Domingo, 05 Maio 2024 | Login

A prefeitura de Salvador anunciou que as medidas restritivas já em curso em nove dos 13 municípios da Região Metropolitana serão prorrogadas até o dia 29 de março. De acordo com a prefeitura da capital, a decisão é mais um esforço para diminuir a transmissão da Covid-19 e a taxa de ocupação de leitos de UTI em Salvador – que está em 85%.

Com isso, segue tudo como está. O funcionamento dos serviços considerados não essenciais continua suspenso até as 5h do dia 29. A decisão conjunta foi tomada em reunião virtual realizada nesta sexta-feira (19), com as presenças do prefeito Bruno Reis, do governador Rui Costa e de gestores das cidades da Região Metropolitana (RMS).

O Governo do Estado ainda não confirmou se Itaparica, Vera Cruz, Pojuca e Mata de São João, que desde segunda (15) estão foram do lockdown parcial voltam ou não para as medidas restritivas.

Além disso, o Governo do Estado decretará a antecipação do toque de recolher, de 20h para 18h, a partir de segunda (22) até o dia 29. Nesse mesmo período, está proibida também a venda de produtos não essenciais, a exemplo de eletrodomésticos e vestuário, em hipermercados e atacadistas. Só será permitida a venda de itens de alimentação e limpeza. Dessa forma, assim como as bebidas alcoólicas no fim de semana, a seção deverá ter o acesso fechado ao público. De acordo com o governador Rui Costa, as medidas do toque de recolher e dos itens essenciais vale para todo o estado.

O prefeito Bruno Reis comentou as novas medidas, que, segundo ele, visam ampliar ainda mais o isolamento social. “Os números ainda estão elevadíssimos. Salvador amanheceu com o número de 114 pessoas aguardando leitos, sendo que 62 de UTI. Infelizmente, em março, já passamos de 400 mortes por conta da Covid na cidade. O momento, diante de toda a gravidade que estamos enfrentando, não restava um outro caminho do que adotar essas medidas para que a gente possa seguir vencendo essa batalha contra o coronavírus em nossa cidade”, disse o gestor.

O que pode e o que não pode

Podem funcionar: locais que comercializam gêneros alimentícios, remédios, serviços de saúde e de utilidade pública indispensáveis. Dessa forma, supermercados, incluindo aqueles situados em shopping centers, desde que possuam entrada independente; panificadoras; delicatessens e açougues, além de farmácias, drogarias, agências bancárias, lotéricas, oficinas mecânicas, materiais de construção e serviços públicos considerados essenciais.

Restaurantes e delivery

Também está permitido o funcionamento estabelecimentos comerciais como restaurantes, bares e congêneres em regime de delivery (operação que pode ocorrer até meia-noite), inclusive no sistema de retirada de produtos no local (que pode ocorrer até 18h como estipula o toque de recolher em vigor), desde que mantidas as portas fechadas ao público.

Serviços de saúde

Além disso, seguem autorizados a funcionar, os serviços de saúde (incluindo aqueles situados em shopping centers, desde que possuam entrada independente), hospital dia, serviços de imagem radiológica, bem como atendimentos de tratamentos contínuos a exemplo de oncologia, hemoterapia e hemodiálise.

A regra também vale para laboratórios de análises clínicas – incluindo aqueles situados em shopping centers, desde que possuam entrada independente; estabelecimentos que forneçam insumos hospitalares; clínicas veterinárias e pets shops (à exceção do serviço de banho e tosa, que só poderão ser realizados por meio de serviço de delivery); postos de combustíveis; e centrais de telecomunicações (call centers) que operem em regime de 24h.

Escolas

Enquanto as medidas mais duras para frear o avanço da Covid-19 estiverem em vigor, as escolas podem abrir exclusivamente para utilização das instalações com a finalidade de gravação e transmissão de aulas virtuais, observado o protocolo geral para funcionamento das atividades.

Drive-thru

Já shopping centers, centros comerciais e demais estabelecimentos correlatos, estão autorizados a funcionar pelo modelo drive-thru, das 10h às 18h, desde que submetido à aprovação da Superintendência de Trânsito de Salvador (Transalvador) e às demais regras da legislação municipal. As normas para o funcionamento desse sistema estabelecem uso obrigatório de máscara e de protetor facial (face shield) para os funcionários responsáveis pelas entregas. O acesso será apenas por carro, sem possibilidade de os clientes saírem dos veículos ou entrarem no espaço interior do empreendimento.

As vendas deverão acontecer, exclusivamente, através de canais on-line (WhatsApp, aplicativos ou através do site do lojista/empreendimento). O pagamento deverá ser realizado previamente, caso não seja possível, através de cartão de crédito, débito ou similar. As estações de entrega deverão ser identificadas e com distância mínima de 3m entre elas, sem mais de um funcionário em cada estação de entrega.

Deve haver acesso exclusivo do estacionamento para carros nessa modalidade drive-thru, com catraca aberta ou acionamento automatizado e sem cobrança de estacionamento. As estações de entrega deverão ser higienizadas sempre antes do uso e ao encerramento das atividades e possuir dispensadores de álcool em gel. Todos os produtos deverão, obrigatoriamente, ser higienizados antes da entrega aos clientes.

Demais medidas

De acordo com o decreto estadual que trata do toque de recolher, está restrita a locomoção noturna da população em equipamentos, locais e praças públicas, permitindo apenas deslocamento para ida a serviços de saúde ou farmácia, para compra de medicamentos, ou situações em que fique comprovada a urgência. A regra não se aplica aos servidores, funcionários e colaboradores, no desempenho de suas funções, que atuam nas unidades públicas ou privadas de saúde e segurança.

A prática de qualquer atividades esportivas coletivas amadoras segue suspensa até 1º de abril, sendo permitidas as práticas individuais, desde que não gerem aglomerações. Também não poderão ocorrer até lá eventos e atividades, independentemente do número de participantes, ainda que previamente autorizados, que envolvam aglomeração de pessoas, tais como: cerimônias de casamento, eventos recreativos em logradouros públicos ou privados, circos, eventos científicos, solenidades de formatura, passeatas e afins, bem como aulas em academias de dança e ginástica.

Os atos religiosos litúrgicos poderão ocorrer, respeitados os protocolos sanitários estabelecidos, especialmente o distanciamento social adequado e o uso de máscaras, bem como com capacidade máxima de lotação de 30%.

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Serviço alternativo entra em vigor a partir desta quinta-feira (18) em parceria com shoppings; agendamento já está disponível através do SAC Digital

Quem está com a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) retida em algum posto do SAC em Salvador ou Camaçari poderá buscar o documento através do sistema drive-trhu. A modalidade começa a funcionar a partir desta quinta-feira (18), e somente para carteiras emitidas pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran-BA).

A ação vai acontecer em parceria com cinco shoppings e o agendamento para o serviço já está disponível através do SAC Digital, que pode ser acessado pelo site www.sacdigital.ba.gov.br ou pelo aplicativo disponível para aparelhos Android e iOS.

A operação será realizada em áreas disponibilizadas nos shoppings Barra, Bela Vista, da Bahia, Salvador e Boulevard Camaçari. O horário de atendimento será de 10h às 17h, de segunda a sábado. As entregas serão realizadas mediante cumprimento de protocolo de segurança para o público e colaboradores.

O acesso será permitido apenas por automóvel, não sendo possível a entrada de pessoas no interior dos shoppings e nem mesmo a saída de dentro dos seus veículos.

Os documentos que foram solicitados em postos de Salvador e em Camaçari serão entregues de acordo com a tabela abaixo:

SAC Barra: solicitações feitas nos SAC's Barra e Comércio;
SAC Bela Vista: solicitações feitas nos SAC's Bela Vista e Pernambués;
SAC Salvador: solicitações feitas nos SAC's Salvador, Cajazeiras e Pau da Lima.
SAC Shopping da Bahia: solicitaçõe​s feitas nos SAC's Shopping da Bahia, Pituaçu e Periperi e no Posto Avançado do Detran em Paripe.

Publicado em Bahia

De dezembro do ano passado até agora, cerca de 18 gatos foram encontrados mortos em um condomínio de luxo em Camaçari. Os moradores providenciaram a necrópsia de oito corpos e a causa da morte foi identificada como envenenamento por chumbinho, um produto que tem comercialização proibida no Brasil e é altamente perigoso para animais e seres humanos. Outros 14 felinos estão desaparecidos.

Esses animais, originalmente de rua, vinham sendo alimentados e cuidados por moradores do condomínio de casas Parque Interlagos, onde os crimes aconteceram. O local é cercado por uma área de proteção ambiental estadual (APA do Rio Capivara), o que aumenta a gravidade do uso de um veneno que pode estar atingindo também animais silvestres, como macacos e saruês.

No dia nove de dezembro, a moradora Karine Gidi, de 40 anos, encontrou 11 gatos mortos próximos à sua casa. “Foi terrível. Eu chorava o tempo todo, fiquei desolada. Eu cuidava deles desde que eram filhotinhos, conhecida cada um pelo nome. Morreram sem nem completar um ano”, lamenta. Segundo ela, nos últimos dias de dezembro, outros bichos também foram encontrados e a partir disso as mortes não pararam mais. Na última semana, mais dois corpos foram achados.

Karine acredita que o criminoso tenha colocado o chumbinho nos potes de água e comida que ela costuma deixar na porta de casa para os gatos. Um dos potes utilizados desapareceu após os casos de envenenamento. “Eu acredito que a pessoa tenha levado por temer que a gente levasse para a perícia também”, opina.

Segundo a condômina Celeste Jambeiro, de 71 anos, já chegaram a morrer cerca de dois a três gatos por noite. Uma gata que ela cuidava desapareceu deixando três filhotes, que ficaram sob a proteção de Celeste. “Com certeza, mataram. Quem faz isso se esconde, é uma pessoa covarde mesmo, que não tem nenhum sentimento, nem pelo sofrimento do gato nem pela dor dos humanos que gostam e cuidam”. A moradora acrescenta que, além dos oito animais que já passaram por autópsia e tiveram a causa da morte por chumbinho comprovada, outros ainda aguardam pelo resultado.

Para Sílvia Lobo, de 67 anos, os animais estão sendo mortos na casa de um ou mais moradores, que atraem os bichinhos com comida. “A gente acha que eles estão sendo atraídos com alguma comida com cheiro forte, porque eles não entram em qualquer casa, só na que eles já têm costume”, diz ela.

Sílvia ainda ressalta que é difícil contabilizar o número de gatos mortos e que a quantidade pode ser ainda maior. “Quando alguma coisa ruim acontece, eles procuram abrigo com alguém que eles confiam. Mas os gatos da rua não têm para onde correr, ficam assustados e tentam se esconder em qualquer canto e acabam mortos por aí ou até mesmo na própria casa do assassino e ninguém vê. E quando encontra os gatos, o pessoal joga no lixo e pronto”, completa.

Apego

A moradora Cristina Soares, de 71 anos, reforça que as mortes com requinte de crueldade são bastante dolorosas para quem tem amor pelos animais. “As crianças se apegam aos gatos que às vezes amanhecem mortos na porta das casas. Elas choram muito, é difícil para elas entenderem isso. A criança brinca com um gato castrado, saudável, bem alimentado, aí de repente ele aparece morto. É uma morte horrível. Todo mundo acaba sofrendo e chorando, não só as crianças”, ressalta ela, que lembra também que o chumbinho pode ser um perigo para os pequenos que brincam pelo condomínio.

Celeste ainda diz que os gatos são um incômodo para alguns moradores, que reclamam da grande quantidade de bichos no local. “Algumas pessoas reclamam que o sofá da varanda aparece com pelo de gato e que vão fazer churrasco e, quando deixam a carne no quintal, o gato vai e come. Mas nós estamos na natureza, são casas, existem bichos aqui. São gatos, mas poderiam ser outros bichos também. A gente precisa aceitar e conviver, é só não deixar a comida exposta do lado de fora. É até uma questão de higiene”, pontua ela.

Problema antigo

Os condôminos contam que esse tipo de crime não é novidade por ali. Sílvia tem uma casa de veraneio no local há cerca de 30 anos e vê gatos sendo mortos há bastante tempo. “Todo ano, quando eu chegava aqui com meus gatos, eles desapareciam. Era como se quisessem limpar o condomínio no verão. E eu já tive vários gatos meus que vieram morrer aqui dentro de casa nos anos anteriores. Eles chegavam com os olhos esbugalhados, ficavam vomitando e não dava tempo nem de eu fazer nada”, relata.

Celeste, citada no início da reportagem, também vem relatando maus tratos aos animais desde que se tornou condômina. “Nós já tivemos casos de agressões aqui há algum tempo, aí chegamos a levar no veterinário e ficou tudo bem. Em um ou outro caso alguém chega com um facão e corta o gato. Mas os casos mais frequentes são os envenenamentos, que ficaram ainda mais frequentes ultimamente”, diz ela.

Um dos laudos de exame necroscópico realizados pelo laboratório de patologia veterinária da Ufba que apontam envenenamento por chumbinho

Reação

Os moradores contam que a administração do condomínio foi comunicada sobre as mortes e que, juntos, vêm tomando providências. A administração informou que, no dia 11 de janeiro deste ano, protocolou, junto à 5ª Promotoria de Justiça de Camaçari, um documento para dar conhecimento do crime, pedindo providências do órgão. Foi entregue também um HD externo com as filmagens das câmeras de segurança do condomínio para auxiliar nas investigações.

O condomínio Parque Interlagos disse ainda que, em janeiro, após a identificação das causas dos óbitos, divulgou um comunicado interno e instalou uma placa na entrada do local com o objetivo de alertar aos condôminos, moradores e visitantes que a prática de maus tratos é crime previsto em lei federal. O condomínio ressaltou que não pactua com nenhuma violação das leis ou com qualquer situação que induza animais, domésticos ou silvestres, a situação de violência.

Foi registrada uma queixa no Ministério Público e o processo encontra-se na Delegacia de Polícia de Abrantes e já está sendo investigado. O MP não respondeu, até o fechamento da reportagem, sobre o registro da queixa crime. Procurada pelo CORREIO, a 26ª Delegacia de Polícia de Abrantes não deu informações sobre o andamento da investigação.

De acordo com os condôminos, a maioria dos gatos aparecem mortos na Rua dos Dormentes e que as imagens das câmeras de segurança já identificaram gatos saindo com possíveis sinais de envenenamento de uma das casas, mas que não é possível ainda apontar os culpados.

Acolhimento

Alguns condôminos já atuavam como protetores dos animais individualmente dentro do local, zelando pela vida dos bichinhos. A partir do ano passado, quando muitos deles passaram a morar no condomínio devido à pandemia, decidiram formar o Grupo Vida, hoje com cerca de 17 integrantes. Os cuidadores atuam na castração e vermifugação e alimentação dos gatos, com o auxílio financeiro do condomínio.

Outro caso

Entre maio e agosto de 2020, 11 felinos abrigados pelo grupo de proteção do Conjunto Habitacional Reitor Edgar Santos, localizado no Engenho Velho de Brotas, foram alvos de ataques com agressões e envenenamentos. Sete deles morreram e quatro sobreviveram graças ao socorro imediato dos protetores que cuidam dos bichos.

De acordo com o relato do grupo, os ataques aconteciam desde 2016 e foram intensificados a partir de maio do ano passado. “Desde o começo de maio, isso tem sido mais constante. Já cheguei a achar dois animais mortos no mesmo dia. É assustador", afirma Thays Marques, 34 anos, integrante do grupo de proteção.

Um boletim de ocorrência foi registrado na 6° Delegacia Territorial da Polícia Civil no dia dois de julho para tentar descobrir os autores dos crimes. Os protetores também procuraram a Secretaria de Segurança Pública (SSP) para solicitar ajuda. Para a Secretaria, foi protocolado, por meio da vereadora Ana Rita Tavares (PT), um pedido de instalação de câmeras de seguranças em toda área do conjunto para amedrontar os criminosos e oferecer mais tranquilidade para os residentes.

Procurada nesta quarta-feira pela reportagem, a 6ª Delegacia não informou sobre o andamento das investigações. A SSP afirmou que o conjunto habitacional é fechado e não pode instalar câmeras em locais privados.

Crime

Segundo a advogada Ximene Perez, membro da Comissão Especial de Defesa dos Animais (Ceda) da Ordem dos Advogados da Bahia (OAB-BA), abandonar ou maltratar animais é crime previsto pela Lei Federal nº 9.605/98. Uma nova legislação, a Lei Federal nº 14.064/20, sancionada em setembro do ano passado, aumentou a pena de detenção que era de até um ano para até cinco anos para quem cometer este crime e vale tanto para pessoas físicas como jurídicas.

A advogada ressalta que a pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal e pode ser ainda mais agravada devido ao uso de produto ou substância tóxica, no caso, o chumbinho.

Além disso, por se tratar de uma zona de Área de Proteção Ambiental (APA), outro crime também seria previsto: o de dano direto ou indireto às Unidades de Conservação e às áreas, mencionado pelo artigo 27 do decreto nº 99.274, de 1990, cuja pena é de reclusão de um a cinco anos.

Quem for testemunha de qualquer tipo de violência contra animais, pode denunciar pelos números (71) 3235-000 (Salvador), 181 (interior), ou diretamente à polícia pelo 190.

Para casos sem flagrantes, o recomendável é reunir o máximo de informações sobre o agressor e a situação do animal, através de imagens, por exemplo. A testemunha deve se dirigir à delegacia mais próxima, fazer a denúncia e aguardar o Boletim de Ocorrência (B.O.) para acompanhar o caso. Também é possível procurar o Ministério Público Estadual e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para registrar a denúncia.

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Na Rua da Alegria está o luxuoso Hotel Vila Galé Mares, na Praia de Guarajuba, onde uma diária pode chegar até R$ 2 mil. E foi lá que dois casais depositaram suas expectativas para o final de semana dos sonhos. Uma psicóloga e um corretor de imóveis de Santa Catarina estavam em sua primeira viagem de namoro, enquanto um médico e um bancário recém-casados de São Paulo aproveitavam a lua de mel. Todos esperaram desfrutar de bons momentos, usufruindo de toda a infraestrutura de um resort all inclusive (tudo incluído). Mas na verdade viveram momentos de terror, após serem esmurrados por um outro hóspede, neste sábado (27).

A psicóloga Valentina Baldino, 30 anos, usou seu perfil na rede social Instagram nesta segunda-feira (01) para tornar pública as agressões que sofreu dentro Hotel Vila Galé. “Acreditámos que viveríamos bons momentos, numa estrutura muito boa, que teríamos experiências gostosas e não foi nada disso. Além do espancamento, sofremos com a assistência péssima do hotel. Não havia seguranças, nem equipe médica e fomos atendidos num posto de saúde. Para se ter uma ideia, depois que registramos o boletim de ocorrência na delegacia, o hotel queria que voltássemos no mesmo táxi com o agressor. Foram sonhos depositados que viraram frustação, um filme de terror”, desabafou a psicóloga por telefone ao CORREIO.

Valentina levou socos no olho esquerdo. “Não consigo enxergar ainda. Não sei quantos socos recebia, mas os outros hóspedes disseram que foram muitos. Sinto também muitas dores pelo corpo”, disse ela, que sofreu uma hemorragia ocular e um corte profundo abaixo do olho. Ela deixou o hotel nesta segunda-feira, junto com o namorado, o corretor de imóveis Augusto Amorim, 29, que também foi agredido, mas não sofreu lesões aparentes. Eles chegaram à Bahia na sexta para passar quatro dias.

A reportagem também conversou por telefone com o segundo casal, que ainda está hospedado no Vila Galé. O bancário Bruno Braga Figlioli, 31, teve lesão abaixo do olho. Já o marido dele, o médico Renato Hideki Inoue Akiyama, 32, sofreu um corte profundo na mesma região do corpo. “No primeiro momento muita indignação, uma sensação de impotência, angústia. Foi terrível. Sempre tive vontade de conhecer Salvador e a primeira vez que vim foi para fazer exame de corpo delito no IML (Instituto Médico Legal)”, declarou Bruno, fazendo referência quando saiu do hotel para fazer exame de lesões corporais no IML, no Vale dos Barris.

Os quatro acusam como o principal agressor, o empresário Leonardo Bruno de Oliveira Freitas de Aguiar, 29, natural da cidade Coromandel, em Minas Gerais, mas que atualmente vive no Distrito Federal, onde possui uma clínica veterinária. Em nota, a Polícia Civil informou que a 33ª Delegacia (/Monte Gordo) apura um desentendimento ocorrido num hotel em Guarajuba, envolvendo seis hóspedes, no sábado (27). “Quatro pessoas acusam um homem e uma mulher de agressões físicas e verbais. A confusão teria começado depois que o filho do casal jogou água no grupo, que reclamou do incômodo. A ocorrência foi registrada como lesão corporal”, diz nota da PC enviada ao CORREIO.

Ao CORREIO, o Vila Galé Marés informou, em nota, que repudia atos de violência, e garante que todas as medidas cabíveis foram tomadas pelo hotel. Veja a nota completa:

"A Vila Galé repudia e não compactua com qualquer ato de violência. Em mais de 30 anos de operação, nunca registramos algo desta natureza em nossas unidades.

Em relação a este incidente envolvendo um grupo de hóspedes no sábado (27/2), no Vila Galé Marés (BA), informamos que nossas chefias e seguranças foram até o local para intervir, a polícia foi chamada, e foi disponibilizado transporte para que os envolvidos fossem levados à Unidade de Ponto Atendimento mais próxima, rapidamente. Todas as medidas cabíveis foram tomadas. Adicionalmente, ambos grupos receberam a opção de transferência de hospedagem para outro hotel, em Salvador, incluindo a devolução dos valores de suas reservas, porém os dois grupos optaram por permanecer no resort até o término de suas hospedagens. O hotel está colaborando com a investigação em curso, a qual foi classificada como agressão mútua entre as partes. Informamos ainda que já foram adotadas medidas adicionais de segurança no hotel. A Vila Galé lamenta este incidente e segue à disposição para mais esclarecimentos.

Em relação à enfermaria, sim, o hotel tem, mas devido às circunstâncias, era importante ter uma assistência médica, até para assegurar que não haviam ferimentos graves.

Sobre o retorno ao hotel, também é mentira, pois seria humanamente impossível colocar dois grupos, cada um com 4 pessoas, ou seja, oito pessoas, no mesmo carro".

Agressão
O hotel Vila Galé Marés é um resort na praia de Guarajuba, a 60 quilómetros de Salvador e próxima à Praia do Forte. O hotel conta com 432 quartos e 96 chalés, cinco restaurantes, seis bares, spa, piscina interior, sauna, piscina de hidromassagem, banho turco e inúmeras salas para massagens e tratamentos estéticos, além de academia, campos de tênis e polidesportivos e desportos náuticos para a prática de surf, bodyboard, windsurf ou mergulho.

Por volta das 16h de sábado, a psicóloga Valetina e o namorado, o corretor de imóveis Augusto, estavam na piscina junto com o outro casal, o bancário Bruno e o médico Renato, com quem fizeram amizade de imediato. Eles estavam numa parte da água perto do bar, mas distante do empresário Leonardo Bruno que também estava na piscina junto com a família – quatro mulheres, entre elas mãe e mulher do acusado, além do filho dele de quatro anos e outras crianças. Apesar das regras do hotel quanto à proibição de música alta e protocolos contra a covid-19, o agressor e os familiares faziam “algazarra” sem qualquer intervenção da administração. “Os adultos estavam nitidamente muito bêbados. Nós estávamos em outro clima. Era a nossa primeira viagem, Bruno e Renato viviam a lua de mel deles. Já os outros estavam de bebedeira. Jogavam Iphones na piscina, derramavam cervejas e caipirinhas na água, gritavam, expunham as intimidades deles. Então resolvemos ficar um pouco mais afastados”, contou Valentina.

Cerca de 20 minutos depois, o filho do empresário se aproximou dos dois casais e começou a brincar na água, molhando-os no rosto acidentalmente. Então, Bruno foi até a avó e disse que a situação estava incomodando. No entanto, ao invés de recriminar, a avó teria estimulando a criança a continuar com a brincadeira. Ainda segundo Valentina, empresário partiu para a violência depois de usar o filho para provocar o grupo. O menino brincava com uma boia e, vez ou outra, esbarrava nela e o namorado. Ainda na piscina, a avó da criança não gostou da queixa e começou a insultar a psicóloga.

“Só lembro de alguém falando ‘bate neles, eles não gostam de criança’. Vieram três para cima de mim, recebi tapa no rosto, na cabeça. Segundo relatos, levei um soco empresário e da mulher dele. Depois ele me deu mais dois socos e o meu rosto abriu e o meu sangue estava na água. Saí da piscina, meu namorado veio atrás e ele foi atrás do meu namorado e bateu nele também”, contou a psicóloga. Na hora, Bruno e Renato saíram da piscina e começaram a pedir socorro, chamaram pelos seguranças, que não apareceram. “Nós fomos atacados porque não aceitamos um homem de 1,90 de altura, com uns quase 120 kq atacando uma mulher de 1,60 e 50kg”, contou Bruno.

A confusão durou cerca de meia hora. Os casais relataram que procuraram a administração do hotel. “Ninguém nos encaminhou ara enfermaria, acredito que o hotel não tem. Nos colocaram numa UPA e ninguém do hotel nos acompanhou. Depois, o hotel disse que teria que escutar os dois lados, que pela lei não poderia expulsar as agressões e que seria vontade dos agressores saírem do hotel”, disse a psicóloga Valentina. Ela e o namorado ajá constiotuíram um advogado e disseram que vão adotar todas as medidas cabíveis contra o agressor e o hotel. O segundo casal disse que também pretende acionar a justiça.

Outra Versão
O CORREIO teve acesso à versão que o empresário Leonardo Bruno prestou na delegacia. A ocorrência foi realizada no Plantão Metropolitano do prédio-sede da Polícia Civil, na Piedade. Segundo ele, o filho teria jogado água em Valentina, que passou a xingar e dizer que não gostava de criança. Disse que, durante discussão, Valentina começou a discutir com a mãe do menino e posteriormente deu um soco na boca dele e em seguida aproximaram três a quatro homens e começou a briga.

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Os funcionários da Ford voltaram às atividades, em Camaçari, nesta terça-feira (23). Depois de um acordo entre o sindicato da categoria e representantes da empresa, cerca de 700 trabalhadores e prestadores de serviço que atuavam na montadora, que fica na Região Metropolitana, vão trabalhar pelos próximos 90 dias. Está previsto também o retorno de outros trabalhadores em março, abril e maio.

A Ford e o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Metalúrgica, Siderúrgica, Mecânica, de Automóveis, Autopeças de Camaçari chegaram a um acordo parcial, após audiência virtual de dissídio coletivo realizada pelo Tribunal Regional do Trabalho da Bahia (TRT5-BA), realizada na semana passada.

O acordo garante negociações diretas entre as partes, que serão realizadas durante o prazo de 90 dias, com a garantia de salários para todos trabalhadores que forem ou não convocados para o trabalho. Também ficou decidido que os empregados convocados da Ford e das empresas sistemistas do complexo, que aderirem aos termos pactuados, voltarão ao trabalho para produção das peças de automóveis.

Outro ponto acordado foi que o abono das faltas injustificadas dos trabalhadores convocados desde o dia 28 de janeiro será colocado na mesa de negociação direta, com a Ford assumindo o compromisso de não descontar faltas pelos próximos 90 dias.

Por fim, as partes concordam em pedir conjuntamente a suspensão, pelo período de noventa dias, do Interdito Proibitório que tramita na 4ª Vara do Trabalho de Camaçari, assim como a suspensão da tramitação do dissídio coletivo.

A Ford anunciou em janeiro que decidiu fechar as fábricas que tem no Brasil, incluindo a de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador. A empresa informou que a pandemia de covid-19 ampliou o subuso da capacidade manufatureira da fábrica. No país, serão mantidos apenas o Centro de Desenvolvimento de Produto, na Bahia, o Campo de Provas e sua sede regional, ambos em São Paulo.

Em um único ano, a fábrica da Ford em Camaçari chegava a produzir 250 mil carros. Em 2015, a empresa alcançou a marca de 1 milhão de unidades produzidas só na fábrica baiana. Fazia 14 anos que a americana havia chegado à Bahia, mas a Ford já estava no Brasil desde 1919 - foi a primeira do ramo a se instalar por aqui.

Agora, os veículos da empresa vendidos no Brasil virão de países vizinhos, como Argentina e Uruguai. Na Bahia, o impacto da saída da montadora é de cerca de 12 mil empregos e de R$ 5 bilhões na economia. Veículos como o Ford Ka e o Ecosport, feitos aqui, sairão de linha.

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Desde que a Ford anunciou em janeiro que deixaria o país, os trabalhadores da montadora enfrentam um período de indefinições de como será feita a dispensa dos funcionários, qual será a indenização e quantos devem retornar ao trabalho para produção de autopeças de reposição dos veículos em circulação.

Segundo Júlio Bonfim, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador, onde fica uma das unidades da Ford, a montadora está convocando todos os trabalhadores da fábrica para retornarem à atividade e produzirem peças de reposição. Na última mediação que houve no Tribunal, a previsão da companhia, no entanto, era de que necessitaria de apenas 400 trabalhadores para produção de autopeças.

"A empresa está convocando todos os trabalhadores, aqueles que estão lesionados e afastados e até que já foram demitidos", diz o presidente do sindicato. Na sua avaliação, o telegrama enviado ao trabalhador informa que se ele não retornar à atividade serão tomadas medidas. "O sindicato sempre cumpre as ordens judiciais: se é para retornar, vamos retornar. Mas não aceitamos que a empresa imponha assédio moral."

Procurada, a Ford informa, por meio de nota, que negocia com os sindicatos de Camaçari (BA) e Taubaté (SP). Desde o anúncio da saída da empresa do País em 11 de janeiro todos os empregados estão com seus contratos ativos, sem alteração em salários e benefícios, diz a companhia.

Assembleia
Na manhã desta terça-feira, 16, o sindicato reuniu 3 mil trabalhadores do polo de Camaçari (BA) na porta da Ford para esclarecer o que ocorre em relação a essa convocação. Ficou decidido que na próxima quinta-feira, em audiência marcada no Tribunal da Justiça do Trabalho da 5ª Região, será encaminhada a demanda para sejam fixados critérios de quantos trabalhadores terão de retornar à atividade e de uma forma mais organizada "Queremos que haja controle desses trabalhadores, até para que eles não fiquem sem fazer nada."

Segundo Bonfim, o critério de retorno ao trabalho é uma das prerrogativas para que as negociações com a montadora, em andamento, continuem. Hoje sindicato e montadora negociam como será a indenização e a reparação dos demitidos. "Enquanto tiver negociação não pode ter demissão nem assédio moral", diz o sindicalista.

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Os trabalhadores da Ford voltaram a protestar na manhã desta quinta-feira (21) contra a saída da empresa do Brasil e as consequentes demissões em massa de 12 mil funcionários diretos, segundo o sindicato. O ato aconteceu na fábrica da montadora em Camaçari, que permanece fechada desde o anúncio de sua saída do país, em 11 de janeiro. Desde então, apenas duas reuniões entre a empresa e o Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari foram realizadas.

“A primeira foi para agendar o calendário de reuniões e na segunda eles nos apresentaram uma proposta desrespeitosa e tão vergonhosa que a gente nem levou para assembleia. Não existia possibilidade de aceitarmos. Eles colocaram valores que não vale a pena falar. Coisa de maluco, que acha que vamos aceitar migalhas. Tem outra reunião na próxima segunda-feira e queremos que o Ministério Público esteja junto”, disse Júlio Bonfim, presidente do sindicato.

Durante a manifestação, os cerca de 2 mil trabalhadores presentes penduraram os próprios uniformes em uma cerca que contorna a sede da montadora. Na farda, foram escritas frases de ordem e nomes de familiares que também serão afetados com a perda dos empregos. A ideia do sindicato é ainda lutar para que empresa continue produzindo em Camaçari, respeitando o acordo de estabilidade até 2024 que foi assinado com a categoria.

Ainda nessa semana, Júlio Bonfim e representantes do governo estadual tiveram reuniões com o Ministério Público, que está dimensionando o impacto da saída da montadora do país, e com as embaixadas da Coreia do Sul, Índia e Japão, manifestando interesse que empresas desse país ocupem o lugar da Ford. “Ontem também teve reunião com a embaixada chinesa que eu não pude participar. Nós esperamos que venha uma nova montadora, mas sabemos que isso não é de uma hora para outra”, explicou Júlio.

Caso a montadora permaneça com a ideia de deixar o Brasil, a ideia do sindicato é conseguir um acordo justo de demissão. Para isso, uma reunião por semana deve ser realizada entre empresa e categoria. Enquanto não há definição, a fábrica de Camaçari permanece fechada. “Os salários continuam sendo pagos, pelo menos dentro do complexo. Mas nossa preocupação é com as empresas fora da Ford, que já estão querendo desligar os funcionários. Nossa orientação é que nenhuma demissão seja assinada”, diz.

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A Titânio América (Tiasa) oficializou o projeto de implantação de uma unidade no Polo Industrial de Camaçari. Serão investidos R$ 250 milhões na primeira fase de implantação, que vai gerar 1,1 mil empregos no total. Os dados são do protocolo de intenções do grupo assinado junto a Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado.

Dois terços do consumo brasileiro de dióxido de titânio são abastecidos por importações dos Estados Unidos e da China. De acordo com Eduardo Tavares de Melo, presidente do Conselho de Administração da Tiasa, já foram investidos R$ 100 milhões no desenvolvimento tecnológico. O início da operação está marcado para o final de 2022.

“O Brasil poderá se tornar menos dependente do produto importado, favorecendo inclusive a balança comercial, além de gerar emprego e atender a indústria local. A tecnologia, desenvolvida por técnicos nacionais, é ambientalmente limpa e sustentável”, disse.

Produtos

Titular da SDE e vice-governador, João Leão lembrou que Bahia já era o único local do país que produzida o pigmento de dióxido de titânio, por meio da Tronox. “Agora teremos uma segunda unidade fabril produzindo uma matéria-prima tão importante para a indústria”. O pigmento é usado em tintas imobiliárias, produção de vidros e plásticos e protetor solar

Na primeira fase, a Tiasa terá uma capacidade produtiva combinada de pigmento de titânio e de óxido de ferro de 38 mil toneladas/ano, com expectativa de atingir 170 mil toneladas/ano quando todas as etapas do projeto estiverem implementadas. Outro subproduto dessa indústria será a hematita sintética,destinada à indústria siderúrgica.

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O empresário Carlos Alberto de Oliveira Andrade, presidente do Grupo Caoa, admitiu ter interesse na fábrica que era operada pela montadora Ford em Camaçari. Segundo ele, é preciso saber o que a Ford estaria interessada em vender e quais serão os incentivos concedidos pelo poder público para quem se instalar no local: “o governo também precisa dar condições de trabalho”. Apesar das declarações de Carlos Alberto, que trouxeram a expectativa de uma solução rápida para a situação, a assessoria de imprensa da Caoa informou que “não existe conversa entre a Caoa e a Ford com relação a fábrica de Camacari”.

“Sempre tenho interesse em novos negócios, mas é preciso analisar todo o processo porque não queremos desgastar a nossa imagem. E só iremos para frente se eu sentir muita segurança”, afirmou o empresário em entrevista para o Uol Carros. O chefe do grupo falou que tudo pode acontecer, pois considera bastante os incentivos fiscais do regime automotivo do Nordeste, prorrogado até 2025. Questionada, a montadora Ford não se pronunciou até o fechamento desta edição. O governo da Bahia respondeu através da sua assessoria que não tem conhecimento a respeito do assunto.

A história de Carlos Alberto no ramo automotivo começou com a compra de um Ford Landau numa concessionária em Campina Grande (PB). A revenda falou e ele aceitou recebe-la como compensação pelo automóvel. Em pouco tempo, tornou-se o maior revender da marca Ford no Brasil. Ele chegou a discutir sociedade com a Ásia Motors, que foi comprada pela Kia e que chegou a anunciar o projeto de uma fábrica na Bahia no final da década de 90. Em 2017, a Caoa se consorciou com a chinesa Chery para formar uma nova montadora 100% nacional, a Caoa Chery.

Segundo estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Econômicos (Dieese), as demissões da Ford no país podem significar uma perda potencial de mais de 118.864 mil postos de trabalho no país, somando-se os empregos diretos, indiretos e os induzidos pela operação.

A perda de massa salarial no país é estimada pelo Dieese em R$ 2,5 bilhões ao ano, considerando os empregos diretos e indiretos perdidos, além de uma queda de arrecadação de impostos de R$ 3 bilhões anuais.

Segundo estudo da entidade, a Ford chegou a empregar 21.800 pessoas em 1980. Em 1990, tinha 17.578 trabalhadores. Nove anos depois, 9.153. Atualmente, segundo a entidade, são 6.171 empregados, sendo 4.604 mil na unidade de Camaçari, 830 em Taubaté (SP) e 470 em Horizonte (CE). Destes, 5.000 devem ser demitidos.

Em 2020, a empresa licenciou 139.897 veículos, o que representou 6,8% do total no Brasil. Destes, 84% foram produzidos no país, segundo dados da consultoria Bright. Em 1998, a empresa detinha 7,9% da produção nacional.

Nova montadora
Ontem, o governador Rui Costa esteve à frente de uma comitiva com membros do governo, representantes do setor empresarial e trabalhadores em Brasília, para apresentar a estrutura disponível às Embaixadas da Índia, Coreia do Sul e do Japão. Além do parque automotivo disponível, ele destacou a força de trabalho com expertise no setor e a garantia de que o estado vai contribuir para a implantação de uma nova indústria na Bahia.

Com o embaixador da Índia, Suresh K. Reddy, ele iniciou a corrida por novas negociações, que abarquem tanto o setor automotivo quanto outros setores potenciais. A Índia possui uma indústria automobilística de crescimento exponencial, com destaque para a empresa Tata Motors, dona da Jaguar e Land Rover, e a Mahindra, que já possui atividade no Brasil, em Porto Alegre.

“Queremos convidar as fabricantes indianas para conhecer a área antes ocupada pela Ford para avaliar a possibilidade de instalação num dos maiores parques existentes no Brasil, inclusive com porto exclusivo”, disse o governador a Reddy, que respondeu ter interesse de que companhias indianas estejam no Brasil e na Bahia, além de querer iniciar parcerias no campo tecnológico, área que a Índia tem ampliado investimentos, assim como a Bahia.

A conversa com o embaixador do governo do Japão, Akira Yamada, seguiu o mesmo viés. A indústria automotiva do país é composta por grandes empresas, a exemplo da Nissan, Toyota e Honda.

O presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), Antônio Alban, destacou a possibilidade de parcerias para desenvolvimento tecnológicos, além dos incentivos fiscais, como atrativos. Ele citou a capacidade de formação de mão de obra, o centro de tecnologia instalado no estado, que está entre os maiores do Brasil. “Queremos propiciar junto à manufatura a tecnologia embarcada”, pontuou Alban.

O embaixador da Coreia do Sul, Kim Chan-Woo, disse ter ficado impressionado com a estrutura do Senai Cimatec. O representante sul coreano assegurou difundir as informações com o setor industrial de seu país. Ele citou o exemplo da Hyndai no Brasil e a necessidade de uma menor burocratização para mais negócios com este país.

Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari, Júlio Bonfim destacou a formação dos profissionais baianos que buscam novas oportunidades após os desligamentos da Ford. “As visitas às embaixadas permitiram passar um pouco da qualificação técnica dos profissionais, formados pelo Senai e escola técnica, e ainda apresentamos a amplitude do complexo deixado pela Ford, o maior da América do Sul”.

Convocação de trabalhadores
Na última segunda, a Ford iniciou uma convocação oficial para que empregados das fábricas retornem ao trabalho para produzir peças de reposição, segundo os sindicatos que representam os metalúrgicos das unidades, segundo informação publicada pelo jornal O Globo. Mas os funcionários resistem. As entidades são contra a volta dos funcionários até que a multinacional negocie indenizações e um plano de saída do país.

“A Ford está mandando comunicados, mas a adesão está zero, está tudo parado, ninguém está indo (dar expediente). A fábrica precisou alugar um galpão porque na região de Simões Filho porque não tinha gente para descarregar mercadorias de 90 caminhoneiros aqui em Camaçari”, afirma Julio Bonfim.

Segundo ele, a multinacional não negociou ainda como será o processo de demissão nem sentou formalmente com os sindicatos para discutir as rescisões e indenizações. “Ninguém voltou porque o que a Ford fez foi um tapa na cara, não negociou nada com a gente e pede para a gente retornar ao trabalho? Não dá”, afirma.

Procurada pela reportagem, a Ford não se manifestou sobre a convocação aos trabalhadores e sobre eventual negociação com sindicatos.

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