Em 2010, o número de mortes por acidente de trânsitos em Salvador bateu recorde, em Salvador. Foram 266 vidas perdidas, o que equivale a dizer que, quase todos os dias, uma pessoa morria em avenidas da cidade. Dez anos depois, com mudanças estruturais e na abordagem do assunto, a capital baiana registrou o menor índice de mortos no trânsito do país – 126, ao todo, em 2020. Agora, o comitê gestor municipal do Programa Vida no Trânsito, ligado à Transalvador, organiza o lançamento de um programa voltado para reduzir os números ainda mais, com um foco: motociclistas.
Os dados levantados no portal Datasus, do Ministério da Saúde, revelaram que a capital baiana apresenta, atualmente, uma taxa de 5,2 mortos no trânsito, por 100 mil habitantes. A quantidade é três vezes menor que a média nacional e considerou o intervalo de 2010 a 2019, quando aconteceram 133 mortes no trânsito. Os resultados foram precedidos de mudanças no trânsito, como alterações estruturais em avenidas consideradas pontos críticos – como a Avenida Suburbana, Paralela e Vasco da Gama -, fiscalização e campanhas de conscientização, principalmente.
Naquele ano de 2010, a Afrânio Peixoto, considerada uma das mais perigosas, registrou 23 mortes. Hoje, a média no local gira em torno de três óbitos. O início da diminuição do número de mortes começou a ser observado entre 2013. Um ano antes, a média de pessoas mortas no trânsito, em Salvador, era de 9,11 por 100 mil habitantes, quase o dobro do verificado hoje. A capital brasileira com maior índice é Palmas, com 25,1 mortes também por grupo de 100 mil.
“Continuaremos investindo e incentivando ações de conscientização da população e para a promoção de um trânsito seguro. Queremos continuar sendo a cidade que é referência para outros locais em relação à segurança viária”, afirma Marcus Passos, titular da Transalvador.
Há três anos, Salvador superou a meta da Organização das Nações Unidas (ONU) de reduzir em até 50% o número de mortes no trânsito. O Programa Vida no Trânsito, transferido da tutela do Ministério da Saúde para a Transalvador em 2018, é o carro chefe de uma série de ações que buscam reduzir as estatísticas. O problema é tratado de uma forma interseccional, observado e avaliado por técnicos de diferentes secretarias, universidades, institutos de pesquisas e polícias rodoviárias.
Programa vai focar em motociclistas
A redução da velocidade permitida em avenidas e a fiscalização massiva costumam ser citadas como avanços que permitiram Salvador alcançar as metas de redução de acidentes de trânsito. Os dados do tráfego começaram a ser acompanhados de perto e, para cada problema, uma solução direcionada surgia. Mas, uma constante não mudava e tem gerado novas tentativas de atuação: as mortes entre motociclistas.
No ano passado, 48 motociclistas morreram no trânsito e, em 2019, 40 motociclistas perderam a vida. “É um público muito vulnerável e, agora, o principal desafio é manter o trabalho, mas conseguir reduzir essa estatística tão elevada”, conta Mirian Bastos, gerente de Educação para o Trânsito e Coordenadora do Comitê do Programa Vida no Trânsito de Salvador. Do total de mortes de 2020, 38% eram motociclistas. Um programa voltado para reduzir acidentes fatais entre eles deve ser lançado ainda no próximo mês. As medidas a serem adotadas ainda estão na fase de planejamento.
“Ainda são muitas vidas perdidas no trânsito. É uma estatística que reduziu bastante, mas queremos reduzir ainda mais”, ressalta Bastos.
Além dos motociclistas, os ciclistas e, claro, os pedestres são alvos de constante atenção do Programa Vida no Trânsito. Não apenas em relação aos acidentes fatais, mas aqueles que deixam feridos. Em 2019, 4.882 pessoas ficaram feridas depois de acidentes no trânsito, como atropelamentos.
Também em 2019, a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), entidade ligada à ONU, destacou a capital baiana como um dos três exemplos na América Latina de redução de mortes no trânsito. De acordo com o Ministério da Saúde, 36 mil pessoas morrem por ano em acidentes de trânsito em todo Brasil.
Já em julho passado, a Prefeitura Prefeitura de Salvador firmou uma parceria com a Iniciativa Bloomberg de Segurança Viária Global de colaboração para prevenção de acidentes de trânsito. Com isso, Salvador passou a contar com uma equipe de técnicos e de uma rede internacional de organizações, que auxiliam as ações do poder público municipal em melhorias no gerenciamento de dados, infraestrutura, fiscalização, educação e comunicação.