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Cia Baiana de Patifaria busca alternativas para continuar viva, mas vai deixar Casarão 15

Cia Baiana de Patifaria busca alternativas para continuar viva, mas vai deixar Casarão 15

O projeto de transformar o Casarão 15 enquanto em espaço cultural aberto ao público não durou muito e vai fechar as portas. Mais do que isso, sua proprietária, a Cia Baiana de Patifaria, também está ameaçada de encerrar atividades. O anúncio foi feito ontem pelo ator e diretor Lelo Filho, que gere a companhia de 35 anos de história e um dos símbolos do teatro na Bahia.

O grupo é responsável por espetáculos históricos como A Bofetada, Noviças Rebeldes e Siricotico. Na postagem que publicou em sua conta do Instagram, Lelo Filho fala do encerramento de atividades da Cia, alegando falta de incentivos e diz não ter conseguido aprovação em nenhum edital recente da Lei Aldir Blanc. O diretor disse que o futuro da Companhia é uma incógnita, mas a saída do Casarão 15, no entanto, é uma realidade.

Em julho deste ano, a sede da Cia Baiana de Patifaria foi transformada em um teatro virtual. A ideia era que artistas, ou qualquer profissional de outro segmento, pudessem realizar seus projetos e transmiti-los via internet para todo o mundo. O espaço também se tornou uma espécie de museu artístico com todo acervo da história da Companhia.

“Eu me coloco numa situação muito delicada, a responsabilidade do gestor é muito grande. Com equipe, atores. O futuro da Cia Baiana de Patifaria é uma grande incógnita. Vamos fechar a sede porque temos uma dívida gigante, não temos condição de arcar. Tudo isso aconteceu dentro de uma pandemia em que precisamos atender a protocolos de saúde e reduzir o contato com a plateia. Nosso espetáculo depende do contato, da presença, tem interação do início ao fim”, disse Lelo Filho.

A conversão do Casarão 15 em espaço cultural aconteceu após a Cia Baiana de Patifaria ser contemplada no Mapa Cultural em 2020, via Lei Aldir Blanc, com um financiamento de aproximadamente R$ 30 mil. Para manter as atividades da casa e da companhia sem muitos problemas, Lelo estima que seriam necessários R$ 10 mil por mês. Além dos salários de 9 funcionários fixos, também há os custos com eventuais produções e com a manutenção do Casarão.

“A adaptação para enfrentarmos os tempos difíceis durante a pandemia e a necessidade de isolamento contou com uma verba do Mapa Cultural à qual outras sedes e espaços culturais também tiveram direito. De lá apresentamos, virtualmente, Fora da Ordem, e fizemos transmissões gravadas de outras 6 montagens da Cia Baiana de Patifaria. Algumas lives foram realizadas, mas nosso Casarão infelizmente terá que fechar as portas”, lamentou Lelo.

Risco

Segundo Lelo, o futuro da Companhia está em risco. Ele afirmou que tentará produzir uma temporada de Verão do espetáculo A Bofetada, maior sucesso da companhia, mas acredita que seja inviável porque os custos dificilmente serão cobertos com os teatros funcionando com público reduzido e com a necessidade de cumprir todos os protocolos sanitários contra o coronavírus.

“Sempre tentamos ser independentes dos editais, em todos esses anos fomos por essa linha e é uma história que tenho muito orgulho de ajudar a trilhar. Conto nos dedos quantas vezes tivemos a palavra patrocínio no vocabulário. No entanto, antes a gente conseguia trabalhar até 5 dias por semana e aí gerava caixa para essa independência. Hoje, foi descendo para 2 dias, às vezes um dia, e com essa questão da pandemia ficaria ainda mais difícil de equacionar”, contou.

Os figurinos e todo o acervo que estava no Casarão 15 será alocado no espaço Boca de Cena e em espaços vinculados a parceiros da companhia, até que a gestão encontre um outro local para guardar todo o material.

“A Cia foi independente de verba pública e privada durante longos anos, mas a pandemia nos apresentou uma realidade difícil de enfrentar. A nossa invisibilidade diante quem poderia fazer a diferença é distópica. Fica aqui o nosso desejo para que os gestores de cultura e as comissões formadas por ‘integrantes da sociedade civil’, não deixem que mais nenhum grupo encerre suas atividades. Que mais nenhum teatro feche. Pois é isso que os que agora nos desgovernam mais desejam”, disse Lelo na publicação que veiculou.

História

A trajetória do grupo começou em 1987, graças aos atores Moacir Moreno e Lelo Filho. A primeira peça de teatro feita pela trupe foi Abafabanca, que estreou naquele mesmo ano e ficou 10 meses em cartaz. De lá pra cá, são oito peças no repertório: além de Abafabanca e A Bofetada, Noviças Rebeldes, 3 em 1, A Vaca Lelé, Capitães da Areia, Siricotico e Fora da Ordem - com diferentes formações de elenco.

A Bofetada é o grande sucesso e está nos palcos há 29 anos, viajou a 54 cidades brasileiras, conta com personagens emblemáticas como Fanta Maria, interpretada pelo próprio Lelo, e que ficou famosa no dia a dia da cidade com seus bordões tipo “É a minha cara!”, “Momento lindo, maravilhoso!”, “Adoro, adoro!” e “Evite contrariar o ser humano”. A direção original é de Fernando Guerreiro, atual presidente da Fundação Gregório de Matos.

Pesquisador do teatro baiano, o jornalista Marcos Uzel acompanhou toda a trajetória da Cia Baiana de Patifaria enquanto trabalhava como articulista e crítico teatral. Ele se disse surpreso com a notícia, que classificou como “terrível e absurdo que aconteça”, por conta da importância e longevidade da Cia no teatro baiano.

“A Bofetada, que é a peça mais popular da história do teatro baiano, era uma parabólica do cotidiano da cidade. O público adorava brincar com as personagens. Não existe, na história do teatro baiano, uma personagem tão popular quanto Fanta Maria. Essa aproximação do público, as plateias sempre lotadas. A Cia sempre tentou se reinventar. É importante que as secretarias de cultura e o próprio setor privado se movimentem para garantir a existência dessa instituição tão necessária”, disse.

Segundo Uzel, que é doutor e mestre em Cultura e Sociedade pela Ufba, os trabalhos da Companhia Baiana de Patifaria ajudaram a popularizar o teatro e mudaram de uma vez por todas a relação entre público e artistas.

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    Em meio às celebrações do Dia Internacional da Mulher, em março, a clínica CAM vai oferecer 300 mamografias gratuitas para pacientes de 40 a 70 anos. A ação do grupo Oncoclínicas foi idealizada pela mastologista Carolina Argolo e chega ao terceiro ano consecutivo.

    O trabalho é fruto de uma parceria com a rede de postos Shell através da campanha "Meu Combustível Salva".

    “O nosso objetivo é aumentar o acesso de pacientes ao exame de rastreamento, conscientizar a população sobre a importância da prevenção e contribuir para o combate ao câncer de mama”, afirma a médica da CAM, que também é presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia.

    Podem se inscrever para a realização do exame pacientes de 40 anos a 70 anos de idade nas seguintes condições:

    que tenham realizado mamografia há um ano ou mais (ou nunca tenham realizado o exame)
    que sejam usuárias do SUS

    As interessadas devem fazer o agendamento no último sábado de fevereiro através do telefone (71) 3512-8600. Os exames serão feitos nas unidades da clínica em Salvador (Itaigara e Canela) e Lauro de Freitas.

    Em casos de resultados suspeitos, as pacientes serão encaminhadas para diagnóstico final (biópsia) e tratamento no Hospital Aristides Maltez.

    Importância do diagnóstico precoce
    Ao longo de 10 meses, a clínica disponibiliza ainda mais mamografias gratuitas — são duas mil, no total.

    A CAM justifica a iniciativa ao considerar a dificuldade de acesso ao exame no sistema de saúde do país. A mamografia é a forma mais eficaz de diagnóstico precoce do câncer de mama.

    “O exame de mamografia salva vidas, pois é capaz de identificar nódulos muito pequenos, quando eles ainda não são palpáveis”, explica Carolina Argolo. A especialista lembra que o diagnóstico em fase inicial aumenta em 90% a chance de cura.

    Além disso, o início do rastreamento aos 40 anos reduz a mortalidade em 10 anos em 25% dos casos, de acordo com a Sociedade Brasileira de Mastologia, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem.

    Campanha Meu Combustível Salva
    Todas as pessoas que abasteceram seus veículos com gasolina V Power, por meio do aplicativo Shell Box durante o último mês de outubro, contribuíram automaticamente com a doação de mamografias. A iniciativa é parte da campanha “Meu Combustível Salva”, vigente na Bahia e em Sergipe.

  • Após 15 anos, educador social reencontra irmão durante Carnaval de Salvador

    Um abraço longo e emocionado uniu o vendedor ambulante Vitor da Silva, de 42 anos, ao educador social Joaquim Donato dos Santos Júnior, 36 anos, neste Carnaval de Salvador 2024, colocando fim a uma busca que já durava 15 anos. Os dois são irmãos e haviam se encontrado pela última vez em 2009, no enterro do pai deles.

    O reencontro ocorreu na manhã de sexta-feira (9), durante o segundo dia de Carnaval de Salvador. Vitor atuava como vendedor ambulante e catador no Carnaval e Joaquim, que atua como educador social, estava no primeiro dia de plantão do Catafolia, base de apoio para catadores montada pela Prefeitura de Salvador.

    Vitor resolveu ir à base do Dois de Julho para tomar um café. Ao chegar na base, Vitor ouviu a voz de Joaquim e o abordou. Imediatamente, Joaquim perguntou: “É você? Vitor?”. Ao tempo que Vitor perguntou se era Júnior. Depois disso, os dois se abraçaram por um longo tempo e choraram.

    “Eu tive esse privilégio de encontrá-lo depois de 15 anos. O último momento que nos encontramos foi em 2009, no enterro de nosso pai. Foi um momento de tristeza, mas graças a Deus nos reencontramos depois de muita busca minha por ele”, contou Joaquim.

    O Catafolia, local em que os dois se reencontraram, é uma das duas bases de apoio montadas pela Secretaria de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esportes e Lazer (Sempre) para catadores de materiais recicláveis e reutilizáveis. Durante o Carnaval, para cada espaço, são disponibilizadas 400 vagas por dia pela Prefeitura. Na estrutura, os catadores têm acesso a café da manhã, lanche da manhã, almoço e lanche da tarde, além de sanitários químicos e atendimento médico.

    “O que está tendo um significado maior na minha vida hoje é, primeiramente Deus e depois a minha família. Ele me reencontrou neste lugar. Eu nunca imaginei que fosse encontrar com ele aqui dentro, uma pessoa que trabalha com outras que vivem nas ruas. Ele tem esse olhar cuidadoso para quem vive na rua e isso é muito importante, pois quem vive na rua também é ser humano”, disse Vitor.


    Separação – A história de Vitor é marcada por muitos altos e baixos. Filho de Joaquim Donato e de Ana Paula Silva, ele foi criado por uma tia, pois a sua mãe morreu após o parto e o pai não quis cuidar do filho, história muito parecida com o enredo da novela Renascer, obra de Benedito Ruy Barbosa que atualmente está tendo um remake. Esse foi um dos traumas que o empurrou para o alcoolismo.

    “O meu pai também era alcoólatra, bebia muito. Depois entrou para a igreja e parou, mas Deus levou ele. Eu não tive uma infância muito boa. Por causa do meu problema com o alcoolismo, a minha mãe de criação me colocou para dormir na laje, no relento, me cobrindo com pano de chão. Dormi nas ruas por cinco meses. Mas eu sempre pensei que um dia daria a volta por cima e a minha volta por cima começou há nove anos, quando conheci a minha esposa e hoje mãe da minha filha”, contou.

    Joaquim Donato Júnior e Vitor são os únicos filhos vivos de Joaquim, pai. Eles perderam dois irmãos de forma trágica. A irmã Ana Paula morreu atropelada e o irmão Marcos morreu afogado. Vitor chegou a morar um período com Joaquim e o pai, mas devido a uma briga de família, saiu de casa. Após o enterro do pai, os irmãos não se viram mais, e como Vitor não tem redes sociais e nem tinha aparelho celular à época, foi muito difícil o reencontro.

    Busca – A tentativa de encontrar Vitor, foi um dos aspectos que motivou Joaquim Donato a trabalhar como educador social. Ele entrou no Consultório nas Ruas, um serviço da atenção básica do Sistema Único de Saúde (SUS), e em alguns momentos fez buscas por Vitor nos bairros de Itinga, Sete de Abril e Castelo Branco, mas não o encontrou.

    “Eu fiquei sabendo que ele estava se reunindo com outras pessoas dependentes de álcool no Largo do Caranguejo, em Itinga, no ‘sindicato’, como as pessoas costumam chamar esses grupos aqui em Salvador. Também soube que ele andou um tempo nas ruas e em Centros de Recuperação, por isso fiz essas buscas por esses bairros, mas sem sucesso”, contou.

    Encontro – Joaquim está no Serviço Especializado em Abordagem Social (SEAS) da Sempre desde 19 de janeiro, há menos de um mês. “No momento em que eu me candidatei para a vaga, o meu objetivo era trabalhar com a população em situação de rua, na esperança de encontrar o meu irmão. Foi assim, que no meu primeiro plantão do Catafolia, eu o encontrei e quase não acreditei”, contou.

    “O momento foi muito emocionante, eu só fiz chorar bastante. O choro foi de felicidade, de alegria. Eu cheguei em casa sem acreditar, estatelado. Falei com a minha mãe, ela também não acreditou, aí mostrei a foto dele e da filha dele, foi aí que ela já pediu para marcar um dia para eles irem na nossa casa”, descreveu Joaquim.

    “No momento que eu o encontrei, eu já estava meio sem acreditar, mas como a nossa fé vem de lá de cima, Deus nos uniu de novo e ninguém vai nos separar. E se hoje eu estou tendo a oportunidade de contar a minha história, é graças ao Serviço Social. Ninguém faz esse trabalho, a não as pessoas que trabalham com a atenção social e com o morador de rua. Essa é uma história de superação. Eu já passei fome também e já dormi no relento, eu sei o que é isso, mas Deus colocou vocês aqui para nos ajudar. A função de vocês, incluindo a do meu irmão, é ajudar o povo. A minha vida agora é só agradecer. Eu sou muito grato”, agradeceu Vitor.

    Os planos dos irmãos agora são se manter unidos e fortalecidos. “O que eu mais queria era esse encontro e agora Vitor pode ter certeza que eu vou ajudá-lo no que precisar. E a minha sobrinha, que eu nem sabia que tinha, já é o meu xodó”, contou Joaquim, que mora apenas com a mãe e não tem filhos.

  • Americanas abre quase 400 vagas temporárias na Bahia para a Páscoa

    A Americanas está recrutando funcionários para vagas temporárias na Páscoa. Do total, 393 vagas são para atuação em lojas da Bahia. Em todo o país, a empresa abriu mais de 6 mil vagas para o período, para o cargo de operador de loja.

    As vagas da Bahia estão distribuídas nas cidades de Salvador, Alagoinhas, Amargosa, Barreiras, Bom Jesus da Lapa, Brumado, Cachoeira, Caetité, Camacan, Camaçari, Camamu, Campo Formoso, Candeias, Catu, Conceição do Coité, Conceição do Jacuípe, Cruz das Almas, Dias D'ávila, Entre Rios, Esplanada, Euclides da Cunha, Eunápolis, Feira de Santana, Gandu, Guanambi, Ibotirama, Iguaí, Ilhéus, Ipiaú, Ipirá, Irará, Irecê, Itaberaba, Itabuna, Itamaraju, Itaparica, Itapetinga, Jacobina, Jaguaquara, Jequié, Juazeiro, Lauro De Freitas, Livramento Nossa Senhora, Luís Eduardo Magalhães, Maraú, Mata De São João, Monte Santo, Nova Pojuca, Nova Viçosa, Paulo Afonso, Porto Seguro, Presidente Tancredo Neves, Queimadas, Remanso, Ribeira do Pombal, São Gonçalo dos Campos, Santa Luz, Santa Maria da Vitória, Santo Amaro, Santo Antônio de Jesus, Santo Estevão, Seabra, Senhor do Bonfim, Serrinha, Simões Filho, Santa Cruz de Cabrália, Teixeira de Freitas, Tucano, Ubaitaba, Ubatã, Valença e Vitória da Conquista.

    O perfil procurado pela empresa é de pessoas com idade a partir de 18 anos, ensino médio completo e perfil dinâmico, ágil e resiliente para atuar como operador de loja. Entre as atividades estão o atendimento ao cliente, operação de caixa, organização de itens nas gôndolas, parreiras de ovos de Páscoa e suporte à operação de retirada, na loja, de pedidos feitos pelo site e app da Americanas.

    As oportunidades não exigem experiência prévia e os interessados devem ter disponibilidade para trabalhar entre fevereiro e abril.

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