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PM e irmão mortos em Cosme de Farias se envolveram em briga antes de execução

PM e irmão mortos em Cosme de Farias se envolveram em briga antes de execução

Testemunhas que presenciaram as mortes do policial militar Maurício Carmo de Jesus, 36 anos, de seu irmão, Valter Carmo de Jesus, 40, e de um jovem de 18 anos identificado apenas como Rian no bairro de Cosme de Farias, em Salvador, por volta das 22h de domingo (30) apontam que os três teriam sido executados após uma confusão no trânsito.

Maurício e Valter estavam no final de linha do bairro, onde acontecia uma festa do tipo paredão, quando começaram a discutir com outros homens. Sobre o motivo da confusão, moradores divergem. "Um deles estava de carro com a esposa porque veio só pegar um cachorro quente e, no meio da festa, foi dar uma ré. Acabou atingindo um menino e começou a discussão", aponta um, que prefere não se identificar.

Outra moradora, que também não revela seu nome e estava na festa, diz outra coisa. Segundo ela, Maurício teria ido até o local para levar Valter para casa. "Não vi isso do carro, nem dele pegando ninguém. Parece que o policial [Maurício] veio para levar o irmão para casa, tirando ele da festa mesmo. No meio disso, começou o tiroteio", diz ela.

Motivo do tiroteio

Apesar de divergir sobre o começo da confusão, as fontes ouvidas pela reportagem corroboram sobre o motivo da situação ter acabado em tragédia. "Eles são daqui e o pessoal conhece. Os traficantes perceberam que um deles era polícia e estava armado. Aí, já no meio da briga, resolveram matar. Veio pelo menos dez homens armados", relata a moradora.

O outro morador diz o mesmo, além de destacar que a família de Maurício e Valter é conhecida na região de Cosme de Farias. "Eles são de uma família tradicional daqui, o povo conhece. Os traficantes identificaram ele como policial e, quando isso acontece, ficam ainda mais agressivos. A gente só viu vários homens chegando de arma na mão e começando a atirar", fala ele.

Major Sérgio Almeida, comandante da 58° Companhia Independente da Policia Militar (CIPM), informou que agentes foram acionados para ocorrência de disparo de arma de fogo, mas se depararam com um cenário diferente.

"Quando chegamos aqui, encontramos três corpos ao solo. Prestamos socorro até o HGE e, após isso, recebemos a notícia do falecimento dos três, além de tomar conhecimento que um deles era policial militar", fala Almeida, afirmando que a segurança no bairro está reforçada para tranquilizar os moradores.

A família de Maurício e Valter foi ao Instituto Médico Legal (IML) na manhã desta segunda-feira (31) para liberar os corpos dos dois. No entanto, optaram por não dar entrevistas. De acordo com o IML, os corpos foram liberados para a Ordem Terceira de São Francisco, um dos cemitérios da Quinta dos Lázaros, em Salvador. Familiares preferiram não revelar o horário do sepultamento. Não há informações da relação de Rian com os dois, já que a família do jovem também preferiu não falar sobre o caso.

Silêncio de medo

O tiroteio que vitimou os três fez quem estava na festa passar por momentos de desespero. Em imagens, várias pessoas descem uma escada mas imediações do fim de linha de Cosme de Farias, mas acabam se deparando com mais individuos envolvidos no tiroteio e precisam retornar. Um caos que deixou muitos assustados.

No entanto, quando perguntados sobre a situação, muitos dos moradores optaram pelo silêncio e não comentaram o caso mesmo estando na festa. "A gente é morador, aqui não vemos nada e falamos muito menos. Se nos metemos nessa história, é capaz de sobrar para nós que não temos nada a ver", disse um, sem revelar a identidade por medo.

Outro abordado pela reportagem fez discurso parecido para justificar o porquê de não falar do que viu na festa. "Para minha segurança, eu não falo dessas coisas. Não quero ter meu nome vinculado a isso e nem que me vejam conversando. O domínio do pessoal da CV [grupo criminoso] aqui é forte", responde outro morador.

De acordo com informações de fontes da polícia, o bairro de Cosme de Farias tem uma ação do grupo criminoso batizado de Comando da Paz (CP), que teria o apoio do Comando Vermelho (CV).

Procurada para responder sobre a situação, a Polícia Civil (PC) informou apenas que a Delegacia de Homicídios Múltiplos (DHM) investiga as mortes. Além disso, confirmou que dez homens armados foram vistos na região. O crime ainda segue sendo investigado e diligências estão sendo realizadas para identificar os suspeitos.

 

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  • De azul e branco, baianos e turistas celebram a Rainha do Mar

    Colares, fitinhas, flores e o cheiro de alfazema tomaram conta das ruas do bairro do Rio Vermelho, em Salvador, onde baianos e turistas se reuniram para celebrar a Rainha do Mar, Iemanjá, nesta sexta-feira (2).

    Por volta das 6h30, o sol estava escondido entre as nuvens, mas isso não impediu que o público fosse para o local e formasse uma longa fila para entregar o presente à Iemanjá.

    Na multidão estava o biólogo Maick dos Santos, que é de São José do Rio Preto, em São Paulo. Esta é a segunda vez que ele participa da festa.

    “Eu vim ano passado pela primeira vez e decidi voltar este ano, porque eu gosto muito da energia, de toda a cultura que envolve a celebração”, disse.

    Para o paulista, este dia é marcado pela valorização da cultura e das religiões de matrizes africanas.

    “Acho importante as pessoas entenderem de onde elas vêm. É um momento para celebrar a ancestralidade, a religiosidade e toda a história da cultura preta”, destacou.

    Pouco tempo depois, o sol apareceu e as nuvens se dispersaram no céu. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a previsão é de que a temperatura máxima chegue até 32º nesta sexta, na capital baiana.

    De vestido azul e tranças pretas, a oceanógrafa Ana Beatriz participa da festa todos os anos. Baiana de Salvador, ela escolheu uma roupa leve para curtir o dia em meio ao calor que faz na cidade.

    “Acho que é um momento para agradecer pelo ano que passou e pedir prosperidade e caminhos abertos para este ano que está começando”, disse.

    Quem também é veterana na celebração é a carioca Inês Cunha. Este é o sétimo ano que ela participa da festa e, segundo a carioca, já virou tradição usar a mesma camisa branca com o trecho de uma música em homenagem à Rainha do Mar.

    "Eu uso essa camisa, porque ela tem o trecho de uma música da Império Serrano, de quando a escola de samba fez uma homenagem à Iemanjá”, explicou.

    “Hoje é um dia para se recomeçar com as raízes, com a ancestralidade. Cada vez que a gente vem, a gente descobre uma coisa diferente. Já fiz minha oração, molhei os pés no mar, participei da roda de samba e agora estou volta do para o hotel”.

    Quem ficou responsável pelo presente principal de Iemanjá foi a Casa de Oxumarê, localizada na Avenida Vasco da Gama, em Salvador. Ele será entregue por volta das 16h desta sexta.

    O tema deste ano é Olokun que, segundo os organizadores, é o espírito do vasto do oceano que mora nas profundezas, e foi escolhido através de um jogo de búzios feito pelo babalorixá da Casa de Oxumarê, Babá Pecê.

    "Temos dois presentes hoje: um foi o sonho dos pescadores e [o outro], a concha, foi escolhida pelo oráculo. A concha representa não só a riqueza do mar, o oxogênio, mas também a mudança do ser", explicou Babá Pecê.

    Entre os adornos utilizados no presente estavam conchas, flores, uma imagem que representa a Rainha do Mar, comidas, além de outras "coisas secretas" que, de acordo com os organizadores, não podem ser detalhadas.

    Autoridades políticas estiveram no local, a exemplo do governador Jerônimo Rodrigues e do vice-governador Geraldo Júnior. O prefeito de Salvador, Bruno Reis, deve comparecer pela tarde dutante a entrega do presente.

  • Parte de prédio que abrigou restaurante citado em obra de Jorge Amado desaba em Salvador

    Parte do prédio que abrigou o Restaurante Colon por 107 anos, em Salvador, desabou na manhã desta quinta-feira (25), um dia após ser interditado pela Defesa Civil da capital baiana (Codesal). Tradicional na capital baiana, o estabelecimento localizado no bairro do Comércio, foi citado na obra "O Sumiço da Santa", do escritor baiano Jorge Amado.

    Por causa do risco de desabamento, parte da Praça Conde dos Arcos, localizada na Rua da Holanda, também foi isolada na quarta-feira. Enquanto o acesso ao local está interditado, a opção de tráfego, segundo a Superintendência de Trânsito do Salvador (Transalvador), é seguir pela contramão, na Rua Alvares Cabral.

    De acordo com a Defesa Civil de Salvador (Codesal), por falta de manutenção, o prédio foi evacuado, em vistoria realizada no dia 28 de setembro de 2020, e o responsável pelo estabelecimento, aberto na época, foi notificado a suspender as atividades comerciais e evacuar o imóvel imediatamente.

    A interdição ocorreria até que o risco fosse sanado com a realização de serviços de recuperação e reforço estrutural das partes instáveis do imóvel, principalmente nos três últimos pavimentos superiores, sob a supervisão de um profissional habilitado junto ao Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA).

    Segundo a Codesal, a solicitação de inspeção predial foi encaminhada, então, à Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur) para a interdição do restaurante e imóvel. Na época, o prédio apresentou desprendimento de reboco da fachada lateral.

    A secretaria informou ainda que, na quarta-feira (24), a Codesal realizou uma nova vistoria no local, fechado há cerca de três anos, interditando, por precaução, a área do entorno com a ajuda da Transalvador.

    A Codesal ressaltou que até então, não houve necessidade de interditar os imóveis próximos. Antes do prédio desabar, equipes da secretaria retornaram nesta quinta-feira (25), ao local com técnicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para nova avaliação.

    Imóvel em área tombada pelo Iphan
    Em nota, o Iphan informou que tem um processo aberto de fiscalização, desde 2022, para apurar possível degradação do imóvel, que está em área tombada pelo Instituto.

    Em vistoria realizada nesta quinta, antes do desabamento, foi constatado que o prédio estava em estado de degradação. O Iphan afirmou que por se tratar de imóvel particular, a responsabilidade pela conservação dos bens tombados é dos proprietários.

    O Iphan explicou que tem acionado órgãos públicos para se ter os nomes dos proprietários do prédio para adoção das medidas cabíveis, podendo gerar multa, em caso de negligência. Disse ainda que recebeu uma informação sobre a identidade do dono e o auto de infração está sendo emitido.

    Fechamento do restaurante
    Após 107 anos de funcionamento, o Restaurante Colon fechou as portas em novembro de 2021.

    Fundado em 1914 por José Maria Orge, que saiu da Galícia, na Espanha, para fugir da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o restaurante já recebeu a presença de personalidades como Jorge Amado, Carlinhos Brown, Neuza Borges, Tatti Moreno, Nelson Rufino, entre outros.

    A decisão de fechar o local ocorreu após a pandemia da Covid-19. O último dia foi marcado por um sentimento de tristeza para clientes e funcionários.

    No entanto, os donos do restaurante decidiram reabrir o estabelecimento em outro imóvel, localizado na Rua Conselheiro Saraiva, também no bairro do Comércio.

  • Vendedores ambulantes são deslocados para 'passarela' no carnaval de Salvador; entenda

    Os vendedores ambulantes que trabalham na Barra terão uma área específica no carnaval de Salvador em 2024. A prefeitura vai montar uma espécie de passarela atrás da balaustrada da orla para os trabalhadores.

    O anúncio foi feito pelo titular da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop), Alexandre Tinoco. "Eles poderão ficar de forma confortável e segura, podendo servir as pessoas através da balaustrada", disse à TV Bahia nesta quarta-feira (24).

    Entenda a diferença:
     Nos carnavais anteriores, os ambulantes ficavam na calçada, na frente da balaustrada.

     Neste ano, esses trabalhadores poderão ficar na estrutura montada ao fundo, especialmente para eles.

     O espaço vai abrigar também os isopores grandes dos ambulantes — o kit entregue pela prefeitura a cada trabalhador de serviço no carnaval é composto por um isopor grande e dois pequenos. Na folia de 2024, a caixa maior não poderá ficar na calçada.

     Mas os ambulantes poderão circular pela calçada e pela pista para se aproximar dos blocos, por exemplo, desde que usem os isopores pequenos.

    O objetivo com isso é "desafogar" as ruas do circuito para facilitar a circulação de pessoas.

    A estrutura está sendo montada entre o Farol da Barra e o Barra Vento. A estimativa da Semop é de que cerca de 320 a 350 ambulantes ocupem o espaço.

    Ao todo, considerando o Circuito Dodô, que vai da Barra à Ondina, e o Circuito Osmar, no Campo Grande, 4.110 trabalhadores foram cadastrados para o carnaval deste ano.

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