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Início do City no Bahia é marcado por fracassos no campo e silêncio da diretoria

Início do City no Bahia é marcado por fracassos no campo e silêncio da diretoria

O Bahia navega por águas turbulentas. A temporada apresenta um nível muito abaixo da expectativa criada pelo clube no fim do ano passado, quando conquistou o acesso à Série A e teve a SAF vendida ao Grupo City. O capítulo mais recente foi a eliminação na primeira fase da Copa do Nordeste pelo segundo ano consecutivo.

Até aqui, a gestão do City tem mais episódios de fracassos do que comemorações. O investimento na casa dos R$ 70 milhões no futebol ainda não deu resultado no campo. O empate por 1x1 com o time sub-20 do Fluminense-PI foi o resumo da campanha tricolor no Nordestão.

A equipe venceu apenas um jogo no torneio, contra o Atlético de Alagoinhas, e levou goleadas para o Fortaleza (3x0, na Fonte Nova) e Sport (6x0, na Ilha do Retiro), o que rendeu protestos da torcida no aeroporto e no CT Evaristo de Macedo. Vice-lanterna do grupo B, com seis pontos após sete partidas, o clube não tem mais chances de classificação restando uma rodada para o fim da primeira fase.

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Na Copa do Brasil, o Bahia passou sufoco para eliminar o modesto Camboriú-SC na segunda fase. A última tentativa de salvar o primeiro trimestre será no Campeonato Baiano. Neste sábado, o Esquadrão encara o Itabuna, na Fonte Nova, pelo segundo jogo da semifinal. Como perdeu a ida por 1x0, o time precisa vencer por pelo menos dois gols de diferença para ir à final de forma direta. Se ganhar por um gol, decide a vaga nos pênaltis.

Em meio ao caos vivido, o trabalho do técnico Renato Paiva vem sendo questionado. O time não apresenta bom futebol. A implantação do modelo de jogo aconteceu de forma desastrosa, com erros grotescos se repetindo a cada partida, seja em janeiro ou já em março.


Trabalho de Renato Paiva não evoluiu e time tem apresentado futebol pobre
(Foto: Felipe Oliveira/EC Bahia)
Além de pouco produtivo no ataque, o Bahia se mostrou vulnerável defensivamente. O tricolor sofreu 26 gols em 19 jogos. Uma média de 1,37 por jogo. É a defesa mais vazada entre os 20 clubes da Série A no ano. O treinador se defende alegando falta de tempo para treinar.

“Temos 19 jogos feitos em dois meses. Dezenove jogos é uma volta inteira no Campeonato Português, que se faz em seis meses. Começamos bem nos primeiros jogos, mas fomos perdendo referência a partir do momento que fomos avançando, treinando menos”, disse Paiva.

Durante as entrevistas após os jogos, Renato Paiva bate na tecla de que a sua missão é a de preparar o time para o Brasileirão, que terá início no dia 15 de abril. A estreia do Esquadrão será contra o Red Bull Bragantino, fora de casa. A janela de contratações do primeiro semestre ficará aberta até o dia 4 de abril.

SILÊNCIO
Desde o início da parceria com o Grupo City, a atual diretoria executiva, encabeçada por Guilherme Bellintani, e Cadu Santoro, diretor de futebol escolhido pelo fundo árabe para gerir o clube, adotaram o silêncio. Responsável por montar o elenco, Cadu não foi sequer apresentado oficialmente e se limitou a falar apenas durante a apresentação dos atletas, sem explicar quais são as metas e objetivos do Bahia em 2023.

Nem mesmo após a goleada para o Sport e o protesto no aeroporto uma satisfação ao torcedor foi dada. Nos bastidores comenta-se que o Grupo City só falará oficialmente quando o processo jurídico da SAF estiver concluído, o que é estimado que aconteça em abril.

Até lá, Guilherme Bellintani segue como presidente do clube. Neste momento o Bahia vivencia uma espécie de co-gestão. As decisões no futebol são tomadas pelo fundo árabe, mas Bellintani é quem assina os documentos. O presidente, inclusive, tem representado o clube em reuniões como as da Libra - uma nova liga de clubes que está em processo de formação no país e que tem como investidor o fundo Mubadala Capital, cujo CEO é presidente do Grupo City.

O CORREIO tentou contato com Cadu Santoro e com a diretoria executiva do Bahia através da assessoria de comunicação e foi informado de que nenhum deles daria declarações sobre o momento do clube.

Atualização: após a publicação desta matéria, a assessoria do Grupo City entrou em contato com a reportagem salientando que: "A Mubadala Investment Company (MIC), de propriedade do governo de Abu Dhabi, não tem vínculos de trabalho ou vínculos com o City Football Group. Eles são entidades totalmente separadas e independentes. Eles têm semelhanças circunstanciais, pois o vice-presidente do MIC é Sheikh Mansour e o CEO do MIC (Khaldoon Al Mubarak) é o presidente do Manchester City e do City Football Group; a MIC está presente no Brasil através da Mubadala Capital, sua subsidiária de gestão de ativos. A Mubadala Capital Brasil e a Mubadala Capital possuem seus próprios processos de investimento, Liderança Executiva, Conselho e comitês relevantes".

A assessoria do grupo destacou também que: "A oferta da Mubadala Capital em torno da nova Liga do Brasileirão é totalmente separada do potencial investimento do CFG no EC Bahia; não há envolvimento da Mubadala/Mubadala Capital ou vínculos com o City Football Group".

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