Segunda, 13 Maio 2024 | Login
França eleva nível de segurança e multidão vai às ruas. França eleva nível de segurança e multidão vai às ruas.

França eleva nível de segurança e multidão vai às ruas.

Minutos após o ataque que deixou 12 mortos no jornal Charlie Hebdo, em Popincourt, Paris, a França elevou seu alerta de segurança para o nível mais alto e reforçou as medidas de proteção em templos, lojas, escritórios de empresas de comunicação e de transporte, além dos aeroportos. Já as escolas foram fechadas.
De acordo com o porta-voz da polícia, Rocco Contento, diante do clima de insegurança e da possibilidade de outros ataques, os centros turísticos de Paris, assim como o metrô, que inicialmente haviam sido interditados pelas forças do Exército, passaram a ser monitorados pela polícia.

O presidente francês, François Hollande, decretou “luto nacional” de três dias após o ataque mais mortal no país em décadas, chamou os jornalistas de “nossos heróis de hoje” e renovou seu apelo à união do país. “Nossa melhor arma é a nossa união. Nada pode nos dividir, nada deve nos separar”, declarou o chefe de Estado, durante discurso à nação, transmitido ontem por emissoras de televisão.

Manifestação

O clima de tensão espalhou-se pela capital parisiense e logo provocou reações. Mais de cem mil pessoas foram às ruas de cidades de toda a França para homenagear as vítimas da tragédia, segundo estimativas da AFP.

Em Paris, 35 mil pessoas foram à Praça da República, no centro da cidade, perto da sede do Charlie Hebdo, segundo a polícia. Muitos exibiam um adesivo preto, com a mensagem “Je suis Charlie” (“Eu sou Charlie”), um lema em solidariedade às vítimas do ataque.
“Eu lia o Charlie quando jovem. Wolinski foi o desenhista da minha juventude”, declarou, em Lyon, William Ouzilou, de 62 anos, que participou da marcha com a esposa. “Não podemos deixar que a liberdade de imprensa, a liberdade de expressão, sejam covardemente assassinadas, não construímos nada sobre a barbárie”, acrescentou.

De acordo com a estudante de comunicação baiana Maria Dominguez, 20 anos, que mora há cinco meses na capital francesa, o movimento na Praça da República não teve complicações.

“Foi muito tranquilo, apesar da quantidade de gente. Foi um ato de solidariedade mesmo. Os presentes estavam com velas, flores, canetas e exemplares da revista na mão. Gritavam ‘Je suis Charlie’, ‘Liberté des crayons’ (liberdade dos/aos lápis) e ‘Charlie Hebdo on a besoin de toi’ (Charlie Hebdo, a gente precisa de você)”.

Mesmo com o clima de insegurança, Maria diz que a rotina das pessoas em Paris seguiu normalmente. “Quando cheguei na estação da Bastilha, os agentes da empresa que administra o transporte público de Paris (RATP) estavam interditando a linha 5, que tem conexão com a 8. Todo mundo sabia e percebia que tinha algo acontecendo, mas tudo fluía de forma natural”, disse.

Segurança

Os ataques levaram à intensificação das medidas de segurança na capital francesa. O atentado de ontem é o mais mortífero do país desde 1961, segundo os jornais Le Figaro e Le Monde.

Naquele ano, o grupo OAS (Organização do Exército Secreto, em francês) colocou uma bomba na linha de trem entre Estrasburgo e Paris. Os artefatos explodiram em Vitry-le-François, na região de Champagne, fazendo com que os vagões descarrilassem, matando 28 pessoas.
Na Espanha, a sede do jornal El País, em Madri, foi abandonada às pressas por funcionários da empresa horas depois do atentado em Paris por causa de uma suspeita de bomba no interior do prédio. No entanto, o jornal publicou matéria revelando tratar-se de uma garrafa conectada de forma rudimentar a uma lata de spray que, segundo a Polícia Nacional, não oferecia qualquer perigo.

O massacre em Paris também é o pior ataque à mídia desde o massacre de Maguindanao, em 2009, nas Filipinas, quando pelo menos 34 foram mortos. O artista sueco Lars Vilks, que provocou polêmica em 2007 após publicar desenhos do profeta Maomé como um cachorro, também teve a sua segurança reforçada após o ataque.

A Itália reforçou a segurança em “alvos sensíveis” após o ataque ao jornal satírico francês Charlie Hebdo. O governo citou a presença do Vaticano e a participação italiana em coligações antiterrorismo.

Chefes de Estado condenam ataque e se solidarizam à França

Diversos chefes de Estado e autoridades mundiais manifestaram ontem seu repúdio ao ataque à sede do jornal francês Charlie Hebdo. A presidente da República, Dilma Rousseff, disse, em nota, que o ataque fere a liberdade de imprensa. “Esse ato de barbárie é um inaceitável ataque a um valor fundamental das sociedades democráticas – a liberdade de imprensa”.

Ela também prestou condolências aos familiares das vítimas e se solidarizou ao presidente Hollande e ao povo francês. A Associação Nacional de Jornais do Brasil também condenou o ataque em nota: “Trata-se de um ato terrorista, injustificável como toda ação do gênero”.
Na Espanha, a sede do jornal El País, em Madri, foi abandonada às pressas por funcionários da empresa horas depois do atentado em Paris por causa de uma suspeita de bomba no interior do prédio. No entanto, o jornal publicou matéria revelando tratar-se de uma garrafa conectada de forma rudimentar a uma lata de spray que, segundo a Polícia Nacional, não oferecia qualquer perigo.

“Foi um horroroso e injustificável crime a sangue-frio”, afirmou o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon. Ele disse que se trata de um “ataque direto” à liberdade de expressão e de informação, que qualificou como um “pilar da democracia”.

O papa Francisco também expressou sua “firme condenação” ao atentado. Segundo o Vaticano, o pontífice disse que o ataque “semeou a morte, levando consternação a toda a sociedade francesa e afetando profundamente todas as pessoas amantes da paz”.

Já o presidente dos EUA, Barack Obama, também condenou o ataque à redação da revista. “A França é o mais antigo aliado da América e tem ficado lado a lado com os EUA na luta contra terroristas que ameaçam o mundo e nossa segurança comum”, afirmou em um comunicado divulgado pela Casa Branca. Ele afirma que está em contato com as autoridades francesas e ofereceu qualquer ajuda necessária.

O premiê britânico, David Cameron, também reforçou seu apoio à França na luta contra o terrorismo. “Os assassinatos em Paris são doentios. Nós estamos ao lado dos franceses na luta contra o terrorismo e na defesa da liberdade de imprensa”, disse em um comunicado oficial. A chanceler alemã, Angela Merkel, disse que a Alemanha apoia a França neste momento difícil.

“Um ataque que ninguém pode justificar contra a liberdade de imprensa e de opinião, um fundamento de nossa cultura livre e democrática”, afirmou em nota.

Líderes muçulmanos repudiam atentado terrorista a jornal

Líderes muçulmanos condenaram o ataque contra a redação do jornal satírico francês, mas, ao mesmo tempo, alertaram que o crescimento do sentimento anti-islâmico na Europa aumentou o apoio aos jihadistas de todo o continente.

Nas capitais de nações muçulmanas, ministros manifestaram no rádio solidariedade com a França. Na Europa, líderes muçulmanos condenaram o ataque e fizeram pedidos por tolerância. Organizações islâmicas condenaram o ataque na internet e usaram a hashtag #CharlieHebdo para expressar solidariedade.

A Liga Árabe e a Al Azhar, principal autoridade do Islã sunita e a segunda mais antiga do mundo, repudiaram o atentado terrorista. Em comunicado, o chefe da Liga Árabe, Nabil Al Arabi, informou que “condena energicamente o ataque”.

A Al Azhar também condenou o que chamou de “ataque criminoso”, afirmando que “o Islã denuncia qualquer violência” e que “não aprova o uso da violência, mesmo em resposta a qualquer ofensa cometida contra os sentimentos sagrados dos muçulmanos”.

Mais cedo, o Conselho Francês do Culto Muçulmano (CFCM), primeira comunidade muçulmana da Europa, com mais de três milhões de membros, qualificou de “ato bárbaro” o atentado ao jornal Charlie Hebdo. “Este ato bárbaro de extrema gravidade é também um ataque contra a democracia e a liberdade de imprensa”, acrescentou o conselho.

Itens relacionados (por tag)

  • Dono do Instagram e Facebook, Mark Zuckerberg vai criar gado

    O CEO da Meta, Mark Zuckerberg, anunciou nesta terça-feira, 09, que está começando a criar gado em sua fazenda no Havaí. O bilionário disse que o objetivo é produzir carne de qualidade. “Meu objetivo é criar uma das carnes de mais alta qualidade do mundo”, escreveu na publicação.

    Zuckerberg disse que o gado será alimentado com farinha de macadâmia e cerveja. A fazenda de Zuckerberg fica na ilha de Kauai, no Havaí. Ela tem uma área de 1.500 acres, o equivalente a cerca de 600 hectares.

    O empresário disse que suas filhas, Max e August, estão ajudando no cultivo das árvores de macadâmia e no cuidado com os animais. Alguns usuários elogiaram o bilionário por seu interesse em produzir carne de alta qualidade. Outros, no entanto, criticaram a dieta de macadâmia e cerveja para o gado, argumentando que ela pode ser prejudicial à saúde dos animais.

  • Oscar Pistorius é libertado 11 anos após assassinato da namorada

    O ex-astro paralímpico sul-africano Oscar Pistorius foi libertado sob condicional nesta sexta-feira (5), quase 11 anos depois de assassinar sua namorada em um crime que chocou uma nação há muito acostumada com a violência contra as mulheres.

    Pistorius –apelidado de "Blade Runner" por suas pernas protéticas de fibra de carbono– atirou e matou a modelo Reeva Steenkamp, de 29 anos, através de uma porta de banheiro trancada no Dia dos Namorados de 2013.

    Ele repetidamente afirmou que confundiu Steenkamp com um intruso quando disparou quatro tiros no banheiro de sua casa em Pretória, e lançou múltiplos recursos contra sua condenação com base nesse argumento.

    "O Departamento de Serviços Correcionais pode confirmar que Oscar Pistorius é um liberado condicional, efetivamente a partir de 5 de janeiro de 2024. Ele foi admitido no sistema de Correções Comunitárias e agora está em casa", disse o departamento de prisões do país em um comunicado.

    Em um comunicado divulgado pelo advogado da família Steenkam, a mãe de Reeva, June, disse: "Nunca poderá haver justiça se o seu ente querido nunca mais voltar, e nenhum tempo de prisão trará Reeva de volta".

    "Nós, que ficamos para trás, somos os que cumprimos pena de prisão perpétua", disse June Steenkamp, acrescentando que o seu único desejo era poder viver em paz após Pistorius ter sido colocado em liberdade condicional.

    Pistorius, agora com 37 anos, passou cerca de oito anos e meio na prisão, além de sete meses em prisão domiciliar antes de ser condenado por assassinato. Um conselho de liberdade condicional decidiu em novembro que ele poderia ser libertado após cumprir mais da metade de sua sentença.

    Um oficial de monitoramento irá vigiá-lo até o término de sua sentença em dezembro de 2029, e Pistorius terá que informar se busca oportunidades de emprego ou muda de endereço.

    Ele também é obrigado a continuar a terapia de controle de raiva e participar de sessões sobre violência de gênero como parte de suas condições de liberdade condicional, disse a família Steenkamp.

    June Steenkamp disse que as condições impostas pelo conselho de liberdade condicional confirmaram sua crença no sistema de Justiça sul-africano, pois enviam uma mensagem clara de que a violência de gênero é levada a sério.

    Mas uma organização local de defesa dos direitos das mulheres disse que o caso Pistorius mostra que há falta de responsabilização dos perpetradores e justiça inadequada para as vítimas da violência no país.

    "Estamos falando sobre a vida de alguém que foi tirada... O fato de alguém poder sair em liberdade oito anos depois nos diz que não é grande coisa", disse à Reuters a porta-voz do Women For Change, Bulelwa Adonis.

    Adonis disse que, em média, 12 mulheres são assassinadas na África do Sul todos os dias.

    Enquanto alguns sul-africanos consideram a punição de Pistorius branda, outros acham que ele cumpriu a pena.

    "Deixem o homem ir para casa, ele cumpriu a sua pena, e lembrem-se, trata-se também de ser reintegrado na sociedade", disse Kefentse Botolo, 42, morador de Pretória.

    A mídia local espera que Pistorius more na casa de seu tio Arnold, em um subúrbio rico de Pretória, onde uma multidão de repórteres se reuniu em frente ao portão na sexta-feira.

    Seu advogado não respondeu imediatamente às mensagens ou telefonemas solicitando comentários.

    Pistorius já foi o queridinho do mundo dos esportes e uma voz pioneira para atletas com deficiência, pelos quais fez campanha para poder competir entre os atletas sem deficiência em grandes eventos esportivos.

    Em agosto de 2012, meses antes de atirar em sua namorada, Pistorius se tornou o primeiro duplo amputado a competir nas Olimpíadas de Londres, onde chegou às semifinais dos 400 metros.

    Ele ganhou duas medalhas de ouro nas Paraolimpíadas.

    Ele foi preso pela primeira vez por cinco anos em outubro de 2014, condenado por homicídio culposo. Depois de os seus procuradores recorrerem dessa decisão, o Supremo Tribunal de Recurso considerou-o culpado de homicídio em dezembro de 2015.

    Mas ele só pegou seis anos quando foi condenado em julho de 2016, apesar de os procuradores defenderem uma pena mínima de 15 anos.

    Depois, em novembro de 2017, o Supremo Tribunal de Recurso mais do que duplicou a sua sentença para 13 anos e cinco meses, descrevendo a sua pena anterior como "chocantemente branda".

    Pistorius conheceu o pai de Reeva, Barry Steenkamp, em 2022, num "diálogo vítima-infrator", parte integrante do sistema de justiça restaurativa da África do Sul.

    Baseada, em parte, na forma como as culturas lidaram com o crime muito antes de os europeus colonizarem a África do Sul, a justiça restaurativa visa encontrar um encerramento para as partes afetadas num crime, em vez de meramente punir os perpetradores.

  • Principal central sindical da Argentina convoca greve geral em janeiro

    O mais importante grupo sindical da Argentina convocou nesta quinta-feira (28) greve geral para o dia 24 de janeiro, com uma manifestação no Congresso Nacional argentino em repúdio a uma série de medidas promovidas pelo governo do presidente ultraliberal Javier Milei.

    A Confederação Geral do Trabalho (CGT), que reúne diversos sindicatos do país sul-americano, divulgou em comunicado um “plano de luta” que inclui também apresentação judicial contra um decreto anunciado na semana passada por Milei e um projeto de lei enviado na quarta-feira ao Congresso para discuti-lo em sessões extraordinárias antes de 31 de janeiro.

    A CGT também prevê solicitar reuniões com todos os blocos de deputados e senadores e reuniões com outras confederações trabalhistas para articular mais medidas.

    As iniciativas do governo, que no caso do decreto podem ser revogadas pelo Congresso e no caso do projeto de lei devem ser aprovadas por deputados e senadores, incluem a eliminação de regras trabalhistas, a privatização de empresas estatais e a modificação do Código Civil e Comercial.

    O projeto de lei apresentado na quarta-feira inclui ainda a declaração da emergência econômica e a delegação de parte dos poderes legislativos ao Executivo até o final de 2025, com a opção de prorrogação por mais dois anos.

    O presidente libertário diz que pretende reduzir o Estado e eliminar o déficit fiscal para que a economia volte a crescer, mas milhares de pessoas saíram às ruas para protestar contra as medidas desde que ele as anunciou.

Deixe um comentário

Certifique-se de preencher os campos indicados com (*). Não é permitido código HTML.