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Adoçantes: Os diferentes tipos e dicas para um consumo saudável.

Adoçantes: Os diferentes tipos e dicas para um consumo saudável.

Adoçantes são a solução?

Neste artigo, a nutricionista Sabrina Feitosa nos explica a diferença entre os diferentes tipos de adoçante e dá dicas sobre seu consumo saudável.

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Os adoçantes são basicamente direcionados às pessoas que apresentam algum distúrbio no metabolismo de açúcares (diabéticos e pré-diabéticos), porém, nos últimos anos, os consumidores que estão à procura de alimentos com baixo teor calórico também fazem uso. É nesse sentido que vem se tornando comum a ingestão de alimentos diet e light, pela busca de menos calorias, e também pelos ‘mais saudáveis’, em função da adição reduzida (ou zero) de açúcar. Esses produtos já estão presentes em mais de 35% dos lares brasileiros, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos Dietéticos (Abiad).

Para indivíduos saudáveis, mas que precisam se submeter a uma dieta restrita ou com quantidades reduzidas de açúcar, apresentando condições metabólicas e fisiológicas específicas como o diabetes e a intolerância à glicose, o adoçante apropriado e em quantidades moderadas não proporcionará malefícios. Contudo, os adoçantes, de um modo geral, não devem substituir indiscriminadamente o açúcar. Isso porque, quando consumidos em excesso, eles podem causar problemas em longo prazo como enxaqueca, falta de concentração, alergia, dificuldade no controle da ingestão de carboidratos e mudança no paladar, pois em sua composição estão presentes substâncias artificiais. Portanto, nem adoçantes nem alimentos diet ou light são sinônimos de alimentação saudável.

Os adoçantes não são todos iguais. Eles são edulcorantes, ou seja, substâncias de elevado poder adoçante comparado à sacarose (açúcar comum). Existem diversos edulcorantes no mercado e permitidos para uso em alimentos e bebidas no Brasil. Cada um contém características diferentes como sabor, restrições, indicações e poder de dulçor diferente, podendo ser classificados em naturais (frutose, stévia, sorbitol e manitol) e artificiais (aspartame, ciclamato, sacarina, acesulfame-k e sucralose). Os mais vendidos no país são o aspartame e a mistura de sacarina e ciclamato.

Conheça alguns tipos de adoçante:

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Aspartame:artificial, 200 vezes mais doce do que o açúcar de mesa e não deixa sabor residual. Apesar de fornecer 4kcal/g, é classificado como não-calórico porque pequenas quantidades já adoçam. É termossensível, ou seja, perde parte de seu poder adoçante quando submetido a altas temperaturas (forno e fogão). É indicada sua adição após a retirada do fogo ou na produção de alimentos frios, não ácidos e que não necessitem armazenamento prolongado. A única restrição de uso é para os portadores da fenilcetonúria; pois, apesar de ser metabolizado em L-fenilalanina, ácido aspártico e metanol, aproximadamente 10% desse adoçante ingerido se transforma em metanol (200-500mg/kg causa toxicidade significantiva), sendo necessário consumir, no mínimo, 140.000 envelopes ou 350.000 gotas de aspartame ou 2.545L de refrigerante dietético para provocar intoxicação.

Ciclamato:artificial, 30 vezes mais doce do que o açúcar de mesa e não calórico. Ele é resistente à cocção (ou seja, os efeitos do cozimento) e é um dos mais baratos do mercado. Contudo, apresenta sabor residual (eliminado quando associado a outros edulcorantes) e não é metabolizado pelo organismo.
Frutose: natural, é o açúcar extraído de frutas e mel. Apresenta mesmo valor calórico que a sacarose, mas seu poder de doçura é aproximadamente 173 vezes maior. Quando submetido ao calor não apresenta modificações no sabor.

Sacarina:artificial, 300 vezes mais doce do que o açúcar de mesa e não calórico. Foi o primeiro a ser descoberto e comercializado. É estável a temperaturas elevadas, porém seu gosto residual é amargo e metálico, quando consumido em elevadas quantidades. É absorvido lentamente, mas não é metabolizado pelo organismo, sendo excretado pelo rim.
Stévia: natural, extraído de uma planta da família dos crisântemos, originária do Paraguai, pode ser até 400 vezes mais doce do que o açúcar de mesa e não calórico. Semelhante à sacarose, apresenta boa estabilidade frente ao calor, mas deixa sabor residual.

Sucralose:único edulcorante que tem o verdadeiro sabor de açúcar, porque é derivado da cana-de-açúcar, além de não ser calórico. Seu poder de doçura é 600 vezes superior ao açúcar de mesa, é estável frente ao calor e não deixa sabor residual.

Atenção:ciclamato e sacarina apresentam níveis elevados de sódio, que é um dos inimigos da hipertensão arterial. É necessário sempre ler os rótulos, observando a concentração de sódio, pois muitos adoçantes são misturas de edulcorantes!

Além disso, quem tem pressão alta ou insuficiência renal precisa verificar as taxas de sódio de cada marca de adoçante antes de consumir e, reitero, os portadores de fenilcetonúria (doença genética que altera o metabolismo da fenilalanina) não podem ingerir o adoçante aspartame (que contém fenilalanina em sua composição). Mesmo com estudos ainda não conclusivos sobre o assunto, convém saber o seguinte:

- O aspartame, o acessulfame-k e o ciclamato devem ser utilizados com cautela, até porque, existem estudos, mesmo que ainda inconclusivos, relacionando o consumo dessas substâncias ao câncer. Além disso, o ciclamato apresenta efeitos teratogênicos em animais, ou seja, são capazes de produzir danos ao feto ou ao embrião durante a gravidez.

- Um estudo conduzido na Fundação Europeia Ramazzini, em 2005, relacionou o consumo de aspartame por ratos de laboratório ao aumento de linfomas, leucemia e outros tipos de câncer. No entanto, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária atesta que, de acordo com diversos comitês internacionais, o aspartame é seguro. Em 20 anos, mais de 200 estudos foram realizados em animais e seres humanos e nenhuma conclusão colocou em dúvida a segurança do produto.

- Na atualidade, a ingestão do aspartame e sucralose durante a gestação é considerada segura, desde que não em excesso (pode provocar enxaqueca e ter efeito laxante). Poucos profissionais optam por restringi-lo durante a gravidez, ao contrário dos demais edulcorantes. Todavia, a melhor conduta no período gestacional é evitar o uso dos adoçantes e de produtos industrializados com edulcorantes (leia os rótulos), porque os estudos são relativamente recentes e inconclusivos, sendo a prevenção a melhor opção. Se for necessário o uso de adoçantes, deve-se seguir as recomendações de consumo. Ou seja, quando ingeridos adequadamente, os adoçantes não fazem mal, sendo a Organização Mundial da Saúde (OMS) quem estabelece o limite máximo de ingestão e, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), quem a regula no Brasil.

Conforme discorrido desde o início, os adoçantes não devem ser a primeira opção, pois são substâncias artificiais e, portanto, passíveis de malefícios à saúde humana. Entretanto, quando indicado (diabetes, pré-diabetes, necessidade de redução de peso), pode ser usado dentro das recomendações. Variar os tipos de edulcorantes consumidos e utilizar pequenas quantidades diárias ainda são as melhores opções – sendo restringidos na gravidez.

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