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Mais de 60% dos bares e restaurantes da Bahia ainda operam no prejuízo, diz pesquisa da Abrasel

Mais de 60% dos bares e restaurantes da Bahia ainda operam no prejuízo, diz pesquisa da Abrasel

A pandemia do novo coronavírus causou uma inflação no mundo dos alimentos - o pão francês ficou mais caro, assim como a carne, o arroz, o leite e derivados. Um dos segmentos que mais sofreu com esse aumento foi o de bares e restaurantes. Mesmo reabertos, 61% dos empreendimentos baianos fecharamo mês de setembro no prejuízo, de acordo com a pesquisa mais recente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel). O índice baiano é 15% maior que a média nacional, de 53%.

Para driblar as dívidas, os empresários tiveram que fazer reajustes no cardápio, deixar de ofertar determinados pratos e repassar um pouco desse aumento para o cliente. Alguns também reduziram o quadro de funcionários ou não recontrataram aqueles que foram afastados com a MP 936 - medida que instituiu o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda e possibilitou a redução de carga horária e demissões.

O levantamento da Abrasel mostra ainda que 42% dos bares e restaurantes aumentaram os preços para o consumidor final, que agora paga 6 a 10% mais caro pelo mesmo produto. Essa alta corrobora com dois outros números: o faturamento, que veio 63% abaixo do esperado no mês passado. Com isso, os empreendimentos tiveram queda de 67% nas receitas.

No restaurante Mariposa, no Boulevard 161, o cardápio deixou de oferecer cerca de 20% dos itens. “Foi necessária essa redução de cardápio para deixar a operação mais simples. Aqueles pratos que demandava um item em específico acabaram saindo”, comentou o dono do estabelecimento, Rodrigo Estivallet. As flautas mexicanas, por exemplo, não se encontram mais no menu. Também houve redução no número de funcionários - de 23, somente 13 integram agora o quadro.

Aumento no preço dos insumos
Estivallet ressalta, contudo, que a maioria dos reajustes nos preços de alimentos não estão sendo repassados em sua integralidade, por isso que o quadro de endividamento demora de se reverter. Os principais vilões, segundo ele, são o filé mignon, que "toda semana fica mais caro", e o queijo. O quilo da carne, que custava R$ 34,50, passou para R$ 50. Já o queijo quase dobrou de valor - de R$ 19/kg passou para R$ 32/kg. “Apesar de fazer um reajuste, ele não foi integral, porque existe a preocupação de não tornar o cardápio inviável para o consumidor ou ele não querer pagar”, pontuou o empresário. O Mariposa que existia no Mundo Plaza foi fechado por conta da pandemia.

Na Pizza da Chapada, franquia que existe nos bairros Itaigara e Graça, o que pesou foi o queijo, insumo que o restaurante usa quase uma tonelada por mês. “Tive um aumento de quase 50% nesse insumo de fevereiro para hoje, então não teve como não ter reajuste. Segurei até onde deu, mas em setembro tive que aumentar. Assumi uma parte dos custos e repassei uma parte menor para o consumidor final, para o produto não ficar tão caro”, explica o proprietário Nei Laudano. O faturamento na empresa ainda está em 65 e 70% em relação ao mesmo mês do ano passado.

A chef Tereza Paim, apesar de não mudado os pratos do cardápio - é o mesmo há 18 anos - manteve os preços de janeiro de 2019 durante o primeiro mês da reabertura do restaurante deste ano. Ela diz não ter sentido o impacto do aumento dos insumos, pois compra em quantidade, e que dá para compensar com outros pratos. “Os produtos estão variando, tem uns que estão mais baratos e outros mais caros. O que está puxado mesmo é a carne. Mas você compensa ganhando mais em outros pratos”, contou. Paim ainda afirma que o faturamento de outubro no restaurante foi de 80% em relação ao mesmo mês do ano passado e que acredita que vai haver crescimento.

A maior parte dos bares e restaurantes, contudo, não repassou o aumento dos insumos para o cliente, como destacou o presidente da Federação Baiana de Hospedagem e Alimentação (Febha), Silvio Pessoa. “A maioria ainda não repassou ao consumidor final. A gente espera que nesse período entre safra e que não precise aumentá-los. É a nossa esperança, porque o consumo está diminuído e a população está sem dinheiro. Infelizmente, vamos ter que segurar um pouco”, disse Pessoa.

Transporte fica mais caro
Um dos custos operacionais que aumentou nesses últimos meses e que foi ressaltado como principal vilão foi o de transporte dos funcionários. Com a redução da frota e o horário de funcionamento dos ônibus, os colaboradores utilizam aplicativos de transporte para voltar para casa na maioria das vezes. “Alguns tem veículo próprio, mas a maioria depende de transporte público. Às vezes, libero mais cedo para o funcionário poder ter o transporte de 22h, mas estou gastando R$ 1.000 a R$ 1.500 reais por mês de Uber. Além de estarmos com horário reduzido, já ficamos cinco a seis meses sem funcionar e ainda temos que arcar com esse custo que não é barato”, ponderou Laudano.

No Mariposa, o proprietário deixou de contratar quem não tinha como voltar para a casa depois das 22h, porque não tinha como assumir a despesa dos aplicativos de transporte. “A gente deixou de recontratar dois profissionais porque não tinha como ter o transporte para eles depois de 22h. E muitos moram em regiões distantes, que o Uber dá caro, ou que o Uber não entra, ainda tem esse agravante. Isso tem elevado bastante os custos e a gente precisa fazer um malabarismo muito grande para chegar em um equilíbro”, confessa Estivallet.

Aumento dos custos operacionais
A pesquisa da Abrasel ainda apontou que, na Bahia, 56% dos empresários notaram aumento dos custos, causado principalmente pela subida de valor dos alimentos. Os donos de bares e restaurantes relataram ao estudo que as mercadorias subiram 15% em relação ao valor de antes da crise.

“Temos custos operacionais mais altos, uma oferta reduzida e uma demanda reduzida. E ainda com novos componentes que estão se apresentando a partir da retomada que incrementam essa equação na parte negativa, principalmente pelo custo dos alimentos, como a compra de proteínas e derivados do leite. Há uma inflação que continua impactando muito nosso segmento e nosso setor. A equação não fecha”, argumentou o presidente-executivo da Seccional Bahia da Abrasel, Luiz Henrique Amaral.

Esse aumento dos custos operacionais se soma com as dívidas que muitos empreendimentos acumularam ao longo dos seis meses em que estiveram fechados. Amaral reforçou a estimativa da associação de que pelo menos um terço das empresas do setor não retornará à atividade.

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  • De azul e branco, baianos e turistas celebram a Rainha do Mar

    Colares, fitinhas, flores e o cheiro de alfazema tomaram conta das ruas do bairro do Rio Vermelho, em Salvador, onde baianos e turistas se reuniram para celebrar a Rainha do Mar, Iemanjá, nesta sexta-feira (2).

    Por volta das 6h30, o sol estava escondido entre as nuvens, mas isso não impediu que o público fosse para o local e formasse uma longa fila para entregar o presente à Iemanjá.

    Na multidão estava o biólogo Maick dos Santos, que é de São José do Rio Preto, em São Paulo. Esta é a segunda vez que ele participa da festa.

    “Eu vim ano passado pela primeira vez e decidi voltar este ano, porque eu gosto muito da energia, de toda a cultura que envolve a celebração”, disse.

    Para o paulista, este dia é marcado pela valorização da cultura e das religiões de matrizes africanas.

    “Acho importante as pessoas entenderem de onde elas vêm. É um momento para celebrar a ancestralidade, a religiosidade e toda a história da cultura preta”, destacou.

    Pouco tempo depois, o sol apareceu e as nuvens se dispersaram no céu. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a previsão é de que a temperatura máxima chegue até 32º nesta sexta, na capital baiana.

    De vestido azul e tranças pretas, a oceanógrafa Ana Beatriz participa da festa todos os anos. Baiana de Salvador, ela escolheu uma roupa leve para curtir o dia em meio ao calor que faz na cidade.

    “Acho que é um momento para agradecer pelo ano que passou e pedir prosperidade e caminhos abertos para este ano que está começando”, disse.

    Quem também é veterana na celebração é a carioca Inês Cunha. Este é o sétimo ano que ela participa da festa e, segundo a carioca, já virou tradição usar a mesma camisa branca com o trecho de uma música em homenagem à Rainha do Mar.

    "Eu uso essa camisa, porque ela tem o trecho de uma música da Império Serrano, de quando a escola de samba fez uma homenagem à Iemanjá”, explicou.

    “Hoje é um dia para se recomeçar com as raízes, com a ancestralidade. Cada vez que a gente vem, a gente descobre uma coisa diferente. Já fiz minha oração, molhei os pés no mar, participei da roda de samba e agora estou volta do para o hotel”.

    Quem ficou responsável pelo presente principal de Iemanjá foi a Casa de Oxumarê, localizada na Avenida Vasco da Gama, em Salvador. Ele será entregue por volta das 16h desta sexta.

    O tema deste ano é Olokun que, segundo os organizadores, é o espírito do vasto do oceano que mora nas profundezas, e foi escolhido através de um jogo de búzios feito pelo babalorixá da Casa de Oxumarê, Babá Pecê.

    "Temos dois presentes hoje: um foi o sonho dos pescadores e [o outro], a concha, foi escolhida pelo oráculo. A concha representa não só a riqueza do mar, o oxogênio, mas também a mudança do ser", explicou Babá Pecê.

    Entre os adornos utilizados no presente estavam conchas, flores, uma imagem que representa a Rainha do Mar, comidas, além de outras "coisas secretas" que, de acordo com os organizadores, não podem ser detalhadas.

    Autoridades políticas estiveram no local, a exemplo do governador Jerônimo Rodrigues e do vice-governador Geraldo Júnior. O prefeito de Salvador, Bruno Reis, deve comparecer pela tarde dutante a entrega do presente.

  • Parte de prédio que abrigou restaurante citado em obra de Jorge Amado desaba em Salvador

    Parte do prédio que abrigou o Restaurante Colon por 107 anos, em Salvador, desabou na manhã desta quinta-feira (25), um dia após ser interditado pela Defesa Civil da capital baiana (Codesal). Tradicional na capital baiana, o estabelecimento localizado no bairro do Comércio, foi citado na obra "O Sumiço da Santa", do escritor baiano Jorge Amado.

    Por causa do risco de desabamento, parte da Praça Conde dos Arcos, localizada na Rua da Holanda, também foi isolada na quarta-feira. Enquanto o acesso ao local está interditado, a opção de tráfego, segundo a Superintendência de Trânsito do Salvador (Transalvador), é seguir pela contramão, na Rua Alvares Cabral.

    De acordo com a Defesa Civil de Salvador (Codesal), por falta de manutenção, o prédio foi evacuado, em vistoria realizada no dia 28 de setembro de 2020, e o responsável pelo estabelecimento, aberto na época, foi notificado a suspender as atividades comerciais e evacuar o imóvel imediatamente.

    A interdição ocorreria até que o risco fosse sanado com a realização de serviços de recuperação e reforço estrutural das partes instáveis do imóvel, principalmente nos três últimos pavimentos superiores, sob a supervisão de um profissional habilitado junto ao Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA).

    Segundo a Codesal, a solicitação de inspeção predial foi encaminhada, então, à Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur) para a interdição do restaurante e imóvel. Na época, o prédio apresentou desprendimento de reboco da fachada lateral.

    A secretaria informou ainda que, na quarta-feira (24), a Codesal realizou uma nova vistoria no local, fechado há cerca de três anos, interditando, por precaução, a área do entorno com a ajuda da Transalvador.

    A Codesal ressaltou que até então, não houve necessidade de interditar os imóveis próximos. Antes do prédio desabar, equipes da secretaria retornaram nesta quinta-feira (25), ao local com técnicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para nova avaliação.

    Imóvel em área tombada pelo Iphan
    Em nota, o Iphan informou que tem um processo aberto de fiscalização, desde 2022, para apurar possível degradação do imóvel, que está em área tombada pelo Instituto.

    Em vistoria realizada nesta quinta, antes do desabamento, foi constatado que o prédio estava em estado de degradação. O Iphan afirmou que por se tratar de imóvel particular, a responsabilidade pela conservação dos bens tombados é dos proprietários.

    O Iphan explicou que tem acionado órgãos públicos para se ter os nomes dos proprietários do prédio para adoção das medidas cabíveis, podendo gerar multa, em caso de negligência. Disse ainda que recebeu uma informação sobre a identidade do dono e o auto de infração está sendo emitido.

    Fechamento do restaurante
    Após 107 anos de funcionamento, o Restaurante Colon fechou as portas em novembro de 2021.

    Fundado em 1914 por José Maria Orge, que saiu da Galícia, na Espanha, para fugir da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o restaurante já recebeu a presença de personalidades como Jorge Amado, Carlinhos Brown, Neuza Borges, Tatti Moreno, Nelson Rufino, entre outros.

    A decisão de fechar o local ocorreu após a pandemia da Covid-19. O último dia foi marcado por um sentimento de tristeza para clientes e funcionários.

    No entanto, os donos do restaurante decidiram reabrir o estabelecimento em outro imóvel, localizado na Rua Conselheiro Saraiva, também no bairro do Comércio.

  • Vendedores ambulantes são deslocados para 'passarela' no carnaval de Salvador; entenda

    Os vendedores ambulantes que trabalham na Barra terão uma área específica no carnaval de Salvador em 2024. A prefeitura vai montar uma espécie de passarela atrás da balaustrada da orla para os trabalhadores.

    O anúncio foi feito pelo titular da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop), Alexandre Tinoco. "Eles poderão ficar de forma confortável e segura, podendo servir as pessoas através da balaustrada", disse à TV Bahia nesta quarta-feira (24).

    Entenda a diferença:
     Nos carnavais anteriores, os ambulantes ficavam na calçada, na frente da balaustrada.

     Neste ano, esses trabalhadores poderão ficar na estrutura montada ao fundo, especialmente para eles.

     O espaço vai abrigar também os isopores grandes dos ambulantes — o kit entregue pela prefeitura a cada trabalhador de serviço no carnaval é composto por um isopor grande e dois pequenos. Na folia de 2024, a caixa maior não poderá ficar na calçada.

     Mas os ambulantes poderão circular pela calçada e pela pista para se aproximar dos blocos, por exemplo, desde que usem os isopores pequenos.

    O objetivo com isso é "desafogar" as ruas do circuito para facilitar a circulação de pessoas.

    A estrutura está sendo montada entre o Farol da Barra e o Barra Vento. A estimativa da Semop é de que cerca de 320 a 350 ambulantes ocupem o espaço.

    Ao todo, considerando o Circuito Dodô, que vai da Barra à Ondina, e o Circuito Osmar, no Campo Grande, 4.110 trabalhadores foram cadastrados para o carnaval deste ano.

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