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Cidades baianas endurecem medidas para frear aumento de casos

Cidades baianas endurecem medidas para frear aumento de casos

Proibição da venda de bebidas alcoólicas, lockdown completo e aumento da fiscalização. Essas são algumas medidas que pequenas cidades baianas adotaram para lidar com a pandemia. Em meio ao cenário de aumento de casos, mortes e internações nos leitos municipais, prefeituras, de cidades como Coronel João Sá, Monte Santo, Pedro Alexandre, Adustina, Iaçu e Ribeira do Pombal impuseram um isolamento rígido.

Em Ribeira do Pombal, a situação é classificada pelos profissionais de saúde como um pré-colapso. O município de cerca de 50 mil habitantes é o quinto da Bahia com o maior número de casos ativos, ou seja, de pessoas atualmente infectadas pela covid-19. No total, são 399, deixando Ribeira do Pombal atrás apenas de Salvador, Feira de Santana, Barreiras e Paulo Afonso, de acordo com os dados da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab).

Atuando na rede municipal de saúde da cidade desde o início da pandemia, o médico Carlos Domini chegou a comparar a realidade da cidade com a vivida em Manaus no início do ano.

“Tá um inferno aqui, eu nunca vi um negócio desse não. Se você ver, aqui a situação é de Manaus mesmo”, disse.

Em Ribeira do Pombal, até 150 pessoas são atendidas por dia com sintomas de covid-19. Até a terça-feira, 25, 255 pacientes aguardavam resultado dos testes RT-PCR enviados ao Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen). Os nove leitos e cinco respiradores disponíveis na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) voltada para covid estão constantemente ocupados. Há ainda o risco de desabastecimento de medicamentos para intubação, como Propofol, Rocorunio, Dormonid, Fentanil, Heparina e Enoxieparina.

“É uma situação calamitosa. Transferimos oito, 10 pacientes por dia e a UPA toda hora lotando. A sorte é que temos uma usina de oxigênio, se não já teria morrido gente com falta de ar. O estado tem sido parceiro e feito as transferências. Mas nossa preocupação é dos hospitais de Salvador e Feira de Santana não conseguirem mais absorver a demanda, o que vai fazer com que haja mais mortes”, lamenta Domini

Até o momento, 51 pessoas morreram de covid em Ribeira do Pombal, cinco apenas nos últimos sete dias. Visando melhorar a situação, uma unidade de saúde do município passou a atender como gripário e um lockdown completo – com o comércio funcionando apenas por delivery - foi determinado até hoje. Mas, segundo o médico que atende o município, as medidas de isolamento serão prorrogadas pelo menos até a segunda-feira (31). “Depois, acho que vai ter que prorrogar mais alguma coisa. Tem que abrir de forma escalonada”, argumenta.

Outras cidades estão em situação complicada
Assim como Ribeira do Pombal, Coronel João Sá, no nordeste baiano, optou por medidas mais duras, como a proibição da venda de bebidas alcoólicas, que por lá vai até, pelo menos, a próxima quinta-feira, 3 de junho.

"A gente foi percebendo que as pessoas, no geral, não consomem sozinhas as bebidas. Na zona rural do município, tem muitas aglomerações em bares, por exemplo”, explicou Almy Rozendo, secretário de Comunicação.

Segundo o gestor, nas últimas três semanas, o aumento de casos se deu de forma alarmante no município. “Em um único dia tivemos 70 novos casos confirmados. Antes era só um ou dois, quando tinha. Só ontem mesmo foram 42 novos casos”, lamenta.

Coronel João Sá não possui leitos para internação por covid. “Ficamos dependentes da regulação”, diz o secretário. Até o momento, 18 pessoas morreram da doença na cidade de cerca de 15 mil habitantes e 122 casos ativos.

Já em Pedro Alexandre, ainda no nordeste, desde 29 de abril cresceram as notificações de síndromes gripais, de acordo com a prefeitura. “Os pacientes tiveram piora clinica repentina e queda nos níveis de saturação, por vezes requerendo oxigenoterapia, o que requereu da vigilância em saúde uma mudança do olhar epidemiológico sobre o território de Pedro Alexandre”, disse Lídia Alves, secretária de Saúde.

No total, o município tem 96 casos ativos e quatro óbitos desde o início da pandemia. “Fomos percebendo a necessidade do aumento de medidas restritivas. Adotamos a barreira sanitária para verificação de temperatura e desinfecção de veículos; estendemos a suspenção da feira livre e fechamento do comércio não essencial; e restringimos os transportes intermunicipais com monitoramento dos viajantes com testagem imediata para os sintomáticos e monitoramento por nove dias para assintomáticos até que seja conveniente a testagem oportuna”, afirmou a secretária.

Em Pedro Alexandre, também está proibida a venda de bebidas alcoólicas até 5 de junho. Já Monte Santo, que chegou a ficar em lockdown por cinco dias, a venda de álcool se mantém suspensa até, pelo menos, a próxima segunda-feira (31), inclusive para o comércio no formato delivery. A cidade de 50 mil habitantes, também localizada no nordeste, tem 148 casos ativos e outros 80 suspeitos. No total, são 33 mortes desde o início da pandemia.

Os outros municípios que endureceram o cerco das medidas de isolamento foram Iaçu, no Centro-Norte baiano, que proibiu a abertura de bares e venda de bebidas alcoólicas até a segunda-feira (31), e Adustina, que instituiu 16 dias sem o comércio de álcool no município, válidos a partir de hoje até o dia 12 de junho. Em Adustina são 45 casos ativos, 87 suspeitos e 16 mortes por covid. Já Iaçu tem 119 casos ativos, 49 suspeitos e 25 óbitos.

Proibir venda de álcool não é suficiente, diz especialista
Coordenadora do curso de medicina do campus Eunápolis da Rede UniFTC, a epidemiologista Lucélia Magalhães é crítica das medidas que proíbem a venda de bebidas alcoólicas. “Eu não conheço nenhum estudo que compare o impedimento da venda de bebidas alcoólicas com a diminuição da transmissibilidade de covid e, consequentemente, diminuição de casos e mortes”, argumenta.

Segundo a médica, o princípio teórico que embasa essa medida está no fato de que, quando as pessoas estão bebendo, ficam sem máscara e mais suscetíveis a não cumprirem o isolamento social. Com isso, os perdigotos, ou seja, as gotículas contaminadas de saliva que saem na hora que a pessoa fala, tosse, espirra ou assoa o nariz, são facilmente espalhadas entre as pessoas que estão consumindo a bebida.

“Só que dizer que sem a venda de bebidas não terá festa e, assim, não terá aglomerações não faz sentido, pois impedir a venda não significa impedir o consumo. Depois que a restrição se prolonga, haverá o que a gente chama de mercado negro. As pessoas compram de forma ilegal. Elas vão preferir as bebidas mais baratas, pois o preço vai subir. E quanto mais prolongada a proibição, maior fica o mercado negro”, diz.

Para Lucélia Magalhães, do ponto de vista epidemiológico, é preciso que as cidades pequenas foquem em ações de maior controle e assistência à saúde. “A aglomeração sem proteção é um risco, principalmente em local onde não tem ventilação, e deve ser combatida. Mas também é importante identificar precocemente e de forma massiva os portadores da doença. Em cidade pequena isso pode ser mais fácil. Quem tá contaminado, precisa ser isolado, monitorado, vigiado e receber uma assistência médica individualizada e rápida”, defende.

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    O trabalho é fruto de uma parceria com a rede de postos Shell através da campanha "Meu Combustível Salva".

    “O nosso objetivo é aumentar o acesso de pacientes ao exame de rastreamento, conscientizar a população sobre a importância da prevenção e contribuir para o combate ao câncer de mama”, afirma a médica da CAM, que também é presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia.

    Podem se inscrever para a realização do exame pacientes de 40 anos a 70 anos de idade nas seguintes condições:

    que tenham realizado mamografia há um ano ou mais (ou nunca tenham realizado o exame)
    que sejam usuárias do SUS

    As interessadas devem fazer o agendamento no último sábado de fevereiro através do telefone (71) 3512-8600. Os exames serão feitos nas unidades da clínica em Salvador (Itaigara e Canela) e Lauro de Freitas.

    Em casos de resultados suspeitos, as pacientes serão encaminhadas para diagnóstico final (biópsia) e tratamento no Hospital Aristides Maltez.

    Importância do diagnóstico precoce
    Ao longo de 10 meses, a clínica disponibiliza ainda mais mamografias gratuitas — são duas mil, no total.

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    Além disso, o início do rastreamento aos 40 anos reduz a mortalidade em 10 anos em 25% dos casos, de acordo com a Sociedade Brasileira de Mastologia, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem.

    Campanha Meu Combustível Salva
    Todas as pessoas que abasteceram seus veículos com gasolina V Power, por meio do aplicativo Shell Box durante o último mês de outubro, contribuíram automaticamente com a doação de mamografias. A iniciativa é parte da campanha “Meu Combustível Salva”, vigente na Bahia e em Sergipe.

  • Após 15 anos, educador social reencontra irmão durante Carnaval de Salvador

    Um abraço longo e emocionado uniu o vendedor ambulante Vitor da Silva, de 42 anos, ao educador social Joaquim Donato dos Santos Júnior, 36 anos, neste Carnaval de Salvador 2024, colocando fim a uma busca que já durava 15 anos. Os dois são irmãos e haviam se encontrado pela última vez em 2009, no enterro do pai deles.

    O reencontro ocorreu na manhã de sexta-feira (9), durante o segundo dia de Carnaval de Salvador. Vitor atuava como vendedor ambulante e catador no Carnaval e Joaquim, que atua como educador social, estava no primeiro dia de plantão do Catafolia, base de apoio para catadores montada pela Prefeitura de Salvador.

    Vitor resolveu ir à base do Dois de Julho para tomar um café. Ao chegar na base, Vitor ouviu a voz de Joaquim e o abordou. Imediatamente, Joaquim perguntou: “É você? Vitor?”. Ao tempo que Vitor perguntou se era Júnior. Depois disso, os dois se abraçaram por um longo tempo e choraram.

    “Eu tive esse privilégio de encontrá-lo depois de 15 anos. O último momento que nos encontramos foi em 2009, no enterro de nosso pai. Foi um momento de tristeza, mas graças a Deus nos reencontramos depois de muita busca minha por ele”, contou Joaquim.

    O Catafolia, local em que os dois se reencontraram, é uma das duas bases de apoio montadas pela Secretaria de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esportes e Lazer (Sempre) para catadores de materiais recicláveis e reutilizáveis. Durante o Carnaval, para cada espaço, são disponibilizadas 400 vagas por dia pela Prefeitura. Na estrutura, os catadores têm acesso a café da manhã, lanche da manhã, almoço e lanche da tarde, além de sanitários químicos e atendimento médico.

    “O que está tendo um significado maior na minha vida hoje é, primeiramente Deus e depois a minha família. Ele me reencontrou neste lugar. Eu nunca imaginei que fosse encontrar com ele aqui dentro, uma pessoa que trabalha com outras que vivem nas ruas. Ele tem esse olhar cuidadoso para quem vive na rua e isso é muito importante, pois quem vive na rua também é ser humano”, disse Vitor.


    Separação – A história de Vitor é marcada por muitos altos e baixos. Filho de Joaquim Donato e de Ana Paula Silva, ele foi criado por uma tia, pois a sua mãe morreu após o parto e o pai não quis cuidar do filho, história muito parecida com o enredo da novela Renascer, obra de Benedito Ruy Barbosa que atualmente está tendo um remake. Esse foi um dos traumas que o empurrou para o alcoolismo.

    “O meu pai também era alcoólatra, bebia muito. Depois entrou para a igreja e parou, mas Deus levou ele. Eu não tive uma infância muito boa. Por causa do meu problema com o alcoolismo, a minha mãe de criação me colocou para dormir na laje, no relento, me cobrindo com pano de chão. Dormi nas ruas por cinco meses. Mas eu sempre pensei que um dia daria a volta por cima e a minha volta por cima começou há nove anos, quando conheci a minha esposa e hoje mãe da minha filha”, contou.

    Joaquim Donato Júnior e Vitor são os únicos filhos vivos de Joaquim, pai. Eles perderam dois irmãos de forma trágica. A irmã Ana Paula morreu atropelada e o irmão Marcos morreu afogado. Vitor chegou a morar um período com Joaquim e o pai, mas devido a uma briga de família, saiu de casa. Após o enterro do pai, os irmãos não se viram mais, e como Vitor não tem redes sociais e nem tinha aparelho celular à época, foi muito difícil o reencontro.

    Busca – A tentativa de encontrar Vitor, foi um dos aspectos que motivou Joaquim Donato a trabalhar como educador social. Ele entrou no Consultório nas Ruas, um serviço da atenção básica do Sistema Único de Saúde (SUS), e em alguns momentos fez buscas por Vitor nos bairros de Itinga, Sete de Abril e Castelo Branco, mas não o encontrou.

    “Eu fiquei sabendo que ele estava se reunindo com outras pessoas dependentes de álcool no Largo do Caranguejo, em Itinga, no ‘sindicato’, como as pessoas costumam chamar esses grupos aqui em Salvador. Também soube que ele andou um tempo nas ruas e em Centros de Recuperação, por isso fiz essas buscas por esses bairros, mas sem sucesso”, contou.

    Encontro – Joaquim está no Serviço Especializado em Abordagem Social (SEAS) da Sempre desde 19 de janeiro, há menos de um mês. “No momento em que eu me candidatei para a vaga, o meu objetivo era trabalhar com a população em situação de rua, na esperança de encontrar o meu irmão. Foi assim, que no meu primeiro plantão do Catafolia, eu o encontrei e quase não acreditei”, contou.

    “O momento foi muito emocionante, eu só fiz chorar bastante. O choro foi de felicidade, de alegria. Eu cheguei em casa sem acreditar, estatelado. Falei com a minha mãe, ela também não acreditou, aí mostrei a foto dele e da filha dele, foi aí que ela já pediu para marcar um dia para eles irem na nossa casa”, descreveu Joaquim.

    “No momento que eu o encontrei, eu já estava meio sem acreditar, mas como a nossa fé vem de lá de cima, Deus nos uniu de novo e ninguém vai nos separar. E se hoje eu estou tendo a oportunidade de contar a minha história, é graças ao Serviço Social. Ninguém faz esse trabalho, a não as pessoas que trabalham com a atenção social e com o morador de rua. Essa é uma história de superação. Eu já passei fome também e já dormi no relento, eu sei o que é isso, mas Deus colocou vocês aqui para nos ajudar. A função de vocês, incluindo a do meu irmão, é ajudar o povo. A minha vida agora é só agradecer. Eu sou muito grato”, agradeceu Vitor.

    Os planos dos irmãos agora são se manter unidos e fortalecidos. “O que eu mais queria era esse encontro e agora Vitor pode ter certeza que eu vou ajudá-lo no que precisar. E a minha sobrinha, que eu nem sabia que tinha, já é o meu xodó”, contou Joaquim, que mora apenas com a mãe e não tem filhos.

  • Americanas abre quase 400 vagas temporárias na Bahia para a Páscoa

    A Americanas está recrutando funcionários para vagas temporárias na Páscoa. Do total, 393 vagas são para atuação em lojas da Bahia. Em todo o país, a empresa abriu mais de 6 mil vagas para o período, para o cargo de operador de loja.

    As vagas da Bahia estão distribuídas nas cidades de Salvador, Alagoinhas, Amargosa, Barreiras, Bom Jesus da Lapa, Brumado, Cachoeira, Caetité, Camacan, Camaçari, Camamu, Campo Formoso, Candeias, Catu, Conceição do Coité, Conceição do Jacuípe, Cruz das Almas, Dias D'ávila, Entre Rios, Esplanada, Euclides da Cunha, Eunápolis, Feira de Santana, Gandu, Guanambi, Ibotirama, Iguaí, Ilhéus, Ipiaú, Ipirá, Irará, Irecê, Itaberaba, Itabuna, Itamaraju, Itaparica, Itapetinga, Jacobina, Jaguaquara, Jequié, Juazeiro, Lauro De Freitas, Livramento Nossa Senhora, Luís Eduardo Magalhães, Maraú, Mata De São João, Monte Santo, Nova Pojuca, Nova Viçosa, Paulo Afonso, Porto Seguro, Presidente Tancredo Neves, Queimadas, Remanso, Ribeira do Pombal, São Gonçalo dos Campos, Santa Luz, Santa Maria da Vitória, Santo Amaro, Santo Antônio de Jesus, Santo Estevão, Seabra, Senhor do Bonfim, Serrinha, Simões Filho, Santa Cruz de Cabrália, Teixeira de Freitas, Tucano, Ubaitaba, Ubatã, Valença e Vitória da Conquista.

    O perfil procurado pela empresa é de pessoas com idade a partir de 18 anos, ensino médio completo e perfil dinâmico, ágil e resiliente para atuar como operador de loja. Entre as atividades estão o atendimento ao cliente, operação de caixa, organização de itens nas gôndolas, parreiras de ovos de Páscoa e suporte à operação de retirada, na loja, de pedidos feitos pelo site e app da Americanas.

    As oportunidades não exigem experiência prévia e os interessados devem ter disponibilidade para trabalhar entre fevereiro e abril.

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