Quinta, 02 Maio 2024 | Login
Fevereiro tem 103 baleados em Salvador e RMS, aumento de 23% neste ano

Fevereiro tem 103 baleados em Salvador e RMS, aumento de 23% neste ano

O ano mal começou e os dados que refletem a insegurança em Salvador dão sinais de crescimento de uma provável escalada da violência. O relatório mensal do Instituto Fogo Cruzado apontou para a ocorrência de 118 tiroteios no mês de fevereiro na capital e Região Metropolitana — 79 pessoas foram mortas e outras 24 ficaram feridas, um aumento de 23% no total de pessoas atingidas. No mês anterior, os dados registraram 109 tiroteios, com 72 mortos e 12 feridos.

Entre os motivos dos tiroteios, 37 ocorreram em ações e operações policiais e 31 foram em meio a disputas entre facções. Seis pessoas foram vítimas de balas perdidas. Destas, uma foi morta e outras cinco ficaram feridas. No dia 5 houve o maior número de ocorrências, com 12 tiroteios ao todo, seis deles em meio a disputas, que deixaram duas
pessoas feridas.

Os dados do Instituto Fogo Cruzado indicaram um aumento no número de pessoas mortas em disputas, desde os primeiros registros do órgão, em julho de 2022. Até o mês anterior, os dados apontavam para o maior registro de pessoas mortas, com 46 ocorrências. Em fevereiro, 48 pessoas foram mortas e dez ficaram feridas em meio a
disputas.

Homens seguem como a maioria das vítimas de armas de fogo em Salvador e Região Metropolitana: 74 foram mortos e 15 ficaram feridos. Entre as mulheres, quatro foram mortas e seis ficaram feridas. Outras quatro pessoas não foram identificadas.

Três idosos foram feridos por arma de fogo, e entre os considerados adultos, 75 pessoas foram mortas e 19 ficaram feridas. A violência armada também atingiu pessoas de baixa idade, dois adolescentes foram mortos e outro ficou ferido, e uma criança foi ferida por bala perdida.

Dentre os casos marcantes, está o caso da criança de 2 anos, baleada na barriga durante uma ação policial numa localidade conhecida como Fonte do Capim, no bairro da Fazenda Grande do Retiro, no dia 26, em Salvador. Durante o período do carnaval, na madrugada do dia 20, a advogada Saadya Gomes, 29, foi morta a tiros dentro do carro, no bairro do Tancredo Neves, em Salvador, quando voltava de um camarote do Circuito Barra/Ondina.

Política de segurança

Para Dudu Ribeiro, cofundador da Iniciativa Negra por Uma Nova Política de Drogas, organização parceira do Fogo Cruzado na Bahia, e, também, coordenador da Rede de Observatórios da Segurança na Bahia, o alto número de tiroteios envolvendo disputas e operações policiais aponta para uma falência na atual política de segurança.

"A prevenção da violência passa necessariamente pela garantia de direitos como saúde, educação e espaços de lazer e cultura, especialmente à população negra, historicamente vítima da violência e mais afetada pela segregação, mas tudo isso precisa estar aliado à reforma do modelo de segurança pública e do judiciário que temos hoje, e também a uma nova política de drogas no país. Nossa preocupação é mostrar que há sim outras opções a serem feitas pelo Estado, mas que também não são feitas por serem regiões de maioria negra. É uma opção política de Estado agir contra a população negra”, afirma Dudu Ribeiro.

O mapa da violência armada

● Salvador: 92 tiroteios, 59 mortos e 17 feridos

● Mata de São João: 9 tiroteios, 8 mortos e 1 ferido

● Camaçari: 7 tiroteios, 8 mortos e 6 feridos

● Lauro de Freitas: 4 tiroteios

● Dias D’Avila: 2 tiroteio e 2 mortos

● Candeias: 1 tiroteio

● Madre de Deus: 1 tiroteio e 1 morto

● São Sebastião do Passé: 1 tiroteio e 1 morto

● Simões Filho: 1 tiroteio

O perfil da violência armada

● 103 pessoas foram baleadas em fevereiro: entre as vítimas, 79 pessoas foram mortas e 24 ficaram feridas

● Dos 118 tiroteios ocorridos em Salvador e RMS em fevereiro, 37 deles foram durante ações e operações policiais. Em janeiro, dos 109 tiroteios, 30 foram em ações ou operações policiais

● Do total de baleados (103), 89 eram homens (74 mortos e 15 feridos) e dez eram mulheres (quatro mortas e seis feridas)

● Seis pessoas foram vítimas de bala perdida: duas foram feridas durante ações e operações policiais e outras três foram vítimas de bala perdida em meio a disputas, onde uma foi morta e duas feridas. No mês anterior, uma pessoa foi morta e outra foi ferida por bala perdida.

● Uma criança foi ferida, dois adolescentes foram mortos e outro ficou ferido. Três idosos foram feridos e 94 adultos baleados: 75 morreram e 19 ficaram feridos.

● 24 pessoas foram identificadas como negras, três como brancas e 76 não tiveram recorte racial informado.

● Três ex-detentos foram mortos e um foi ferido. Em janeiro, dois ex-detentos foram mortos.

● Um vendedor ambulante foi morto e outros três foram feridos por arma de fogo.

● Dois mototaxistas foram mortos a tiros em fevereiro. No mês anterior não houve mototaxistas baleados.

● Houve três chacinas em Salvador e RMS que resultaram na morte de 12 pessoas. No mês anterior, foram registradas três chacinas com nove mortos.

● 31 tiroteios ocorreram em meio a disputas, onde 48 pessoas foram mortas e dez ficaram feridas. Em janeiro, 46 pessoas foram mortas e sete ficaram feridas em disputas.

Sobre o Fogo Cruzado

O Fogo Cruzado é um Instituto que usa tecnologia para produzir e divulgar dados abertos e colaborativos sobre violência armada, fortalecendo a democracia através da transformação social e da preservação da vida. Com uma metodologia própria e inovadora, o laboratório de dados da instituição produz 40 indicadores inéditos sobre violência nas regiões metropolitanas do Rio, do Recife e de Salvador.

Através de um aplicativo de celular, o Fogo Cruzado recebe e disponibiliza informações sobre tiroteios, checadas em tempo real, que estão no único banco de dados aberto sobre violência armada da América Latina, que pode ser acessado gratuitamente pela API do Instituto

Itens relacionados (por tag)

  • De azul e branco, baianos e turistas celebram a Rainha do Mar

    Colares, fitinhas, flores e o cheiro de alfazema tomaram conta das ruas do bairro do Rio Vermelho, em Salvador, onde baianos e turistas se reuniram para celebrar a Rainha do Mar, Iemanjá, nesta sexta-feira (2).

    Por volta das 6h30, o sol estava escondido entre as nuvens, mas isso não impediu que o público fosse para o local e formasse uma longa fila para entregar o presente à Iemanjá.

    Na multidão estava o biólogo Maick dos Santos, que é de São José do Rio Preto, em São Paulo. Esta é a segunda vez que ele participa da festa.

    “Eu vim ano passado pela primeira vez e decidi voltar este ano, porque eu gosto muito da energia, de toda a cultura que envolve a celebração”, disse.

    Para o paulista, este dia é marcado pela valorização da cultura e das religiões de matrizes africanas.

    “Acho importante as pessoas entenderem de onde elas vêm. É um momento para celebrar a ancestralidade, a religiosidade e toda a história da cultura preta”, destacou.

    Pouco tempo depois, o sol apareceu e as nuvens se dispersaram no céu. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a previsão é de que a temperatura máxima chegue até 32º nesta sexta, na capital baiana.

    De vestido azul e tranças pretas, a oceanógrafa Ana Beatriz participa da festa todos os anos. Baiana de Salvador, ela escolheu uma roupa leve para curtir o dia em meio ao calor que faz na cidade.

    “Acho que é um momento para agradecer pelo ano que passou e pedir prosperidade e caminhos abertos para este ano que está começando”, disse.

    Quem também é veterana na celebração é a carioca Inês Cunha. Este é o sétimo ano que ela participa da festa e, segundo a carioca, já virou tradição usar a mesma camisa branca com o trecho de uma música em homenagem à Rainha do Mar.

    "Eu uso essa camisa, porque ela tem o trecho de uma música da Império Serrano, de quando a escola de samba fez uma homenagem à Iemanjá”, explicou.

    “Hoje é um dia para se recomeçar com as raízes, com a ancestralidade. Cada vez que a gente vem, a gente descobre uma coisa diferente. Já fiz minha oração, molhei os pés no mar, participei da roda de samba e agora estou volta do para o hotel”.

    Quem ficou responsável pelo presente principal de Iemanjá foi a Casa de Oxumarê, localizada na Avenida Vasco da Gama, em Salvador. Ele será entregue por volta das 16h desta sexta.

    O tema deste ano é Olokun que, segundo os organizadores, é o espírito do vasto do oceano que mora nas profundezas, e foi escolhido através de um jogo de búzios feito pelo babalorixá da Casa de Oxumarê, Babá Pecê.

    "Temos dois presentes hoje: um foi o sonho dos pescadores e [o outro], a concha, foi escolhida pelo oráculo. A concha representa não só a riqueza do mar, o oxogênio, mas também a mudança do ser", explicou Babá Pecê.

    Entre os adornos utilizados no presente estavam conchas, flores, uma imagem que representa a Rainha do Mar, comidas, além de outras "coisas secretas" que, de acordo com os organizadores, não podem ser detalhadas.

    Autoridades políticas estiveram no local, a exemplo do governador Jerônimo Rodrigues e do vice-governador Geraldo Júnior. O prefeito de Salvador, Bruno Reis, deve comparecer pela tarde dutante a entrega do presente.

  • Parte de prédio que abrigou restaurante citado em obra de Jorge Amado desaba em Salvador

    Parte do prédio que abrigou o Restaurante Colon por 107 anos, em Salvador, desabou na manhã desta quinta-feira (25), um dia após ser interditado pela Defesa Civil da capital baiana (Codesal). Tradicional na capital baiana, o estabelecimento localizado no bairro do Comércio, foi citado na obra "O Sumiço da Santa", do escritor baiano Jorge Amado.

    Por causa do risco de desabamento, parte da Praça Conde dos Arcos, localizada na Rua da Holanda, também foi isolada na quarta-feira. Enquanto o acesso ao local está interditado, a opção de tráfego, segundo a Superintendência de Trânsito do Salvador (Transalvador), é seguir pela contramão, na Rua Alvares Cabral.

    De acordo com a Defesa Civil de Salvador (Codesal), por falta de manutenção, o prédio foi evacuado, em vistoria realizada no dia 28 de setembro de 2020, e o responsável pelo estabelecimento, aberto na época, foi notificado a suspender as atividades comerciais e evacuar o imóvel imediatamente.

    A interdição ocorreria até que o risco fosse sanado com a realização de serviços de recuperação e reforço estrutural das partes instáveis do imóvel, principalmente nos três últimos pavimentos superiores, sob a supervisão de um profissional habilitado junto ao Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA).

    Segundo a Codesal, a solicitação de inspeção predial foi encaminhada, então, à Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur) para a interdição do restaurante e imóvel. Na época, o prédio apresentou desprendimento de reboco da fachada lateral.

    A secretaria informou ainda que, na quarta-feira (24), a Codesal realizou uma nova vistoria no local, fechado há cerca de três anos, interditando, por precaução, a área do entorno com a ajuda da Transalvador.

    A Codesal ressaltou que até então, não houve necessidade de interditar os imóveis próximos. Antes do prédio desabar, equipes da secretaria retornaram nesta quinta-feira (25), ao local com técnicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para nova avaliação.

    Imóvel em área tombada pelo Iphan
    Em nota, o Iphan informou que tem um processo aberto de fiscalização, desde 2022, para apurar possível degradação do imóvel, que está em área tombada pelo Instituto.

    Em vistoria realizada nesta quinta, antes do desabamento, foi constatado que o prédio estava em estado de degradação. O Iphan afirmou que por se tratar de imóvel particular, a responsabilidade pela conservação dos bens tombados é dos proprietários.

    O Iphan explicou que tem acionado órgãos públicos para se ter os nomes dos proprietários do prédio para adoção das medidas cabíveis, podendo gerar multa, em caso de negligência. Disse ainda que recebeu uma informação sobre a identidade do dono e o auto de infração está sendo emitido.

    Fechamento do restaurante
    Após 107 anos de funcionamento, o Restaurante Colon fechou as portas em novembro de 2021.

    Fundado em 1914 por José Maria Orge, que saiu da Galícia, na Espanha, para fugir da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o restaurante já recebeu a presença de personalidades como Jorge Amado, Carlinhos Brown, Neuza Borges, Tatti Moreno, Nelson Rufino, entre outros.

    A decisão de fechar o local ocorreu após a pandemia da Covid-19. O último dia foi marcado por um sentimento de tristeza para clientes e funcionários.

    No entanto, os donos do restaurante decidiram reabrir o estabelecimento em outro imóvel, localizado na Rua Conselheiro Saraiva, também no bairro do Comércio.

  • Vendedores ambulantes são deslocados para 'passarela' no carnaval de Salvador; entenda

    Os vendedores ambulantes que trabalham na Barra terão uma área específica no carnaval de Salvador em 2024. A prefeitura vai montar uma espécie de passarela atrás da balaustrada da orla para os trabalhadores.

    O anúncio foi feito pelo titular da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop), Alexandre Tinoco. "Eles poderão ficar de forma confortável e segura, podendo servir as pessoas através da balaustrada", disse à TV Bahia nesta quarta-feira (24).

    Entenda a diferença:
     Nos carnavais anteriores, os ambulantes ficavam na calçada, na frente da balaustrada.

     Neste ano, esses trabalhadores poderão ficar na estrutura montada ao fundo, especialmente para eles.

     O espaço vai abrigar também os isopores grandes dos ambulantes — o kit entregue pela prefeitura a cada trabalhador de serviço no carnaval é composto por um isopor grande e dois pequenos. Na folia de 2024, a caixa maior não poderá ficar na calçada.

     Mas os ambulantes poderão circular pela calçada e pela pista para se aproximar dos blocos, por exemplo, desde que usem os isopores pequenos.

    O objetivo com isso é "desafogar" as ruas do circuito para facilitar a circulação de pessoas.

    A estrutura está sendo montada entre o Farol da Barra e o Barra Vento. A estimativa da Semop é de que cerca de 320 a 350 ambulantes ocupem o espaço.

    Ao todo, considerando o Circuito Dodô, que vai da Barra à Ondina, e o Circuito Osmar, no Campo Grande, 4.110 trabalhadores foram cadastrados para o carnaval deste ano.

Deixe um comentário

Certifique-se de preencher os campos indicados com (*). Não é permitido código HTML.