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Tea Party pode Ampliar Influência no Congresso dos EUA Tea Party pode Ampliar Influência no Congresso dos EUA Tea Party

Tea Party pode Ampliar Influência no Congresso dos EUA

Quatro anos depois de um desempenho arrebatador nas eleições de meio mandato americanas, o movimento conservador Tea Party deve voltar a marcar presença nas eleições para o Legislativo nesta terça-feira nos Estados Unidos, ainda que de forma mais discreta.

Segundo analistas, a expectativa é de que candidatos republicanos apoiados pelo Tea Party conquistem nestas eleições legislativas cerca de oito cadeiras na Câmara dos Representantes - equivalente a deputados federais - que atualmente estão nas mãos de republicanos tradicionais.

Caso se confirme, o resultado deve representar um desafio não apenas ao presidente Barack Obama e seu Partido Democrata, mas também à liderança republicana na Câmara, já que políticos ligados ao Tea Party costumam ter posições mais à direita que os representantes tradicionais do partido e se opõem a muitas de suas iniciativas, consideradas por eles moderadas demais.

"Eles estão desafiando agressivamente os republicanos em todos os níveis", diz a analista Elaine Kamarck, do instituto Brookings.

Segundo o analista Yascha Mounk, em artigo publicado pelo think tank Council on Foreign Relations, o Tea Party provocou uma "guerra civil" dentro do Partido Republicano.

Mounk cita entre as diversas "baixas" desta guerra o líder da maioria na Câmara, o republicano Eric Cantor, que foi derrotado na primária republicana no Estado da Virgínia em junho por um adversário mais conservador e relativamente desconhecido, Dave Brant. A derrota surpreendente levou Cantor a renunciar.

"O Tea Party está pronto para grandes avanços nestas eleições e deverá tomar o Congresso como refém com suas táticas obstrucionistas", prevê o analista.

Pesquisas

São disputadas nestas eleições todas as 435 cadeiras da Câmara, um terço das 100 cadeiras do Senado, governos de 36 dos 50 Estados e de três territórios e diversas prefeituras.

Pesquisas de intenção de voto indicam que o Partido Republicano deverá manter o controle da Câmara dos Representantes, conquistando cerca de dez novas cadeiras.

O partido também tem grandes chances de tirar o controle do Senado das mãos dos democratas.

Das 36 cadeiras do Senado em jogo nestas eleições, 21 estão atualmente nas mãos de democratas e 15 com republicanos.

As projeções indicam que os republicanos poderão conquistar o mínimo de seis cadeiras necessárias para ganhar a maioria no Senado.

Presidente Obama fez campanha para candidatos democratas, mas sua baixa popularidade é vista como problema em alguns Estados.

Presidente Obama fez campanha para candidatos democratas, mas sua baixa popularidade é vista como problema em alguns Estados.

Paralisação

A expectativa nesta reta final é bem diferente do clima do início do ano, quando muitos democratas acreditavam que poderiam não apenas manter o Senado, mas também reconquistar o controle da Câmara, aproveitando a crise de popularidade que assolava o Congresso.

Na época, ainda estava vivo na memória dos eleitores o fiasco dos 16 dias em que o governo ficou paralisado em 2013 por falta de acordo entre Casa Branca e Congresso sobre o orçamento federal.

Pesquisas indicavam que o público culpava os republicanos pela paralisação, o que poderia resultar em perdas para o partido nas eleições legislativas.

Um ano depois da paralisação, porém, o cenário é outro. Parte dessa mudança se deve ao fato de que o descontentamento dos americanos também é direcionado aos democratas e, especialmente, a Obama, que enfrenta baixa recorde de popularidade, com taxa de aprovação de apenas 40%, segundo pesquisa Gallup.

Outro fator foram os problemas na implementação do chamado Obamacare, o polêmico programa de saúde do presidente, que ocorreram ao mesmo tempo que a paralisação do governo e, segundo analistas, acabaram com qualquer vantagem que os democratas poderiam ter.

Além disso, o surgimento de assuntos considerados mais urgentes, como o avanço do ebola ou a ameaça do grupo auto-denominado 'Estado Islâmico', contra o qual os Estados Unidos estão lançando ataques, acabou desviando a atenção dos eleitores americanos, que mal lembram da paralisação de um ano atrás.

Há ainda uma tendência histórica de que as eleições de meio mandato costumem favorecer o partido opositor ao do ocupante da Casa Branca.

Futuro

Segundo uma pesquisa Gallup divulgada no mês passado, um em cada quatro americanos afirma apoiar o Tea Party.

O levantamento também indica que 73% dos republicanos identificados com o Tea Party estão "muito motivados" a votar nestas eleições, ante 57% dos republicanos que não apoiam o movimento e 42% dos eleitores que não são republicanos.

"Apesar de o Tea Party estar menos visível nesta campanha, a forte motivação de seus adeptos a votar ressalta a importância do movimento para o resultado das eleições", dizem os responsáveis pela pesquisa.

Mas apesar das projeções favoráveis à performance de candidatos ligados ao Tea Party e de algumas vitórias marcantes sobre republicanos tradicionais em primárias do partido em Estados como Virgínia, Texas, Nebraska e Virginia Ocidental, o desempenho do movimento deve ser mais modesto do que o registrado em 2010.

Para analistas, o Partido Republicano aprendeu a lição depois das eleições de 2010 e 2012, quando muitos candidatos do Tea Party venceram primárias republicanas mas acabaram se revelando inelegíveis devido a suas posições radicais, enterrando as chances dos republicanos de conquistar a maioria no Senado.

Mesmo assim, analistas afirmam que o impacto do Tea Party ultrapassa o resultado destas eleições e avaliam que o movimento já empurrou o Partido Republicano para a direita de maneira geral.

Ou seja, mesmo candidatos republicanos tradicionais que disputam estas eleições, em muitos casos venceram primárias e ganharam a indicação graças à adoção de posições mais conservadoras.

"Graças ao seu sucesso em radicalizar o Partido Republicano, o Tea Party ganhou tanta influência na Câmara que pode exercer veto efetivo sobre toda a máquina legislativa dos Estados Unidos", diz Mounk.
A expectativa agora é sobre que impacto essa divisão entre os conservadores poderá ter nas eleições presidenciais de 2016.

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    "Estamos falando sobre a vida de alguém que foi tirada... O fato de alguém poder sair em liberdade oito anos depois nos diz que não é grande coisa", disse à Reuters a porta-voz do Women For Change, Bulelwa Adonis.

    Adonis disse que, em média, 12 mulheres são assassinadas na África do Sul todos os dias.

    Enquanto alguns sul-africanos consideram a punição de Pistorius branda, outros acham que ele cumpriu a pena.

    "Deixem o homem ir para casa, ele cumpriu a sua pena, e lembrem-se, trata-se também de ser reintegrado na sociedade", disse Kefentse Botolo, 42, morador de Pretória.

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    Seu advogado não respondeu imediatamente às mensagens ou telefonemas solicitando comentários.

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    O projeto de lei apresentado na quarta-feira inclui ainda a declaração da emergência econômica e a delegação de parte dos poderes legislativos ao Executivo até o final de 2025, com a opção de prorrogação por mais dois anos.

    O presidente libertário diz que pretende reduzir o Estado e eliminar o déficit fiscal para que a economia volte a crescer, mas milhares de pessoas saíram às ruas para protestar contra as medidas desde que ele as anunciou.

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