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Ter fé faz bem à saúde e traz melhores resultados em tratamentos

Ter fé faz bem à saúde e traz melhores resultados em tratamentos

Com 30 semanas de gestação, a psicóloga Silvia Quintan deu à luz os trigêmeos Kayque, Eduarda e Beatriz. O parto prematuro, em 25 de janeiro de 2011, seria o início de uma jornada que, dia após dia, mostra que perder as esperanças não é uma opção para a família. Depois de enfrentarem vários problemas — de cirurgias a cegueira, passando pelo câncer — e serem desacreditadas pelos médicos, as crianças vêm crescendo e provando que a crença de Silvia na vida não é em vão. Cada vez mais estudada por especialistas, a relação entre fé e saúde mostra, em pesquisas científicas e na prática, que a espiritualidade leva não só ao bem-estar, como também a melhores resultados em tratamentos.
Nos primeiros dias de vida, os bebês precisaram ser submetidos a uma cirurgia no coração. As meninas sofreram uma hemorragia cerebral durante a operação, o que comprometeu, em Eduarda, a área motora, e em Beatriz, a área da visão. Foram quase três meses de internação na UTI neonatal. Depois da alta, ainda vieram as notícias de que Bia não poderia enxergar, ouvir nem andar devido às complicações do procedimento, e de que Duda, com paralisia cerebral, não conseguiria se locomover, falar nem comer alimentos sólidos. Kayque, por sua vez, teve hérnia inguinal.
Por muitas vezes, Silvia ouviu de médicos que as crianças não fariam progressos. Mesmo assim, não desanimou: por conta própria, buscou tratamentos que, pouco a pouco, deram frutos. Hoje, aos 4 anos, todos estudam em escola regular. Duda, diagnosticada com câncer da glândula suprarrenal no primeiro ano de vida, ainda batalha para andar sozinha. Bia venceu a cegueira e usa apenas óculos para correção de hipermetropia.
— Eu sempre acreditei que existe vida além de um “não”, então quis tentar fazer algo. Não tenho religião, mas Deus é minha fonte de inspiração e creio que somos instrumentos dele. Se eu tivesse ficado parada, nada aconteceria. No hospital de reabilitação, vi muitas mães vivendo a mesma história que eu e desistindo. Mas não deixei meu sonho morrer e fui em frente — conta Silvia Quintan.
Crença é parte do tratamento
Segundo o psiquiatra Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, a importância da fé nos tratamentos já é cientificamente comprovada.
— Quem crê em algo tem resultados melhores do que aqueles que não acreditam em nada. Mas a fé tem que ser um componente do tratamento. Não se pode parar a terapia e achar que a cura vai vir — diz.
Pessoas que alimentam uma espiritualidade também tendem a ter mais cuidado com a saúde física e mental.
— Ter fé é pôr a vida em primeiro lugar ao encarar desafios — opina a oncologista pediátrica Flavia Vasconcellos.
Para Silvia Quintan, deixar-se abater, perder as esperanças e apenas lamentar é inútil:
— Não vale a pena ficar se questionando, mas sim pensar no que dá para fazer e ver o que a vida apresenta de possibilidades para que se consiga lidar com os problemas.

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