Quinta, 28 Março 2024 | Login

Lar de aeronaves e companhias fazem rotas nacionais, o Aeroporto Glauber Rocha, em Vitória da Conquista, no sudoeste baiano, virou também, nos últimos dias, a casa de uma família de raposas. Formada por um animal adulto e seus cinco filhotes, a turma começou a viver próximo à pista do aeroporto após roer a borracha da cerca que da para ter acesso ao local. História semelhante a da animação Os Sem-Floresta - filme que exibe aventuras de animais em um condomínio construído na floresta em que viviam -, e que teve fim nesta quarta-feira (27), quando as raposas foram retiradas do local pelo Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas).

Médico veterinário e coordenador do Cetas, Aderbal Azevedo conta que não se sabe ao certo há quanto tempo os animais estavam vivendo por lá e que o trabalho para resgatá-los levou dias para ser concluído pela equipe. A ação do Cetas contou com apoio da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma), da Brigada de Incêndio e também de biólogos.

“Elas estavam morando lá, mas não sabemos o tempo exato. Fomos contatados por biólogos e, desde segunda-feira, em uma ação conjunta, desenvolvemos uma estratégia para resgatar as raposas porque elas se apoderaram de um buraco de coruja buraqueira e ficavam lá durante o dia por só terem hábitos noturnos. Não tínhamos visto até o momento em que percebemos os rastros e localizamos”, conta.

Resgate

Na primeira noite de buscas, a equipe até conseguiu pegar um filhote, mas nada da raposa mãe. Só depois de três dias de tentativas e a montagem de uma armadilha foi possível pegar o animal adulto. “Armamos uma estratégia com armadilha e, no primeiro dia, pegamos um filhote. No dia seguinte, pegamos outro. Aí pensamos em pegar o segundo filhote capturado próximo do local e colocar uma armadilha com carne porque ele ia chamar por ela, que com certeza apareceria. E deu certo, fizemos na terça à noite e, na quarta, pegamos a mãe”, relata.

Após serem resgatados, os animais foram encaminhados para o Cetas, avaliados para checar se estavam saudáveis e devolvidos ao habitat natural, no caso, uma reserva florestal na região, que não foi revelada para não atrair caçadores ilegais e traficantes de animais.

Sobre o comportamento das raposas, Aderbal afirma que nenhuma delas mostrou estresse por estarem na presença da equipe. “Não estavam assustados. Inclusive, a mãe estava muito tranquila porque elas vivem na presença de humanos, que passam por ali em veículos. Ela não mostrou agressividade e, quando se juntou aos filhotes, reconheceu rápido”, diz o médico veterinário.

Situação comum

De acordo com Ana Cláudia Passos, secretária da Semma, o resgate de animais silvestres na região é algo comum e vez ou outra são encontradas raposas, cobras e até mesmo preguiças. “Não é todo dia, mas acontece bastante porque temos umas áreas de vegetação, reserva de Mata Atlântica dentro do espaço urbano onde, de vez em quando, saem preguiças. No caso do aeroporto, que está localizado na zona rural, é comum ver raposas, corujas buraqueiras e cobras, por exemplo”, explica a secretária.

Justamente por conta disso, a gestão municipal desenvolve um trabalho de busca ativa dos animais que aparecem por lá, o que a secretária entende como fundamental. “A questão dos animais é uma preocupação grande para nós que organizamos um trabalho que, acima de tudo, protege eles, que podem estar expostos a acidentes e, consequentemente, ao óbito. Dessa forma, os resgates são fundamentais para preservação da vida animal por aqui”, avalia.

De janeiro até agora, 3.343 animais foram resgatados em Vitória da Conquista.

Publicado em Bahia