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Homens são flagrados com 30 mil comprimidos de Ivermectina na região de Itaberaba

Homens são flagrados com 30 mil comprimidos de Ivermectina na região de Itaberaba

Quase 30 mil comprimidos de Ivermectina foram apreendidos pela Polícia Rodoviária Federal, na noite de quinta-feira (30), em frente a unidade policial da PRF, localizada no Km 230 da BR 242, em Itaberaba, na região da Chapada Diamantina. O flagrante ocorreu após os policiais darem ordem de parada a um Fiat/Doblo, com dois ocupantes. Durante a entrevista, os policiais constataram um certo nervosismo do motorista e do passageiro, o que os instigou a fazerem buscas minuciosas no interior do veículo, onde encontraram 7.320 caixas da medicação.

Após o flagrante, foi solicitada a documentação legal para o transporte, porém, o condutor entregou uma nota fiscal que continha dados divergentes do material transportado. No documento apresentado, o local de destino dos medicamentos seria a cidade de Natal (RN), contudo, o veículo seguia uma rota contrária.Outro fato observado que o número de lote e data de fabricação dos produtos apreendidos, não eram condizentes com o discriminado na nota fiscal. Diante dos fatos, os homens assinaram o Termo Circunstanciado de Ocorrência- TCO e vão responder por suas condutas perante o Juizado Especial Criminal (JECRIM). Todo o material apreendido será entregue a Vigilância Sanitária.

Aos policiais, os homens relataram que embarcaram a mercadoria na cidade de Barreiras, no oeste baiano, a pedido de um caminhoneiro e durante o percurso da viagem estavam realizando a venda fracionada do medicamento para farmácias da região. A procura pelo medicamento cresceu durante as últimas semanas em Salvador e não são raros os casos de farmácias que esgostaram os estoques. No entanto, na noite do último dia 23, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidiu que a venda da Ivermectina agora só irá ocorrer mediante prescrição médica e com a retenção da receita pela farmácia.

A decisão da Anvisa foi comentada pelo secretário de Saúde do Estado da Bahia, Fábio Vilas-Boas, no Twitter. Segundo o secretário, a medida é importante "porque tem pessoas usando para evitar o coronavírus, tomando toda semana. Casos de neurotoxidade estão sendo relatados", escreveu o secretário no microblog.

Com a norma da Anvisa, que visa coibir a compra indiscriminada do remédio, a Ivermectina entra na lista de outros 'queridinhos' que as pessoas vêm adotando para prevenir ou tratar a covid-19 por conta própria, sob risco de agravarem quadros de saúde ou terem sequelas, e que já estão sendo vendidos somente mediante prescrição e retenção da receita, como a hidroxicloroquina, cloroquina e nitazoxanida (Annitta). Até antes da portaria da Anvisa ser publicada, o protocolo de venda não exigia receita.

Pela norma da Anvisa, cada prescrição de Ivermectina terá validade de 30 dias, a partir da data de emissão, e só poderá ser utilizada uma vez. A receita terá de ser em duas vias, uma para ficar retida na farmácia e uma com o paciente. A medida foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União (DOU) na noite desta quinta-feira, 23.

Antiparasitário
Segundo a Rede CoVida, projeto de colaboração científica e multidisciplinar focado na pandemia de covid-19, formado pelo Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia) e a Universidade Federal da Bahia (Ufba), a Ivermectina é uma potente droga antiparasitária - o popular remédio de verme - conhecida há muito tempo e amplamente utilizada.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) elegeu a Ivermectina como droga para o programa de eliminação global da oncocercose - doença parasitária endêmica em vários países e responsável por causar cegueira.

Farmacêutica do Centro de Informação sobre medicamentos do Conselho Regional de Farmácia do Estado da Bahia (CRF-BA), Maria Fernanda Barros aponta que o uso indevido do remédio pode gerar efeitos colaterais como diarreia, náuseas, anorexia e constipação. Além disso, pode desencadear reações ao Sistema Nervoso Central e consequências na pele com urticária, prurido e erupções.

"Qualquer medicamento tem reações adversas se não for utilizado de forma correta e pode produzir danos a quem for utilizar. Por isso que qualquer utilização de medicamentos, principalmente nesse momento de pandemia, não deve fazer por conta própria", diz a especialista.

Diretor de toxicologia e avaliação de risco da startup paulistana Altox, especializada em pesquisa de segurança toxicológica e farmacêutica, o baiano Carlos Eduardo Matos explica que em casos como esse, da suposta eficácia de um remédio contra o coronavírus, as pessoas precisam se questionar e buscar saber se alguma agência de saúde internacional testou a eficácia, os riscos e benefícios do medicamento em questão.

"A única novidade de evidências que temos é da Dexametasona, em que se sugere redução da mortalidade para pacientes graves e uma boa corrida nas vacinas que estão na fase III [das testagens]", afirma.

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