Sexta, 26 Abril 2024 | Login

O tiro que matou o pedreiro Rui Antônio da Silva, de 61 anos, atravessou também todas as pessoas de sua família. “Era o nosso pilar, nossa referência. Ele foi abatido onde achava que estava seguro dessa violência”, declarou a filha do idoso, a atendente de telemarketing Paula Andrade, 30. O pai dela estava em casa, no bairro do Alto do Coqueirinho, quando foi atingido no abdômen, após o imóvel ter sido arrombado por policiais militares na madrugada do dia 04 de março deste ano. De janeiro até o dia 18 deste mês, 162 pessoas foram baleadas dentro de residências em Salvador e Região Metropolitana, das quais 146 morreram. Os dados são do Instituto Fogo Cruzado (IFC).

“Minha madrasta, Maria das Graças, estava com o meu pai na hora. Ela contou que ele acordou assustado com a porta arrombada e levantou para ver o que estava acontecendo, foi quando o policial entrou atirando. Ela disse aos PMs que meu pai era traficante, que não era quem eles procuravam”, declarou Paula. Os policiais coloraram o pedreiro numa viatura e o levaram ao Hospital Roberto Santos, no /Cabula. Eles não permitiram que Maria das Graças fosse junto. Depois de ir a quatro unidades de saúde, a esposa encontrou o marido já morto. A apuração do IFC aponta 16% das ocorrências foram durante ações e operações policiais. Ou seja, 26 em que 24 pessoas vieram a óbito.

Maria das Graças denunciou a ação desastrosa na Corregedoria da Polícia Militar. Lá, ela foi informada que o policial atirou porque Rui partiu para cima com “arma branca”. “Não houve isso! O PM entrou atirando e só depois pediu para que a luz fosse ligada. Foi aí, que percebeu que tinha baleado um idoso e não um jovem, como eles estão acostumados a fazer”, disse Paula, que luta para que o caso seja investigado pelo Departamento de Homicídio e Proteção a Pessoa (DHPP), da Polícia Civil. “Até agora não tivemos uma resposta da Corregedoria. Nosso advogado vai lá e mandam a enviar e-mail, que nunca respondem”, criticou a filha da vítima.

De acordo com o levantamento do IFC, o bairro que lidera o maior número de ocorrências é Tancredo Neves, com oito baleados dentro de casa, sendo que apenas uma pessoa sobreviveu, José Pedro Nascimento dos Santos, de apenas seis anos. Ele estava no sofá quando atingido. A bala passou pelo vidro, furou a cortina, atingiu o garoto de raspão e foi parar na parede da residência, na rua Isaias de Oliveira, no dia 31 de março.

Segundo a família da criança, os tiros foram disparados durante uma perseguição policial, quando um homem passou correndo pela rua e a polícia passou, logo em seguida, disparando na direção dele. A criança foi levada para uma unidade de saúde pela família e levou quatro pontos no braço.

Os dados do IFC apontam Cosme de Farias como o segundo bairro do ranking, com seis baleados – cinco mortos e um ferido –, mas foi em Mata Escura um dos casos de maior repercussão em Salvador no mês de outubro. Nas primeiras horas do dia 01, duas pessoas de uma mesma família, entre elas uma criança, morreram após um "bonde" (grupo de homens armados) invadir uma casa na Rua das Mangueiras. Sarah Sofia Santana de Jesus, de apenas seis anos, foi baleada na cabeça. Chegou a ser socorrida, mas não resistiu.

Os criminosos estavam atrás do enteado da mãe dela, que consegui escapar. "Ele tinha envolvimento. Quando percebeu que os caras estavam chegando, correu. A gente não sabe se ele morava lá também ou se estava só de passagem", relatou na ocasião o parente da criança, que preferiu não se identificar.

O crime aconteceu na localidade conhecida como Inferninho. De acordo com moradores, a região é controlada pelo Bonde do Maluco (BDM), que disputa a liderança do bairro com o Comando Vermelho (CV). No ataque, padastro de Sofia, o eletricista Adalto Guedes, 53, foi atingido duas vezes, sendo que um dos tiros atingiu a barriga. Ele morreu no dia seguinte no Hospital Geral do Estado (HGE). Em relação às mortes, a PC disse que a investigação “está em andamento na 2ª Delegacia de Homicídios (DH/Central), onde ocorrem oitivas, detalhes não serão divulgados para não atrapalhar a investigação”.

RMS

No ranking das ocorrências, entre a terceira e a sexta posição estão localidades da RMS, a exemplo da localidade de Núcleo Colonial JK, zona rural de Mata de São João, que ocupa a quarta posição. Isso porque, no dia 28 de agosto, aconteceu uma chacina, em duas casas da mesma rua. Cinco das nove vítimas foram baleadas – os demais os corpos foram encontrados carbonizados.

Segundo a polícia, quatro homens entraram em uma casa para matar um alvo, identificado como Preá. Eles atiraram nas pessoas e depois atearam fogo no imóvel. Um adolescente, que escapou do ataque, buscou ajudar na casa vizinha. Quando abriram a porta para ajudá-lo, duas mulheres foram baleadas pelos criminosos.

De acordo com as investigações, a matança foi motivada por ciúmes. O mandante do crime matou familiares da atual namorada dele, além do ex-namorado dela, Preá.

Foram quatro suspeitos envolvidos na chacina. Dois deles morreram em confronto com a polícia dias depois em Mata de São João – um dos mortos seria o mandante e executor do crime. Um terceiro suspeito foi preso, mas não teve o nome divulgado. Ele confessou a participação nas mortes . Ainda na ocasião, um quarto homem conseguiu fugir durante a ação e era procurado na região. Atualmente, a PC informou que o inquérito já foi concluído e remetido ao Judiciário.

Especialistas

Em seu entendimento, o especialista em segurança pública, o coronel Antônio Jorge, coordenador do curso de Direito do Centro Universitário Estácio FIB da Bahia, atribuiu a dois fatores que impulsionam os dados do IFC. “Quando ocorrem esses ataques dentro de residências, normalmente’ têm duas fundamentações: ou se trata de violência doméstica ou de execução, porque os autores saem em busca daquelas pessoas. É muito comum essa questão do tráfico de drogas, porque, quando alguém está em débito ou pratica alguma ação, que a facção entende que deve ser punido de forma exemplar, eles (traficantes) não medem esforços”, explicou.

Membro da Iniciativa Negra por uma Nova Política sobre Drogas, Dudu Ribeiro, complementa a discussão ao apontar as ações “ extrajudiciais, promovidas por agentes do Estado”. “É também um sintoma importante de que a inviolabilidade do lar dos cidadãos negros e negras das regiões periféricas não é respeitado pelos agentes do Estado e ele não é cobrando pela justiça. Se a gente tem um sistema que concorda com a invasão de domicílios e um modelo de segurança pública que promove a lógica da ocupação dos territórios e da produção de muitos eventos de tiroteios, a gente vai ter também essa violência os lares das pessoas”, declarou Ribeiro.

Posicionamentos

O CORREIO questionou a Polícia Civil sobre os números do levantamento do IFC, se a quantidade de pessoas mortas e feridas dentro de residências é um indicativo de que o baiano não está seguro nem dentro de sua própria casa. “Não comentamos dados não oficiais”, respondeu a PC em uma nota. A mesma pergunta foi realidade a Secretaria de Segurança Pública (SSP), através do e-mail O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. e também à Polícia Militar, no e-mail O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. . Os pedidos foram realizados dia 20 deste mês, mas até o momento não tivemos resposta.

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O bairro de Plataforma, no Subúrbio Ferroviário de Salvador voltou a ser palco de confronto entre as facções do Comando Vermelho (CV) e do Bonde do Maluco (BDM) por volta das 9h30 desta quarta-feira (18). O caso foi registrado na Rua dos Araçás, próximo ao campo de futebol do bairro. O primeiro confronto aconteceu na noite dessa terça-feira (17).

A reportagem do CORREIO apurava informações sobre os confrontos, quando ouviu ao menos 10 disparos próximos a Avenida Afrânio Peixoto, conhecida como Avenida Suburbana. Moradores ouvidos pela reportagem afirmam que homens do CV estão na região de matagal do local.

"Está acontecendo aqui na área de mata, aqui em cima do campo de futebol. Os homens do CV estão escondidos ali onde ficam as bananeiras e 'trocando tiro' com os meninos daqui. Eles estão aqui desde anteontem e armados até os dentes, então não para de ter confronto toda hora", afirma um morador, sem se identificar.

A informação que circula entre quem reside no bairro é que os homens do CV conseguiram permanecer na região de Plataforma, mesmo sem conseguir expulsar traficantes do BDM que ainda estão presentes. "Chegaram aqui na segunda-feira, quando houve os primeiros tiroteios. De lá para cá, não parou de acontecer porque eles estão entocados no mato e conseguiram ficar por lá", relata uma outra moradora, sem dizer o nome.

A Polícia Militar da Bahia (PM-BA) foi procurada pela reportagem para informar se registrou tiroteios na noite de terça-feira, mas respondeu que não foi acionada para a ocorrência descrita. No momento do tiroteio já nesta manhã, moradores que estavam nas ruas correram e tentaram se proteger dos tiros.

Um motoboy, que ia deixar uma criança na Rua das Araçás, precisou voltar as pressas no momento em que ouviu os primeiros disparos. "Eu ia deixar o pequeno lá e, pouco depois, ouvi os pipocos. Na hora, dei a volta com a moto e trouxe ele de volta. A gente pensa que é sossegado durante o dia, mas parece quem nem isso mais tem. É tiro toda hora e todo mundo corre risco", fala ele, sem saber como vai deixar a criança no local.

Parte dos estudantes do Colégio Estadual Bertohldo Cirilo dos Reis, localizado em Plataforma, foi liberada após o tiroteio. A reportagem ouviu estudantes que explicaram a situação. "Depois dos tiros, eles avisaram que iam liberar, mas também que quem não se sentisse seguro poderia ficar. Uma parte dos alunos saiu e outra ficou. Agora, eles trancaram o portão por segurança e só vão liberar depois das 11h, quando tudo estiver mais calmo".

O Colégio Estadual de Plataforma também suspendeu as aulas e os estudantes aguardam para ir para casa. O CORREIO entrou em contato com a Secretaria Estadual da Educação (SEC) para saber informações sobre as aulas e aguarda resposta.

Nas escolas municipais Úrsula Catarino e São Braz, os alunos foram liberados apenas na companhia dos pais. No entanto, a Secretaria Municipal da Educação (Smed) informou, por meio de sua assessoria, que as aulas na rede municipal não foram afetadas.

Apesar dos tiroteios, o comércio na região segue em funcionamento normal e moradores circulam no bairro em direção a Avenida Suburbana. Viaturas da Rondesp circulam nas ruas.

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Ex-governador da Bahia e atual ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT) revelou que o plano do governo Lula é criar uma ação conjunta entre Forças Armadas e Polícia Federal para combater a presença de fuzis e outras armas pesadas no Brasil. A declaração foi dada pelo petista à coluna de Andréia Sadi em meio a "epidemia" de violência na Bahia.

48 fuzis já foram apreendidos na Bahia em 2023, , mais que o dobro dos 22 registrados em todo o ano de 2022, segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado.

"Eu conversei com [Flávio] Dino [ministro da Justiça e Segurança Pública] e queremos uma política conjunta da PF e das Forças Armadas para conter fuzis no Brasil e de armas pesadas também. É preciso padronizar os números de crimes para comparação, é isso que defendo, mas claro que os números são uma tragédia em todo Brasil. E piorou muito no governo Bolsonaro, quando teve o liberou geral de armas pesadas, como fuzis", argumentou.

Recentemente o ex-governador se recusou a comentar sobre a violência no estado que comandou por oito anos. Ao ser questionado por um repórter, Rui rebateu com um "fui" e deixou a coletiva de imprensa.

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A noite de terça-feira (5) e madrugada desta quarta (6) tiveram novos registros de violência em Salvador. Os bairros do Calabar e Alto das Pombas, ocupados pela Polícia Militar desde segunda-feira (4), seguem com clima de tensão e policiamento reforçado, enquanto novas ocorrências de troca de tiros foram registradas nos bairros do Engenho Velho de Brotas e Nordeste de Amaralina.

No Alto das Pombas e Calabar, região mais central da capital baiana, escolas estão sem aulas desde a segunda-feira (4). As atividades vão seguir suspensas nesta quarta, e o policiamento continua reforçado em toda região, inclusive com monitoramento aéreo.

Por causa do clima de insegurança, algumas famílias decidiram deixar o bairro na noite de segunda-feira. Outros moradores, que ainda estão no Alto das Pombas e no Calabar, não descartam a possibilidade de mudança.

Entre segunda e terça-feira (5), dez suspeitos morreram em confrontos com a polícia. Não há registro de policiais ou moradores inocentes feridos.

Na noite de terça-feira, moradores do Engenho Velho de Brotas, bairro que fica a cerca de 3,5 km do Alto das Pombas, viveram momentos de tensão com intenso tiroteio antes das 20h. A Polícia Militar informou que foi acionada e, ao chegar ao local, encontrou um homem morto.

No Nordeste de Amaralina, comunidade que fica em um dos maiores complexos de bairros da periferia de Salvador, também houve registro de tiroteios na noite de terça-feira. Até o momento não há registro de feridos.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA) informou que mantém as ações de inteligência e repressão qualificada nesta quarta-feira, em todas essas localidades aonde houve registros de tiroteios na noite de terça.

Com o registro do corpo encontrado no Engenho Velho de Brotas, até a madrugada desta quarta-feira o balanço da SSP-BA entre segunda e quarta-feira é de:

11 pessoas mortas
8 pessoas presas
4 ações com reféns e 17 reféns liberados
Apreensão de 6 fuzis, 11 pistolas e 3 granadas

Escolas fechadas

Mesmo com a troca de tiros na terça-feira, alguns mercados e padarias da região do Alto das Pombas e do Calabar voltaram a abrir as portas.

Apesar disso, escolas da região seguiram fechadas e o posto de saúde do Alto das Pombas, a Unidade de Saúde da Família Ivone Silveira, só funcionou durante a manhã.

Nesta quarta-feira, a Secretaria Municipal da Educação (Smed) informou que por causa da sensação de insegurança no bairro de Alto das Pombas e entorno, 1.511 estudantes das escolas municipais tiveram as atividades suspensas.

Confira abaixo as escolas fechadas nesta quarta:

Conjunto Assistencial Nossa Senhora de Fátima;
Casa da Amizade;
Professor Antônio Carlos Onofre;
Cidade de Jequié;
Centro Municipal de Educação Infantil Tertuliano de Góis;
Centro Municipal de Educação Infantil do Calabar.

Governador reúne cúpula da Segurança Pública

Ainda na terça-feira, o governador do estado, Jerônimo Rodrigues (PT), se reuniu com a cúpula da Segurança Pública no estado.

Já o secretário da SSP-BA, Marcelo Werner, apresentou um balanço parcial da operação e afirmou que a guerra entre facções criminosas é causa da violência na Bahia.

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Homem é morto a tiros no final de linha do IAPI; é a segunda morte em menos de 24hUm homem ainda não identificado foi morto com seis tiros no bairro do IAPI, na manhã desta quarta-feira (30). O crime aconteceu na localidade de Nova Divinéia, no final de linha do bairro.

O homem estava próximo a barracas em uma feira quando foi atingido pelos disparos. "O cara estava parado ali em frente a barraca do coco. Não vi se ele estava só parado ou consumindo, mas chegaram dois caras a pé e atiraram nele que caiu ali mesmo. Depois, saíram andando daqui como se nada tivesse acontecido. Foi por volta das 9h30 isso", relata um comerciante.

Os disparos provocaram correria no local, que estava movimentado. "Não vi o que houve porque estava de costas. Só ouvi os tiros e vi todo mundo correndo. Foram alguns tiros, não consegui contar. O susto foi grande e queria me proteger porque estava bem perto das barracas", diz uma senhora, sem se identificar.

Os moradores do bairro reclamam da violência. O crime aconteceu Rua Conde de Porto Alegre, a principal do bairro e a mesma via onde o motorista de aplicativo foi assassinado na noite dessa terça-feira (29).

"No IAPI, está assim agora. Não tem hora e nem lugar. Pra você ver, na feira e no meio da manhã fizeram isso. Poderia pegar em qualquer um de nós que estava perto. Impossível viver em paz aqui", fala a primeira senhora.

Segundo moradores, o nome é Felipe. Trabalhava com serviços gerais na Creta, uma terceirizada que presta serviço ao Hospital Geral Ernesto Simões.

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Duas mulheres foram mortas a tiros dentro de uma casa em Cosme de Farias. Os corpos de Liliane Almeida Barbosa, de 36 anos, e Isabela Nascimento Silva, de 22 anos, foram encontrados na manhã desta segunda-feira (28). De acordo com a TV Bahia, as duas eram primas.

Equipes da 58ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM) foram ao local, na Rua Edson Saldanha, por volta das 8h40 de hoje, depois de uma denúncia de um duplo homicídio dentro de uma residência.

Quando a PM chegou, uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) já estava no local e constatou o óbito das duas vítimas. Os policiais isolaram a área e acionaram o Departamento de Polícia Técnica (DPT) para fazer a perícia e remoção dos corpos.

Segundo a Polícia Civil,o caso será investigado pela 1ª Delegacia de Homicídios (DH/Atlântico). "O Serviço de Investigação de Local de Crime (Silc), do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa, esteve no local e realizou as primeiras providências de polícia judiciária", diz a polícia em nota.

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O casal Monalisa Carneiro da Silva Santos, 34 anos, e Tiago Pereira, 34, estava na rua de casa quando foi surpreendido por dois suspeitos que chegaram de moto e dispararam contra os dois. O crime aconteceu na Rua Sérgio Landulfo Furtado, no bairro de Castelo Branco, por volta das 11h de segunda-feira (3) e assustou moradores.

Um vizinho, que prefere não se identificar, conta que ouviu diversos disparos na hora do crime. "A gente tomou um susto porque foi muito barulho, não deram poucos tiros. Quando eu saí pra ver, os dois já estavam no chão. O portão da casa que eles estavam na frente ficou todo marcado de bala", relata ele, que foi até a área tentar prestar socorro no momento do crime.

A Policia Militar da Bahia (PM-BA) informou que agentes da 47ª CIPM foram acionados via denúncia e que o casal chegou a ser socorrido para o Hospital Professor Eládio Lassére, em Águas Claras, mas não resistiu aos ferimentos. O caso é investigado pela 2ª Delegacia de Homicídios/Central da Policia Civil da Bahia (PC), que apura as circunstâncias e a motivação do crime após perícia no local.

Monalisa e Tiago foram mortos a poucos metros da casa onde moravam. Os dois eram namorados há quatro anos e a família de Monalisa, além de abalada, está com medo. "Ninguém quer ficar aqui na frente ou na esquina de casa. A gente não entende o porquê disso, mas estamos com medo de que voltem a fazer alguma coisa", conta um primo de Monalisa, sem revelar o nome.

Na casa onde o casal vivia, morava ainda Marizete Carneiro, 55, mãe de Monalisa. Ela estava em Barra do Jacuípe quando recebeu a notícia. "Eu estava com meu companheiro que mora lá quando me ligaram. Já viria ontem, mas tive que correr às pressas. Estou destruída, sem aguentar mais chorar. Monalisa era minha única filha", fala a cozinheira, sem conseguir segurar o choro.

"Eram duas pessoas boas, viviam comigo de uma forma tranquila. Sempre me ajudaram em casa e tinham o hábito de ficar por aqui, tomar a cerveja deles. Eram conhecidos e queridos por todos aqui", ressalta Marizete. Monalisa é nascida e criada no bairro de Castelo Branco, enquanto Tiago era de Dom Avelar.

A jovem trabalhava como manicure e estudava Design na Universidade Federal da Bahia (Ufba). Já Tiago se preparava para tentar uma vaga em um curso de ensino superior através do Enem.

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O tiro de fuzil que matou o pedreiro Rui Antônio da Silva, 61 anos, também destruiu a vida de seus filhos. “Eles acabaram com tudo o que a gente tinha. Meu pai era a nossa base”, afirma a operadora de telemarketing Paula Andrade, 29. Rui Antônio morreu durante uma ação da Polícia Militar (PM) no Alto do Coqueirinho, no dia 3 de março deste ano. A dor de Paula reflete o sofrimento das 696 famílias que tiveram parentes baleados em Salvador durante quase oito meses. Nesse período, a capital baiana registrou um tiroteio a cada oito horas.

O número faz parte de um estudo do Instituto Fogo Cruzado, realizado entre o dia 1 de julho de 2022 e o dia 30 de março deste ano. Os dados apontam ainda que na Região Metropolitana (RMS) a situação é mais preocupante: é um tiroteio a cada seis horas.

De acordo com o estudo, Salvador registrou 815 tiroteios no período analisado. Sendo que 263 das ocorrências resultaram de ações policiais. O estudo aponta que neste período, foram 696 pessoas baleadas, das quais 519 morreram. Na RMS, o instituto contabilizou 1.107 tiroteios, dos quais, 362 foram com a participação da polícia. A apuração concluiu que 986 pessoas foram atingidas por projéteis e 761 não resistiram.

“O Fogo Cruzado está há oito meses mapeando Salvador e região metropolitana e nesse tempo já percebemos que esses números mostram a realidade que a população e a imprensa conhecem bem, mas que até então não tinha dimensão do problema. Acontece que esses dados são um ponto de partida para a elaboração de políticas públicas de segurança”, declara a coordenadora regional do instituto, Tailane Muniz.

O Fogo Cruzado é um Instituto que usa tecnologia para produzir e divulgar dados abertos e colaborativos sobre violência armada. Com uma metodologia própria, o laboratório de dados da instituição produz mais de 30 indicadores inéditos sobre violência em Salvador, Rio de Janeiro e Recife.

“É uma violência desenfreada. Eles arrombaram a porta. Meu pai acordou no susto. Não deu nem tempo dele falar. Caiu com um tiro de fuzil. Eles na certa invadiram para achar armas e drogas, como fazem nas casas, mas mataram um trabalhador, que morava há 40 anos no bairro. Na Corregedoria da Polícia Militar, que apura o caso, o policial alegou que meu pai foi para cima dele com uma faca. Ele atirou no escuro, numa pessoa indefesa. Foi despreparo total, irresponsável”, conta Paula Andrade, detalhando a forma como o pai foi morto.

Violência generalizada
Por meio de um aplicativo, o Fogo Cruzado recebe e disponibiliza informações sobre a ocorrência de tiroteios que são checadas em tempo real e que estão no único banco de dados aberto sobre violência armada da América Latina, que pode ser acessado gratuitamente pela base de dados do instituto. “A violência armada atinge todo mundo, mata inocentes, leva tensão e medo aos cidadãos. Mesmo aqueles que não circulam em áreas estigmatizadas como mais violentas. Então, com os dados, é possível pela primeira vez qualificar o impacto da violência armada em Salvador e na região metropolitana”, acrescenta Tailane.

O levantamento da entidade aponta também que 74,75% das vítimas de tiroteio em Salvador e na RMS não foram identificadas; 3,38% foram agentes públicos; 2,88% ex-detentos; 0,20% entregadores/motoboys e grávidas; 0,99% motoristas de aplicativo; 1,19%, vendedores ambulantes; 1,29%, mototaxistas; políticos, 0,10%; rifeiros, 0,89% e outros, 14,12%.

Em relação às circunstâncias da vitimização, 85,58% está sem identificação; 9,98% foram chacinas; 3,83% balas perdidas; 0,40% feminicídios e 0,30% outros.

A coordenadora regional do FC comenta as causas apontadas no estudo. “Esses dados registrados nos últimos meses mostram que as chacinas e as disputas entre os grupos armados são os principais motores dessa violência. E essa dinâmica explica porque o estado não produz dados de segurança pública ou não é transparente na divulgação dessas informações”.

As informações diárias dos boletins de ocorrência no site da Secretaria de Segurança Pública (SSP) deixaram de ser públicas há mais de um ano. Imprensa, órgãos públicos, universidades e outras instituições que trabalham com a coleta de dados, e a própria sociedade, não têm mais acesso de forma rápida às informações sobre homicídios, baleados, furtos e roubos de veículos na Bahia.

“O problema da violência armada hoje está diretamente ligado à falta de transparência. Faltam dados de qualidade para embasar políticas públicas e falta, sobretudo, vontade política de abandonar métodos de combate à violência que já se mostraram ineficazes há muito tempo”, pontua Tailane, que emenda:

“Planejamento de segurança pública eficiente tem que ser baseado em evidência, tem que ser baseado em dados. Sem dado não pode haver plano para que políticas públicas sejam pensadas, para que a população não sofra ainda mais com traumas e a perda de seus familiares”.

Posicionamento
A reportagem cobrou da SSP/BA) um posicionamento em relação aos dados apurados pelo instituto. Em nota, a pasta informou que “não comenta os dados apresentados pelo aplicativo. Por não se tratar de um recurso oficial, não é possível atestar a veracidade das informações que são apresentadas, o que impossibilita, inclusive, a utilização desse recurso para fins policiais. Os dados gerados de forma indiscriminada e sem confirmação oficial podem produzir estatísticas distorcidas”, diz o texto.

A SSP disse que nos primeiros três meses do ano foram capturados 2.211 criminosos, uma média de 30 por dia, que 1.142 armas foram retiradas de circulação, entre elas 15 fuzis. Neste mesmo período, pouco mais de 2,5 toneladas de drogas foram também encontradas. A pasta diz que o trabalho se refletiu nas reduções de 4,7% das mortes violentas na Bahia. Em Salvador, a queda foi de 15% dos homicídios, latrocínios e lesões dolosas seguidas de morte.

Em relação a não disponibilização das informações diárias dos boletins de ocorrência no site da SSP, a órgão informou: “O site da SSP, buscando dar mais comodidade para o cidadão acessar e também ampliando a sua proteção contra os ataques cibernéticos, está passando por uma mudança de plataforma. O processo está em fase final e logo o portal contará com todas as suas funcionalidades”, diz a nota.

Em janeiro de 2022, 21 páginas institucionais do governo da Bahia sofreram um ataque hacker e ficaram fora do ar. Curiosamente, os serviços foram normalizados dias depois, com exceção do boletim diário. A SSP finalizou dizendo que “nesse momento de atualização do site, dados estatísticos podem ser solicitados à Polícia Civil, que segue atendendo as demandas da imprensa”.

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O ano mal começou e os dados que refletem a insegurança em Salvador dão sinais de crescimento de uma provável escalada da violência. O relatório mensal do Instituto Fogo Cruzado apontou para a ocorrência de 118 tiroteios no mês de fevereiro na capital e Região Metropolitana — 79 pessoas foram mortas e outras 24 ficaram feridas, um aumento de 23% no total de pessoas atingidas. No mês anterior, os dados registraram 109 tiroteios, com 72 mortos e 12 feridos.

Entre os motivos dos tiroteios, 37 ocorreram em ações e operações policiais e 31 foram em meio a disputas entre facções. Seis pessoas foram vítimas de balas perdidas. Destas, uma foi morta e outras cinco ficaram feridas. No dia 5 houve o maior número de ocorrências, com 12 tiroteios ao todo, seis deles em meio a disputas, que deixaram duas
pessoas feridas.

Os dados do Instituto Fogo Cruzado indicaram um aumento no número de pessoas mortas em disputas, desde os primeiros registros do órgão, em julho de 2022. Até o mês anterior, os dados apontavam para o maior registro de pessoas mortas, com 46 ocorrências. Em fevereiro, 48 pessoas foram mortas e dez ficaram feridas em meio a
disputas.

Homens seguem como a maioria das vítimas de armas de fogo em Salvador e Região Metropolitana: 74 foram mortos e 15 ficaram feridos. Entre as mulheres, quatro foram mortas e seis ficaram feridas. Outras quatro pessoas não foram identificadas.

Três idosos foram feridos por arma de fogo, e entre os considerados adultos, 75 pessoas foram mortas e 19 ficaram feridas. A violência armada também atingiu pessoas de baixa idade, dois adolescentes foram mortos e outro ficou ferido, e uma criança foi ferida por bala perdida.

Dentre os casos marcantes, está o caso da criança de 2 anos, baleada na barriga durante uma ação policial numa localidade conhecida como Fonte do Capim, no bairro da Fazenda Grande do Retiro, no dia 26, em Salvador. Durante o período do carnaval, na madrugada do dia 20, a advogada Saadya Gomes, 29, foi morta a tiros dentro do carro, no bairro do Tancredo Neves, em Salvador, quando voltava de um camarote do Circuito Barra/Ondina.

Política de segurança

Para Dudu Ribeiro, cofundador da Iniciativa Negra por Uma Nova Política de Drogas, organização parceira do Fogo Cruzado na Bahia, e, também, coordenador da Rede de Observatórios da Segurança na Bahia, o alto número de tiroteios envolvendo disputas e operações policiais aponta para uma falência na atual política de segurança.

"A prevenção da violência passa necessariamente pela garantia de direitos como saúde, educação e espaços de lazer e cultura, especialmente à população negra, historicamente vítima da violência e mais afetada pela segregação, mas tudo isso precisa estar aliado à reforma do modelo de segurança pública e do judiciário que temos hoje, e também a uma nova política de drogas no país. Nossa preocupação é mostrar que há sim outras opções a serem feitas pelo Estado, mas que também não são feitas por serem regiões de maioria negra. É uma opção política de Estado agir contra a população negra”, afirma Dudu Ribeiro.

O mapa da violência armada

● Salvador: 92 tiroteios, 59 mortos e 17 feridos

● Mata de São João: 9 tiroteios, 8 mortos e 1 ferido

● Camaçari: 7 tiroteios, 8 mortos e 6 feridos

● Lauro de Freitas: 4 tiroteios

● Dias D’Avila: 2 tiroteio e 2 mortos

● Candeias: 1 tiroteio

● Madre de Deus: 1 tiroteio e 1 morto

● São Sebastião do Passé: 1 tiroteio e 1 morto

● Simões Filho: 1 tiroteio

O perfil da violência armada

● 103 pessoas foram baleadas em fevereiro: entre as vítimas, 79 pessoas foram mortas e 24 ficaram feridas

● Dos 118 tiroteios ocorridos em Salvador e RMS em fevereiro, 37 deles foram durante ações e operações policiais. Em janeiro, dos 109 tiroteios, 30 foram em ações ou operações policiais

● Do total de baleados (103), 89 eram homens (74 mortos e 15 feridos) e dez eram mulheres (quatro mortas e seis feridas)

● Seis pessoas foram vítimas de bala perdida: duas foram feridas durante ações e operações policiais e outras três foram vítimas de bala perdida em meio a disputas, onde uma foi morta e duas feridas. No mês anterior, uma pessoa foi morta e outra foi ferida por bala perdida.

● Uma criança foi ferida, dois adolescentes foram mortos e outro ficou ferido. Três idosos foram feridos e 94 adultos baleados: 75 morreram e 19 ficaram feridos.

● 24 pessoas foram identificadas como negras, três como brancas e 76 não tiveram recorte racial informado.

● Três ex-detentos foram mortos e um foi ferido. Em janeiro, dois ex-detentos foram mortos.

● Um vendedor ambulante foi morto e outros três foram feridos por arma de fogo.

● Dois mototaxistas foram mortos a tiros em fevereiro. No mês anterior não houve mototaxistas baleados.

● Houve três chacinas em Salvador e RMS que resultaram na morte de 12 pessoas. No mês anterior, foram registradas três chacinas com nove mortos.

● 31 tiroteios ocorreram em meio a disputas, onde 48 pessoas foram mortas e dez ficaram feridas. Em janeiro, 46 pessoas foram mortas e sete ficaram feridas em disputas.

Sobre o Fogo Cruzado

O Fogo Cruzado é um Instituto que usa tecnologia para produzir e divulgar dados abertos e colaborativos sobre violência armada, fortalecendo a democracia através da transformação social e da preservação da vida. Com uma metodologia própria e inovadora, o laboratório de dados da instituição produz 40 indicadores inéditos sobre violência nas regiões metropolitanas do Rio, do Recife e de Salvador.

Através de um aplicativo de celular, o Fogo Cruzado recebe e disponibiliza informações sobre tiroteios, checadas em tempo real, que estão no único banco de dados aberto sobre violência armada da América Latina, que pode ser acessado gratuitamente pela API do Instituto

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Uma criança de 2 anos foi baleada durante uma ação de policiais militares, no domingo (26), no bairro da Fazenda Grande do Retiro, em Salvador.

O caso aconteceu na localidade conhecida como "Fonte do Capim". Segundo a Polícia Civil, a vítima foi socorrida e levada para o Hospital Geral do Estado (HGE). Não há detalhes sobre o estado de saúde dela.

O caso foi registrado na 4ª Delegacia Territorial (DT) de São Caetano, que investiga se o tiro partiu de criminosos ou de policiais.

Em nota, a Polícia Militar (PM) informou que policiais da 9ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM) receberam uma denúncia de suspeitos de tráfico de drogas armados na localidade conhecida como "Guigó". A o chegarem no local, trocaram tiros com o grupo.

De acordo com a PM, após o confronto, uma mulher foi encontrada com uma criança baleada. O menino passou por cirurgia e não corre risco de morte. Os suspeitos fugiram.

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