Imprimir esta página
Náufragos usaram coletes e prancha enquanto esperavam pelo resgate

Náufragos usaram coletes e prancha enquanto esperavam pelo resgate

Os três náufragos que passaram mais de 6h na água, em mar aberto, desembarcaram em Salvador, nesta quinta-feira (22). Eles saíram de São Paulo, fizeram uma parada no Rio de Janeiro e seguiam para Maragogi, em Alagoas, mas quando passavam pela região de Ilhéus, no Sul da Bahia, o veleiro em que estavam foi atingido por uma baleia. O impacto provocou um estrago que afundou a embarcação.

O acidente aconteceu na manhã de terça-feira (20) e a tripulação não percebeu avarias no primeiro momento. Na quarta-feira (21), por volta das 6h30, o comandante do veleiro identificou água no barco e avisou à Marinha que precisava de ajuda. Os militares montaram uma operação de resgate e transmitiram o pedido de socorro para as embarcações que estavam na região. O veleiro afundou antes da ajuda chegar e os três homens ficaram à deriva em mar aberto.

O comandante Dhartha Dantas, da Capitania dos Portos, explicou que os tripulantes tiveram tempo para colocar os coletes e que usaram uma prancha como apoio para permanecer boiando. O tipo de embarcação em que eles estavam não exige botes ou balsas salva-vidas. Os três foram resgatados por um navio mercante que estava próximo ao local do acidente, por volta das 13h, ou seja, 6h30 após o pedido de socorro.

“Eles [os náufragos] contaram que estavam cansados e um deles tinha um corte no pé que precisou de um curativo, mas fisicamente estavam bem. Todos passaram por atendimento médico no Hospital Naval de Salvador, foram examinados e liberados”, afirmou o comandante.

Os três são amigos e estavam passeando pelo litoral brasileiro. São dois baianos, tio e sobrinho, e um paraibano. Os nomes não foram divulgados. O comandante Dantas explicou que quando as vítimas avisaram a Marinha sobre o acidente, informaram a localização, quantas pessoas havia na embarcação, o estado de saúde delas e o nome do barco, e que essas ações foram importantes para o resgate.

“Procurar uma pessoa perdida no mar é como procurar uma agulha no palheiro, e quanto mais tempo passa perdido, pior, porque a probabilidade de achar diminui. Além disso, a pessoa fica mais nervosa, começa a sentir fome, sede, entra em um desânimo emocional, pensa que vai morrer, e eles se mantiveram firmes na esperança de serem salvos”, disse.

Os três homens desembarcaram na Capitania dos Portos, em Salvador, nesta quinta-feira (22), e foram recebidos por familiares. Um dos náufragos contou que o barco colidiu algumas vezes com os animais, mas que a água não entrou na embarcação de imediato. Eles tiveram tempo de alertar também os familiares.

“A baleia deu um espetáculo, foi um pulo muito bonito, mas infelizmente colidiu com a gente. Não tinha sido o primeiro, mas foi esse que avariou o barco. Em um primeiro momento o barco não fez água, a gente fez a inspeção e estava tudo bem. A gente pensou que conseguiria chegar em Salvador, mas depois a água começou a entrar”, disse

Outro tripulante contou que já fez esse mesmo trajeto outras vezes. “Estava muito preocupado com o agito do mar, tínhamos que administrar para ficar em uma condição melhor. Depois que afundou ficamos na prancha e longe do barco, porque lá não tinha condições de ficar. Já passei alguns perrengues no mar, como o mastro quebrar e ficar à deriva, mas essa foi a primeira vez que vi o barco naufragar”, afirmou.

Eles estavam velejando há seis dias. O resgate foi realizado pelo navio mercante Dan Sabia que ofereceu aos náufragos alimentos, água e roupas secas. Os três homens agradeceram o apoio. O veleiro que naufragou está registrado na Capitania dos Portos de Recife (PE), o proprietário estava no barco no momento da colisão e as licenças estão em ordem.

O comandante Dantas destacou a importância de estar com o equipamento adequado antes de entrar no mar e de seguir o protocolo em casos de acidentes. Ele orienta os navegantes a terem atenção com a previsão do tempo, principalmente no inverno, por conta do mar agitado, e a verificar as condições de saúde da tripulação e da embarcação antes da viagem.

Segundo o Projeto Baleia Jubarte, esses animais começam a povoar o litoral brasileiro em junho e permanecem até novembro. As baleias deixam a Antártida e sobem o Oceano Atlântico em busca de águas mais quentes para o acasalamento e a reprodução, e a maior concentração acontece em Abrolhos, no Sul da Bahia. As jubartes adultas têm até 16 metros e pesam 40 toneladas, o equivalente ao peso de oito elefantes.

Itens relacionados (por tag)