, assim como serve de emprego e renda para quem trabalha com entregas. “É um veículo barato, de fácil manutenção. Se bem cuidada pode durar mais de 10 anos, a minha tem 11 anos. O ciclista pode estar sempre com ela em dia e fazendo percursos que precisa por questão de trabalho, lazer ou estudo”, avalia.

O porteiro Anderson Figueiredo, 28, conta que utiliza bicicleta diariamente para ir e voltar do trabalho e não tem interesse em comprar automóvel por agora devido ao valor investido para combustível. O fator que facilita o uso diário do veículo é que, entre o trajeto de casa até o trabalho, há uma ciclovia pela qual Anderson se sente mais seguro para transitar com segurança todos os dias.

“Escolhi a bicicleta porque é uma forma de chegar mais rápido ao meu trabalho. [Mas] não costumo usar bicicleta fora das ciclovias, há falha nas regiões mais afastadas do centro. Rio Vermelho, Ondina, Barra, Avenida Sete sempre têm ciclovia”, afirma.

Embora haja iniciativas para criação de ciclovias, o professor no Departamento de Engenharia de Transporte da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Juan Pedro Moreno, salienta que algumas, como a da Avenida Garibaldi e Suburbana precisam ser reajustadas. “Estão expondo ciclistas ao risco, a única ciclovia segura que temos é a que está abaixo do metrô. Em termos de infraestrutura, a solução é [...] aproveitar faixas de circulação destinada para automóvel para criar ciclofaixas”, orienta.

Já Erica acrescenta que a malha precisa ser mais conectada e ter recursos, a exemplo de estacionamento para os veículos. Ela recorda a inauguração do bicicletário na Ribeira, estrutura instalada por meio do Movimento Salvador Vai de Bike, por iniciativa da prefeitura. Para ela, no entanto, ainda é preciso que mais “estacionamentos” sejam instalados em locais populares, como a estação da Lapa e Mussurunga, a democratizar o uso da bicicleta com segurança e integrar outras modalidades de transporte, como metrô e ônibus, junto à bicicleta.

Plano Cicloviário
Para tornar Salvador uma cidade mais segura a todos pilotos, a prefeitura tem desenvolvido projetos cicloviários no cronograma de ações. O secretário municipal de Mobilidade (Semob), Fabrizzio Muller, diz que o município está desenvolvendo um plano cicloviário que deve guiar a gestão atual e gestões seguintes no sentido de Salvador ser uma cidade com maior infraestrutura. Segundo Muller, ainda neste ano será aberta audiência pública para que ciclistas participem da construção da guia e apontem as necessidades da classe.

“O plano incluirá desde informações técnicas de melhorias de ciclovias e ciclofaixas existentes como até novas ciclofaixas entre uma e outra que ainda não tem conexão. [Também discutirá sobre] velocidade de vias que precisam ser remodeladas para que haja ciclofaixa de forma segura”, detalha o secretário.

Presidente da Saltur, Isaac Edington destaca o Movimento Salvador Vai de Bike - do qual é coordenador -, projeto iniciado em torno de 2013 a partir do governo ACM Neto e válido até hoje com objetivo de ampliar a infraestrutura cicloviária. Quanto às críticas sobre a distribuição das ciclovias na capital, Edington relembra que a iniciativa é recente e antes de 2013, a malha tinha cerca de 20 km, hoje, já passa de 300km.

Ele ainda cita capacitações feitas para motoristas de ônibus com intuito de promover o respeito a pedestres e ciclistas no trânsito. Para ele, a capacitação é importante porque, tendo ou não ciclovia na região, é importante que motoristas saibam usar as vias públicas com respeito. “São ações que atuando em conjunto ao longo dos anos progrediram na cidade”, afirma.

Itens relacionados (por tag)

  • Clínica oferece 300 mamografias gratuitas para pacientes de 40 a 70 anos em cidades da Bahia

    Em meio às celebrações do Dia Internacional da Mulher, em março, a clínica CAM vai oferecer 300 mamografias gratuitas para pacientes de 40 a 70 anos. A ação do grupo Oncoclínicas foi idealizada pela mastologista Carolina Argolo e chega ao terceiro ano consecutivo.

    O trabalho é fruto de uma parceria com a rede de postos Shell através da campanha "Meu Combustível Salva".

    “O nosso objetivo é aumentar o acesso de pacientes ao exame de rastreamento, conscientizar a população sobre a importância da prevenção e contribuir para o combate ao câncer de mama”, afirma a médica da CAM, que também é presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia.

    Podem se inscrever para a realização do exame pacientes de 40 anos a 70 anos de idade nas seguintes condições:

    que tenham realizado mamografia há um ano ou mais (ou nunca tenham realizado o exame)
    que sejam usuárias do SUS

    As interessadas devem fazer o agendamento no último sábado de fevereiro através do telefone (71) 3512-8600. Os exames serão feitos nas unidades da clínica em Salvador (Itaigara e Canela) e Lauro de Freitas.

    Em casos de resultados suspeitos, as pacientes serão encaminhadas para diagnóstico final (biópsia) e tratamento no Hospital Aristides Maltez.

    Importância do diagnóstico precoce
    Ao longo de 10 meses, a clínica disponibiliza ainda mais mamografias gratuitas — são duas mil, no total.

    A CAM justifica a iniciativa ao considerar a dificuldade de acesso ao exame no sistema de saúde do país. A mamografia é a forma mais eficaz de diagnóstico precoce do câncer de mama.

    “O exame de mamografia salva vidas, pois é capaz de identificar nódulos muito pequenos, quando eles ainda não são palpáveis”, explica Carolina Argolo. A especialista lembra que o diagnóstico em fase inicial aumenta em 90% a chance de cura.

    Além disso, o início do rastreamento aos 40 anos reduz a mortalidade em 10 anos em 25% dos casos, de acordo com a Sociedade Brasileira de Mastologia, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem.

    Campanha Meu Combustível Salva
    Todas as pessoas que abasteceram seus veículos com gasolina V Power, por meio do aplicativo Shell Box durante o último mês de outubro, contribuíram automaticamente com a doação de mamografias. A iniciativa é parte da campanha “Meu Combustível Salva”, vigente na Bahia e em Sergipe.

  • Após 15 anos, educador social reencontra irmão durante Carnaval de Salvador

    Um abraço longo e emocionado uniu o vendedor ambulante Vitor da Silva, de 42 anos, ao educador social Joaquim Donato dos Santos Júnior, 36 anos, neste Carnaval de Salvador 2024, colocando fim a uma busca que já durava 15 anos. Os dois são irmãos e haviam se encontrado pela última vez em 2009, no enterro do pai deles.

    O reencontro ocorreu na manhã de sexta-feira (9), durante o segundo dia de Carnaval de Salvador. Vitor atuava como vendedor ambulante e catador no Carnaval e Joaquim, que atua como educador social, estava no primeiro dia de plantão do Catafolia, base de apoio para catadores montada pela Prefeitura de Salvador.

    Vitor resolveu ir à base do Dois de Julho para tomar um café. Ao chegar na base, Vitor ouviu a voz de Joaquim e o abordou. Imediatamente, Joaquim perguntou: “É você? Vitor?”. Ao tempo que Vitor perguntou se era Júnior. Depois disso, os dois se abraçaram por um longo tempo e choraram.

    “Eu tive esse privilégio de encontrá-lo depois de 15 anos. O último momento que nos encontramos foi em 2009, no enterro de nosso pai. Foi um momento de tristeza, mas graças a Deus nos reencontramos depois de muita busca minha por ele”, contou Joaquim.

    O Catafolia, local em que os dois se reencontraram, é uma das duas bases de apoio montadas pela Secretaria de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esportes e Lazer (Sempre) para catadores de materiais recicláveis e reutilizáveis. Durante o Carnaval, para cada espaço, são disponibilizadas 400 vagas por dia pela Prefeitura. Na estrutura, os catadores têm acesso a café da manhã, lanche da manhã, almoço e lanche da tarde, além de sanitários químicos e atendimento médico.

    “O que está tendo um significado maior na minha vida hoje é, primeiramente Deus e depois a minha família. Ele me reencontrou neste lugar. Eu nunca imaginei que fosse encontrar com ele aqui dentro, uma pessoa que trabalha com outras que vivem nas ruas. Ele tem esse olhar cuidadoso para quem vive na rua e isso é muito importante, pois quem vive na rua também é ser humano”, disse Vitor.


    Separação – A história de Vitor é marcada por muitos altos e baixos. Filho de Joaquim Donato e de Ana Paula Silva, ele foi criado por uma tia, pois a sua mãe morreu após o parto e o pai não quis cuidar do filho, história muito parecida com o enredo da novela Renascer, obra de Benedito Ruy Barbosa que atualmente está tendo um remake. Esse foi um dos traumas que o empurrou para o alcoolismo.

    “O meu pai também era alcoólatra, bebia muito. Depois entrou para a igreja e parou, mas Deus levou ele. Eu não tive uma infância muito boa. Por causa do meu problema com o alcoolismo, a minha mãe de criação me colocou para dormir na laje, no relento, me cobrindo com pano de chão. Dormi nas ruas por cinco meses. Mas eu sempre pensei que um dia daria a volta por cima e a minha volta por cima começou há nove anos, quando conheci a minha esposa e hoje mãe da minha filha”, contou.

    Joaquim Donato Júnior e Vitor são os únicos filhos vivos de Joaquim, pai. Eles perderam dois irmãos de forma trágica. A irmã Ana Paula morreu atropelada e o irmão Marcos morreu afogado. Vitor chegou a morar um período com Joaquim e o pai, mas devido a uma briga de família, saiu de casa. Após o enterro do pai, os irmãos não se viram mais, e como Vitor não tem redes sociais e nem tinha aparelho celular à época, foi muito difícil o reencontro.

    Busca – A tentativa de encontrar Vitor, foi um dos aspectos que motivou Joaquim Donato a trabalhar como educador social. Ele entrou no Consultório nas Ruas, um serviço da atenção básica do Sistema Único de Saúde (SUS), e em alguns momentos fez buscas por Vitor nos bairros de Itinga, Sete de Abril e Castelo Branco, mas não o encontrou.

    “Eu fiquei sabendo que ele estava se reunindo com outras pessoas dependentes de álcool no Largo do Caranguejo, em Itinga, no ‘sindicato’, como as pessoas costumam chamar esses grupos aqui em Salvador. Também soube que ele andou um tempo nas ruas e em Centros de Recuperação, por isso fiz essas buscas por esses bairros, mas sem sucesso”, contou.

    Encontro – Joaquim está no Serviço Especializado em Abordagem Social (SEAS) da Sempre desde 19 de janeiro, há menos de um mês. “No momento em que eu me candidatei para a vaga, o meu objetivo era trabalhar com a população em situação de rua, na esperança de encontrar o meu irmão. Foi assim, que no meu primeiro plantão do Catafolia, eu o encontrei e quase não acreditei”, contou.

    “O momento foi muito emocionante, eu só fiz chorar bastante. O choro foi de felicidade, de alegria. Eu cheguei em casa sem acreditar, estatelado. Falei com a minha mãe, ela também não acreditou, aí mostrei a foto dele e da filha dele, foi aí que ela já pediu para marcar um dia para eles irem na nossa casa”, descreveu Joaquim.

    “No momento que eu o encontrei, eu já estava meio sem acreditar, mas como a nossa fé vem de lá de cima, Deus nos uniu de novo e ninguém vai nos separar. E se hoje eu estou tendo a oportunidade de contar a minha história, é graças ao Serviço Social. Ninguém faz esse trabalho, a não as pessoas que trabalham com a atenção social e com o morador de rua. Essa é uma história de superação. Eu já passei fome também e já dormi no relento, eu sei o que é isso, mas Deus colocou vocês aqui para nos ajudar. A função de vocês, incluindo a do meu irmão, é ajudar o povo. A minha vida agora é só agradecer. Eu sou muito grato”, agradeceu Vitor.

    Os planos dos irmãos agora são se manter unidos e fortalecidos. “O que eu mais queria era esse encontro e agora Vitor pode ter certeza que eu vou ajudá-lo no que precisar. E a minha sobrinha, que eu nem sabia que tinha, já é o meu xodó”, contou Joaquim, que mora apenas com a mãe e não tem filhos.

  • Americanas abre quase 400 vagas temporárias na Bahia para a Páscoa

    A Americanas está recrutando funcionários para vagas temporárias na Páscoa. Do total, 393 vagas são para atuação em lojas da Bahia. Em todo o país, a empresa abriu mais de 6 mil vagas para o período, para o cargo de operador de loja.

    As vagas da Bahia estão distribuídas nas cidades de Salvador, Alagoinhas, Amargosa, Barreiras, Bom Jesus da Lapa, Brumado, Cachoeira, Caetité, Camacan, Camaçari, Camamu, Campo Formoso, Candeias, Catu, Conceição do Coité, Conceição do Jacuípe, Cruz das Almas, Dias D'ávila, Entre Rios, Esplanada, Euclides da Cunha, Eunápolis, Feira de Santana, Gandu, Guanambi, Ibotirama, Iguaí, Ilhéus, Ipiaú, Ipirá, Irará, Irecê, Itaberaba, Itabuna, Itamaraju, Itaparica, Itapetinga, Jacobina, Jaguaquara, Jequié, Juazeiro, Lauro De Freitas, Livramento Nossa Senhora, Luís Eduardo Magalhães, Maraú, Mata De São João, Monte Santo, Nova Pojuca, Nova Viçosa, Paulo Afonso, Porto Seguro, Presidente Tancredo Neves, Queimadas, Remanso, Ribeira do Pombal, São Gonçalo dos Campos, Santa Luz, Santa Maria da Vitória, Santo Amaro, Santo Antônio de Jesus, Santo Estevão, Seabra, Senhor do Bonfim, Serrinha, Simões Filho, Santa Cruz de Cabrália, Teixeira de Freitas, Tucano, Ubaitaba, Ubatã, Valença e Vitória da Conquista.

    O perfil procurado pela empresa é de pessoas com idade a partir de 18 anos, ensino médio completo e perfil dinâmico, ágil e resiliente para atuar como operador de loja. Entre as atividades estão o atendimento ao cliente, operação de caixa, organização de itens nas gôndolas, parreiras de ovos de Páscoa e suporte à operação de retirada, na loja, de pedidos feitos pelo site e app da Americanas.

    As oportunidades não exigem experiência prévia e os interessados devem ter disponibilidade para trabalhar entre fevereiro e abril.

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