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Faltou grana: 85% dos baianos não viajaram para lugar nenhum em 2021

Faltou grana: 85% dos baianos não viajaram para lugar nenhum em 2021

Perda de renda e restrições de circulação por conta da pandemia da covid-19 fizeram com que baianos tirassem as viagens da lista de prioridades em 2021. No ano passado, ninguém viajou em quase nove de cada 10 domicílios baianos, o que representa 85,4% de todas as residências pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A quantidade de pessoas que não viajaram para nenhuma outra cidade aumentou 8,1 pontos percentuais em comparação com 2019.

Assim como ocorreu em todo o país, a falta de dinheiro foi o principal motivo para que os baianos ficassem em casa. A justificativa foi dada por moradores de 31,4% do total de 1,3 milhão de residências onde não houveram viagens. A questão da renda figura em primeiro lugar desde que a pesquisa sobre turismo nacional em domicílios começou a ser feita, em 2019. Na segunda posição, aparece a não necessidade de viajar (31%).


Para o professor de economia Raimundo Sousa, a pandemia não impactou nas viagens somente por conta do receio de contágio da doença, mas também por fatores econômicos. “Existem fatores próximos de nós, como a inflação, que faz com que as pessoas tenham perda do poder aquisitivo. Também tem o desemprego, que vem se agravando desde o início da pandemia e impacta em menores salários”, explica.

Passagens aéreas mais caras por conta dos combustíveis também ajudam a explicar os motivos para que as pessoas tenham viajado menos em 2019. Segundo o IBGE, nos últimos 12 meses finalizados em maio, os bilhetes registraram alta de 141% em Salvador e Região Metropolitana. Apesar da pesquisa não abranger viagens internacionais, Raimundo Sousa afirma que o real desvalorizado também implica em diminuição do turismo para o exterior.

“O câmbio desvalorizado acaba encarecendo as passagens e os custos de hospedagem, o que acaba influenciando”, diz.

Ainda segundo os resultados da pesquisa, o motivo “outros” para não viajar foi o que mais ganhou importância no estado. A razão saltou de 2% para 20,7% entre 2019 e o ano passado. Para a supervisora de disseminação de informações do IBGE, Mariana Viveiros, essa resposta abrange as diversas razões ligadas à pandemia.

“Tanto em 2020 como em 2021, apareceram bastante nas respostas os motivos relacionados à necessidade de isolamento social. Isso não significa que a pessoa esteve doente, mas que estava mantendo o distanciamento social por causa da pandemia”, explica.

Planos interrompidos por conta do coronavírus fizeram com que a estudante Ana Clara Ribeiro, 21, e a família perdessem passagens para a cidade de Ushuaia, na Argentina. Ela lembra que iria viajar com o pai e o irmão em julho de 2019, mas um imprevisto no aeroporto fez com que eles fossem impedidos de embarcar para o destino conhecido como “fim do mundo”.

“Como a viagem é dentro do Mercosul, é preciso estar com a identidade ou passaporte, só que não nos atentamos a isso. O passaporte do meu pai tinha acabado de vencer e ele estava só com a carteira de motorista e, por isso, não conseguimos viajar”, relembra Ana Clara.

De início eles não achavam que sairiam no prejuízo, pois poderiam usar créditos para fazer outra viagem dentro de um ano. Mas aí veio a pandemia. “Resolvemos viajar no meio de 2020 porque queríamos ir na mesma época para ver a neve e fazer a mesma programação. Só que com a pandemia não deu certo. Tentamos entrar em contato com a empresa para tentar um acordo, mas não conseguimos”, conta. No final das contas, a família não viaja a turismo desde 2017 e ainda teve um prejuízo de cerca de R$6 mil.

Receita
Viajar implica em gastos dos mais diversos tipos. De hospedagens à alimentação, passando por transporte e passagens. Mas quem veio para a Bahia no ano passado economizou, se comparado com o que foi gasto pelos turistas em 2020. O recuo de 7,6% representou perda de R$90,1 milhões.

Mesmo assim, os valores que os viajantes gastaram no estado nos dois primeiros anos da pandemia foi o segundo mais alto do país, perdendo apenas para São Paulo. Foram mais de R$2,2 bilhões de reais injetados nos diversos setores que formam o turismo. Entre 2020 e 2021, a cada R$10 gastos com turismo no país, R$1 ficou no estado.

Também durante o período, a Bahia ocupou o terceiro lugar como principal destino dos turistas brasileiros, ficando atrás apenas de São Paulo e Minas Gerais. Para o secretário de Turismo do estado, Maurício Bacellar, isso indica que o setor está tão aquecido como no pré-pandemia. No entanto, as viagens que tiveram o estado como destino final caíram 33,6% nos últimos dois anos.

“A pesquisa comprova o que temos medido no nosso observatório de dados, que a atividade turística da Bahia hoje é equivalente a 2019, ano anterior à pandemia. Isso prova que o plano de retomada de turismo está alcançando seu objetivo de atrair pessoas”, afirma Maurício Bacellar.

Apesar dos percalços impostos pela disseminação da covid-19 nos últimos dois anos, o vice-presidente da Associação Brasileira das Agências de Viagens (Abav-BA), Jorge Pinto, também enxerga com bons olhos a retomada do setor. “Nós continuamos mantendo o terceiro lugar como destino nacional, o que é explicado pela divulgação que foi feita da Bahia como um lugar seguro na questão da saúde”, diz.

Viagens para tratamento de saúde foram impulsionadas na pandemia
A professora Suelly Caldas, 59, levou a sério o isolamento social durante os momentos mais árduos da pandemia. Tomava cuidados ao sair de casa e deixou as viagens de lado por um tempo. Mas, quando menos esperava, o diagnóstico de um nódulo na adrenal exigiu que ela viajasse para São Paulo para se submeter a uma cirurgia robótica de retirada. O caso foi em setembro do ano passado.

“Uma coisa é fazer uma cirurgia em casa e perto da família, a outra é ter que viajar. Ainda tinha a questão da covid-19 e o medo do contágio, mas graças a Deus no final deu tudo certo”, relembra. Felizmente, a cirurgia foi um sucesso e Suelly voltou para casa após ficar 20 dias em recuperação.

Apesar do procedimento que a professora passou não ter sido consequência da pandemia, a pesquisa divulgada pelo IBGE aponta que dentre as viagens para fins pessoais realizadas pelos baianos em 2021, o motivo mais citado foi tratamento ou consulta médica. Viagens desse tipo foram citadas em 35,7% dos domicílios com viagens realizadas, o que representa 269 mil casas.

O número demonstra um aumento de 7,5 pontos percentuais em relação às viagens por conta da saúde feitas em 2019. A supervisora do IBGE, Mariana Viveiros, explica que grande parte dessas locomoções são feitas dentro do próprio estado da Bahia, devido a forma com que o sistema de saúde é organizado por aqui.

“Desde antes da pandemia, as viagens para tratamentos de saúde já eram mais importantes na Bahia do que no Brasil como um todo. O estado possui polos que atraem a população para os tratamentos, o que ficou mais evidente durante a pandemia”, explica. Salvador e Região Metropolitana, Vitória da Conquista e Feira de Santana são alguns dos locais que atraem pessoas nesse sentido, segundo Mariana.

 

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    Em meio às celebrações do Dia Internacional da Mulher, em março, a clínica CAM vai oferecer 300 mamografias gratuitas para pacientes de 40 a 70 anos. A ação do grupo Oncoclínicas foi idealizada pela mastologista Carolina Argolo e chega ao terceiro ano consecutivo.

    O trabalho é fruto de uma parceria com a rede de postos Shell através da campanha "Meu Combustível Salva".

    “O nosso objetivo é aumentar o acesso de pacientes ao exame de rastreamento, conscientizar a população sobre a importância da prevenção e contribuir para o combate ao câncer de mama”, afirma a médica da CAM, que também é presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia.

    Podem se inscrever para a realização do exame pacientes de 40 anos a 70 anos de idade nas seguintes condições:

    que tenham realizado mamografia há um ano ou mais (ou nunca tenham realizado o exame)
    que sejam usuárias do SUS

    As interessadas devem fazer o agendamento no último sábado de fevereiro através do telefone (71) 3512-8600. Os exames serão feitos nas unidades da clínica em Salvador (Itaigara e Canela) e Lauro de Freitas.

    Em casos de resultados suspeitos, as pacientes serão encaminhadas para diagnóstico final (biópsia) e tratamento no Hospital Aristides Maltez.

    Importância do diagnóstico precoce
    Ao longo de 10 meses, a clínica disponibiliza ainda mais mamografias gratuitas — são duas mil, no total.

    A CAM justifica a iniciativa ao considerar a dificuldade de acesso ao exame no sistema de saúde do país. A mamografia é a forma mais eficaz de diagnóstico precoce do câncer de mama.

    “O exame de mamografia salva vidas, pois é capaz de identificar nódulos muito pequenos, quando eles ainda não são palpáveis”, explica Carolina Argolo. A especialista lembra que o diagnóstico em fase inicial aumenta em 90% a chance de cura.

    Além disso, o início do rastreamento aos 40 anos reduz a mortalidade em 10 anos em 25% dos casos, de acordo com a Sociedade Brasileira de Mastologia, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem.

    Campanha Meu Combustível Salva
    Todas as pessoas que abasteceram seus veículos com gasolina V Power, por meio do aplicativo Shell Box durante o último mês de outubro, contribuíram automaticamente com a doação de mamografias. A iniciativa é parte da campanha “Meu Combustível Salva”, vigente na Bahia e em Sergipe.

  • Após 15 anos, educador social reencontra irmão durante Carnaval de Salvador

    Um abraço longo e emocionado uniu o vendedor ambulante Vitor da Silva, de 42 anos, ao educador social Joaquim Donato dos Santos Júnior, 36 anos, neste Carnaval de Salvador 2024, colocando fim a uma busca que já durava 15 anos. Os dois são irmãos e haviam se encontrado pela última vez em 2009, no enterro do pai deles.

    O reencontro ocorreu na manhã de sexta-feira (9), durante o segundo dia de Carnaval de Salvador. Vitor atuava como vendedor ambulante e catador no Carnaval e Joaquim, que atua como educador social, estava no primeiro dia de plantão do Catafolia, base de apoio para catadores montada pela Prefeitura de Salvador.

    Vitor resolveu ir à base do Dois de Julho para tomar um café. Ao chegar na base, Vitor ouviu a voz de Joaquim e o abordou. Imediatamente, Joaquim perguntou: “É você? Vitor?”. Ao tempo que Vitor perguntou se era Júnior. Depois disso, os dois se abraçaram por um longo tempo e choraram.

    “Eu tive esse privilégio de encontrá-lo depois de 15 anos. O último momento que nos encontramos foi em 2009, no enterro de nosso pai. Foi um momento de tristeza, mas graças a Deus nos reencontramos depois de muita busca minha por ele”, contou Joaquim.

    O Catafolia, local em que os dois se reencontraram, é uma das duas bases de apoio montadas pela Secretaria de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esportes e Lazer (Sempre) para catadores de materiais recicláveis e reutilizáveis. Durante o Carnaval, para cada espaço, são disponibilizadas 400 vagas por dia pela Prefeitura. Na estrutura, os catadores têm acesso a café da manhã, lanche da manhã, almoço e lanche da tarde, além de sanitários químicos e atendimento médico.

    “O que está tendo um significado maior na minha vida hoje é, primeiramente Deus e depois a minha família. Ele me reencontrou neste lugar. Eu nunca imaginei que fosse encontrar com ele aqui dentro, uma pessoa que trabalha com outras que vivem nas ruas. Ele tem esse olhar cuidadoso para quem vive na rua e isso é muito importante, pois quem vive na rua também é ser humano”, disse Vitor.


    Separação – A história de Vitor é marcada por muitos altos e baixos. Filho de Joaquim Donato e de Ana Paula Silva, ele foi criado por uma tia, pois a sua mãe morreu após o parto e o pai não quis cuidar do filho, história muito parecida com o enredo da novela Renascer, obra de Benedito Ruy Barbosa que atualmente está tendo um remake. Esse foi um dos traumas que o empurrou para o alcoolismo.

    “O meu pai também era alcoólatra, bebia muito. Depois entrou para a igreja e parou, mas Deus levou ele. Eu não tive uma infância muito boa. Por causa do meu problema com o alcoolismo, a minha mãe de criação me colocou para dormir na laje, no relento, me cobrindo com pano de chão. Dormi nas ruas por cinco meses. Mas eu sempre pensei que um dia daria a volta por cima e a minha volta por cima começou há nove anos, quando conheci a minha esposa e hoje mãe da minha filha”, contou.

    Joaquim Donato Júnior e Vitor são os únicos filhos vivos de Joaquim, pai. Eles perderam dois irmãos de forma trágica. A irmã Ana Paula morreu atropelada e o irmão Marcos morreu afogado. Vitor chegou a morar um período com Joaquim e o pai, mas devido a uma briga de família, saiu de casa. Após o enterro do pai, os irmãos não se viram mais, e como Vitor não tem redes sociais e nem tinha aparelho celular à época, foi muito difícil o reencontro.

    Busca – A tentativa de encontrar Vitor, foi um dos aspectos que motivou Joaquim Donato a trabalhar como educador social. Ele entrou no Consultório nas Ruas, um serviço da atenção básica do Sistema Único de Saúde (SUS), e em alguns momentos fez buscas por Vitor nos bairros de Itinga, Sete de Abril e Castelo Branco, mas não o encontrou.

    “Eu fiquei sabendo que ele estava se reunindo com outras pessoas dependentes de álcool no Largo do Caranguejo, em Itinga, no ‘sindicato’, como as pessoas costumam chamar esses grupos aqui em Salvador. Também soube que ele andou um tempo nas ruas e em Centros de Recuperação, por isso fiz essas buscas por esses bairros, mas sem sucesso”, contou.

    Encontro – Joaquim está no Serviço Especializado em Abordagem Social (SEAS) da Sempre desde 19 de janeiro, há menos de um mês. “No momento em que eu me candidatei para a vaga, o meu objetivo era trabalhar com a população em situação de rua, na esperança de encontrar o meu irmão. Foi assim, que no meu primeiro plantão do Catafolia, eu o encontrei e quase não acreditei”, contou.

    “O momento foi muito emocionante, eu só fiz chorar bastante. O choro foi de felicidade, de alegria. Eu cheguei em casa sem acreditar, estatelado. Falei com a minha mãe, ela também não acreditou, aí mostrei a foto dele e da filha dele, foi aí que ela já pediu para marcar um dia para eles irem na nossa casa”, descreveu Joaquim.

    “No momento que eu o encontrei, eu já estava meio sem acreditar, mas como a nossa fé vem de lá de cima, Deus nos uniu de novo e ninguém vai nos separar. E se hoje eu estou tendo a oportunidade de contar a minha história, é graças ao Serviço Social. Ninguém faz esse trabalho, a não as pessoas que trabalham com a atenção social e com o morador de rua. Essa é uma história de superação. Eu já passei fome também e já dormi no relento, eu sei o que é isso, mas Deus colocou vocês aqui para nos ajudar. A função de vocês, incluindo a do meu irmão, é ajudar o povo. A minha vida agora é só agradecer. Eu sou muito grato”, agradeceu Vitor.

    Os planos dos irmãos agora são se manter unidos e fortalecidos. “O que eu mais queria era esse encontro e agora Vitor pode ter certeza que eu vou ajudá-lo no que precisar. E a minha sobrinha, que eu nem sabia que tinha, já é o meu xodó”, contou Joaquim, que mora apenas com a mãe e não tem filhos.

  • Americanas abre quase 400 vagas temporárias na Bahia para a Páscoa

    A Americanas está recrutando funcionários para vagas temporárias na Páscoa. Do total, 393 vagas são para atuação em lojas da Bahia. Em todo o país, a empresa abriu mais de 6 mil vagas para o período, para o cargo de operador de loja.

    As vagas da Bahia estão distribuídas nas cidades de Salvador, Alagoinhas, Amargosa, Barreiras, Bom Jesus da Lapa, Brumado, Cachoeira, Caetité, Camacan, Camaçari, Camamu, Campo Formoso, Candeias, Catu, Conceição do Coité, Conceição do Jacuípe, Cruz das Almas, Dias D'ávila, Entre Rios, Esplanada, Euclides da Cunha, Eunápolis, Feira de Santana, Gandu, Guanambi, Ibotirama, Iguaí, Ilhéus, Ipiaú, Ipirá, Irará, Irecê, Itaberaba, Itabuna, Itamaraju, Itaparica, Itapetinga, Jacobina, Jaguaquara, Jequié, Juazeiro, Lauro De Freitas, Livramento Nossa Senhora, Luís Eduardo Magalhães, Maraú, Mata De São João, Monte Santo, Nova Pojuca, Nova Viçosa, Paulo Afonso, Porto Seguro, Presidente Tancredo Neves, Queimadas, Remanso, Ribeira do Pombal, São Gonçalo dos Campos, Santa Luz, Santa Maria da Vitória, Santo Amaro, Santo Antônio de Jesus, Santo Estevão, Seabra, Senhor do Bonfim, Serrinha, Simões Filho, Santa Cruz de Cabrália, Teixeira de Freitas, Tucano, Ubaitaba, Ubatã, Valença e Vitória da Conquista.

    O perfil procurado pela empresa é de pessoas com idade a partir de 18 anos, ensino médio completo e perfil dinâmico, ágil e resiliente para atuar como operador de loja. Entre as atividades estão o atendimento ao cliente, operação de caixa, organização de itens nas gôndolas, parreiras de ovos de Páscoa e suporte à operação de retirada, na loja, de pedidos feitos pelo site e app da Americanas.

    As oportunidades não exigem experiência prévia e os interessados devem ter disponibilidade para trabalhar entre fevereiro e abril.

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