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Fonoaudióloga é levada ao Juliano Moreira após depor sobre tentativa de rapto de crianças

Fonoaudióloga é levada ao Juliano Moreira após depor sobre tentativa de rapto de crianças

A fonoaudióloga suspeita de tentar sequestrar pelo menos duas crianças na região da Barra no último domingo (11), se apresentou para prestar esclarecimentos à Polícia Civil na manhã desta quinta-feira (15). A mulher foi sozinha até a Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra a Criança e o Adolescente (Dercca), em Brotas, após ter sido intimada. Logo após prestar depoimento, a suspeita foi encaminhada ao Hospital Psiquiátrico Juliano Moreira.

A Dercca tomou conhecimento da notícia crime por meio das redes sociais, entrou em contato com os pais de supostas vítimas e agendou oitivas. Duas pessoas que registraram ocorrências na delegacia já foram ouvidas e agora a polícia investiga as ocorrências.

A delegada Simone Moutinho, responsável pelo caso, deu detalhes sobre o interrogatório e informou que a fonoaudióloga foi até a delegacia sem a presença de advogados e deu um depoimento desconexo. Ao perceber que a suspeita não estava em condições de ser interrogada, a delegada a encaminhou para o serviço psicossocial da unidade.

“Eu iniciei o interrogatório e de pronto constatei que ela tinha um discurso bastante confuso, em completo desalinho. Como o interrogatório é um meio de o suspeito apresentar sua defesa, notamos que não tinha a menor condição naquele momento e a encaminhamos para o serviço psicossocial”, relata Simone Moutinho. Foi então que a fonoaudióloga foi levada ao 5º Centro de Saúde, nos Barris, e depois levada ao hospital psiquiátrico.

“A psicóloga, em diálogo com a suspeita, suspeitou que ela pudesse ter algum tipo de psicopatia e nós decidimos que uma equipe multidisciplinar acompanhasse ela até o 5º Centro. Salientamos aos médicos que se tratava de uma pessoa que estava tentando sequestrar crianças em toda a cidade de Salvador”, afirma a delegada.

Apesar do médico que atendeu a suspeia no 5º Centro ter optado pela internação compulsória, o médico do Hospital Juliano Moreira a liberou quando a companheira da fonoaudióloga esteve na unidade hospitalar e assinou um termo de responsabilidade.

“Ela falou que abordava crianças tanto na periferia de Salvador como em áreas nobres com a intenção de fazer uma espécie de recreação, porque as crianças sofriam muito por conta do isolamento social”, conta Simone Moutinho.

A delegada reforça ainda que quem passou por situações semelhantes deve procurar a polícia e registrar um boletim de ocorrência.

Novas denúncias
A advogada Tatiana Matos foi uma das pessoas que registrou um boletim de ocorrência contra a fonoaudióloga na Dercca na quarta-feira (14). Ela conta que em junho do ano passado, a suspeita a abordou em uma praça no Caminho das Árvores, segurou na mão de sua filha de 5 anos e começou a correr com a menina. Antes disso, ela agiu como se conhecesse o avô da advogada, que tem 95 anos.

Tatiana relata que correu e gritou muito para a mulher parar e soltar a criança, mas a fonoaudióloga continuava correndo e segurando a menina. “Ela perguntou para minha filha se ela gostava de correr, quando ela respondeu que sim, disse que era para elas duas correrem de mim. As duas saíram disparadas, eu gritava para elas pararem e não paravam. Elas só foram parar antes de atravessar a rua e foi quando eu segurei minha filha pelo cabelo”, relembra.

Nesse momento, Tatiana levou a filha de volta para o carro e, em um certo momento, a fonoaudióloga chegou a adentrar o veículo. A advogada chegou a procurar a polícia para prestar queixa, mas reclama que não foi bem atendida pelos policiais, que não levaram a sério suas acusações. Só quando tomou conhecimento das denúncias mais recentes, foi até o Dercca para prestar depoimento.

Relembre o caso
Relatos de vítimas que vivenciaram situações como a de Tatiana na região da Barra, em Salvador, têm circulado nas redes sociais e no WhatsApp. “Se a gente não impedisse, ela ia levar meu filho embora”, diz uma mãe assustada em um dos áudios que foi encaminhado em grupos de pais da capital baiana. Outras duas mulheres alegam terem sido perseguidas pela mesma pessoa.

Uma mãe que passou pelo ocorrido com o filho de 9 anos no domingo (11), registrou um boletim de ocorrência virtual sobre o acontecido na terça-feira (13) e contou à reportagem os momentos de tensão. Dani Baqueiro, 39, conta que passeava com o pai e o filho na região do Porto da Barra, quando foram abordados por uma mulher jovem e com perfil de atleta. A fonoaudióloga interagiu com o menino até que o segurou pelo braço e começou a correr. Os dois só pararam quando foram alcançados pelo avô do menino. Como esses, vários outros relatos se somam nas redes sociais e grupos de troca de mensagens.

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