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Morte de Mãe Bernadete: Polícia está à procura de imagens e não descarta nenhuma hipótese, diz delegada

Morte de Mãe Bernadete: Polícia está à procura de imagens e não descarta nenhuma hipótese, diz delegada

A delegada Andréa Ribeiro, diretora do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), disse em coletiva nesta sexta-feira (18) que dois homens estão sendo procurados pela morte de Mãe Bernadete, executada ontem à noite em Simões Filho. A polícia ainda não sabe se há câmeras que podem ajudar na investigação, mas está à procura.

A delegada diz que a Polícia Civil ainda não tem conhecimento sobre o programa de proteção que Mãe Bernadete fazia parte. "Se por ventura ela integrava algum programa de proteção à testemunha isso será trazido aos autos e levado em consideração na investigação",

Ela diz também que a busca de imagens que possam ajudar na investigação é algo rotineiro em casos de homicídio. "Nesse momento não tenho informações que a gente já tem imagens sendo analisadas, mas nossas equipes já estão em busca disso, dessas imagens, desse possível trajeto que foi feito pelos executores. Informação que temos é que o crime teria sido cometido por duas pessoas a bordo de uma motocicleta", explica.

A delegada falou da possibilidade do crime ter ligação com conflitos por terra - a líder quilombola vinha sofrendo ameaças, segundo advogado da família, por parte de pessoas envolvidas em extração ilegal de madeira. "A gente não descarta essa hipótese, assim como não descarta a hipótese de ameaça, ou outras que possam estar relacionadas à atuação do tráfico de drogas na localidade". Ela também disse que não é possível falar no momento se houve relação do crime com intolerância religiosa.

Ela garantiu que a Polícia Civil está focada na investigação. "A vítima era uma pessoa querida na comunidade. Desempanhava papel importante naquela comunidade quilombola. Infelizmente foi brutalmente assassinada dentro de sua residência, uma senhora de 72 anos. Todos os esforços estão sendo feitos para dar uma resposta o quanto antes".

Mãe Bernadete foi morta com uma arma de calibre 9mm. Ela foi assassinada na presença de familiares.

Ameças

Mãe Bernadete sofria ameaças constantes. As mais recentes, segundo o advogado da família David Mendez, eram relacionadas à extração ilegal de madeira na área do Quilombo Pitanga dos Palmares, em Simões Filho, que está em uma Área de Proteção Ambiental (APA).

"As mais recentes ameaças diziam respeito à extração ilegal de madeira. Lá é uma APA e dentre as muitas brigas que Dona Bernadete capitaneava, ela era uma espécie de delegada da comunidade, com autoridade moral. Então ela não deixava que nenhuma bandidagem ou que nada eerrado se criasse. Ela batia de frente com facção criminosa, batia de frente com extração ilegal", disse o advogado.

Ele ressaltou ainda que a líder atuava "no vácuo do poder público". "Caberia a ela esse papel? Uma senhora de 72 anos? Ou caberia à Polícia Militar, Secretaria de Segurança Pública? Porque ela fazia isso no vácuo do poder público", questionou.

Ainda segundo ele, Mãe Bernadete tinha uma medida protetiva,executada pela Secretaria de Justiça e Direitos Humanos do estado, desde que o filho Flávio Pacífico foi morto em 2017, mas que a segurança tinha falhas. "Só que era uma proteção falaciosa. Como é uma proteção sem polícia militar? Sabe como era a proteção? Uma viatura ia lá em horário indeterminado, às vezes de manhã, às vezes de tarde, e falava: "Oi, dona Bernadete, tudo bem com a senhora?". Uma proteção para inglês ver", reclamou.

O CORREIO entrou em contato com a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos para saber detalhes sobre essa medida protetiva citada pelo advogado, mas não recebeu retorno até a publicação desta matéria.

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  • Lares não são mais seguros: 162 foram baleadas em casas em Salvador e RMS

    O tiro que matou o pedreiro Rui Antônio da Silva, de 61 anos, atravessou também todas as pessoas de sua família. “Era o nosso pilar, nossa referência. Ele foi abatido onde achava que estava seguro dessa violência”, declarou a filha do idoso, a atendente de telemarketing Paula Andrade, 30. O pai dela estava em casa, no bairro do Alto do Coqueirinho, quando foi atingido no abdômen, após o imóvel ter sido arrombado por policiais militares na madrugada do dia 04 de março deste ano. De janeiro até o dia 18 deste mês, 162 pessoas foram baleadas dentro de residências em Salvador e Região Metropolitana, das quais 146 morreram. Os dados são do Instituto Fogo Cruzado (IFC).

    “Minha madrasta, Maria das Graças, estava com o meu pai na hora. Ela contou que ele acordou assustado com a porta arrombada e levantou para ver o que estava acontecendo, foi quando o policial entrou atirando. Ela disse aos PMs que meu pai era traficante, que não era quem eles procuravam”, declarou Paula. Os policiais coloraram o pedreiro numa viatura e o levaram ao Hospital Roberto Santos, no /Cabula. Eles não permitiram que Maria das Graças fosse junto. Depois de ir a quatro unidades de saúde, a esposa encontrou o marido já morto. A apuração do IFC aponta 16% das ocorrências foram durante ações e operações policiais. Ou seja, 26 em que 24 pessoas vieram a óbito.

    Maria das Graças denunciou a ação desastrosa na Corregedoria da Polícia Militar. Lá, ela foi informada que o policial atirou porque Rui partiu para cima com “arma branca”. “Não houve isso! O PM entrou atirando e só depois pediu para que a luz fosse ligada. Foi aí, que percebeu que tinha baleado um idoso e não um jovem, como eles estão acostumados a fazer”, disse Paula, que luta para que o caso seja investigado pelo Departamento de Homicídio e Proteção a Pessoa (DHPP), da Polícia Civil. “Até agora não tivemos uma resposta da Corregedoria. Nosso advogado vai lá e mandam a enviar e-mail, que nunca respondem”, criticou a filha da vítima.

    De acordo com o levantamento do IFC, o bairro que lidera o maior número de ocorrências é Tancredo Neves, com oito baleados dentro de casa, sendo que apenas uma pessoa sobreviveu, José Pedro Nascimento dos Santos, de apenas seis anos. Ele estava no sofá quando atingido. A bala passou pelo vidro, furou a cortina, atingiu o garoto de raspão e foi parar na parede da residência, na rua Isaias de Oliveira, no dia 31 de março.

    Segundo a família da criança, os tiros foram disparados durante uma perseguição policial, quando um homem passou correndo pela rua e a polícia passou, logo em seguida, disparando na direção dele. A criança foi levada para uma unidade de saúde pela família e levou quatro pontos no braço.

    Os dados do IFC apontam Cosme de Farias como o segundo bairro do ranking, com seis baleados – cinco mortos e um ferido –, mas foi em Mata Escura um dos casos de maior repercussão em Salvador no mês de outubro. Nas primeiras horas do dia 01, duas pessoas de uma mesma família, entre elas uma criança, morreram após um "bonde" (grupo de homens armados) invadir uma casa na Rua das Mangueiras. Sarah Sofia Santana de Jesus, de apenas seis anos, foi baleada na cabeça. Chegou a ser socorrida, mas não resistiu.

    Os criminosos estavam atrás do enteado da mãe dela, que consegui escapar. "Ele tinha envolvimento. Quando percebeu que os caras estavam chegando, correu. A gente não sabe se ele morava lá também ou se estava só de passagem", relatou na ocasião o parente da criança, que preferiu não se identificar.

    O crime aconteceu na localidade conhecida como Inferninho. De acordo com moradores, a região é controlada pelo Bonde do Maluco (BDM), que disputa a liderança do bairro com o Comando Vermelho (CV). No ataque, padastro de Sofia, o eletricista Adalto Guedes, 53, foi atingido duas vezes, sendo que um dos tiros atingiu a barriga. Ele morreu no dia seguinte no Hospital Geral do Estado (HGE). Em relação às mortes, a PC disse que a investigação “está em andamento na 2ª Delegacia de Homicídios (DH/Central), onde ocorrem oitivas, detalhes não serão divulgados para não atrapalhar a investigação”.

    RMS

    No ranking das ocorrências, entre a terceira e a sexta posição estão localidades da RMS, a exemplo da localidade de Núcleo Colonial JK, zona rural de Mata de São João, que ocupa a quarta posição. Isso porque, no dia 28 de agosto, aconteceu uma chacina, em duas casas da mesma rua. Cinco das nove vítimas foram baleadas – os demais os corpos foram encontrados carbonizados.

    Segundo a polícia, quatro homens entraram em uma casa para matar um alvo, identificado como Preá. Eles atiraram nas pessoas e depois atearam fogo no imóvel. Um adolescente, que escapou do ataque, buscou ajudar na casa vizinha. Quando abriram a porta para ajudá-lo, duas mulheres foram baleadas pelos criminosos.

    De acordo com as investigações, a matança foi motivada por ciúmes. O mandante do crime matou familiares da atual namorada dele, além do ex-namorado dela, Preá.

    Foram quatro suspeitos envolvidos na chacina. Dois deles morreram em confronto com a polícia dias depois em Mata de São João – um dos mortos seria o mandante e executor do crime. Um terceiro suspeito foi preso, mas não teve o nome divulgado. Ele confessou a participação nas mortes . Ainda na ocasião, um quarto homem conseguiu fugir durante a ação e era procurado na região. Atualmente, a PC informou que o inquérito já foi concluído e remetido ao Judiciário.

    Especialistas

    Em seu entendimento, o especialista em segurança pública, o coronel Antônio Jorge, coordenador do curso de Direito do Centro Universitário Estácio FIB da Bahia, atribuiu a dois fatores que impulsionam os dados do IFC. “Quando ocorrem esses ataques dentro de residências, normalmente’ têm duas fundamentações: ou se trata de violência doméstica ou de execução, porque os autores saem em busca daquelas pessoas. É muito comum essa questão do tráfico de drogas, porque, quando alguém está em débito ou pratica alguma ação, que a facção entende que deve ser punido de forma exemplar, eles (traficantes) não medem esforços”, explicou.

    Membro da Iniciativa Negra por uma Nova Política sobre Drogas, Dudu Ribeiro, complementa a discussão ao apontar as ações “ extrajudiciais, promovidas por agentes do Estado”. “É também um sintoma importante de que a inviolabilidade do lar dos cidadãos negros e negras das regiões periféricas não é respeitado pelos agentes do Estado e ele não é cobrando pela justiça. Se a gente tem um sistema que concorda com a invasão de domicílios e um modelo de segurança pública que promove a lógica da ocupação dos territórios e da produção de muitos eventos de tiroteios, a gente vai ter também essa violência os lares das pessoas”, declarou Ribeiro.

    Posicionamentos

    O CORREIO questionou a Polícia Civil sobre os números do levantamento do IFC, se a quantidade de pessoas mortas e feridas dentro de residências é um indicativo de que o baiano não está seguro nem dentro de sua própria casa. “Não comentamos dados não oficiais”, respondeu a PC em uma nota. A mesma pergunta foi realidade a Secretaria de Segurança Pública (SSP), através do e-mail O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. e também à Polícia Militar, no e-mail O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. . Os pedidos foram realizados dia 20 deste mês, mas até o momento não tivemos resposta.

  • Áudio enviado por morador a traficantes teria motivado morte de Mãe Bernadete

    Um desentedimento com Mãe Bernadete levou Sérgio Ferreira de Jesus, 45 anos, morador do Quilombo Pitanga dos Palmares, em Simões Filho, a mandar áudios aos traficantes de drogas da região, instigando para que eles executassem a líder quilombola. Segundo a Polícia Civil, ele praticava extração ilegal de madeira no território quilombola e teve uma discussão com a líder quilombola.

    Após o episódio, ele enviou um áudio aos traficantes dizendo que Mãe Bernadete ia acionar a polícia para derrubar uma das barracas que ficava no quilombo e ia denunciar o tráfico no local. O áudio motivou Ydney Carlos dos Santos de Jesus, 28 anos e Marílio dos Santos, 34 anos, a planejarem o crime.

    O crime foi praticado por Arielson da Conceição Santos, 24 anos, e Josevan Dionísio dos Santos, 26 anos. Ao todo, seis pessoas foram indiciadas, inclusive um homem que guardou as armas usadas no crime e ajudou Arielson a fugir após o crime. Entenda a participação de cada um deles aqui.

    Segundo a polícia, Sérgio também facilitou a entrada dos autores no imóvel. Após o crime, um dos envolvidos facilitou a fuga de um dos atiradores e guardou as armas utilizadas no homicídio.

    Entre os seis envolvidos, dois encontram-se com mandados de prisão em aberto e, portanto, foragidos. Outro teve a prisão solicitada ao Poder Judiciário. O executor ainda não localizado é fugitivo do sistema prisional e tem condenação por homicídios cometidos em Simões Filho e Madre de Deus.

    A polícia continua fazendo diligências para localizar os foragidos. Para colaborar, a população pode fornecer informações sem precisar se identificar, para o Disque Denúncia da Secretaria da Segurança Pública (SSP), ligando 181.

  • Quinta empresa passa por testes em bodycams na SSP-BA

    Ao longo desta segunda-feira (13) e também na terça-feira (14), testes práticos e o acompanhamento do sistema interno de câmeras corporais estão sendo realizados por integrantes da empresa, esta é a quinta classificada para viabilizar as bodycams e é avaliada por uma comissão, no Centro de Operações e Inteligência (COI). A Secretaria da Segurança Pública iniciou na manhã desta segunda-feira (13), a terceira Prova de Conceito (POC) das câmeras corporais.

    Especialistas das Superintendências de Gestão Tecnológica e Organizacional (SGTO) e de Gestão Integrada da Ação Policial (Siap), além de profissionais das Polícias Militar e Civil, de outras empresas candidatas, do Ministério Público Estadual, da Procuradoria Geral do Estado, da Defensoria Pública do Estado e de movimentos sociais acompanham a POC diretamente do Centro Integrado de Comando e Controle (CICC).

    “Nosso trabalho é acompanhar essa nova fase com atenção para garantir que tudo ocorra bem, conforme o edital pede. Estamos atentos a tudo o que é apresentado por essa nova empresa”, detalhou o major Jurandilson Nascimento, diretor de Videomonitoramento da SSP, em nota.

    Anteriormente, duas empresas não atingiram o que foi solicitado ainda na fase de apresentação da documentação, enquanto as outras duas passaram pela Prova de Conceito realizada, mas, por apresentarem inconsistência nas imagens geradas pelos equipamentos foram reprovadas.

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