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Baiano se endivida para comer

Baiano se endivida para comer

O mercado de mês que custava cerca de R$ 600 antes da pandemia, agora sai por R$ 900 e ainda é preciso deixar alguns produtos para trás. Esse foi o resultado do aumento do preço dos alimentos na carteira da empregada doméstica Marilene Ramos, 50 anos, que trabalha e mora em Salvador. Com mais gastos para se manter e o dinheiro apertado, o resultado foi uma série de dívidas. O problema é nacional, como aponta pesquisa feita pela Serasa em parceria com a Blend New Reserch para traçar o perfil do endividamento no Brasil. O estudo mostra que, durante período da pandemia, as despesas do dia a dia, como a compra de comida, cresceram e passaram a figurar como o terceiro maior motivo de endividadmento do consumidor, com 11%. Em primeiro e em segundo estão desemprego, 40%, e descontrole financeiro, 14%.

“Meu gasto é mais com comida mesmo, para minha família de 4 pessoas. Aquilo de faltar uma coisa em casa e ter que ir comprar. Com isso, já estou devendo R$ 447 e ainda peguei dinheiro emprestado com meu genro", conta Marilene. E a raiz do problema está mesmo na pandemia. O levantamento aponta que 73% das pessoas declararam que o coronavírus impactou a vida financeira. Dos ouvidos, 40% mantiveram as dificuldades já existentes para pagar as contas, outros 26% acreditam que terão dificuldades em manter o pagamento das contas após a crise.

Desde 2018, o desemprego se mantém como o maior fator de endividamento, segundo a pesquisa. Naquele ano, a falta de emprego foi responsável por 49% das dívidas. Desde 2019, o desemprego é responsabilizado por 40% do passivo. A desorganização financeira ocupa o segundo lugar do ranking desde 2018. Passando de 20% dos motivos para endividamento, há 2 anos, para 21%, em 2019, até chegar a 14%, em 2020. A grande mudança é realmente o impacto das despesas básicas na geração de dívidas, que, em 2018, representavam apenas 5% dos motivos para endividamento e nem apareceram no ranking dos principais motivos de endividamento de 2019.

O economista e educador financeiro Edval Landulfo argumenta que o endividamento é relativo à renda das pessoas. Em meio à pandemia, houve a queda ou a perda de renda gerando dívidas.Dois cenários são descritos por ele para explicar: o de redução ou a perda da renda, e o de ganho de rendimentos ao receber o auxílio emergencial. As famílias que perderam seus rendimentos e estão se mantendo com o benefício do Estado passam dificuldades para fazer as contas caberem no novo orçamento. “Quando pensamos nas pessoas que possuíam uma renda mais alta e passaram a receber menos, se inicia um processo de definir o que priorizar. Com a segunda onda, essas pessoas devem continuar com dificuldades. Ao receber o auxílio, esse valor é usado para alimentação e as dívidas ficam para a frente”, observa.

Por outro lado, existem as pessoas que não possuíam renda e passaram a receber o auxílio emergencial, isso pressionou o mercado, que não estava preparado para receber esses novos consumidores. A consequência, aponta Landulfo, é a dificuldade em encontrar certos produtos e o aumento da inflação. "Essas pessoas que passaram a ter mais renda (via auxílio), começaram a comer melhor e comprar produtos que não compravam antes. Além disso, a entressafra, o aumento da exportação pela desvalorização do real (frente ao dólar) e a cotação em moeda americana dos produtos, faz com que mercadorias faltem no mercado interno e tenham um preço mais alto. É a questão da oferta e da demanda. Nesses casos, as famílias de baixa renda sempre sentem mais impacto, especialmente, nos itens básicos”, analisa.

Dos ouvidos pela pesquisa, 42% receberam o auxílio emergencial e 27% fizeram o pedido, mas não tiveram o benefício recebido. Entre aqueles que receberam o auxílio, 64% usaram ou pretendem usar o valor para despesas domésticas. Já 39% usaram o recurso ou pretendem usar para quitar dívidas, mesmo que apenas parcialmente.

Alta dos alimentos
Independente do cenário analisado, o fato é que o consumidor tem sentido o encarecimento dos alimentos no bolso. A presidente do Movimento de Donas de Casa e Consumidores da Bahia, Selma Magnavita, afirma que os preços só têm crescido desde o começo da pandemia. Ela calcula que, em média, houve um aumento de mais de 22% nas despesas no orçamento doméstico. “Os aumentos no preço dos alimentos, energia e telefonia foram bastante significativos para o orçamento previsto para 2020. O orçamento foi furado e vejo muitas pessoas tendo que atrasar pagamentos”, relata.

A aposentada Itaitara Magalhães, 70, diz que alguns produtos estão com valores “assombrosos”. O creme de ricota que sempre ia para o carrinho passou de R$ 4,49 para R$ 5,89 e foi excluído da lista de compras. Com os preços altos, com frequência, ela escolhe alguns produtos, mas acaba desistindo no caixa ao ver o valor da compra. “Eu percebo que acabo levando só 2/3 dos que coloco no carrinho, o resto vai sendo deixado no caixa para não ficar com um valor muito alto. Eu sempre me pergunto se a compra é necessária, inadiável e insubstituível", conta, "É assustador e o consumidor sofre demais com o preço e a qualidade das coisas. Acredito que as grandes redes colocam o preço mais caro porque vou no mercadinho aqui de Brotas e percebo uma diferença considerável entre os dois”, completa.

Segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do IBGE, que mede a inflação oficial do Brasil, em Salvador e Região Metropolitana, a alimentação em domicílio registrou a maior alta no acumulado de janeiro a novembro deste ano entre todos os itens que compõem o cálculo do custo de vida, atingindo 17,42%. Em segundo lugar está o acesso à internet, 12,18%, seguido do gás de cozinha, 10,58%, energia elétrica residencial, 5,13%, e plano de telefonia fixa, 4,12%.

A Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), que utiliza outra metodologia, aponta que, em novembro, a compra dos produtos da cesta básica, por uma adulta, consumiria 50,5% do salário mínimo líquido. No mês passado, a cesta saiu por R$ 488,1 em Salvador. A variação mensal da cesta (entre novembro e outubro) na capital baiana foi de 7,39%, e a anual 35,39% (novembro de 19 frente ao mesmo mês deste ano). Para comprar o conjunto de produtos na cidade, o empregado que recebe um salário minimo tem de trabalhar, em média, 102 horas e 46 minutos.

Sete produtos da cesta básica registraram alta de preço médio em relação a outubro, segundo a pesquisa do Dieese: tomate (44,30%), óleo de soja (9,80%), manteiga (6,80%), arroz agulhinha (6,48%), carne bovina (2,30%), pão francês (0,98%) e açúcar (0,79%). Já cinco itens tiveram queda nos preços em relação a outubro. São eles: banana da prata (-4,57%), feijão carioquinha (-3,17%), farinha de mandioca (-1,90%), café (-0,99%) e leite (-0,97%).

Procon-Ba denuncia abusos a três ministérios
Em outubro, o Procon-Ba recebeu denúncias da alta no preço dos alimentos, nas quais os consumidores afirmavam a cobrança de valores abusivos. Como o órgão na Bahia preside a Associação Brasileira de Procons, oficiou-se os Ministérios da Economia; Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa); e Justiça e Segurança Pública para tomar conhecimento da alta generalizada dos produtos da cesta básica. “O preço chegou a níveis absurdos, o que fez com que eles fossem denunciados dando fundamento para que o Procon fosse na busca pela defesa do consumidor”, informa o superintendente do órgão, Filipe Vieira.

Segundo ele, o Mapa respondeu que existe um momento de alta nas exportações dosalimentos, mas não há risco de desabastecimento. Já a pasta da Economia apontou que o interesse do exportador é causado pela alta do dólar. Por fim, a Secretaria Nacional do Consumidor, do Ministério da Justiça e Segurança Pública, se comprometeu a acompanhar a alta. A Associação Brasileira de Supermercados também se comprometeu em se atentar ao preço da cesta básica, repassando aoconsumidor apenas eventuais aumentos dos produtores e da indústria.

“Nas reuniões, conseguimos que fosse zerada a alíquota de importação do arroz e foi firmado o compromisso de fazer o mesmo com outros itens da cesta básica. Há também uma movimentação do Governo Federal para incentivar a agricultura familiar. Outras políticas devem entrar em curso com o passar do tempo”, afirma Vieira. A expectativa é de que as medidas deem resultado prático, controlando os preços e até a abaixar os valores em relação à velocidade de crescimento dos preços a partir de meados de dezembro e em janeiro.

Sobre a conta de luz, o superintendente afirma que é estranho a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) ter mudado a bandeira tarifária para a cor vermelha na virada de novembro e dezembro, não em 2021. “Tentamos reverter esse aumento”, afirma Vieira.

Caso o consumidor acredite que exista cobrança de preço abusivo, é possível fazer a denúncia por meio do aplicativo Procon BA Mobile para que o caso seja investigado. “Existe diferença entre preço absurdo e abusivo. Para ser abusivo, o preço deve ter sofrido reajuste além dos índices oficiais ou sem um justa causa”, explica Vieira.

Cartão de crédito
A última grande dívida de Marilene foi no cartão de crédito, após uma bola de neve se formar por causa de um período pagando apenas a fatura mínima. Com os juros, ela teve que pagar cerca de R$ 1 mil para quitar a dívida. Mas ela conta que já está “de cabelo arrepiado” porque ainda não conseguiu pagar os R$ 447 da fatura deste mês.

“Os juros são muito altos, já pensei em cancelar o cartão porque com ele eu gasto mais do que devia. Não compro com dinheiro e fico passando no cartão. Uma pessoa com um salário mínimo não consegue pagar R$ 500 de fatura e ainda tem as outras dívidas”, diz.

Para o economista Edval Landulfo, parte das pessoas tem a falsa sensação de que o cartão é uma extensão do salário. Um dos grandes perigos do pla´stico é justamente as pequenas parcelas, que se perdem na cabeça do comprador, mas, juntas, podem virar uma grande quantia a ser paga no final do mês. “Não temos o hábito de fazer o orçamento e colocar todas as parcelas, mesmo as pequenas. Outra coisa importante é que, antes de comprar no cartão, é preciso ter o dinheiro para pagar a compra. Muita gente faz o oposto, compra sem ter o dinheiro e depois vê como paga”, fala.

Landulfo dá duas dicas para usar o melhor cartão, mas elas só servem para quem tem controle dos gastos. A primeira é fazer compras de mercado e combustível no crédito para receber milhas, a outra é pagar à vista sempre que for possível e conseguir um desconto nessa modalidade.

A pesquisa do Serasa aponta ainda que dois terços das pessoas têm dívidas com o cartão de crédito. Dentre os endividados, 70% ainda não conseguiram quitar a dívida, mas 58% acreditam que vão pagar o passivo. Já 10% desistiram de zerar a dívida. Limpar o nome é apontado como o maior objetivo dos que acabaram com os débitos, com 54% das respostas.

Serasa: 51% das pessoas voltam a se endividar
O reendividamento acontece em 51% dos casos, segundo a pesquisa, que aponta que o desemprego (54%), a falta de controle (24%) e a compra de mantimentos e gastos do dia a dia (18%) também são as principais causas da ocorrência de novas dívidas.

Landulfo explica que o reindividamento acontece porque as pessoas não têm um planejamento financeiro. De acordo com ele, é comum que os trabalhadores utilizem o dinheiro do 13º e das férias para quitar as dívidas, ter crédito e, assim, criar novos débitos. “É uma bola de neve, a pessoa prefere pagar uma dívida para ter acesso ao crédito para comprar algum produto financiado. Com isso, a renda sempre está comprometida e a pessoa não consegue pagar a parcela do novo financiamento, o que gera outra dívida”, explica.

O economista aponta ainda que existem famílias que vivem acima do padrão de vida permitido pela renda, mas optam pelo endividamento para manter o status. “Existem famílias com 4 pessoas que ganham entre 1 e 2 salários mínimos, nesse caso, existe mesmo um problema de renda que dificulta seguir um planejamento e pagar as contas. Mas outras pessoas se endividam por vaidade”, afirma.

De acordo com a pesquisa, 90% das pessoas fazem algum tipo de controle de gastos - a maioria (29%) anota todas as despesas em um papel ou uma planilha. Entretanto, 10% dos ouvidos não fazem nenhum tipo de controle. O estudo explica que, apesar de grande parte das pessoas terem controle, a renda baixa ou limitada não condiz com o volume de gastos dos lares do Brasil.

A pesquisa ouviu 3.994 pessoas entre 2 e 29 de outubro. O nível de confiança é de 95% e a margem de erro é de 2%.

Alimentos com as maiores variações acumuladas**

Óleo de Soja (98,08%)
Tomate (87,62%)
Arroz (71,3%)
Batata-inglesa (59,29%)
Cenoura (56,71%)

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    “Eu tive esse privilégio de encontrá-lo depois de 15 anos. O último momento que nos encontramos foi em 2009, no enterro de nosso pai. Foi um momento de tristeza, mas graças a Deus nos reencontramos depois de muita busca minha por ele”, contou Joaquim.

    O Catafolia, local em que os dois se reencontraram, é uma das duas bases de apoio montadas pela Secretaria de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esportes e Lazer (Sempre) para catadores de materiais recicláveis e reutilizáveis. Durante o Carnaval, para cada espaço, são disponibilizadas 400 vagas por dia pela Prefeitura. Na estrutura, os catadores têm acesso a café da manhã, lanche da manhã, almoço e lanche da tarde, além de sanitários químicos e atendimento médico.

    “O que está tendo um significado maior na minha vida hoje é, primeiramente Deus e depois a minha família. Ele me reencontrou neste lugar. Eu nunca imaginei que fosse encontrar com ele aqui dentro, uma pessoa que trabalha com outras que vivem nas ruas. Ele tem esse olhar cuidadoso para quem vive na rua e isso é muito importante, pois quem vive na rua também é ser humano”, disse Vitor.


    Separação – A história de Vitor é marcada por muitos altos e baixos. Filho de Joaquim Donato e de Ana Paula Silva, ele foi criado por uma tia, pois a sua mãe morreu após o parto e o pai não quis cuidar do filho, história muito parecida com o enredo da novela Renascer, obra de Benedito Ruy Barbosa que atualmente está tendo um remake. Esse foi um dos traumas que o empurrou para o alcoolismo.

    “O meu pai também era alcoólatra, bebia muito. Depois entrou para a igreja e parou, mas Deus levou ele. Eu não tive uma infância muito boa. Por causa do meu problema com o alcoolismo, a minha mãe de criação me colocou para dormir na laje, no relento, me cobrindo com pano de chão. Dormi nas ruas por cinco meses. Mas eu sempre pensei que um dia daria a volta por cima e a minha volta por cima começou há nove anos, quando conheci a minha esposa e hoje mãe da minha filha”, contou.

    Joaquim Donato Júnior e Vitor são os únicos filhos vivos de Joaquim, pai. Eles perderam dois irmãos de forma trágica. A irmã Ana Paula morreu atropelada e o irmão Marcos morreu afogado. Vitor chegou a morar um período com Joaquim e o pai, mas devido a uma briga de família, saiu de casa. Após o enterro do pai, os irmãos não se viram mais, e como Vitor não tem redes sociais e nem tinha aparelho celular à época, foi muito difícil o reencontro.

    Busca – A tentativa de encontrar Vitor, foi um dos aspectos que motivou Joaquim Donato a trabalhar como educador social. Ele entrou no Consultório nas Ruas, um serviço da atenção básica do Sistema Único de Saúde (SUS), e em alguns momentos fez buscas por Vitor nos bairros de Itinga, Sete de Abril e Castelo Branco, mas não o encontrou.

    “Eu fiquei sabendo que ele estava se reunindo com outras pessoas dependentes de álcool no Largo do Caranguejo, em Itinga, no ‘sindicato’, como as pessoas costumam chamar esses grupos aqui em Salvador. Também soube que ele andou um tempo nas ruas e em Centros de Recuperação, por isso fiz essas buscas por esses bairros, mas sem sucesso”, contou.

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    “O momento foi muito emocionante, eu só fiz chorar bastante. O choro foi de felicidade, de alegria. Eu cheguei em casa sem acreditar, estatelado. Falei com a minha mãe, ela também não acreditou, aí mostrei a foto dele e da filha dele, foi aí que ela já pediu para marcar um dia para eles irem na nossa casa”, descreveu Joaquim.

    “No momento que eu o encontrei, eu já estava meio sem acreditar, mas como a nossa fé vem de lá de cima, Deus nos uniu de novo e ninguém vai nos separar. E se hoje eu estou tendo a oportunidade de contar a minha história, é graças ao Serviço Social. Ninguém faz esse trabalho, a não as pessoas que trabalham com a atenção social e com o morador de rua. Essa é uma história de superação. Eu já passei fome também e já dormi no relento, eu sei o que é isso, mas Deus colocou vocês aqui para nos ajudar. A função de vocês, incluindo a do meu irmão, é ajudar o povo. A minha vida agora é só agradecer. Eu sou muito grato”, agradeceu Vitor.

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