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Carta de Princípios tenta barrar violência contra jornalistas; ataques chegam a 1 por dia

Carta de Princípios tenta barrar violência contra jornalistas; ataques chegam a 1 por dia

Uma profissão de risco. É assim que muitos jornalistas definem a atividade que desempenham todos os dias, e não é para menos. Os dados oficiais apontam que somente no ano passado 376 profissionais da imprensa foram agredidos durante a atividade de trabalho no Brasil. Um ataque por dia. Nesta sexta-feira (7), é comemorado o Dia Nacional do Jornalista e, para marcar a data, a Associação Bahiana de Imprensa (ABI) e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado da Bahia (Sinjorba) lançaram uma Rede de Combate à Violência Contra Profissionais de Imprensa, nesta terça-feira (4).

Durante o evento, foi apresentada a Carta de Princípios da Rede e marcada a primeira reunião de trabalho do grupo, que envolve representantes das duas associações, órgãos públicos e empresas de jornalismo. O encontro aconteceu no edifício-sede da ABI, na Praça da Sé, e teve participação de diversas autoridades.

Segundo o presidente do Sinjorba, Moacy Neves, existe cerca de 5 mil jornalistas registrados na Bahia, sendo 3 mil em atuação. Os números não incluem os profissionais de outros estados que trabalham na Bahia. Em 2022, foram 14 casos de agressão contra jornalistas no estado. Este ano, em janeiro e fevereiro, foram cinco ocorrências, mas ele frisou que há subnotificação nos dados.

“Esses são casos que comprovamos, mas para cada caso registrado há dois que deixaram de ser denunciados, porque a categoria tem medo de denunciar, por perseguição e até mesmo por conta da repercussão que pode ter sobre a carreira profissional. A maioria das ocorrências acontece no interior e é praticada por agentes públicos, como prepostos das prefeituras e vereadores”, explicou.

A Rede será uma ferramenta para conter a escalada de ataques que coloca o Brasil entre as nações mais inseguras para o trabalho jornalístico.No dia 16 de janeiro, a então repórter da TV Record Tarsilla Alvarindo, hoje na TV Bahia, foi agredida com um soco no rosto durante a cobertura de um acidente na Avenida Orlando Gomes, no Bairro da Paz. Cinco dias antes, a repórter Priscila Pires e o cinegrafista Davi Melo, da TV Aratu, foram ameaçados por um eleitor de extrema direita no Farol da Barra.

Em julho de 2022, o repórter do CORREIO Bruno Wendel foi agredido por um grupo de manifestantes durante uma motociata na Boca do Rio. Ele recebeu tapas nas costas e foi intimidado. Em março de 2021, a repórter fotográfica do jornal Paula Fróes foi xingada, ameaçada e encurralada durante a cobertura de uma manifestação na Mouraria.

Em 2018, durante um debate para as eleições municipais, o repórter fotográfico Arisson Marinho foi agredido ao registrar a prisão de um militante. Um grupo partiu para cima dele e o fotógrafo foi derrubado com socos e chutes. Na época, os policiais que atenderam a ocorrência tentaram apreender o equipamento do profissional.

O presidente da ABI, Ernesto Marques, explicou que o principal objetivo dessa rede é denunciar e garantir a exposição pública dos crimes e dos agressores, acompanhar os casos e cobrar para que eles não terminem em impunidade.

"Quem tiver coragem para praticar qualquer tipo de violência contra a imprensa vai precisar ter coragem para enfrentar a exposição pública e o coletivo como ele está proposto. A Rede não é só para observar, é para registrar, instaurar o inquérito, acompanhar a atuação do Ministério Público e a denúncia que for oferecida à Justiça, para que nenhum caso caia no esquecimento”, disse ele.

Violência
Dados da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) apontam que houve crescimento de 133% nas ocorrências de ameaças, hostilizações e intimidações contra profissionais de imprensa no Brasil, em 2022, na comparação com o ano anterior. As agressões físicas aumentaram 88,46%, passando de 26 para 49 registros.

Nesta terça-feira, representantes das polícias Civil, Militar e da Segurança Pública informaram que as equipes estão passando por capacitações. O major Sandes Júnior, informou que a corporação iniciou um curso de media training que vai alcançar toda a tropa e tem por objetivo melhorar o trabalho com a imprensa.

O chefe de gabinete da SSP, Nelson Pires Neto, lembrou que os policiais não tem o direito de apreender o equipamento de trabalho dos repórteres, que podem ser filmados no exercício da função e que os órgãos públicos têm o dever de serem transparentes. O assessor especial da Polícia Civil, Ricardo Barros, repudiou os ataques à imprensa e disse que existe uma minuta que será chancelada pela instituição.

“A assessoria técnica da delegada geral se debruçou sobre esse assunto e apresentou uma minuta de oficio circular de observância obrigatória para todos os servidores, com medidas como o atendimento prioritário da ocorrência [envolvendo jornalistas], a separação do autor do crime da vítima no momento do registro, informar a vítima sobre o andamento das investigações e concluir o inquérito no prazo legal”, afirmou.

Segurança
A definição do que é fazer jornalismo passou por mudanças no decorrer dos séculos, mas a gerente de jornalismo da Rede Bahia, Ana Raquel Copetti, explica que existem alguns pontos que não foram alterados, independentemente da época.

“O que não muda é o compromisso do jornalismo em transformar a sociedade a partir das histórias que ele pode contar. Isso nunca vai mudar. Nada vai substituir o jornalismo de retratar a verdade e buscar os lados da história para que as pessoas possam fazer os julgamentos. É um fiscalizador do funcionamento da sociedade”, disse.

Ela frisou que para que o trabalho seja exercido com plenitude o jornalista precisa ter liberdade, segurança e a garantia da integridade. A editora chefe do CORREIO, Linda Bezerra, endossou o discurso. “O jornalista é uma espécie de escultor da democracia. Se o jornalista trabalha sem segurança, a nossa democracia está em risco, o país está em risco e, por isso, é muito importante a composição dessa Rede e que todos assumam esse compromisso com a segurança”, afirmou.

Participaram do encontro representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-BA), Polícia Civil, Polícia Militar, Guarda Civil Municipal de Salvador, Secretarias de Comunicação do Estado e de Salvador, Secretaria de Segurança Pública (SSP) e da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos.

Leia a Carta de Princípios da Rede aqui - https://sinjorba.org.br/wp-content/uploads/2023/04/CARTA-DE-PRINCIPIOS-REDE.pdf

Confira algumas ações listadas pelas autoridades no evento:

Curso de media trainee para toda a tropa da Polícia Militar;
Prioridades nas delegacias no atendimento das ocorrências envolvendo agressões contra jornalistas;
Separação entre o autor do crime e a vítima no momento de registrar o boletim de ocorrência;
Disponibilizar suporte, como carro ou pessoal, quando for necessário;
Informar ao jornalista que é vítima sobre o andamento das investigações;
Fazer a apuração com celeridade para concluir o inquérito no prazo legal;
Frisar que os agentes públicos não têm o direito de apreender o equipamento de trabalho dos repórteres e que os órgãos precisam ser transparentes;
Mobilizar outras entidades para integrar a rede;

Itens relacionados (por tag)

  • Clínica oferece 300 mamografias gratuitas para pacientes de 40 a 70 anos em cidades da Bahia

    Em meio às celebrações do Dia Internacional da Mulher, em março, a clínica CAM vai oferecer 300 mamografias gratuitas para pacientes de 40 a 70 anos. A ação do grupo Oncoclínicas foi idealizada pela mastologista Carolina Argolo e chega ao terceiro ano consecutivo.

    O trabalho é fruto de uma parceria com a rede de postos Shell através da campanha "Meu Combustível Salva".

    “O nosso objetivo é aumentar o acesso de pacientes ao exame de rastreamento, conscientizar a população sobre a importância da prevenção e contribuir para o combate ao câncer de mama”, afirma a médica da CAM, que também é presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia.

    Podem se inscrever para a realização do exame pacientes de 40 anos a 70 anos de idade nas seguintes condições:

    que tenham realizado mamografia há um ano ou mais (ou nunca tenham realizado o exame)
    que sejam usuárias do SUS

    As interessadas devem fazer o agendamento no último sábado de fevereiro através do telefone (71) 3512-8600. Os exames serão feitos nas unidades da clínica em Salvador (Itaigara e Canela) e Lauro de Freitas.

    Em casos de resultados suspeitos, as pacientes serão encaminhadas para diagnóstico final (biópsia) e tratamento no Hospital Aristides Maltez.

    Importância do diagnóstico precoce
    Ao longo de 10 meses, a clínica disponibiliza ainda mais mamografias gratuitas — são duas mil, no total.

    A CAM justifica a iniciativa ao considerar a dificuldade de acesso ao exame no sistema de saúde do país. A mamografia é a forma mais eficaz de diagnóstico precoce do câncer de mama.

    “O exame de mamografia salva vidas, pois é capaz de identificar nódulos muito pequenos, quando eles ainda não são palpáveis”, explica Carolina Argolo. A especialista lembra que o diagnóstico em fase inicial aumenta em 90% a chance de cura.

    Além disso, o início do rastreamento aos 40 anos reduz a mortalidade em 10 anos em 25% dos casos, de acordo com a Sociedade Brasileira de Mastologia, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem.

    Campanha Meu Combustível Salva
    Todas as pessoas que abasteceram seus veículos com gasolina V Power, por meio do aplicativo Shell Box durante o último mês de outubro, contribuíram automaticamente com a doação de mamografias. A iniciativa é parte da campanha “Meu Combustível Salva”, vigente na Bahia e em Sergipe.

  • Após 15 anos, educador social reencontra irmão durante Carnaval de Salvador

    Um abraço longo e emocionado uniu o vendedor ambulante Vitor da Silva, de 42 anos, ao educador social Joaquim Donato dos Santos Júnior, 36 anos, neste Carnaval de Salvador 2024, colocando fim a uma busca que já durava 15 anos. Os dois são irmãos e haviam se encontrado pela última vez em 2009, no enterro do pai deles.

    O reencontro ocorreu na manhã de sexta-feira (9), durante o segundo dia de Carnaval de Salvador. Vitor atuava como vendedor ambulante e catador no Carnaval e Joaquim, que atua como educador social, estava no primeiro dia de plantão do Catafolia, base de apoio para catadores montada pela Prefeitura de Salvador.

    Vitor resolveu ir à base do Dois de Julho para tomar um café. Ao chegar na base, Vitor ouviu a voz de Joaquim e o abordou. Imediatamente, Joaquim perguntou: “É você? Vitor?”. Ao tempo que Vitor perguntou se era Júnior. Depois disso, os dois se abraçaram por um longo tempo e choraram.

    “Eu tive esse privilégio de encontrá-lo depois de 15 anos. O último momento que nos encontramos foi em 2009, no enterro de nosso pai. Foi um momento de tristeza, mas graças a Deus nos reencontramos depois de muita busca minha por ele”, contou Joaquim.

    O Catafolia, local em que os dois se reencontraram, é uma das duas bases de apoio montadas pela Secretaria de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esportes e Lazer (Sempre) para catadores de materiais recicláveis e reutilizáveis. Durante o Carnaval, para cada espaço, são disponibilizadas 400 vagas por dia pela Prefeitura. Na estrutura, os catadores têm acesso a café da manhã, lanche da manhã, almoço e lanche da tarde, além de sanitários químicos e atendimento médico.

    “O que está tendo um significado maior na minha vida hoje é, primeiramente Deus e depois a minha família. Ele me reencontrou neste lugar. Eu nunca imaginei que fosse encontrar com ele aqui dentro, uma pessoa que trabalha com outras que vivem nas ruas. Ele tem esse olhar cuidadoso para quem vive na rua e isso é muito importante, pois quem vive na rua também é ser humano”, disse Vitor.


    Separação – A história de Vitor é marcada por muitos altos e baixos. Filho de Joaquim Donato e de Ana Paula Silva, ele foi criado por uma tia, pois a sua mãe morreu após o parto e o pai não quis cuidar do filho, história muito parecida com o enredo da novela Renascer, obra de Benedito Ruy Barbosa que atualmente está tendo um remake. Esse foi um dos traumas que o empurrou para o alcoolismo.

    “O meu pai também era alcoólatra, bebia muito. Depois entrou para a igreja e parou, mas Deus levou ele. Eu não tive uma infância muito boa. Por causa do meu problema com o alcoolismo, a minha mãe de criação me colocou para dormir na laje, no relento, me cobrindo com pano de chão. Dormi nas ruas por cinco meses. Mas eu sempre pensei que um dia daria a volta por cima e a minha volta por cima começou há nove anos, quando conheci a minha esposa e hoje mãe da minha filha”, contou.

    Joaquim Donato Júnior e Vitor são os únicos filhos vivos de Joaquim, pai. Eles perderam dois irmãos de forma trágica. A irmã Ana Paula morreu atropelada e o irmão Marcos morreu afogado. Vitor chegou a morar um período com Joaquim e o pai, mas devido a uma briga de família, saiu de casa. Após o enterro do pai, os irmãos não se viram mais, e como Vitor não tem redes sociais e nem tinha aparelho celular à época, foi muito difícil o reencontro.

    Busca – A tentativa de encontrar Vitor, foi um dos aspectos que motivou Joaquim Donato a trabalhar como educador social. Ele entrou no Consultório nas Ruas, um serviço da atenção básica do Sistema Único de Saúde (SUS), e em alguns momentos fez buscas por Vitor nos bairros de Itinga, Sete de Abril e Castelo Branco, mas não o encontrou.

    “Eu fiquei sabendo que ele estava se reunindo com outras pessoas dependentes de álcool no Largo do Caranguejo, em Itinga, no ‘sindicato’, como as pessoas costumam chamar esses grupos aqui em Salvador. Também soube que ele andou um tempo nas ruas e em Centros de Recuperação, por isso fiz essas buscas por esses bairros, mas sem sucesso”, contou.

    Encontro – Joaquim está no Serviço Especializado em Abordagem Social (SEAS) da Sempre desde 19 de janeiro, há menos de um mês. “No momento em que eu me candidatei para a vaga, o meu objetivo era trabalhar com a população em situação de rua, na esperança de encontrar o meu irmão. Foi assim, que no meu primeiro plantão do Catafolia, eu o encontrei e quase não acreditei”, contou.

    “O momento foi muito emocionante, eu só fiz chorar bastante. O choro foi de felicidade, de alegria. Eu cheguei em casa sem acreditar, estatelado. Falei com a minha mãe, ela também não acreditou, aí mostrei a foto dele e da filha dele, foi aí que ela já pediu para marcar um dia para eles irem na nossa casa”, descreveu Joaquim.

    “No momento que eu o encontrei, eu já estava meio sem acreditar, mas como a nossa fé vem de lá de cima, Deus nos uniu de novo e ninguém vai nos separar. E se hoje eu estou tendo a oportunidade de contar a minha história, é graças ao Serviço Social. Ninguém faz esse trabalho, a não as pessoas que trabalham com a atenção social e com o morador de rua. Essa é uma história de superação. Eu já passei fome também e já dormi no relento, eu sei o que é isso, mas Deus colocou vocês aqui para nos ajudar. A função de vocês, incluindo a do meu irmão, é ajudar o povo. A minha vida agora é só agradecer. Eu sou muito grato”, agradeceu Vitor.

    Os planos dos irmãos agora são se manter unidos e fortalecidos. “O que eu mais queria era esse encontro e agora Vitor pode ter certeza que eu vou ajudá-lo no que precisar. E a minha sobrinha, que eu nem sabia que tinha, já é o meu xodó”, contou Joaquim, que mora apenas com a mãe e não tem filhos.

  • Americanas abre quase 400 vagas temporárias na Bahia para a Páscoa

    A Americanas está recrutando funcionários para vagas temporárias na Páscoa. Do total, 393 vagas são para atuação em lojas da Bahia. Em todo o país, a empresa abriu mais de 6 mil vagas para o período, para o cargo de operador de loja.

    As vagas da Bahia estão distribuídas nas cidades de Salvador, Alagoinhas, Amargosa, Barreiras, Bom Jesus da Lapa, Brumado, Cachoeira, Caetité, Camacan, Camaçari, Camamu, Campo Formoso, Candeias, Catu, Conceição do Coité, Conceição do Jacuípe, Cruz das Almas, Dias D'ávila, Entre Rios, Esplanada, Euclides da Cunha, Eunápolis, Feira de Santana, Gandu, Guanambi, Ibotirama, Iguaí, Ilhéus, Ipiaú, Ipirá, Irará, Irecê, Itaberaba, Itabuna, Itamaraju, Itaparica, Itapetinga, Jacobina, Jaguaquara, Jequié, Juazeiro, Lauro De Freitas, Livramento Nossa Senhora, Luís Eduardo Magalhães, Maraú, Mata De São João, Monte Santo, Nova Pojuca, Nova Viçosa, Paulo Afonso, Porto Seguro, Presidente Tancredo Neves, Queimadas, Remanso, Ribeira do Pombal, São Gonçalo dos Campos, Santa Luz, Santa Maria da Vitória, Santo Amaro, Santo Antônio de Jesus, Santo Estevão, Seabra, Senhor do Bonfim, Serrinha, Simões Filho, Santa Cruz de Cabrália, Teixeira de Freitas, Tucano, Ubaitaba, Ubatã, Valença e Vitória da Conquista.

    O perfil procurado pela empresa é de pessoas com idade a partir de 18 anos, ensino médio completo e perfil dinâmico, ágil e resiliente para atuar como operador de loja. Entre as atividades estão o atendimento ao cliente, operação de caixa, organização de itens nas gôndolas, parreiras de ovos de Páscoa e suporte à operação de retirada, na loja, de pedidos feitos pelo site e app da Americanas.

    As oportunidades não exigem experiência prévia e os interessados devem ter disponibilidade para trabalhar entre fevereiro e abril.

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