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73 cidades baianas tiveram falta de leitos para paciente com covid-19

73 cidades baianas tiveram falta de leitos para paciente com covid-19

Durante o período mais crítico da pandemia, 73 municípios baianos tiveram demanda de internação por covid-19 maior do que a oferta de leitos clínicos e de UTI públicos ou privados conveniados ao SUS. É o que mostra a Pesquisa de Informações Básicas Municipais (MUNIC), realizada pelo IBGE em 2020 e divulgada na quarta-feira (10). Na lista, estão cidades como Camaçari, Lauro de Freitas, Feira de Santana, Porto Seguro, Andaraí e Juazeiro. A lista completa pode ser conferida no final da reportagem.

Em 2020, todos os 409 municípios baianos que responderam à pesquisa sobre o tema covid-19 haviam registrado casos comprovados da doença e 388 cidades (94,9%) tiveram casos com necessidade de internação. Vale ressaltar que todos os 417 municípios registraram casos e mortes por covid-19.

Embora a incapacidade de leitos tenha sido registrada em quase 2 de cada 10 municípios baianos, foi menos frequente do que no país como um todo. No estado, a situação ocorreu com 18% dos municípios que responderam à pesquisa e, no Brasil em geral, com 22,0% dos municípios. A Bahia ficou com o 6º percentual mais baixo entre os estados.

Das prefeituras citadas acima, somente Camaçari respondeu ao contato. Através de nota, a assessoria disse que, através da Secretaria da Saúde, contratou 10 leitos de UTI covid-19 exclusivos para o município, implantou um Centro Intensivo de Combate ao Coronavírus, com outros 10 leitos de UTI e 2 leitos de estabilização, e também o Centro Intermediário de Enfrentamento ao Coronavírus (CIEC) com 20 leitos clínicos e uma sala vermelha.

No mês de abril deste ano, no pico da segunda onda, Camaçari chegou a ter taxa de ocupação de 100% dos leitos e uma fila de espera de mais de 50 pessoas, por dia, na busca de um leito covid. A prefeitura acrescentou que, agora, a realidade é outra. “Não temos mais esses hospitais de campanha covid, como também não temos mais pacientes em fila de espera. Não temos procura diária por leitos covid”, finaliza a nota.

Adoção de medidas sanitárias

Segundo a pesquisa do IBGE, em 2020, 99,3% das prefeituras baianas adotaram medidas de isolamento social, seja por recomendação ou decreto. A taxa é superior aos 98,6% registrados nos municípios brasileiros em geral. Apenas 3 das 409 cidades da Bahia que responderam a essa pergunta da pesquisa disseram não ter adotado nenhuma medida de isolamento social para evitar a propagação da covid-19: Andaraí, Camacan e São Sebastião do Passé.

Na Bahia, dentre as medidas de isolamento social, a mais relatada foi o isolamento social por decreto, informada por 339 prefeituras no estado, 82,8% das que responderam.

A segunda medida sanitária mais adotada foi a instalação de barreiras sanitárias, adotada por 98% das cidades. No Brasil como um todo, 76,0% dos que responderam à pesquisa disseram ter instalado barreira sanitária em 2020.

Para tentar garantir a adesão às medidas de isolamento social, em 2020, quase 8 em cada 10 municípios na Bahia regulamentaram sanções em caso de desrespeito às normas - como multas, realização compulsória de exames e outros. Elas foram informadas por 313 das 409 prefeituras que responderam à pesquisa (76,5%).

Além de adotar o isolamento, implantar barreiras sanitárias e regulamentar sanções para quem descumprisse as normas sanitárias, todas as 409 prefeituras baianas que responderam sobre o tema covid-19 realizaram ao menos alguma ação de combate à pandemia. O uso obrigatório de máscara foi adotado por 95,8% das cidades baianas e a desinfecção de locais públicos e comércios por 91,2%.

A testagem da população ficou em terceiro lugar, informada por 353 cidades baianas (86,3% das que responderam); 351 prefeituras (85,8%) adquiriram testes para utilizar na população. Em quinto lugar, 346 prefeituras (84,6%) distribuíram cestas básicas ou crédito alimentar para as famílias de estudantes matriculados na rede pública municipal e creches parceiras.

“O resultado positivo é, sem dúvidas, um reflexo do trabalho responsável dos prefeitos baianos que travaram uma verdadeira luta contra o vírus, sobretudo no período mais crítico da pandemia”, afirmou o presidente da União dos Municípios da Bahia (UPB) e prefeito de Jequié, Zé Cocá.

As prefeituras de Andaraí, Camacan e São Sebastião do Passé foram procuradas, mas não responderam ao contato. A Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) informou que não comentaria os resultados da pesquisa e o CORREIO não conseguiu contato com o Conselho Estadual dos Secretários Municipais de Saúde da Bahia (Cosems-Ba).

Bahia tem o 6º maior índice de seca do país
Dos 417 municípios baianos, 410 responderam às perguntas da Pesquisa de Informações Básicas Municipais (MUNIC) sobre gestão de risco e resposta a desastres. A seca continuou sendo uma realidade para a maioria das cidades na Bahia. Em 2020, 289 municípios declararam ter sido atingidos pela seca nos últimos 4 anos (70,5%), sendo 2017 o ano de maior incidência, quando o problema atingiu 165 cidades. Apesar de o número de municípios afetados ser alto, ele foi 21,7% menor do que em 2017, quando 369 cidades baianas haviam informado ter sido atingidas pela seca nos 4 anos anteriores.

Em 2020, dentre os 26 estados (excluindo o Distrito Federal), a Bahia tinha o 6 o maior percentual de municípios que haviam sofrido com a estiagem. Rio Grande do Sul (88,9%), Rio Grande do Norte (86,2%) e Paraíba (81,2%) lideravam.

Na Bahia, a ação mais comum para evitar ou minimizar os danos causados pela seca foi a distribuição de água através de carros-pipa, que ocorreu em 222 municípios. Em 186 cidades, houve construção de poços e, em 148, a construção de cisternas. Apesar de a seca atingir a maioria dos municípios baianos, apenas 88 possuíam, em 2020, um Plano de Contingência e/ou Prevenção para a Seca (21,1%).

Outros resultados da pesquisa

A Pesquisa de Informações Básicas Municipais (MUNIC), de 2020, também ouviu municípios baianos sobre temas como transporte, moradia e saneamento básico.

Confira alguns resultados:

74,5% dos municípios declaram que possuíam loteamentos irregulares e/ou clandestinos (aumento de 15% em relação à pesquisa de 2017)
22,8% dos municípios declararam possuir favelas, palafitas, mocambos ou assemelhados
A van é o serviço de transporte mais comum, presente em 89,2% dos municípios
Os transportes por aplicativo estão presentes em apenas 26 municípios (6% dos que responderam)
Apenas Lauro de Freitas e Salvador possuem metrô e só a capital possui serviço regular de trem
Apenas 8,9% dos municípios disseram ter frota totalmente adaptada para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida
19,4% dos municípios declararam possuir ciclovia ( número 132,4% maior que o de 2017)
A proporção de municípios com ciclovias na Bahia era a segunda maior do Nordeste, atrás apenas da verificada no Ceará (27,7%)

Municípios baianos onde demanda ultrapassou capacidade de leitos:

Adustina
Antônio Cardoso
Aporá
Arataca
Barra do Mendes
Barro Alto
Bom Jesus da Serra
Buritirama
Caém
Camacan
Camaçari
Camamu
Canarana
Cansanção
Carinhanha
Chorrochó
Coaraci
Cocos
Coração de Maria
Coribe
Dário Meira
Eunápolis
Feira de Santana
Iaçu
Ibicaraí
Ibipeba
Ibitiara
Ipiaú
Irará
Irecê
Itabela
Itabuna
Itamaraju
Itapetinga
Itapicuru
Itapitanga
Itaquara
Itiúba
Itororó
Jaguaquara
Jaguarari
Jeremoabo
Jiquiriçá
João Dourado
Juazeiro
Lauro de Freitas
Lençóis
Macajuba
Macaúbas
Maragogipe
Medeiros Neto
Mucuri
Nova Viçosa
Palmas de Monte Alto
Pau Brasil
Piatã
Pintadas
Porto Seguro
Potiraguá
Presidente Dutra
Rio do Antônio
Rio Real
Salinas da Margarida
São Félix do Coribe
Seabra
Sobradinho
Teixeira de Freitas
Ubaitaba
Uruçuca
Valença
Vereda
Wenceslau Guimarães
Xique-Xique

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