Sexta, 03 Maio 2024 | Login
Após transporte escolar com crianças ser roubado, motoristas temem por segurança

Após transporte escolar com crianças ser roubado, motoristas temem por segurança

Depois que cinco crianças ficaram em perigo após criminosos armados roubarem o veículo que as levavam para a escola nesta terça-feira (25), no bairro da Liberdade, o medo de passar pela mesma situação que o motorista George Aragão, 27, tomou conta de muitos motoristas de transportes escolares.

No caso de George, a doblô escolar em que ele estava foi interceptada pelos bandidos, que fugiram levando o veículo e dois estudantes sentados no banco de trás. Os meninos foram liberados alguns minutos depois e retornaram para casa em segurança. De acordo com a Polícia Civil, o caso foi tipificado como roubo, uma vez que a intenção era de levar apenas o carro.

O momento de horror vivenciado por George passou, mas o medo sentido por muitos outros motoristas segue vivo. Presidente da Associação de Transporte Escolar e Turismo do Estado da Bahia (Atest), Isabel Meneses expressou indignação com o ocorrido.

“Além de ficarmos horrorizados e estarrecidos, nós temos uma sensação muito grande de insegurança. É uma situação muito delicada. Como é que ele vai no outro dia trabalhar? Como ele vai sentar no volante e dizer bom dia a essas crianças? É um misto de revolta com desespero. Ficamos com a sensação de impotência”, desabafa.

“Isso acaba com a gente”, diz motorista de van assaltado duas vezes em serviço

O sentimento de impotência relatado pela presidente da Atest foi a mesma sensação que o motorista de transporte escolar Eri Ferreira, 57, sentiu há três anos, quando sofreu dois assaltos enquanto levava crianças à escola.

O primeiro aconteceu em maio de 2019, em Fazenda Grande, às 6h da manhã. Na ocasião, os bandidos pararam com a moto ao lado da van e levaram o celular dele, da auxiliar do transporte escolar e das cinco crianças que estavam no carro. Ninguém ficou ferido.

Na segunda vez, na Barros Reis, em setembro do mesmo ano, a abordagem foi diferente. Por volta das 6h30 da manhã, uma moto atravessou na frente da van e Eri puxou o freio com força para não atropelar os meliantes. Assim que o veículo parou, os bandidos apontaram a arma para o motorista.

“A primeira coisa que eu fiz foi dizer às crianças ‘Fiquem todos quietinhos, baixem a cabeça e não digam nada”, lembra o motorista.

Todas as crianças que estavam com ele obedeceram, exceto um garoto de 14 anos, que implorou a um dos bandidos para não levar seu celular. O jovem recebeu um tapa no rosto como resposta e chegou a ter uma arma apontada para a sua cabeça. Os bandidos levaram quatro celulares. Com 30 anos de profissão, Eri classifica a experiência como traumatizante.

“Eu cheguei a pedir ‘Por favor, não faça isso não, ele é uma criança’. Isso acaba com a gente. As crianças ficam em pânico, choram”, relata.

Depois do ocorrido, Eri afirma que deixou de prestar serviço para o bairro da Fazenda Grande, local onde mais ocorrências ele afirmou terem sido reportadas por colegas de profissão. São Caetano e Beirú são outros bairros citados pelo motorista como perigosos para transportes escolares. Ele aponta que há policiamento, mas os bandidos têm estratégia.

"Ficam escondidos. Quando a polícia passa, se surgir uma van eles vão lá e assaltam”.

Eri ainda chama atenção para o horário. De acordo com ele, os casos de assalto a vans escolares sempre acontecem de manhã ou de madrugada.

“Esse horário é o horário mais perigoso. Eu saio às 5h30 da manhã. Nós ficamos vulneráveis, estamos entregues nas mãos desses caras. Essas crianças têm tablet, têm tudo e eles sabem. Precisamos de uma segurança maior. Nós pomos nossa vida em risco, porque tentamos impedir que eles façam algo com elas”, diz.

Bahia registra 35 assaltos a transportes escolares em três meses

Segundo a Atest, 35 ocorrências de assaltos envolvendo veículos escolares aconteceram na Bahia nos últimos três meses, o que gera uma média de uma ocorrência por dia nesse período. Apesar do número, nesta terça-feira foi a primeira vez que os criminosos levaram crianças nos veículos.

Depiladora autônoma, Uilma Ribeiro, 31, é mãe de um garoto de 7 anos e faz uso do transporte escolar. Ela afirma que sempre vai até a van com o filho. Depois de ver o caso das crianças levadas por bandidos no bairro da Liberdade, ela não nega a aflição.

“Meu sentimento é de extrema preocupação, até porque as crianças não sabem como se comportar em situações de perigo, não sabemos qual a real intenção dos meliantes, sem falar nos traumas que as crianças podem desenvolver devido a uma situação como essa”, declara.

Insegura com a possibilidade de levar o filho de 4 anos para a escola usando o transporte público, Layla Brito, 24, conta que sempre leva o filho no veículo escolar e faz questão de colocar o cinto na criança. Segundo ela, o medo agora é de que os transportes escolares virem alvo dos bandidos.

Especialista em segurança pública, o Coronel Jorge Melo destaca que é importante que a culpa não seja atribuída ao serviço de transporte escolar. “Assim como os motoristas de transporte escolar, qualquer um de nós com um veículo pode ser vítima de um roubo. O risco existe para todo mundo, a questão é a segurança da cidade”, frisou.

Melo ainda aponta que uma das razões para casos como esse acontecerem se deve a defasagem da segurança pública. "Nós temos hoje um efetivo das forças de segurança que não acompanhou o crescimento da cidade e da própria população. Inegavelmente, segurança pública se faz com presença em potencial do efetivo da polícia”.

Procurada, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que a Polícia Militar (PM-BA) dispõe da Ronda Escolar, operação que tem a finalidade de intensificar o policiamento, por meio de visitas comunitárias aos estabelecimentos de ensino, visando prevenir e combater a violência nas escolas e seu entorno.

Questionada sobre o funcionamento da operação, a PM-BA declarou que a Ronda Escolar realiza atividades integradas, como palestras e visitas, para que a comunidade escolar tenha um ambiente propício para o desempenho de suas atividades.

Ainda, ao ser questionada sobre o número da frota e a respeito dos bairros contemplados pela operação em Salvador, a pasta afirmou que, por questões estratégicas, não divulgam números relacionados ao emprego de policiais militares e viaturas.

Sequestros de criança em Salvador são fake news, garante especialista

Em 2018, áudios espalhados no WahtasApp surgiram informando que crianças estavam sendo sequestradas em Salvador. O tom de alarme nas mensagens indicava urgência e recomendava aos pais cuidado.

Desmentidos pela SSP, os supostos casos de sequestro compartilhados no aplicativo de mensagens podem voltar à tona depois do episódio desta terça-feira (25), quando bandidos levaram duas crianças ao roubarem um veículo de transporte escolar. Isso é o que alerta o especialista em segurança pública, Coronel Jorge Melo.

De acordo com ele, é importante que, casos novas fake news surjam, as pessoas mantenham a calma e averiguem os fatos antes de compartilhar entre conhecidos. “É sempre importante perguntar ‘se estivesse mesmo acontecendo casos como esse, onde estão os pais dessas crianças que não registraram essas ocorrências?”, aconselha o especialista.

Itens relacionados (por tag)

  • Clínica oferece 300 mamografias gratuitas para pacientes de 40 a 70 anos em cidades da Bahia

    Em meio às celebrações do Dia Internacional da Mulher, em março, a clínica CAM vai oferecer 300 mamografias gratuitas para pacientes de 40 a 70 anos. A ação do grupo Oncoclínicas foi idealizada pela mastologista Carolina Argolo e chega ao terceiro ano consecutivo.

    O trabalho é fruto de uma parceria com a rede de postos Shell através da campanha "Meu Combustível Salva".

    “O nosso objetivo é aumentar o acesso de pacientes ao exame de rastreamento, conscientizar a população sobre a importância da prevenção e contribuir para o combate ao câncer de mama”, afirma a médica da CAM, que também é presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia.

    Podem se inscrever para a realização do exame pacientes de 40 anos a 70 anos de idade nas seguintes condições:

    que tenham realizado mamografia há um ano ou mais (ou nunca tenham realizado o exame)
    que sejam usuárias do SUS

    As interessadas devem fazer o agendamento no último sábado de fevereiro através do telefone (71) 3512-8600. Os exames serão feitos nas unidades da clínica em Salvador (Itaigara e Canela) e Lauro de Freitas.

    Em casos de resultados suspeitos, as pacientes serão encaminhadas para diagnóstico final (biópsia) e tratamento no Hospital Aristides Maltez.

    Importância do diagnóstico precoce
    Ao longo de 10 meses, a clínica disponibiliza ainda mais mamografias gratuitas — são duas mil, no total.

    A CAM justifica a iniciativa ao considerar a dificuldade de acesso ao exame no sistema de saúde do país. A mamografia é a forma mais eficaz de diagnóstico precoce do câncer de mama.

    “O exame de mamografia salva vidas, pois é capaz de identificar nódulos muito pequenos, quando eles ainda não são palpáveis”, explica Carolina Argolo. A especialista lembra que o diagnóstico em fase inicial aumenta em 90% a chance de cura.

    Além disso, o início do rastreamento aos 40 anos reduz a mortalidade em 10 anos em 25% dos casos, de acordo com a Sociedade Brasileira de Mastologia, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem.

    Campanha Meu Combustível Salva
    Todas as pessoas que abasteceram seus veículos com gasolina V Power, por meio do aplicativo Shell Box durante o último mês de outubro, contribuíram automaticamente com a doação de mamografias. A iniciativa é parte da campanha “Meu Combustível Salva”, vigente na Bahia e em Sergipe.

  • Após 15 anos, educador social reencontra irmão durante Carnaval de Salvador

    Um abraço longo e emocionado uniu o vendedor ambulante Vitor da Silva, de 42 anos, ao educador social Joaquim Donato dos Santos Júnior, 36 anos, neste Carnaval de Salvador 2024, colocando fim a uma busca que já durava 15 anos. Os dois são irmãos e haviam se encontrado pela última vez em 2009, no enterro do pai deles.

    O reencontro ocorreu na manhã de sexta-feira (9), durante o segundo dia de Carnaval de Salvador. Vitor atuava como vendedor ambulante e catador no Carnaval e Joaquim, que atua como educador social, estava no primeiro dia de plantão do Catafolia, base de apoio para catadores montada pela Prefeitura de Salvador.

    Vitor resolveu ir à base do Dois de Julho para tomar um café. Ao chegar na base, Vitor ouviu a voz de Joaquim e o abordou. Imediatamente, Joaquim perguntou: “É você? Vitor?”. Ao tempo que Vitor perguntou se era Júnior. Depois disso, os dois se abraçaram por um longo tempo e choraram.

    “Eu tive esse privilégio de encontrá-lo depois de 15 anos. O último momento que nos encontramos foi em 2009, no enterro de nosso pai. Foi um momento de tristeza, mas graças a Deus nos reencontramos depois de muita busca minha por ele”, contou Joaquim.

    O Catafolia, local em que os dois se reencontraram, é uma das duas bases de apoio montadas pela Secretaria de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esportes e Lazer (Sempre) para catadores de materiais recicláveis e reutilizáveis. Durante o Carnaval, para cada espaço, são disponibilizadas 400 vagas por dia pela Prefeitura. Na estrutura, os catadores têm acesso a café da manhã, lanche da manhã, almoço e lanche da tarde, além de sanitários químicos e atendimento médico.

    “O que está tendo um significado maior na minha vida hoje é, primeiramente Deus e depois a minha família. Ele me reencontrou neste lugar. Eu nunca imaginei que fosse encontrar com ele aqui dentro, uma pessoa que trabalha com outras que vivem nas ruas. Ele tem esse olhar cuidadoso para quem vive na rua e isso é muito importante, pois quem vive na rua também é ser humano”, disse Vitor.


    Separação – A história de Vitor é marcada por muitos altos e baixos. Filho de Joaquim Donato e de Ana Paula Silva, ele foi criado por uma tia, pois a sua mãe morreu após o parto e o pai não quis cuidar do filho, história muito parecida com o enredo da novela Renascer, obra de Benedito Ruy Barbosa que atualmente está tendo um remake. Esse foi um dos traumas que o empurrou para o alcoolismo.

    “O meu pai também era alcoólatra, bebia muito. Depois entrou para a igreja e parou, mas Deus levou ele. Eu não tive uma infância muito boa. Por causa do meu problema com o alcoolismo, a minha mãe de criação me colocou para dormir na laje, no relento, me cobrindo com pano de chão. Dormi nas ruas por cinco meses. Mas eu sempre pensei que um dia daria a volta por cima e a minha volta por cima começou há nove anos, quando conheci a minha esposa e hoje mãe da minha filha”, contou.

    Joaquim Donato Júnior e Vitor são os únicos filhos vivos de Joaquim, pai. Eles perderam dois irmãos de forma trágica. A irmã Ana Paula morreu atropelada e o irmão Marcos morreu afogado. Vitor chegou a morar um período com Joaquim e o pai, mas devido a uma briga de família, saiu de casa. Após o enterro do pai, os irmãos não se viram mais, e como Vitor não tem redes sociais e nem tinha aparelho celular à época, foi muito difícil o reencontro.

    Busca – A tentativa de encontrar Vitor, foi um dos aspectos que motivou Joaquim Donato a trabalhar como educador social. Ele entrou no Consultório nas Ruas, um serviço da atenção básica do Sistema Único de Saúde (SUS), e em alguns momentos fez buscas por Vitor nos bairros de Itinga, Sete de Abril e Castelo Branco, mas não o encontrou.

    “Eu fiquei sabendo que ele estava se reunindo com outras pessoas dependentes de álcool no Largo do Caranguejo, em Itinga, no ‘sindicato’, como as pessoas costumam chamar esses grupos aqui em Salvador. Também soube que ele andou um tempo nas ruas e em Centros de Recuperação, por isso fiz essas buscas por esses bairros, mas sem sucesso”, contou.

    Encontro – Joaquim está no Serviço Especializado em Abordagem Social (SEAS) da Sempre desde 19 de janeiro, há menos de um mês. “No momento em que eu me candidatei para a vaga, o meu objetivo era trabalhar com a população em situação de rua, na esperança de encontrar o meu irmão. Foi assim, que no meu primeiro plantão do Catafolia, eu o encontrei e quase não acreditei”, contou.

    “O momento foi muito emocionante, eu só fiz chorar bastante. O choro foi de felicidade, de alegria. Eu cheguei em casa sem acreditar, estatelado. Falei com a minha mãe, ela também não acreditou, aí mostrei a foto dele e da filha dele, foi aí que ela já pediu para marcar um dia para eles irem na nossa casa”, descreveu Joaquim.

    “No momento que eu o encontrei, eu já estava meio sem acreditar, mas como a nossa fé vem de lá de cima, Deus nos uniu de novo e ninguém vai nos separar. E se hoje eu estou tendo a oportunidade de contar a minha história, é graças ao Serviço Social. Ninguém faz esse trabalho, a não as pessoas que trabalham com a atenção social e com o morador de rua. Essa é uma história de superação. Eu já passei fome também e já dormi no relento, eu sei o que é isso, mas Deus colocou vocês aqui para nos ajudar. A função de vocês, incluindo a do meu irmão, é ajudar o povo. A minha vida agora é só agradecer. Eu sou muito grato”, agradeceu Vitor.

    Os planos dos irmãos agora são se manter unidos e fortalecidos. “O que eu mais queria era esse encontro e agora Vitor pode ter certeza que eu vou ajudá-lo no que precisar. E a minha sobrinha, que eu nem sabia que tinha, já é o meu xodó”, contou Joaquim, que mora apenas com a mãe e não tem filhos.

  • Americanas abre quase 400 vagas temporárias na Bahia para a Páscoa

    A Americanas está recrutando funcionários para vagas temporárias na Páscoa. Do total, 393 vagas são para atuação em lojas da Bahia. Em todo o país, a empresa abriu mais de 6 mil vagas para o período, para o cargo de operador de loja.

    As vagas da Bahia estão distribuídas nas cidades de Salvador, Alagoinhas, Amargosa, Barreiras, Bom Jesus da Lapa, Brumado, Cachoeira, Caetité, Camacan, Camaçari, Camamu, Campo Formoso, Candeias, Catu, Conceição do Coité, Conceição do Jacuípe, Cruz das Almas, Dias D'ávila, Entre Rios, Esplanada, Euclides da Cunha, Eunápolis, Feira de Santana, Gandu, Guanambi, Ibotirama, Iguaí, Ilhéus, Ipiaú, Ipirá, Irará, Irecê, Itaberaba, Itabuna, Itamaraju, Itaparica, Itapetinga, Jacobina, Jaguaquara, Jequié, Juazeiro, Lauro De Freitas, Livramento Nossa Senhora, Luís Eduardo Magalhães, Maraú, Mata De São João, Monte Santo, Nova Pojuca, Nova Viçosa, Paulo Afonso, Porto Seguro, Presidente Tancredo Neves, Queimadas, Remanso, Ribeira do Pombal, São Gonçalo dos Campos, Santa Luz, Santa Maria da Vitória, Santo Amaro, Santo Antônio de Jesus, Santo Estevão, Seabra, Senhor do Bonfim, Serrinha, Simões Filho, Santa Cruz de Cabrália, Teixeira de Freitas, Tucano, Ubaitaba, Ubatã, Valença e Vitória da Conquista.

    O perfil procurado pela empresa é de pessoas com idade a partir de 18 anos, ensino médio completo e perfil dinâmico, ágil e resiliente para atuar como operador de loja. Entre as atividades estão o atendimento ao cliente, operação de caixa, organização de itens nas gôndolas, parreiras de ovos de Páscoa e suporte à operação de retirada, na loja, de pedidos feitos pelo site e app da Americanas.

    As oportunidades não exigem experiência prévia e os interessados devem ter disponibilidade para trabalhar entre fevereiro e abril.

Deixe um comentário

Certifique-se de preencher os campos indicados com (*). Não é permitido código HTML.