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Novo Horizonte é a única cidade da Bahia sem casos de covid-19

Novo Horizonte é a única cidade da Bahia sem casos de covid-19

Você acredita que tem uma cidade na Bahia aonde 2020 ainda não chegou? Enquanto, desde março, os baianos e o restante do Brasil travam uma luta contra o avanço do novo coronavírus, os moradores de Novo Horizonte podem bater no peito e dizer que não sabem o que é covid-19, em pleno setembro. É que o município é o único do estado, e um das duas cidades do Nordeste, que não tem nenhum caso registrado da doença.

Encravada entre montanhas na Chapada Diamantina, a cidade de Novo Horizonte parece um achado, assim como são as pedras preciosas que atraíram a população para o local e que permitiu a emancipação de Ibitiara, em junho de 1989. O município tem apenas 31 anos e junto com Canavieira, no Piauí, são os únicos do Nordeste sem casos confirmados da doença.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), a estimativa é de que 12.500 pessoas vivam na pequena cidade, mas esse dado é flutuante porque a mineração, principal atividade econômica da região, atrai muitos forasteiros durante o ano. E com esse vai e vem de visitantes a pergunta que fazemos é: como o novo coronavírus ainda não encontrou a cidade?

Quem explica é o prefeito, Djalma Abreu dos Anjos, e a resposta dele pode ser sintetizada em uma palavra: prevenção. Aglomerações foram proibidas, o comércio foi adaptado, barreiras sanitárias foram criadas, o uso das máscaras se tornou obrigatório e a cidade foi isolada. Ele contou que as primeiras medidas foram tomadas em março, portanto, no começo da pandemia.

“Fechamos tudo. Fizemos barreiras sanitárias que estão em funcionamento até hoje, e que foram ficando ainda mais intensas com o passar do tempo. Todas as ações começaram em 19 de março. São três barreiras”, afirmou.

Funciona assim: quem quer entrar na cidade precisa parar na barreira para higienizar as mãos e as roupas, e medir a temperatura. A regra vale tanto para visitantes como para moradores que estão retonando de outros municípios. No caso dos forasteiros, é preciso especificar para onde vai e por quanto tempo pretende permanecer na cidade. Essas informações são importantes para a prefeitura porque essa pessoa será monitorada.

O principal acesso a Novo Horizonte é pela BA-152. O transporte intermunicipal está suspenso, mas uma empresa de ônibus está operando uma linha interestadual com São Paulo. A prefeitura montou um esquema em que é informada previamente sobre quantos passageiros vão desembarcar e prepara as equipes de saúde para fazer a entrevista, medição da temperatura e o teste rápido nessas pessoas. Os produtos que chegam ao município também são desinfetados nas barreiras.

Isolamento
Apesar de ficar em uma região pouco povoada Novo Horizonte não está totalmente isolada. Ela tem ligação por terra com as cidades de Ibitiara e Rio do Pires. A primeira tem 11 casos confirmados da doença e um óbito. A segunda, 26 casos e três mortes. No mapa, os moradores fazem fronteira também com Ibipitanga, Piatã e Boninal. Todas com casos confirmados de covid-19.

Mas o que preocupa mais as autoridades é o trânsito da população com Seabra, maior cidade da região, e Irecê, onde os moradores acessam os serviços de saúde, como acontece com um grupo que vai até o município para fazer hemodiálise três vezes por semana. Irecê tem 1.319 casos confirmados e Seabra 271 pacientes, segundo dados divulgados pela Secretaria Estadual da Saúde (Sesab), na terça-feira (8).

“Conversamos com as cidades vizinhas e pedimos para elas não afrouxarem os protocolos e as medidas de isolamento, orientamos os moradores a sempre usarem os EPIs, e pedimos que o motorista do ônibus da prefeitura que leva o pessoal para a hemodiálise não deixar as pessoas ficarem andando pela cidade”, disse o prefeito.

A preocupação é justificada por outro motivo. Cerca de 4 mil moradores de Novo Horizonte são idosos e metade tem problemas crônicos de saúde, como complicações respiratórias causadas pelo garimpo e diabetes. A cidade não tem hospital, nem leitos de UTI. Sete Postos de Saúde da Família são responsáveis por atender os 12 mil habitantes.

Apesar da cidade não ter nenhum caso confirmado do novo coronavírus, desde que a pandemia começou houve 117 suspeitas, mas elas foram descartadas depois dos testes. Atualmente, 970 pessoas estão sendo monitoradas.

Para as autoridades as medidas de prevenção adotadas com celeridade, o diálogo com os municípios vizinhos mirando resultados em conjunto, o isolamento da cidade, e a quantidade pequena da população facilitaram o monitoramento, a eficiência das ações e ajudaram a proteger os moradores de Novo Horizonte.

Medidas
O uso de Equipamentos Individuais de Proteção (EPIs), como as máscaras faciais, é obrigatório em todas as situações. Restaurantes estão fechados e bares não podem usar os salões. O restante do comércio funciona com restrições no horário de funcionamento e também na estrutura. Em alguns locais, por exemplo, o cliente não tem acesso ao interior da loja. Ele escolhe o produto no balcão e o vendedor vai pegar.

Álcool em gel é obrigatório nos estabelecimentos, máscaras foram distribuídas para a população, e pontos de higienização foram instalados na cidade. As igrejas estão operando com quantidade reduzida de público, e até a festa de Santo Antônio, principal evento da cidade, foi suspensa, tanto a oficial como as aglomerações nos bairros.

Parte da população resistiu às mudanças, mas as pessoas ouvidas pela reportagem aprovaram as medidas. O prefeito acredita que o trabalho realizado pela equipe da saúde e a participação dos moradores foram fundamentais para esse resultado.

“A gente tem consciência de que algum dia a doença vai chegar, mas estamos trabalhando para que não chegue ou para que quando chegar isso aconteça bem próximo de quando a vacina já estiver no Brasil. Nossa meta é passar esse ano sem nenhum caso de covid na cidade”, afirmou.

Apesar de estarem cercados de casos confirmados da doença por todos os lados, os moradores sentem como se estivessem em uma ilha, mirando para o futuro onde estará a vacina e um novo horizonte.

Confira as dez cidades com maior número de casos registrados de covid-19, até 8/9:

Salvador – 79.215 casos

Feira de Santana – 11.950 casos

Itabuna – 11.133 casos

Lauro de Freitas – 6.118 casos

Ilhéus – 6.102 casos

Vitória da Conquista – 5.859 casos

Camaçari – 5.737 casos

Jequié – 5.379 casos

Alagoinhas – 4.839 casos

Juazeiro – 4.654 casos

Confira as dez cidades com maior número de casos ativos da doença na Bahia:

Salvador – 988 casos

Itabuna – 408 casos

Ilhéus – 238 casos

Feira de Santana – 218 casos

Teixeira de Freitas – 134 casos

Luís Eduardo Magalhães – 127 casos

Irecê – 119 casos

Lauro de Freitas – 117 casos

Paulo Afonso – 117 casos

Barreiras – 108 casos

Confira as dez cidades com maior número de mortes da doença na Bahia:

Salvador – 3.175 mortes

Itabuna – 279 mortes

Ilhéus – 277 mortes

Vitória da Conquista – 250 mortes

Feira de Santana – 205 mortes

Jequié – 168 mortes

Barreiras –122 mortes

Teixeira de Freitas – 110 mortes

Juazeiro – 104 mortes

Camaçari – 73 mortes

*Fonte: Secretaria Estadual da Saúde (Sesab).

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  • Clínica oferece 300 mamografias gratuitas para pacientes de 40 a 70 anos em cidades da Bahia

    Em meio às celebrações do Dia Internacional da Mulher, em março, a clínica CAM vai oferecer 300 mamografias gratuitas para pacientes de 40 a 70 anos. A ação do grupo Oncoclínicas foi idealizada pela mastologista Carolina Argolo e chega ao terceiro ano consecutivo.

    O trabalho é fruto de uma parceria com a rede de postos Shell através da campanha "Meu Combustível Salva".

    “O nosso objetivo é aumentar o acesso de pacientes ao exame de rastreamento, conscientizar a população sobre a importância da prevenção e contribuir para o combate ao câncer de mama”, afirma a médica da CAM, que também é presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia.

    Podem se inscrever para a realização do exame pacientes de 40 anos a 70 anos de idade nas seguintes condições:

    que tenham realizado mamografia há um ano ou mais (ou nunca tenham realizado o exame)
    que sejam usuárias do SUS

    As interessadas devem fazer o agendamento no último sábado de fevereiro através do telefone (71) 3512-8600. Os exames serão feitos nas unidades da clínica em Salvador (Itaigara e Canela) e Lauro de Freitas.

    Em casos de resultados suspeitos, as pacientes serão encaminhadas para diagnóstico final (biópsia) e tratamento no Hospital Aristides Maltez.

    Importância do diagnóstico precoce
    Ao longo de 10 meses, a clínica disponibiliza ainda mais mamografias gratuitas — são duas mil, no total.

    A CAM justifica a iniciativa ao considerar a dificuldade de acesso ao exame no sistema de saúde do país. A mamografia é a forma mais eficaz de diagnóstico precoce do câncer de mama.

    “O exame de mamografia salva vidas, pois é capaz de identificar nódulos muito pequenos, quando eles ainda não são palpáveis”, explica Carolina Argolo. A especialista lembra que o diagnóstico em fase inicial aumenta em 90% a chance de cura.

    Além disso, o início do rastreamento aos 40 anos reduz a mortalidade em 10 anos em 25% dos casos, de acordo com a Sociedade Brasileira de Mastologia, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem.

    Campanha Meu Combustível Salva
    Todas as pessoas que abasteceram seus veículos com gasolina V Power, por meio do aplicativo Shell Box durante o último mês de outubro, contribuíram automaticamente com a doação de mamografias. A iniciativa é parte da campanha “Meu Combustível Salva”, vigente na Bahia e em Sergipe.

  • Após 15 anos, educador social reencontra irmão durante Carnaval de Salvador

    Um abraço longo e emocionado uniu o vendedor ambulante Vitor da Silva, de 42 anos, ao educador social Joaquim Donato dos Santos Júnior, 36 anos, neste Carnaval de Salvador 2024, colocando fim a uma busca que já durava 15 anos. Os dois são irmãos e haviam se encontrado pela última vez em 2009, no enterro do pai deles.

    O reencontro ocorreu na manhã de sexta-feira (9), durante o segundo dia de Carnaval de Salvador. Vitor atuava como vendedor ambulante e catador no Carnaval e Joaquim, que atua como educador social, estava no primeiro dia de plantão do Catafolia, base de apoio para catadores montada pela Prefeitura de Salvador.

    Vitor resolveu ir à base do Dois de Julho para tomar um café. Ao chegar na base, Vitor ouviu a voz de Joaquim e o abordou. Imediatamente, Joaquim perguntou: “É você? Vitor?”. Ao tempo que Vitor perguntou se era Júnior. Depois disso, os dois se abraçaram por um longo tempo e choraram.

    “Eu tive esse privilégio de encontrá-lo depois de 15 anos. O último momento que nos encontramos foi em 2009, no enterro de nosso pai. Foi um momento de tristeza, mas graças a Deus nos reencontramos depois de muita busca minha por ele”, contou Joaquim.

    O Catafolia, local em que os dois se reencontraram, é uma das duas bases de apoio montadas pela Secretaria de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esportes e Lazer (Sempre) para catadores de materiais recicláveis e reutilizáveis. Durante o Carnaval, para cada espaço, são disponibilizadas 400 vagas por dia pela Prefeitura. Na estrutura, os catadores têm acesso a café da manhã, lanche da manhã, almoço e lanche da tarde, além de sanitários químicos e atendimento médico.

    “O que está tendo um significado maior na minha vida hoje é, primeiramente Deus e depois a minha família. Ele me reencontrou neste lugar. Eu nunca imaginei que fosse encontrar com ele aqui dentro, uma pessoa que trabalha com outras que vivem nas ruas. Ele tem esse olhar cuidadoso para quem vive na rua e isso é muito importante, pois quem vive na rua também é ser humano”, disse Vitor.


    Separação – A história de Vitor é marcada por muitos altos e baixos. Filho de Joaquim Donato e de Ana Paula Silva, ele foi criado por uma tia, pois a sua mãe morreu após o parto e o pai não quis cuidar do filho, história muito parecida com o enredo da novela Renascer, obra de Benedito Ruy Barbosa que atualmente está tendo um remake. Esse foi um dos traumas que o empurrou para o alcoolismo.

    “O meu pai também era alcoólatra, bebia muito. Depois entrou para a igreja e parou, mas Deus levou ele. Eu não tive uma infância muito boa. Por causa do meu problema com o alcoolismo, a minha mãe de criação me colocou para dormir na laje, no relento, me cobrindo com pano de chão. Dormi nas ruas por cinco meses. Mas eu sempre pensei que um dia daria a volta por cima e a minha volta por cima começou há nove anos, quando conheci a minha esposa e hoje mãe da minha filha”, contou.

    Joaquim Donato Júnior e Vitor são os únicos filhos vivos de Joaquim, pai. Eles perderam dois irmãos de forma trágica. A irmã Ana Paula morreu atropelada e o irmão Marcos morreu afogado. Vitor chegou a morar um período com Joaquim e o pai, mas devido a uma briga de família, saiu de casa. Após o enterro do pai, os irmãos não se viram mais, e como Vitor não tem redes sociais e nem tinha aparelho celular à época, foi muito difícil o reencontro.

    Busca – A tentativa de encontrar Vitor, foi um dos aspectos que motivou Joaquim Donato a trabalhar como educador social. Ele entrou no Consultório nas Ruas, um serviço da atenção básica do Sistema Único de Saúde (SUS), e em alguns momentos fez buscas por Vitor nos bairros de Itinga, Sete de Abril e Castelo Branco, mas não o encontrou.

    “Eu fiquei sabendo que ele estava se reunindo com outras pessoas dependentes de álcool no Largo do Caranguejo, em Itinga, no ‘sindicato’, como as pessoas costumam chamar esses grupos aqui em Salvador. Também soube que ele andou um tempo nas ruas e em Centros de Recuperação, por isso fiz essas buscas por esses bairros, mas sem sucesso”, contou.

    Encontro – Joaquim está no Serviço Especializado em Abordagem Social (SEAS) da Sempre desde 19 de janeiro, há menos de um mês. “No momento em que eu me candidatei para a vaga, o meu objetivo era trabalhar com a população em situação de rua, na esperança de encontrar o meu irmão. Foi assim, que no meu primeiro plantão do Catafolia, eu o encontrei e quase não acreditei”, contou.

    “O momento foi muito emocionante, eu só fiz chorar bastante. O choro foi de felicidade, de alegria. Eu cheguei em casa sem acreditar, estatelado. Falei com a minha mãe, ela também não acreditou, aí mostrei a foto dele e da filha dele, foi aí que ela já pediu para marcar um dia para eles irem na nossa casa”, descreveu Joaquim.

    “No momento que eu o encontrei, eu já estava meio sem acreditar, mas como a nossa fé vem de lá de cima, Deus nos uniu de novo e ninguém vai nos separar. E se hoje eu estou tendo a oportunidade de contar a minha história, é graças ao Serviço Social. Ninguém faz esse trabalho, a não as pessoas que trabalham com a atenção social e com o morador de rua. Essa é uma história de superação. Eu já passei fome também e já dormi no relento, eu sei o que é isso, mas Deus colocou vocês aqui para nos ajudar. A função de vocês, incluindo a do meu irmão, é ajudar o povo. A minha vida agora é só agradecer. Eu sou muito grato”, agradeceu Vitor.

    Os planos dos irmãos agora são se manter unidos e fortalecidos. “O que eu mais queria era esse encontro e agora Vitor pode ter certeza que eu vou ajudá-lo no que precisar. E a minha sobrinha, que eu nem sabia que tinha, já é o meu xodó”, contou Joaquim, que mora apenas com a mãe e não tem filhos.

  • Americanas abre quase 400 vagas temporárias na Bahia para a Páscoa

    A Americanas está recrutando funcionários para vagas temporárias na Páscoa. Do total, 393 vagas são para atuação em lojas da Bahia. Em todo o país, a empresa abriu mais de 6 mil vagas para o período, para o cargo de operador de loja.

    As vagas da Bahia estão distribuídas nas cidades de Salvador, Alagoinhas, Amargosa, Barreiras, Bom Jesus da Lapa, Brumado, Cachoeira, Caetité, Camacan, Camaçari, Camamu, Campo Formoso, Candeias, Catu, Conceição do Coité, Conceição do Jacuípe, Cruz das Almas, Dias D'ávila, Entre Rios, Esplanada, Euclides da Cunha, Eunápolis, Feira de Santana, Gandu, Guanambi, Ibotirama, Iguaí, Ilhéus, Ipiaú, Ipirá, Irará, Irecê, Itaberaba, Itabuna, Itamaraju, Itaparica, Itapetinga, Jacobina, Jaguaquara, Jequié, Juazeiro, Lauro De Freitas, Livramento Nossa Senhora, Luís Eduardo Magalhães, Maraú, Mata De São João, Monte Santo, Nova Pojuca, Nova Viçosa, Paulo Afonso, Porto Seguro, Presidente Tancredo Neves, Queimadas, Remanso, Ribeira do Pombal, São Gonçalo dos Campos, Santa Luz, Santa Maria da Vitória, Santo Amaro, Santo Antônio de Jesus, Santo Estevão, Seabra, Senhor do Bonfim, Serrinha, Simões Filho, Santa Cruz de Cabrália, Teixeira de Freitas, Tucano, Ubaitaba, Ubatã, Valença e Vitória da Conquista.

    O perfil procurado pela empresa é de pessoas com idade a partir de 18 anos, ensino médio completo e perfil dinâmico, ágil e resiliente para atuar como operador de loja. Entre as atividades estão o atendimento ao cliente, operação de caixa, organização de itens nas gôndolas, parreiras de ovos de Páscoa e suporte à operação de retirada, na loja, de pedidos feitos pelo site e app da Americanas.

    As oportunidades não exigem experiência prévia e os interessados devem ter disponibilidade para trabalhar entre fevereiro e abril.

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