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Bairros de Salvador penam sem água no feriadão

Bairros de Salvador penam sem água no feriadão

Em algumas localidades, os garrafões de água mineral chegam a custar R$ 30

Moradores de vários bairros da capital peregrinaram ontem pela cidade em busca de água, após o abastecimento ter sido suspenso pela Embasa desde o último dia 1º, quando um acidente nas obras do metrô rompeu uma adutora na BR-324, na altura da Jaqueira do Carneiro.

No total, 122 bairros e localidades estão ameaçados de ter o serviço suspenso, segundo a Embasa. Em pelo menos 34 deles, a falta d'água já é uma realidade há três dias. Nestes locais, o galão de 20 litros de água mineral, que costuma custar entre R$ 7 e R$ 8, chegou a ser vendido na rua por R$ 30.

O casal Patrícia Carvalho, 39, e Pierre Oliveira, 42, saiu do Uruguai para procurar garrafas de 1,5 litro de água, na região do Iguatemi. "A gente não encontrou mais no bairro. Só tinha água da pequena. Em casa, não temos uma gota d'água para nada. Ontem, tomamos banho em Itacaranha. Hoje, vamos para Vilas do Atlântico", contou Patrícia.

No trajeto, ao passarem pela Av. Luís Eduardo Magalhães, o casal avistou um grupo de pessoas retirando água de uma encosta. "Aproveitamos para pegar também. Compramos um galão de 20 litros e estamos na fila para garantir o nosso".

Ao lado do casal, um grupo de quatro vizinhos de Fazenda Grande do Retiro tentava extrair água da encosta. "A gente enfiou uns canos na terra para retirar a água, mas cai bem fraquinho. Tem que ter paciência. É melhor do que nada. Já fui na bica da BR-324, perto do metrô, e em outra no Largo do Retiro. Está tudo lotado", contou o técnico em automação industrial Fernando Quadros, 36.

O motorista Isval Silva, 55, também saiu da Fazenda Grande do Retiro em busca de água. "Não tem água para nada, nem para lavar prato ou tomar banho. A situação está caótica", reclamou.

Na rua Régis Pacheco, Uruguai, moradores fizeram fila para comprar água. "Um cara apareceu vendendo o galão de 20 litros a R$ 18. Estamos esperando ele voltar para comprar", contou o aposentado Francisco Assis, 50, enquanto aguardava na fila, junto a outros 20 moradores.

"É Sexta-feira Santa e a gente não está fazendo nem almoço. Como a maioria é de bairros da Cidade Baixa, ninguém liga. Se fosse nos bairros nobres, isso não ocorreria", reclamou a enfermeira Márcia Carapia, 55. Um dos vendedores de água no Uruguai, que não quis ser identificado, contou que trouxe galões de Dias D'Ávila (Grande Salvador), para vender.

Por meio da assessoria de imprensa, a Embasa informou que o trabalho de conserto da tubulação - com 1,2 metro de diâmetro e que fica a 11 metros de profundidade - é de alta complexidade. A concessionária orientou a população a economizar água.

No entanto, Embasa nem CCR Metrô Bahia, responsável pelas obras onde a adutora foi rompida, informaram um prazo para que o fornecimento de água seja regularizado.
"Como é que pedem para a gente economizar se nem água tem? Estou comprando água mineral para beber e paguei R$ 20 em um hotel para tomar banho. É uma situação séria, muito grave. O povo está tendo que comprar quentinha porque não tem como fazer comida na própria casa", disse a comerciante Bernadete Nascimento, 38.

"É uma vergonha para uma capital como Salvador passar por isso. Nem carro-pipa está passando pelos bairros", acrescentou o técnico de suspensão Jorge Santos, 37.

A Embasa havia informado que técnicos da empresa estão trabalhando de forma ininterrupta para reparar o dano à adutora principal de água tratada, causado pelas obras do metrô, de responsabilidade da CCR Metrô Bahia. Sobre o fornecimento alternativo de água por carros-pipa, a concessionária informou que o serviço será priorizado para hospitais e postos de saúde.

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