Sábado, 20 Abril 2024 | Login
Operários que retiraram fios de cobre se apresentam voluntariamente à polícia

Operários que retiraram fios de cobre se apresentam voluntariamente à polícia

Uma parte dos 10 operários que trabalharam na retirada de fios de cobre da Rua Direita do Santo Antônio, na manhã do último domingo, foi voluntariamente, nessa quinta-feira (1) até a 1ª Delegacia Territorial da Policia Civil, localizada nos Barris, para prestar esclarecimentos dos fatos. O grupo tinha sido acusado de furtar os cabos elétricos subterrâneos que já estavam desativados, mas alegaram que foram contratados por um funcionário da construtora Pejota para realizar o serviço.

Essa empresa ganhou a licitação do Governo do Estado para realizar as ruas do bairro e fazem há sete meses a obra. “Viemos para esclarecer os fatos. Nós jamais estaríamos mentindo, pois não temos necessidade disso. Se nos escondêssemos, a polícia viria atrás da gente, como se fôssemos os culpados. Não roubamos e sim fomos contratados pelo funcionário de nome Thailan”, disse o operário que se identificou apenas como Marcelo, de 33 anos.

No total, foram seis homens ouvidos pela delegada Rogéria Araújo, que acompanha o caso. Ela não ainda não quis falar com a imprensa sobre o inquérito que foi aberto. Os detalhes da investigação da polícia também não foram divulgados, para evitar interferências no curso das apurações. “A gente está sendo vítima nessa história e queremos que isso fique claro no inquérito”, disse Marcelo.

Dessa vez, tanto Marcelo como outros quatro funcionários que prestaram depoimentos não tiveram vergonha de mostrar o rosto. Apenas o líder do grupo preferiu permanecer no anonimato, pois disse que sua imagem está associada à sucata em que ele trabalha e não quer prejudicar o nome da empresa. “Eu também tive a sorte de não ter meu rosto exposto nas imagens que viralizaram nas redes sociais nessa semana. Foram os meninos que apareceram”, disse o líder.

Na quarta-feira, sem se identificar, parte do grupo já tinha revelado a sua versão dos fatos em entrevista exclusiva ao CORREIO e à TV Bahia. Dessa vez, o grupo permaneceu na 1ª DT das 10h30 até as 17h da quinta-feira. “Tivemos que perder um dia de trabalho, mas é importante que tudo fique claro. Outros funcionários não puderam vir hoje, pois estavam com compromissos já marcados”, explicou o líder do grupo.

Depoimentos
Rodrigo Conceição, 27 anos, foi um dos que falaram com a delegada. “Eu passava no bairro e o povo me chamava de ladrão, o que era muito ruim. Agora, eu e minha família estamos mais aliviados, pois tudo está sendo esclarecido. Eles sempre acreditaram em mim, pois sempre fui trabalhador e nunca algo do tipo aconteceu comigo”, disse o jovem, que trabalha como diarista em operações como essa. “Recebemos R$ 50 por dia de trabalho, R$ 100 aos domingos”, disse.

“Quando tudo aconteceu, minha filha pequena disse que eu estava passando na televisão. Fiquei dois dias sem dormir, tive medo de ir preso por algo que não era culpa minha. Fui fazer um serviço, ganhar R$ 100 para levar para dentro de casa. Eu só peço que esse engenheiro apareça na delegacia e esclareça tudo. Não quero passar essa vergonha mais”, completou

A advogada Marcela Nascimento acompanhou o grupo durante todo o dia e explicou que eles não iam abrir uma queixa nesse momento. “Eles vieram esclarecer, se defender, explicar que foram contratados por um suposto engenheiro da Pejota. Inclusive, eles tiveram nas dependências da construtora e pegou materiais. Viemos ajudar a delegada nesse inquérito policial”, disse.

Marcela também explicou que não havia um contrato escrito que estabelecia um vínculo entre as duas partes e sim um acordo verbal voltado para a retirada dos fios. “No início, eles queriam prestar uma queixa contra o suposto engenheiro e a empresa, mas vamos avaliar isso mais ao final desse inquérito. O importante agora é cooperar com o inquérito policial e esclarecer que eles não sabiam que se tratava de um furto. No momento, a culpa é do engenheiro, que precisa prestar esclarecimentos”, disse.

O primeiro a ser ouvido pela delegada foi o lider do grupo, que conversou com o suposto engenheiro por mensagens de whatsapp. “Ele nos falou que a empresa queria ‘se cobrir’, ou seja, se isentar da responsabilidade e disse que teria feito a denúncia por pressão da Conder. Eu falei que ele teria que ter nos explicado que o serviço era algo ilegal, pois assim a gente não iria fazer. Disse que estávamos chateados e ele nos bloqueou no whatsapp. Entrei em contato com a administração da Pejota, enviei os prints para eles e até agora não recebi nenhum retorno”, afirmou.

O grupo afirmou que atua há 10 anos no mercado e que é comum eles serem chamados por construtoras para retirarem sucata de obras. “Se fosse de noite, eu iria estranhar. Mas era no domingo, um dia comum de trabalho para a gente. Bem, a empresa emitiu uma nota que se isentava da responsabilidade, mas eu quero que eles esclareçam legalmente que o funcionário deles contrataram a gente, o que foi a verdade”, disse o líder.

Relembre
No domingo, pessoas sem máscara, vestidas com uniformes azuis e com maquinários de grande porte, como retroescavadeiras, destruíram 60 metros de extensão de um lado da rua para levar fios de cobre que estavam enterrados no local. A ação se iniciou por volta das 8h30, durou cerca de quatro horas e danificou a rede de tubulação de água, que já foi consertada.

A Coelba confirmou que os cabos furtados pertencem a uma linha de transmissão desativada, mas que permaneceram no local para uma eventual necessidade. Em nota, ela afirma que acompanha o inquérito policial em curso e seguirá tomando as medidas cabíveis para apuração dos fatos e responsabilização dos envolvidos.

A Conder não quis se pronunciar sobre o assunto. Já a Pejota Construções disse que não tem qualquer relação com os fatos noticiados. “A empresa disponibiliza vigilância para os materiais e equipamentos existentes no canteiro de obras. A construtora reforça que realiza os serviços no horário comercial, de segunda a sábado, e o tráfego de veículos e pedestres é livre e permanente durante toda a semana”, afirmaram.

Foi a prórpria Pejota que prestou queixa na delegacia, após o pedido da Conder, o que teria sido feito numa reunião entre as duas partes realizada na tarde dessa terça. No entanto, em nota divulgada para a imprensa um dia antes, a Conder já tinha dito que fizera o pedido à Pejota para que registrasse queixa.

“Internamente, não há nenhum registro de contrato que vincule a empresa a este serviço prestado no dia 27. O funcionário citado não possui nenhum tipo de autonomia para contratação de serviços em nome da empresa sem a prévia autorização, conforme o manual de procedimento interno. A empresa foi surpreendida com o possível envolvimento do mesmo no ocorrido. Caso seja comprovada sua responsabilidade, este será o único a assumir as consequências de seus atos que diferem do código de conduta da empresa”, disseram.

Confira a nota completa:

A Pejota Construções, responsável pela execução das obras de pavimentação e requalificação das vias na região do Santo Antônio Além do Carmo, através de contrato firmado com a CONDER, esclarece que não tem qualquer relação com os fatos noticiados. A empresa disponibiliza vigilância para os materiais e equipamentos existentes no canteiro de obras. A construtora reforça que realiza os serviços no horário comercial, de segunda a sábado, e o tráfego de veículos e pedestres é livre e permanente durante toda a semana.

A empresa está colaborando com as investigações, em contato direto com a CONDER para apoiar na implantação de novas medidas a serem adotadas. A primeira medida foi o registro de boletim de ocorrência feito pela Pejota, na Delegacia dos Barris. A ação aconteceu após pedido da CONDER feito em reunião ocorrida no dia 29.

As imagens amplamente divulgadas pela imprensa mostram que o fardamento usado pelos criminosos não possui nenhuma identificação da empresa. Além disso, os fios de cobre e o maquinário utilizado também não pertencem à empresa.

A construtora reforça que a retirada dos fios de cobre de Santo Antônio Além do Carmo foi praticada por terceiros de forma alheia ao conhecimento da empresa. Após apurações preliminares relativas à denúncia feita à imprensa, a Pejota instaurou uma sindicância para tomar todas as providências legais cabíveis e afastou um funcionário da obra enquanto acontecem as investigações para apurar as responsabilidades.

A Pejota reafirma que não contratou o serviço para nenhum fim, todos os contratos de empreitadas e serviços são feitos através de processos internos, passando por análises de serviço, cotações e autorização dos setores administrativos da empresa e da diretoria e, só após a formalização do contrato e da ordem de serviço é que o fornecedor executa o que foi contratados. Internamente, não há nenhum registro de contrato que vincule a empresa a este serviço prestado no dia 27.

O funcionário citado não possui nenhum tipo de autonomia para contratação de serviços em nome da empresa sem a prévia autorização, conforme o manual de procedimento interno. A empresa foi surpreendida com o possível envolvimento do mesmo no ocorrido, levantado pela mídia no dia 29/09. Caso seja comprovada sua responsabilidade, este será o único a assumir as consequências de seus atos que diferem do código de conduta da empresa.

Ainda assim, todas as medidas foram tomadas para reparar os danos, evitando maiores prejuízos para os moradores, para a CONDER e para a Coelba – mesmo tendo sido a Pejota também prejudicada, assumindo todos os custos de requalificação e sua imagem atingida.

Finalizamos reforçando, mais uma vez, que não houve a contratação dos “serviços” e que estamos colaborando com imagens, informações e documentos a fim de apoiar as autoridades competentes na resolução do caso. A partir desse momento, as informações sobre o caso serão dadas pelas autoridades competentes que conduzirão a investigação.

Itens relacionados (por tag)

  • De azul e branco, baianos e turistas celebram a Rainha do Mar

    Colares, fitinhas, flores e o cheiro de alfazema tomaram conta das ruas do bairro do Rio Vermelho, em Salvador, onde baianos e turistas se reuniram para celebrar a Rainha do Mar, Iemanjá, nesta sexta-feira (2).

    Por volta das 6h30, o sol estava escondido entre as nuvens, mas isso não impediu que o público fosse para o local e formasse uma longa fila para entregar o presente à Iemanjá.

    Na multidão estava o biólogo Maick dos Santos, que é de São José do Rio Preto, em São Paulo. Esta é a segunda vez que ele participa da festa.

    “Eu vim ano passado pela primeira vez e decidi voltar este ano, porque eu gosto muito da energia, de toda a cultura que envolve a celebração”, disse.

    Para o paulista, este dia é marcado pela valorização da cultura e das religiões de matrizes africanas.

    “Acho importante as pessoas entenderem de onde elas vêm. É um momento para celebrar a ancestralidade, a religiosidade e toda a história da cultura preta”, destacou.

    Pouco tempo depois, o sol apareceu e as nuvens se dispersaram no céu. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a previsão é de que a temperatura máxima chegue até 32º nesta sexta, na capital baiana.

    De vestido azul e tranças pretas, a oceanógrafa Ana Beatriz participa da festa todos os anos. Baiana de Salvador, ela escolheu uma roupa leve para curtir o dia em meio ao calor que faz na cidade.

    “Acho que é um momento para agradecer pelo ano que passou e pedir prosperidade e caminhos abertos para este ano que está começando”, disse.

    Quem também é veterana na celebração é a carioca Inês Cunha. Este é o sétimo ano que ela participa da festa e, segundo a carioca, já virou tradição usar a mesma camisa branca com o trecho de uma música em homenagem à Rainha do Mar.

    "Eu uso essa camisa, porque ela tem o trecho de uma música da Império Serrano, de quando a escola de samba fez uma homenagem à Iemanjá”, explicou.

    “Hoje é um dia para se recomeçar com as raízes, com a ancestralidade. Cada vez que a gente vem, a gente descobre uma coisa diferente. Já fiz minha oração, molhei os pés no mar, participei da roda de samba e agora estou volta do para o hotel”.

    Quem ficou responsável pelo presente principal de Iemanjá foi a Casa de Oxumarê, localizada na Avenida Vasco da Gama, em Salvador. Ele será entregue por volta das 16h desta sexta.

    O tema deste ano é Olokun que, segundo os organizadores, é o espírito do vasto do oceano que mora nas profundezas, e foi escolhido através de um jogo de búzios feito pelo babalorixá da Casa de Oxumarê, Babá Pecê.

    "Temos dois presentes hoje: um foi o sonho dos pescadores e [o outro], a concha, foi escolhida pelo oráculo. A concha representa não só a riqueza do mar, o oxogênio, mas também a mudança do ser", explicou Babá Pecê.

    Entre os adornos utilizados no presente estavam conchas, flores, uma imagem que representa a Rainha do Mar, comidas, além de outras "coisas secretas" que, de acordo com os organizadores, não podem ser detalhadas.

    Autoridades políticas estiveram no local, a exemplo do governador Jerônimo Rodrigues e do vice-governador Geraldo Júnior. O prefeito de Salvador, Bruno Reis, deve comparecer pela tarde dutante a entrega do presente.

  • Parte de prédio que abrigou restaurante citado em obra de Jorge Amado desaba em Salvador

    Parte do prédio que abrigou o Restaurante Colon por 107 anos, em Salvador, desabou na manhã desta quinta-feira (25), um dia após ser interditado pela Defesa Civil da capital baiana (Codesal). Tradicional na capital baiana, o estabelecimento localizado no bairro do Comércio, foi citado na obra "O Sumiço da Santa", do escritor baiano Jorge Amado.

    Por causa do risco de desabamento, parte da Praça Conde dos Arcos, localizada na Rua da Holanda, também foi isolada na quarta-feira. Enquanto o acesso ao local está interditado, a opção de tráfego, segundo a Superintendência de Trânsito do Salvador (Transalvador), é seguir pela contramão, na Rua Alvares Cabral.

    De acordo com a Defesa Civil de Salvador (Codesal), por falta de manutenção, o prédio foi evacuado, em vistoria realizada no dia 28 de setembro de 2020, e o responsável pelo estabelecimento, aberto na época, foi notificado a suspender as atividades comerciais e evacuar o imóvel imediatamente.

    A interdição ocorreria até que o risco fosse sanado com a realização de serviços de recuperação e reforço estrutural das partes instáveis do imóvel, principalmente nos três últimos pavimentos superiores, sob a supervisão de um profissional habilitado junto ao Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA).

    Segundo a Codesal, a solicitação de inspeção predial foi encaminhada, então, à Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur) para a interdição do restaurante e imóvel. Na época, o prédio apresentou desprendimento de reboco da fachada lateral.

    A secretaria informou ainda que, na quarta-feira (24), a Codesal realizou uma nova vistoria no local, fechado há cerca de três anos, interditando, por precaução, a área do entorno com a ajuda da Transalvador.

    A Codesal ressaltou que até então, não houve necessidade de interditar os imóveis próximos. Antes do prédio desabar, equipes da secretaria retornaram nesta quinta-feira (25), ao local com técnicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para nova avaliação.

    Imóvel em área tombada pelo Iphan
    Em nota, o Iphan informou que tem um processo aberto de fiscalização, desde 2022, para apurar possível degradação do imóvel, que está em área tombada pelo Instituto.

    Em vistoria realizada nesta quinta, antes do desabamento, foi constatado que o prédio estava em estado de degradação. O Iphan afirmou que por se tratar de imóvel particular, a responsabilidade pela conservação dos bens tombados é dos proprietários.

    O Iphan explicou que tem acionado órgãos públicos para se ter os nomes dos proprietários do prédio para adoção das medidas cabíveis, podendo gerar multa, em caso de negligência. Disse ainda que recebeu uma informação sobre a identidade do dono e o auto de infração está sendo emitido.

    Fechamento do restaurante
    Após 107 anos de funcionamento, o Restaurante Colon fechou as portas em novembro de 2021.

    Fundado em 1914 por José Maria Orge, que saiu da Galícia, na Espanha, para fugir da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o restaurante já recebeu a presença de personalidades como Jorge Amado, Carlinhos Brown, Neuza Borges, Tatti Moreno, Nelson Rufino, entre outros.

    A decisão de fechar o local ocorreu após a pandemia da Covid-19. O último dia foi marcado por um sentimento de tristeza para clientes e funcionários.

    No entanto, os donos do restaurante decidiram reabrir o estabelecimento em outro imóvel, localizado na Rua Conselheiro Saraiva, também no bairro do Comércio.

  • Vendedores ambulantes são deslocados para 'passarela' no carnaval de Salvador; entenda

    Os vendedores ambulantes que trabalham na Barra terão uma área específica no carnaval de Salvador em 2024. A prefeitura vai montar uma espécie de passarela atrás da balaustrada da orla para os trabalhadores.

    O anúncio foi feito pelo titular da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop), Alexandre Tinoco. "Eles poderão ficar de forma confortável e segura, podendo servir as pessoas através da balaustrada", disse à TV Bahia nesta quarta-feira (24).

    Entenda a diferença:
     Nos carnavais anteriores, os ambulantes ficavam na calçada, na frente da balaustrada.

     Neste ano, esses trabalhadores poderão ficar na estrutura montada ao fundo, especialmente para eles.

     O espaço vai abrigar também os isopores grandes dos ambulantes — o kit entregue pela prefeitura a cada trabalhador de serviço no carnaval é composto por um isopor grande e dois pequenos. Na folia de 2024, a caixa maior não poderá ficar na calçada.

     Mas os ambulantes poderão circular pela calçada e pela pista para se aproximar dos blocos, por exemplo, desde que usem os isopores pequenos.

    O objetivo com isso é "desafogar" as ruas do circuito para facilitar a circulação de pessoas.

    A estrutura está sendo montada entre o Farol da Barra e o Barra Vento. A estimativa da Semop é de que cerca de 320 a 350 ambulantes ocupem o espaço.

    Ao todo, considerando o Circuito Dodô, que vai da Barra à Ondina, e o Circuito Osmar, no Campo Grande, 4.110 trabalhadores foram cadastrados para o carnaval deste ano.

Deixe um comentário

Certifique-se de preencher os campos indicados com (*). Não é permitido código HTML.