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Comerciantes relatam perda de 100% nas vendas durante apagão

Comerciantes relatam perda de 100% nas vendas durante apagão

“Não vendi nem água.” Este é o relato de Ciro Gonzaga, proprietário da Cafeteria Lacerda Café e um dos comerciantes afetados pela interrupção no fornecimento de energia que atingiu 25 estados brasileiros e o Distrito Federal nesta terça-feira (15). Vinte minutos após a abertura do estabelecimento, localizado no bairro do Comércio, ele e a única funcionária do local foram surpreendidos com o apagão, responsável por impactar diretamente no faturamento do dia.

De acordo com uma projeção da Fecomércio, o apagão pode ter gerado perda de vendas, por hora parada, de R$ 2,2 milhões. Segundo o presidente do Sindicato de Lojistas do Estado da Bahia (Sindilojas-BA), Paulo Motta, a interrupção "desorganizou a operação do sistema produtivo e as perdas são imensuráveis para o comércio de bens".

O relógio marcava 12h quando Ciro conversou com o CORREIO e, até esse horário, o fornecimento não havia sido restabelecido no bairro. No período de baixa estação, Ciro vende entre R$ 1.200 e R$ 1.300 diariamente. Com o apagão, a cafeteria não produziu e, consequentemente, nada vendeu, o que configura uma perda de 100% das vendas diárias.

“As máquinas que utilizamos não funcionam sem energia. Foi um dia perdido, porque o maior movimento acontece pela manhã. Não conseguimos recuperar”, explicou.

As mesas do estabelecimento Churrascaria e Pizzaria Modelo também estavam vazias, sem sinal de cliente à vista até as 12h30. O dono, Márcio Santos, disse que a queda no faturamento foi total. Diariamente, o restaurante recebe entre 60 e 80 pessoas para almoço, com o maior pico entre 11h30 e 12h. “A perda é imensurável”, afirmou o proprietário, que não estabeleceu um valor do prejuízo.

O bar Recanto do Gino era um dos poucos estabelecimentos próximos ao Mercado Modelo e ao Elevador Lacerda que tinham clientes nas mesas – poucos, mas tinha. Apesar disso, o administrador do local, Gino Dias, estimou uma redução de mais de 80% nas vendas diárias por causa do apagão. “Estamos vendendo o que conseguimos. Não consegui tirar nem o dinheiro da gasolina para chegar até aqui”, afirmou. Nesta época do ano, o estabelecimento fatura entre R$ 500 e R$ 2.000. Até as 12h, Gino não havia vendido nem R$ 100.

No Depósito de Bebida do Vissor, ainda na região do Comércio, o proprietário Wilson Bispo destacou uma redução de 50% nas vendas durante o horário em que foi afetado pelo apagão, de 9h às 13h, e teve que recorrer às lanternas de celulares e velas para faturar alguma coisa pela manhã: "Foi complicado, porque o movimento maior é pela manhã. Não foi um dia jogado no lixo porque chegou a tempo", explicou Wilson.

Na Avenida Sete, nada diferente: queixas de proprietários e funcionários que recebem comissão por venda, além de dezenas de lojas fechadas. Rute Navarro, proprietária da Artesanato Carinho e Arte, vendeu uma peça durante toda a manhã – a média diária é de 30 peças. Já Jackson Sacramento Junior, funcionário da Kasa Andrade, que tira entre R$ 60 e R$ 70 por comissão diariamente, terminou a manhã zerado.

Quanto aos shoppings centers, o coordenador da Associação Brasileira de Shoppings Centers na Bahia (Abrasce-BA), Edson Piaggio, afirmou que os centros comerciais que possuem geradores não foram prejudicados pelo apagão. A organização, no entanto, não teve como informar quais shoppings possuem o equipamento, nem quais foram os prejuízos.

Transtornos com Pix e pagamento no cartão

Para Roberto Neder, proprietário da loja de jeans Aduana, na Avenida Sete, o maior problema é a forma do pagamento. De acordo com o empresário, 99% das pessoas realizam as compras por meio do cartão de crédito ou da transferência via Pix, processos que ficaram fora do ar por causa da interrupção.

"Não conseguimos fazer venda nenhuma. Estamos aqui zerados", afirmou Roberto, às 12h50, minutos antes do restabelecimento do sistema na Avenida Sete. O empresário vende, em média, 30 peças por dia.

Motorista da Saúde do município de Santa Cruz da Vitória, no interior baiano, Lauro Dias aproveitou que estava em Salvador a serviço para realizar compras na Avenida Sete, mas foi pego de surpresa com o apagão. "É uma turbulência. Estamos com esse problema de passar o cartão na máquina e de encontrar lojas abertas", afirmou Lauro Dias.

Motoristas peregrinam em busca de combustível

Quem teve o azar de ficar com o combustível na reserva na manhã de terça-feira (15), precisou enfrentar filas nos postos de gasolina para conseguir abastecer. Foi o caso de Jorge Baptista, de 64 anos. O aposentado tentou abastecer em três postos diferentes, mas em nenhum deles as máquinas de cartão estavam funcionando.

“Eu passei por uma consulta no hospital e lá fiquei sabendo do apagão, a luz chegou a cair duas vezes. Agora, o carro está na reserva e preciso abastecer para voltar para Brotas”, disse enquanto aguardava na fila em um posto na Avenida Paralela. Alguns postos de gasolina visitados pela reportagem durante a manhã tinham geradores, o que garantiu o funcionamento.

Em um posto próximo à Estação Pernambués, no entanto, mais de dez carros aguardavam o serviço ser restabelecido por volta das 11h. Apesar do fornecimento de energia ter sido retomado, os frentistas aguardavam o processo de automação, que consiste na integração das bombas de combustível com o caixa. “Temos que esperar cerca de meia hora para voltar a funcionar e tem muita gente esperando porque o carro está na reserva e não tem como sair”, disse o frentista Lázaro Lopes.

Entre os que aguardavam na fila estava André, que já havia passado em três postos de gasolina e estava atrasado para o trabalho. “Esse apagão atrapalhou tudo. Estou atrasado para o serviço, mas não posso sair daqui antes de abastecer ou o carro vai parar no meio da rua”, afirmou.

Indústrias

De acordo com o superintendente geral do Comitê de Fomento Industrial de Camaçari (Cofic), Mauro Pereira, a produção no Polo parou por um tempo, que não foi especificado. Os dados sobre uma possível perda produtiva ainda serão apurados. "Não é possível saber [sobre perdas], porque a queda foi geral", explicou Mauro.

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  • Clínica oferece 300 mamografias gratuitas para pacientes de 40 a 70 anos em cidades da Bahia

    Em meio às celebrações do Dia Internacional da Mulher, em março, a clínica CAM vai oferecer 300 mamografias gratuitas para pacientes de 40 a 70 anos. A ação do grupo Oncoclínicas foi idealizada pela mastologista Carolina Argolo e chega ao terceiro ano consecutivo.

    O trabalho é fruto de uma parceria com a rede de postos Shell através da campanha "Meu Combustível Salva".

    “O nosso objetivo é aumentar o acesso de pacientes ao exame de rastreamento, conscientizar a população sobre a importância da prevenção e contribuir para o combate ao câncer de mama”, afirma a médica da CAM, que também é presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia.

    Podem se inscrever para a realização do exame pacientes de 40 anos a 70 anos de idade nas seguintes condições:

    que tenham realizado mamografia há um ano ou mais (ou nunca tenham realizado o exame)
    que sejam usuárias do SUS

    As interessadas devem fazer o agendamento no último sábado de fevereiro através do telefone (71) 3512-8600. Os exames serão feitos nas unidades da clínica em Salvador (Itaigara e Canela) e Lauro de Freitas.

    Em casos de resultados suspeitos, as pacientes serão encaminhadas para diagnóstico final (biópsia) e tratamento no Hospital Aristides Maltez.

    Importância do diagnóstico precoce
    Ao longo de 10 meses, a clínica disponibiliza ainda mais mamografias gratuitas — são duas mil, no total.

    A CAM justifica a iniciativa ao considerar a dificuldade de acesso ao exame no sistema de saúde do país. A mamografia é a forma mais eficaz de diagnóstico precoce do câncer de mama.

    “O exame de mamografia salva vidas, pois é capaz de identificar nódulos muito pequenos, quando eles ainda não são palpáveis”, explica Carolina Argolo. A especialista lembra que o diagnóstico em fase inicial aumenta em 90% a chance de cura.

    Além disso, o início do rastreamento aos 40 anos reduz a mortalidade em 10 anos em 25% dos casos, de acordo com a Sociedade Brasileira de Mastologia, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem.

    Campanha Meu Combustível Salva
    Todas as pessoas que abasteceram seus veículos com gasolina V Power, por meio do aplicativo Shell Box durante o último mês de outubro, contribuíram automaticamente com a doação de mamografias. A iniciativa é parte da campanha “Meu Combustível Salva”, vigente na Bahia e em Sergipe.

  • Após 15 anos, educador social reencontra irmão durante Carnaval de Salvador

    Um abraço longo e emocionado uniu o vendedor ambulante Vitor da Silva, de 42 anos, ao educador social Joaquim Donato dos Santos Júnior, 36 anos, neste Carnaval de Salvador 2024, colocando fim a uma busca que já durava 15 anos. Os dois são irmãos e haviam se encontrado pela última vez em 2009, no enterro do pai deles.

    O reencontro ocorreu na manhã de sexta-feira (9), durante o segundo dia de Carnaval de Salvador. Vitor atuava como vendedor ambulante e catador no Carnaval e Joaquim, que atua como educador social, estava no primeiro dia de plantão do Catafolia, base de apoio para catadores montada pela Prefeitura de Salvador.

    Vitor resolveu ir à base do Dois de Julho para tomar um café. Ao chegar na base, Vitor ouviu a voz de Joaquim e o abordou. Imediatamente, Joaquim perguntou: “É você? Vitor?”. Ao tempo que Vitor perguntou se era Júnior. Depois disso, os dois se abraçaram por um longo tempo e choraram.

    “Eu tive esse privilégio de encontrá-lo depois de 15 anos. O último momento que nos encontramos foi em 2009, no enterro de nosso pai. Foi um momento de tristeza, mas graças a Deus nos reencontramos depois de muita busca minha por ele”, contou Joaquim.

    O Catafolia, local em que os dois se reencontraram, é uma das duas bases de apoio montadas pela Secretaria de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esportes e Lazer (Sempre) para catadores de materiais recicláveis e reutilizáveis. Durante o Carnaval, para cada espaço, são disponibilizadas 400 vagas por dia pela Prefeitura. Na estrutura, os catadores têm acesso a café da manhã, lanche da manhã, almoço e lanche da tarde, além de sanitários químicos e atendimento médico.

    “O que está tendo um significado maior na minha vida hoje é, primeiramente Deus e depois a minha família. Ele me reencontrou neste lugar. Eu nunca imaginei que fosse encontrar com ele aqui dentro, uma pessoa que trabalha com outras que vivem nas ruas. Ele tem esse olhar cuidadoso para quem vive na rua e isso é muito importante, pois quem vive na rua também é ser humano”, disse Vitor.


    Separação – A história de Vitor é marcada por muitos altos e baixos. Filho de Joaquim Donato e de Ana Paula Silva, ele foi criado por uma tia, pois a sua mãe morreu após o parto e o pai não quis cuidar do filho, história muito parecida com o enredo da novela Renascer, obra de Benedito Ruy Barbosa que atualmente está tendo um remake. Esse foi um dos traumas que o empurrou para o alcoolismo.

    “O meu pai também era alcoólatra, bebia muito. Depois entrou para a igreja e parou, mas Deus levou ele. Eu não tive uma infância muito boa. Por causa do meu problema com o alcoolismo, a minha mãe de criação me colocou para dormir na laje, no relento, me cobrindo com pano de chão. Dormi nas ruas por cinco meses. Mas eu sempre pensei que um dia daria a volta por cima e a minha volta por cima começou há nove anos, quando conheci a minha esposa e hoje mãe da minha filha”, contou.

    Joaquim Donato Júnior e Vitor são os únicos filhos vivos de Joaquim, pai. Eles perderam dois irmãos de forma trágica. A irmã Ana Paula morreu atropelada e o irmão Marcos morreu afogado. Vitor chegou a morar um período com Joaquim e o pai, mas devido a uma briga de família, saiu de casa. Após o enterro do pai, os irmãos não se viram mais, e como Vitor não tem redes sociais e nem tinha aparelho celular à época, foi muito difícil o reencontro.

    Busca – A tentativa de encontrar Vitor, foi um dos aspectos que motivou Joaquim Donato a trabalhar como educador social. Ele entrou no Consultório nas Ruas, um serviço da atenção básica do Sistema Único de Saúde (SUS), e em alguns momentos fez buscas por Vitor nos bairros de Itinga, Sete de Abril e Castelo Branco, mas não o encontrou.

    “Eu fiquei sabendo que ele estava se reunindo com outras pessoas dependentes de álcool no Largo do Caranguejo, em Itinga, no ‘sindicato’, como as pessoas costumam chamar esses grupos aqui em Salvador. Também soube que ele andou um tempo nas ruas e em Centros de Recuperação, por isso fiz essas buscas por esses bairros, mas sem sucesso”, contou.

    Encontro – Joaquim está no Serviço Especializado em Abordagem Social (SEAS) da Sempre desde 19 de janeiro, há menos de um mês. “No momento em que eu me candidatei para a vaga, o meu objetivo era trabalhar com a população em situação de rua, na esperança de encontrar o meu irmão. Foi assim, que no meu primeiro plantão do Catafolia, eu o encontrei e quase não acreditei”, contou.

    “O momento foi muito emocionante, eu só fiz chorar bastante. O choro foi de felicidade, de alegria. Eu cheguei em casa sem acreditar, estatelado. Falei com a minha mãe, ela também não acreditou, aí mostrei a foto dele e da filha dele, foi aí que ela já pediu para marcar um dia para eles irem na nossa casa”, descreveu Joaquim.

    “No momento que eu o encontrei, eu já estava meio sem acreditar, mas como a nossa fé vem de lá de cima, Deus nos uniu de novo e ninguém vai nos separar. E se hoje eu estou tendo a oportunidade de contar a minha história, é graças ao Serviço Social. Ninguém faz esse trabalho, a não as pessoas que trabalham com a atenção social e com o morador de rua. Essa é uma história de superação. Eu já passei fome também e já dormi no relento, eu sei o que é isso, mas Deus colocou vocês aqui para nos ajudar. A função de vocês, incluindo a do meu irmão, é ajudar o povo. A minha vida agora é só agradecer. Eu sou muito grato”, agradeceu Vitor.

    Os planos dos irmãos agora são se manter unidos e fortalecidos. “O que eu mais queria era esse encontro e agora Vitor pode ter certeza que eu vou ajudá-lo no que precisar. E a minha sobrinha, que eu nem sabia que tinha, já é o meu xodó”, contou Joaquim, que mora apenas com a mãe e não tem filhos.

  • Americanas abre quase 400 vagas temporárias na Bahia para a Páscoa

    A Americanas está recrutando funcionários para vagas temporárias na Páscoa. Do total, 393 vagas são para atuação em lojas da Bahia. Em todo o país, a empresa abriu mais de 6 mil vagas para o período, para o cargo de operador de loja.

    As vagas da Bahia estão distribuídas nas cidades de Salvador, Alagoinhas, Amargosa, Barreiras, Bom Jesus da Lapa, Brumado, Cachoeira, Caetité, Camacan, Camaçari, Camamu, Campo Formoso, Candeias, Catu, Conceição do Coité, Conceição do Jacuípe, Cruz das Almas, Dias D'ávila, Entre Rios, Esplanada, Euclides da Cunha, Eunápolis, Feira de Santana, Gandu, Guanambi, Ibotirama, Iguaí, Ilhéus, Ipiaú, Ipirá, Irará, Irecê, Itaberaba, Itabuna, Itamaraju, Itaparica, Itapetinga, Jacobina, Jaguaquara, Jequié, Juazeiro, Lauro De Freitas, Livramento Nossa Senhora, Luís Eduardo Magalhães, Maraú, Mata De São João, Monte Santo, Nova Pojuca, Nova Viçosa, Paulo Afonso, Porto Seguro, Presidente Tancredo Neves, Queimadas, Remanso, Ribeira do Pombal, São Gonçalo dos Campos, Santa Luz, Santa Maria da Vitória, Santo Amaro, Santo Antônio de Jesus, Santo Estevão, Seabra, Senhor do Bonfim, Serrinha, Simões Filho, Santa Cruz de Cabrália, Teixeira de Freitas, Tucano, Ubaitaba, Ubatã, Valença e Vitória da Conquista.

    O perfil procurado pela empresa é de pessoas com idade a partir de 18 anos, ensino médio completo e perfil dinâmico, ágil e resiliente para atuar como operador de loja. Entre as atividades estão o atendimento ao cliente, operação de caixa, organização de itens nas gôndolas, parreiras de ovos de Páscoa e suporte à operação de retirada, na loja, de pedidos feitos pelo site e app da Americanas.

    As oportunidades não exigem experiência prévia e os interessados devem ter disponibilidade para trabalhar entre fevereiro e abril.

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