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Praia do Forte e Imbassaí querem aumentar turismo com retomada de atividades

Praia do Forte e Imbassaí querem aumentar turismo com retomada de atividades

Mesmo com a pandemia do novo coronavírus, Praia do Forte e Imbassaí se preparam para receber turistas com a retomada das atividades econômicas em restaurantes e parques temáticos, a partir desse sábado (1). Até o Projeto Tamar vai voltar a receber visitantes: 70 pessoas por hora, segundo o biólogo e gestor do Centro de Visitação da instituição, Gonzalo Rostan. Esse retorno da atividade econômica foi autorizado pela Prefeitura Municipal de Mata de São João.

"Primeiro, a gente reabriu os hotéis no dia 15 de julho. As pousadas nunca foram proibidas de funcionar, embora muitas tivessem interrompido os serviços por causa da pandemia”, lembrou o prefeito da cidade, Marcelo Oliveira (PSDB). Essa reabertura, no entanto, não significa que Mata do São João ficou livre do coronavírus.

É que nas duas últimas semanas, de acordo com a prefeitura, houve uma desaceleração na quantidade de novos infectados e um aumento de pacientes recuperados. Se os números continuarem estáveis, no mínimo, o retorno das atividades econômicas será ampliado de forma gradual, a cada quinze ou trinta dias.

“No dia 15 de agosto, abrirá lanchonetes, cafeterias, escritórios e o trabalho ambulantes. Dia 30, vai ser eventos acimas de 15 pessoas. Já no dia 30 de novembro serão liberados os espaços públicos, bares e barracas de praia. Isso se a curva permanecer como está agora”, disse o gestor, que garante que a cidade está preparada para voltar a receber turistas com segurança.

Nos restaurantes de Praia do Forte, totem de álcool em gel foi construído por um artista plástico local, Cau Specth (Foto: divulgação)
Segundo o último boletim epidemiológico do município, divulgado na última quarta-feira (29), Mata de São João tinha 370 casos confirmados da covid-19, cinco mortes e 120 casos ativos, ou seja, que ainda não foram recuperados. Desses, 16 são em Imbassaí e três em Praia do Forte. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Mata de São João tem uma população estimada de 47 mil habitantes.

“Hoje temos apenas quatro pacientes internados na cidade toda e 111 em tratamento domiciliar. O hospital está equipado até para casos mais complicados, com leitos com ventiladores”, disse o prefeito. Mata de São João possui 20 leitos exclusivos para o tratamento de doentes com a covid-19. Segundo Marcelo, um aumento expressivo na taxa de ocupação desses leitos ou no número de casos pode fazer com que os restaurantes sejam fechados de novo.

“A gente quer fazer uma abertura gradual que não permita retroceder, pois isso é muito ruim, é um desgaste emocional. Tem o custo econômico, mas também toda a frustação em ter que fechar novamente. Queremos fazer tudo coordenado com o poder público e contar com a colaboração dos turistas, que tenham atitudes proativas e se encaixem no exigido”, afirmou o presidente da Associação Comercial e Turística de Praia do Forte (Turisforte), Vitor Hugo Knack.

Restaurante
De Buenos Aires, o argentino Fernando Giaimo, dono do restaurante É Massa, em Imbassaí, afirmou que o seu estabelecimento está pronto para abrir as portas no sábado. “No inverno, sempre venho para a Argentina e deixo um gerente tomando conta do estabelecimento. A quantidade de visitantes diminui por ser baixa temporada e o número de trabalhadores costuma reduzir para oito, sendo 20 no verão”, afirmou o empresário, que pretende retomar as atividades com o mesmo número usual de funcionários

Fernando mantém o É Massa desde 2002. Durante a pandemia, o restaurante continuou atuando através do sistema delivery. “Mas o faturamento foi bem inferior, cerca de 20% do que ganhamos em tempos normais. Como sabíamos que a retomada das atividades ia ser a qualquer momento e que as regras aplicadas em Imbassaí seriam as mesmas dos protocolos internacionais, deixamos o restaurante preparado”, afirmou. Clique aqui para ter acesso a todas as regras do plano de retomada.

Dentre as medidas adotadas está a instalação de um cardápio montado numa placa que será movida apenas pelo garçom, de modo que os clientes consigam ler da sua mesa, sem sair do lugar ou tocar em alguma superfície. “Vamos reduzir a capacidade do estabelecimento em cerca de 40%, para distanciar as mesas e esperamos que o nosso faturamento aumento para 60% do que seria se não tivesse pandemia, o que já vai ser algo positivo”, disse o dono.

Também argentino, Javier Rozas, 35 anos, vive há oito em Praia do Forte, onde montou dois restaurantes, o Its Gastronomia e Its Rock. “Esse foi o nosso maior desafio vivido até agora. O Its Rock completou um ano na pandemia e tivemos o desafio de não o fechar. Agora, estamos otimistas. Tem um ano longo pela frente, com muito trabalho”, disse.

Para Javier, os protocolos que devem ser adotados também não são surpresa. “Inclusive, eu ajudei na construção deles. Vamos adotar todas as medidas de segurança e queremos ampliar a nossa rede de clientes frequentes, que as pessoas venham consumir. Queremos atrair as pessoas sem gerar aglomeração, é claro”, afirmou o empresário.

Economia
Com a retomada dos restaurantes, os donos de pousada esperam aumentar os seus clientes. Firmo de Azevedo, 75 anos, proprietário da Sobrado da Vila, que reabriu no dia 15 de julho, está com a taxa de ocupação do estabelecimento em 20%. “Minha expectativa é que cresçamos aos poucos até chegar em 50% da capacidade no verão. Não espero superar essa taxa”, disse.

Questionado sobre o que acontecerá se a cidade receber uma grande quantidade de turistas, o prefeito de Mata de São João disse que isso não é esperado. “A gente não imagina que vai haver uma quantidade alta de turistas na cidade. Não estamos contando que com a abertura dos restaurantes crie esse fluxo intenso”, disse Marcelo. O prefeito também afirmou que a cidade, até segunda ordem, não fará mais barreiras sanitárias para controlar a entrada de turistas, como já foi feito em outros momentos da pandemia.

Para o presidente da Turisforte, a maioria dos visitantes da cidade nesse momento serão de Salvador ou Região Metropolitana (RMS). “Não vamos fazer uma publicidade para atrair grande quantidade de pessoas, mas para informar os nossos clientes das medidas. A gente precisa que eles entendam que estamos trabalhando em condições limitadas e cooperem conosco: usem máscara, promovam o distanciamento e sejam um agente fiscalizador das medidas”, afirmou Vitor Hugo.

Segundo a moradora de Imbassaí Fernanda Paiva, 26 anos, o sentimento da população com a reabertura dos restaurantes e parques temáticos é um misto de felicidade e medo. “Tememos um provável aumento da circulação da doença na região, mas ficamos contentes pelo lucro que os turistas geram. Eu, particularmente, acho precipitado esse relaxamento, pois só vai piorar o contágio da doença”, afirmou.

O médico infectologista Matheus Todt, da S.O.S. Vida, concorda com Fernanda: “Nesse processo de interiorização da doença, qualquer liberação das atividades nas cidades turísticas é um risco. Os restaurantes representam um perigo de contaminação, pois as pessoas não conseguem comer com a máscara. Para quem vai até a cidade, há o risco de levar a doença, como de trazer ela para o seu local de origem”, afirmou.

Todt ressalta que no caso das pessoas que possuem casas de veraneio e que vão até a habitação com os mesmos familiares da casa original, os riscos são menores. “Para quem quer ir para ficar em pousadas ou hotéis, recomendo evitar ao máximo as situações mais propícias de transmissão: aglomeração de pessoas e possibilidades de contato com superfícies. Usem a máscara, que é obrigatório, lembrem-se de sempre higienizar as mãos e evitar levá-las ao rosto”, afirmou

Neto pediu para não abrir
Na manhã dessa quarta-feira (30), em coletiva de imprensa realizada em Salvador, o prefeito ACM Neto pediu para que as cidades da Região Metropolitana não abrissem bares e restaurantes antes da capital baiana. “Eu faço esse apelo, pois não é justo que os leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) estejam aqui em Salvador, que o atendimento hospitalar seja feito pela capital, que nós estejamos vivendo restrição em bares e restaurantes e que a RMS comece a abrir”, disse.

Em Salvador, a reabertura de bares e restaurantes só acontecerá quando a cidade atingir a fase 2 de retomada das atividades econômicas, o que deve ocorrer quando os leitos de UTIs exclusivos para a covid-19 atingir um percentual abaixo de 70% durante dez dias seguidos.

“O apelo que eu faço é que as prefeituras acompanhem o protocolo que fizemos em parceria com o Governo do Estado. Por exemplo, em relação ao comércio, eu percebi que eles só abriram depois que Salvador fez o mesmo. Para bares, restaurantes e salões de beleza, peço que eles ajam com a mesma padronização”, disse Neto.

O prefeito de Mata de São João, Marcelo Oliveira, reafirmou que os bares da cidade só abrirão na última fase de reabertura, bem como as barracas de praia. “A gente entende que o fluxo maior de pessoas em Mata de São João é nesses locais. Por isso, deixamos por últimos. Restaurante não tem essa movimentação, o que permite essa flexibilização agora”, afirmou.

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