Quinta, 25 Abril 2024 | Login

O ano de 2022 tem sido de recordes nos números da pandemia. Em menos de um mês, a Bahia já registrou a maior taxa de transmissão da covid-19, o maior número de casos ativos e, agora, a maior quantidade de testes positivos. Segundo o Laboratório Central de Saúde Pública da Bahia (Lacen-BA), 70,38% das 3.076 amostras analisadas deram positivo no último domingo (6), o maior percentual desde março de 2020.

A taxa de positividade dos testes em relação à semana epidemiológica - a média de amostras positivas em sete dias – também atingiu a maior marca. “Fechamos a semana epidemiológica, no último sábado, em 64,37% dos testes positivos, que é o maior percentual desde o início da pandemia. Desde o dia 25 de janeiro que entramos nessa faixa de 60% e não saímos mais”, explica a diretora do Lacen-BA, Arabela Leal.

O índice mais próximo do registrado agora foi há exato um ano. “Em fevereiro de 2021, tivemos quatro semanas com a taxa de positividade dos testes acima de 50%, mas nunca passamos de 60%. Nas últimas quatro semanas de dezembro, não chegava nem a 10%, então o aumento foi muito significativo. Saiu de 10 para 22% na segunda semana, depois 44%, 61%, e, agora, 64%”, conta.

O volume de testes enviados pelas prefeituras baianas mais que dobrou, durante o mês de janeiro. De uma média de 3 a 4 mil amostras diárias, o Lacen chegou a receber 8 mil na semana passada. Por conta disso, o laboratório precisou aumentar a equipe e tem demorado mais tempo para dar os resultados. O exame, que ficava pronto em até 48h, demora mais de 72h para sair.

Outro motivo que tem feito os resultados atrasarem é a falta de insumos. “Estamos com dificuldade em receber o kit de extração para execução do teste. O Ministério da Saúde, disse que está tendo problemas com a malha viária. Iríamos receber no domingo de manhã, mas atrasou, e ficamos com a produção em baixa no final de semana”, justifica Arabela Leal.

O Ministério da Saúde foi procurado, mas não respondeu até o fechamento da matéria. Segundo a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), o Lacen não faz contraprovas de exames feitos em farmácias, laboratórios ou clínicas populares. "Todo serviço de saúde, seja privado ou público, tem a obrigação de fazer a notificação dos exames realizados nos sistemas do Ministério da Saúde", explica a secretaria.

Alta transmissibilidade
A razão principal dessa explosão de casos e testes positivos é a alta transmissibilidade da variante ômicron, predominante na Bahia, associado ao desrespeito das medidas restritivas. “As pessoas não estão tendo mais os mesmos cuidados. A ômicron tende ser um quadro mais leve da doença e isso faz com que elas não busquem o teste e não façam o isolamento. Ou seja, elas continuam circulando e transmitindo a doença para outras pessoas”, argumenta.

Arabela reforça que na mínima suspeita, o recomendável é testar. “Em tempos de pandemia, se a pessoa tem sinal de problema respiratório, garganta inflamada, nariz entupido ou uma leve dor de cabeça, já deve servir de alerta para fazer o teste e se isolar”, orienta. Ela ainda recomenda que as pessoas completem o esquema vacinal para evitar sintomas graves.

Positividade de testes dobra no interior
Em Capim Grosso, cidade no Centro-Norte baiano, o número de testes positivos dobrou em relação ao pico da pandemia, em 2021. “Estamos testando 150 pessoas por dia e a média de positividade está sendo 60%, o que era entre 20% e 30% no ano passado”, afirma o coordenador epidemiológico, Maguibe Rangel.

A quantidade de casos ativos, por sua vez, duplicou. “No pico da variante delta tivemos 282 casos ativos, foi nosso máximo. Chegamos a mais que duplicar, chegando a 644 casos na última sexta-feira", acrescenta Rangel. Dentre os infectados, muitos são profissionais de saúde. “Semana passada, ficamos com 43 profissionais afastados, o que retardou o atendimento”, conclui Rangel.

Em Ibiparuã, no Sul da Bahia, o aumento de casos foi tamanho que a prefeitura suspendeu as aulas do calendário letivo de 2022 por tempo indeterminado, “até que seja constatada queda de contágio”. Em uma semana, de 21 a 28 de janeiro, a quantidade de pessoas infectadas na cidade, com menos de 10 mil habitantes, saltou de 48 para 250. O último boletim epidemiológico, da última sexta-feira (4), aponta 213 casos ativos.

No Nordeste baiano, na cidade de Cipó, a alta de casos também foi súbita. Até o dia 11 de janeiro, a cidade acumulava quase 30 dias sem casos ativos. No dia 12, dois foram notificados. Menos de um mês depois, o município acumula 420 infectados simultâneos.

Taxa de transmissão da Bahia continua alta
A taxa de transmissão do novo coronavírus, medida pelo fator RT, teve uma leve queda na segunda quinzena de janeiro. No entanto, a média ainda é alta, por volta de 2, segundo a matemática Juliane Fonseca, pesquisadora do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs), da Fiocruz.

O RT é usado para medir quantos novos casos diários são gerados por uma pessoa infectada. Se a taxa for menor que 1, significa que a curva de contágio está decrescente e a pandemia sob controle. Se estiver superior a 1, a curva de contágio cresce, assim como o número de casos.

“Apesar de a curva estar subindo, ela aparenta ter dado uma reduzida, comparado ao período anterior ao dia 23 de janeiro. Pode ser um bom sinal, mas ainda precisamos observar os próximos 15 dias, pois sempre existe atraso nos dados. Mas, ainda assim, um RT 2 é alto. Ou seja, a pandemia segue descontrolada”, explica Juliane.

Na última semana, o RT variou de 1 a 3,8. No sábado (6), ficou em 1,3 e, no domingo, em 0,45. Esse índice de 0,45 se explica pela demora na confirmação dos casos. “A série de RT tem oscilações com a tendência do número de casos. No dia 3 de fevereiro, foram registrados 15 mil casos em um dia só. Depois caiu para 2 mil. Ou seja, o RT ficou baixo porque foi comparado com os outros dias. Mas a média desse período está em volta de 2, número ainda alto”, detalha a pesquisadora.

A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) ficou de mandar os dados da taxa de transmissão na cidade, mas não os enviou até o fechamento da matéria.

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A Bahia bateu um novo recorde de casos positivos de covid-19 nas amostras analisadas pelo Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-BA): a cada 100 exames realizados, 70,38% dão positivo. Esse percentual, no dia 1º de janeiro de 2022, era de apenas 6,55%. Ou seja, houve um aumento de 974,5% no número de casos positivos em pouco mais de um mês.

A Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) reforçou, pelo Twitter, a importância de se manter as medidas restritivas, para o combate à pandemia do novo coronavírus. “Medidas simples podem ajudar a minimizar o contágio do coronavírus e, também, de outras síndromes gripais: complete a sua imunização, continue usando máscara, evite aglomerações e higienize as mãos”, afirma.

O avanço da covid-19 fez com que algumas cidades no interior cancelassem o retorno presencial das aulas na rede estadual, municipal e privada. Os municípios de Cruz das Almas, Sapeaçu, Teixeira de Freitas, Conde e Santo Antônio de Jesus decidiram manter as aulas remotas, para analisar os dados da Vigilância Epidemiológica nos próximos dias.

Na última sexta-feira (4), a Bahia também bateu outro recorde. Naquela data, o número de casos ativos no estado, ou seja, de pessoas infectadas pela doença, chegou a 36.955. Em janeiro, a taxa de transmissão da covid-19 foi a maior registrada desde o início da pandemia.

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O índice de positividade para os testes de covid-19 examinados pelo Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-BA) subiu 867% em 30 dias. Foram analisados exames do tipo RT-PCR entre os dias 1º e 30 de janeiro.

Segundo a Secretaria Estadual da Saúde (Sesab), a cada 100 amostras analisadas, 6,55 eram positivas no início do mês e agora são 63,39. O último dado se refere a esse domingo (30).

Atualmente, a Bahia tem 31.217 casos ativos da covid-19. Esse é o segundo maior número de casos ativos registrado durante toda a pandemia no estado. No último sábado (29), a Bahia contabilizou 31.884 casos.

Dos 1.359.487 casos confirmados desde o início da pandemia, 1.300.358 já são considerados recuperados e 27.912 evoluíram para óbito.

 

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Tosse, febre, mal-estar e dor de garganta. A recomendação é clara para quem apresenta esses sintomas: testagem e isolamento. Com 19.995 casos ativos na Bahia, segundo o último boletim divulgado na segunda-feira (24) pela Secretaria de Saúde (Sesab), muitos profissionais estão afastados do trabalho. As baixas atingem setores diversos e, em alguns casos, trazem transtorno à população.

No setor bancário, 30% dos funcionários do estado foram afastados em janeiro por causa da contaminação por covid-19, o que representa 5.100 pessoas. Na terça-feira (25), dez agências estavam fechadas devido aos surtos, sendo nove delas na capital e uma em Itapetinga. Só neste mês, mais de 50 agências fecharam as portas temporariamente pelo mesmo motivo.

“Com esse alto número de funcionários afastados, aumenta a sobrecarga de trabalho e as dificuldades de atendimento à população, tendo em vista que as pessoas recorrem para outras unidades, impactando em mais filas, estresse e adoecimento ocupacional”, afirma o presidente do Sindicato dos Bancários Augusto Vasconcelos.

Os bancos não exigem comprovante de vacinação, mas o presidente do sindicato apresentou um projeto na Câmara de Vereadores de Salvador em dezembro do ano passado, que prevê a necessidade do passaporte vacinal para conter o avanço da disseminação da doença.

Agência do Bradesco na Avenida Joana Angélica fechada por conta de surto da covid-19
“Se nosso projeto for aprovado, será obrigatória a vacinação dos funcionários e clientes para entrar nas agências. Exceto na hipótese de o cidadão ter um atestado de saúde que impeça de tomar a vacina”, explica Vasconcelos. O projeto deve ser votado na retomada das sessões da câmara em fevereiro.

Saúde

Entre os profissionais de saúde, a contaminação também avança. Entre o primeiro dia do ano e o dia 25 de janeiro, 2.610 profissionais da área tiveram covid-19 no estado, segundo dados da Sesab. Os mais afetados são os auxiliares e técnicos de enfermagem, que já acumulam 15.855 infectados ao longo de 2021 e 2022. Os médicos ocupam o segundo lugar com 4.801 contaminados na Bahia. Só na segunda-feira (24), 142 trabalhadores da saúde testaram positivo para a covid-19, de acordo com a Sesab.

No total, 55.303 profissionais já se infectaram com a covid-19. Um médico que trabalha no setor de urgência em um hospital em Jequié, no centro-sul do estado, começou a apresentar sintomas da doença na primeira semana de janeiro. Ele conta que como possui vínculo jurídico com o hospital e não é regido pelas normas da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), só poderia faltar ao trabalho caso conseguisse outro profissional para cobrir seus plantões.

“Tentei passar os plantões para outros colegas, mas não consegui. Tive que trabalhar doente, mas mantendo os cuidados”, relata. Para piorar o cenário, ele conta que na época não havia testes disponíveis na cidade. Mas sintomas como falta de olfato e paladar o fazem acreditar que foi realmente contaminação pelo coronavírus.

A presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde do Estado da Bahia (Sindsaúde), Ivanilde Brito, afirma que o cenário de profissionais afastados está exigindo remanejamentos.

“Alguns setores estão tendo dificuldades, mas está havendo remanejamentos para que os serviços essenciais continuem funcionando. Temos que ter jogo de cintura”, afirma a presidente. Segundo Ivanilde, o Hospital Geral do Estado (HGE) chamou funcionários que estavam de férias para cobrir a falta dos colegas que estão afastados pela covid-19.

O Hospital Aristides Maltez, em Salvador, também sente os impactos das baixas. Na segunda-feira (24), os atendimentos da triagem, ambulatórios gerais e cirurgias eletivas foram suspensos, após 176 funcionários da equipe médica terem resultado positivo para a covid-19. O número representa 10% da equipe. Cirurgias de urgência e emergência, funcionamento de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e tratamentos de radio e quimioterapia estão mantidos.

“A cidade está cheia de turistas, o que é bom para a economia, mas não temos os devidos cuidados que deveríamos ter. A covid não acabou, estamos tendo um retrocesso novamente”, diz Ivanilde Brito. A presidente do Sindsaúde também cobra controle de capacidade e higienização dos transportes públicos da cidade que, segundo ela, contribuem para a disseminação do vírus.

Lea Santos Lima é coordenadora de reabilitação na secretaria de Saúde de Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador, e está afastada por conta da covid-19. “Hoje completam sete dias e devo fazer o teste de antígeno para voltar a trabalhar”, conta. A recepcionista do local onde trabalha também testou positivo e está em casa.

“Como eu sou coordenadora, quando alguém chega com sintomas gripais eu já afasto e mando fazer o teste, mas nem todo mundo consegue”, relata Lea. Segundo ela, funcionários acabam tendo dificuldades em fazer a testagem e vão para o trabalho mesmo assim. Ela também atua como fisioterapeuta em um hospital da rede privada na capital: “Lá tem muitos colegas afastados por causa da covid. Estão tendo remanejamentos para funcionários cobrirem setor diferentes, mas atuando na mesma área”.

Educação

O Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB) demonstra receio com o retorno das aulas por conta do aumento do contágio. O presidente da APLB, Rui Oliveira, estima que cerca de 10% dos profissionais da educação do estado estejam afastados. Ele conta que só na direção do sindicato em Salvador, dez pessoas estão contaminadas.

“Falei para a Secretária de Educação que não acho conveniente fazer a semana pedagógica de forma presencial, nem na rede estadual e nem na municipal. Por conta da disseminação da covid-19 pela variante Ômicron”, afirma o presidente. Rui explica que como as aulas presenciais ainda não retornaram, é difícil ter um número exato de profissionais doentes.

Comércio

Nos shoppings da capital a situação não é diferente. Nas Casas Bahia do Shopping Piedade, em Salvador, houve um surto de covid-19 em funcionários este mês, segundo Alfredo Santiago, coordenador jurídico do Sindicato dos Comerciários. “Ainda estamos compilando os dados de 2022, mas eles já mostram uma preocupação muito grande. Estamos vendo surtos em muitos shoppings", afirma. Ainda segundo Alfredo, o Shopping da Bahia foi o que mais recebeu denúncias sobre casos de contágio em lojas.

O Sindicato dos Comerciários estima que cerca de 15% da categoria esteja afastada devido à contaminação. Alfredo Santiago relata que muitas empresas relutam em liberar os funcionários sintomáticos: "Os trabalhadores são, em sua maioria, forçados a trabalhar mesmo com os sintomas, têm dificuldades em se afastar e ainda são ameaçados". A reportagem tentou entrar em contato com a Associação Brasileira de Shoppings Centers na Bahia, mas não obteve retorno.

Outros setores também possuem funcionários afastados. A Polícia Militar da Bahia informou que 182 oficiais estão afastados no estado por conta da covid-19, o que representa 0,86% do total de trabalhadores. A reportagem também solicitou dados da Polícia Civil, mas ainda não teve retorno. Em Feira de Santana, 17 trabalhadores de uma agência dos Correios, no bairro Vila Olímpia, estão afastados por conta da doença.

Em outra agência da cidade, no bairro Capuchinhos, três funcionários estão afastados. Os Correios não informaram a quantidade total de trabalhadores com atestado na Bahia, mas disseram que nenhuma agência precisou ser fechada. A Associação Geral dos Taxistas (AGT) divulgou que, em janeiro, 41 casos de covid-19 foram confirmados entre os motoristas. Só em 2021, 76 profissionais foram à óbito por conta da doença no estado.

A Secretaria Municipal de Gestão (Semge) foi procurada, mas informou que ainda não possui dados sobre os profissionais afastados no município. Já a Secretária de Administração do Estado da Bahia (Saeb) afirmou que não compila esses dados, uma vez que o afastamento de funcionários infectados é automático e não passa por nenhum outro setor burocrático.

Ministério da Saúde diminui para dez dias o prazo de afastamento por covid-19
Em uma portaria publicada na terça-feira (25), o Ministério da Saúde determinou a diminuição de 15 para dez dias o prazo de afastamento de trabalhadores com casos confirmados de covid-19, suspeitos ou que tiveram contato com casos suspeitos. O texto diz ainda que o período pode ser reduzido para sete dias, se o funcionário apresentar resultado negativo em teste do tipo RT-PCR ou RT-LAMP. Ou ainda teste de antígeno a partir do quinto dia após o contato.

A redução vale para casos suspeitos, caso o trabalhador não tenha apresentado febre nas últimas 24 horas, sem tomar remédios antitérmicos e com a melhora dos sintomas respiratórios. O texto também diz que as empresas devem adotar medidas para evitar aglomerações e manter o registro atualizado sobre contaminados à disposição dos órgãos de fiscalização.

A nova medida altera a portaria de junho de 2020, que determinou regras para a adoção do teletrabalho. Agora, na ocorrência de casos suspeitos ou confirmados, o empregador pode adotar o trabalho remoto como uma das medidas para evitar aglomerações. A portaria foi assinada em conjunto pelos Ministérios do Trabalho e Previdência.

Com casos ativos perto de 20 mil, trabalho remoto volta a ser opção
O aumento de casos ativos de covid-19 tem feito com que setores retomem o trabalho remoto para diminuir os riscos de contaminação. O Ministério Público do Estado (MP-BA) adotou o formato híbrido até o dia 31 deste mês. O órgão estava funcionando somente em caráter presencial desde novembro do ano passado.

Segundo a determinação, os servidores só podem exercer suas atividades presencialmente em quantitativo diário de 30% do quadro de pessoal da unidade e em escala de rodízio. A recomendação é que os atos administrativos, sempre que possível, sejam realizados em vídeos conferências. O MP-BA levou em consideração o aumento da transmissibilidade do coronavírus devido à variante Ômicron e o surto de gripe, causado pelo vírus Influenza.

A Assembleia Legislativa da Bahia (Alba) também adotou o mesmo protocolo de restrições do início da pandemia, em março de 2020. Até o dia 31 de janeiro, apenas serviços essenciais terão acesso às dependências da Assembleia, sendo vetado o acesso do público externo. A decisão foi tomada levando em consideração o avanço da Ômicron e, como o Legislativo está em recesso, não será necessária a realização de sessões plenárias remotas.

A Câmara de Vereadores de Salvador também empregou o sistema remoto até o dia 31 de janeiro. Somente atividades de manutenção predial, informática, serviços gerais e segurança patrimonial podem ser realizadas presencialmente. O presidente Geraldo Júnior, recomendou que todos os vereadores e servidores mantenham as medidas preventivas contra o coronavírus durante o período.

Publicado em Bahia

O braço da Organização Mundial da Saúde (OMS) na Europa expressou confiança, nesta segunda-feira, de que a variante Ômicron do coronavírus pode levar ao fim da "fase de emergência" da crise sanitária, embora seja mais transmissível que cepas anteriores.

"A pandemia está longe de terminar, mas espero que possamos encerrar a fase de emergência em 2022 e abordar outras ameaças à saúde que exigem nossa atenção urgentemente", afirmou o diretor da OMS para o continente europeu, Hans Henri P. Kluge.

Segundo a nota, a Ômicron respondeu por 31,8% de novos casos de covid-19 na região na última semana, um avanço em relação aos 15% do período anterior. "Embora a Ômicron pareça causar doenças muito menos graves que a Delta, ainda estamos vendo um rápido aumento nas hospitalizações, devido ao grande número de infecções", explica.

Kluge acrescentou que considera muito provável a emergência de novas variantes, mas disse que os governos devem conseguir evitar a imposição de medidas restritivas duras. "Acredito que uma nova onda poderia não mais exigir o retorno ao lockdown da era pandêmica em toda a população ou medidas semelhantes", destacou.

Publicado em Mundo

O cantor da banda de pagode Preto de Luxo, Rony Santana, morreu nesse domingo (23). A banda se pronunciou sobre a morte do artista, negando que ele tenha sido vítima da covid-19.

Em um vídeo, o irmão do cantor também explicou que Rony estava com a taxa de glicemia alta e que por isso foi hospitalizado. "Ele deu entrada no hospital porque estava com o teor de açúcar muito alto e teve que fazer alguns procedimentos. Ele teve três paradas cardíacas. Na terceira, ele não conseguiu ser reanimado", contou Gleidson.

O irmão também contou que o cantor fez teste de covid-19, que deu negativo. A família ainda não divulgou informações sobre o enterro do artista.

Publicado em Famosos

A Fundação Hemoba tem sofrido o impacto no movimento de doadores de sangue devido ao aumento nos casos de infecções por covid-19 e por gripe influenza na Bahia. As contaminações tornam os doadores inaptos à doação por um determinado período. A inaptidão por gripe, por exemplo, aumentou mais de 300% em relação ao mesmo período do ano passado.

Todos os anos, entre dezembro e janeiro, a Hemoba registra uma queda no número de doações de sangue, devido às festas de fim de ano e temporada de férias, mas desde a nova onda de contaminação pelo coronavírus, a situação está ainda mais delicada. Até o momento já são 102 voluntários impedidos de doar por apresentar algum sintoma gripal, contra 25 no mesmo período do ano passado. Segundo Fernando Araújo, Diretor Geral da Fundação Hemoba, esse número pode ser ainda maior, visto que aponta apenas os doadores que compareceram nas unidades e passaram pela triagem.

“Nossos doadores fidelizados que apresentam sintomas já sabem que estão inaptos, por este motivo não comparecem à unidade para tentar fazer a doação. Essa baixa nos impede de atender as demandas transfusionais dos hospitais da rede própria, seja para pacientes em tratamento ou para realizar cirurgias eletivas e de emergência”.

Araújo afirma ainda que “a nossa necessidade é constante e mais uma vez precisamos da ajuda da população para passarmos por esse período sem deixar pacientes desassistidos por ausência de sangue. Por isso, eu faço um apelo a você que está bem de saúde, sem sintomas gripais, e pode realizar a sua doação, para que compareça a uma das nossas unidades, e doe sangue, não dói, não causa prejuízo à saúde de quem doa e salva vidas.”

Inaptidão por gripe e covid19
Pessoas que estão gripadas ou que testaram positivo para Covid-19 devem aguardar o período de 15 dias após o total desaparecimento dos sintomas para realizar a doação de sangue. Já quem tomou a vacina da gripe ou o imunizante Coronavac, deve aguardar 48h para realizar a doação. As demais vacinas contra a Covid-19, como Astrazeneca, Pfizer e Jassen, impedem a doação de sangue por 07 dias.

Critérios para doação de sangue - Para doar sangue, o voluntário deve estar de máscara, em boas condições de saúde, sem sintomas virais, pesar mais de 50 quilos, estar bem alimentado, ter dormido pelo menos 6h, não ter ingerido bebida alcoólica nas últimas 12h, não fumar por pelo menos, duas horas, e ter entre 16 e 69 anos incompletos. Menores de 18 anos precisam estar acompanhados de um responsável legal, e apresentar documento original com foto, emitido por órgão oficial e válido em todo o território nacional, além de cartão de vacinação.

Onde doar:
A Fundação Hemoba conta com 29 unidades de coleta em todo estado nas cidades de Salvador, Camaçari, Feira de Santana, Alagoinhas, Santo Antônio de Jesus, Vitória da Conquista, Eunápolis, Barreiras, Brumado, Jequié, Guanambi, Irecê, Jacobina, Itaberaba, Itapetinga, Juazeiro, Paulo Afonso, Teixeira de Freitas, Ribeira do Pombal, Seabra, Senhor do Bonfim, Valença. Para conferir dias e horários de atendimento acesse o site da Hemoba: www.hemoba.ba.gov.br

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A taxa de positividade dos testes PT-PCR para covid-19 analisados pelo Lacen-BA chegaram a 51,29%. Isso significa que, a cada 100 testes feitos no estado, 51 dão positivo, de acordo com dados divulgados pela secretaria de Saúde da Bahia (Sesab).

Para efeito de comparação, a taxa de positividade há duas semanas, no dia 4 de janeiro, era de 5,49%. Com isso, o aumento da taxa foi de 683% nos últimos 19 dias.

A grande culpada dessa explosão de casos é a variante Ômicron, que já representa 74% dos casos ativos na Bahia. Ela é considerada pelos especialistas muito mais transmissível que as outras cepas, incluindo a Delta.

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A Bahia passa por uma nova onda de covid-19 e, quando se trata do número de casos ativos, as cidades de Guanambi, Barreiras e Porto Seguro se tornaram líderes em novos infectados pelo vírus no início deste ano, no interior do estado. Há três dias, esses municípios têm estado no topo do ranking de casos ativos, sem contar Salvador e região metropolitana. Segundo dados da Secretaria de Saúde do Estado (Sesab) dessa quarta-feira (19), Guanambi, Barreiras e Porto Seguro reúnem 1.175 casos ativos dos 8.789 registrados no interior. Ou seja, as três cidades representam 13,37% dos casos ainda não curados atualmente.

Com 527 casos ativos, a cidade de Guanambi, no sudoeste da Bahia, viu o número de infectados disparar após as festas de fim de ano. Moradora do município e médica psiquiatra, Maria Elisa Lima, 35 anos, percebeu a alta de casos no trabalho.

"Estava de recesso e voltei a atender na sexta passada. Tivemos uns cinco pacientes que não puderam vir por estarem com covid. Antes desse aumento, não estava tendo remarcações”, conta ela, explicando que o volume de pacientes cancelando consulta só foi parecido em outros momentos de alta nas infecções pelo vírus.

De acordo com Brisa Barros, médica e coordenadora do hospital de campanha da covid-19 em Guanambi, a demanda por atendimentos nunca foi tão grande como agora. "O número de casos aumentou exponencialmente. Mesmo no ano passado, nas outras ondas, não tínhamos um número de atendimentos tão volumoso como agora. Nosso máximo era 180 por dia. Agora, todo dia quebramos recorde, chegando a 280 atendimentos diários", fala a coordenadora.

Além da aplicação da restrição de eventos válida para toda a Bahia, a gestão ampliou o atendimento para arcar com a demanda de infectados. No hospital de campanha, antes ficava um médico de plantão. Agora, são dois profissionais no pronto-atendimento por turno, e uma unidade de retaguarda vai ser reaberta para ampliar a atenção nas urgências.

Barreiras tem 336 casos ativos no momento, com crescimento após as festas. Por conta do aumento de casos e outras doenças gripais, a gestão municipal reorganizou o fluxo de atendimento. Agora, unidades básicas de saúde e o centro de triagem lidam com casos leves, enquanto o pronto-atendimento é reservado para pacientes com sintomas graves.

A subsecretária da Saúde de Barreiras, Jamile Rodrigues, afirma que percebeu o aumento no número de contaminados pela covid-19 porque ampliou o número de testagens. “Diante desses diagnósticos, nós ampliamos o serviço de atendimento a esses pacientes em unidades básicas e também no centro de triagem dedicado à covid e à gripe no centro da cidade, fazendo testagens e consultas”, explica.

Jamile acredita que, pelo fato de Barreiras possuir muitas chácaras, muitas pessoas se aglomeraram nesses locais durante o período festivo de final de ano e isso causou o aumento no número de casos da doença. A subsecretária avalia ainda que, se for necessário, o município fará o seu próprio decreto com medidas restritivas, para evitar o avanço da covid.

Em Porto Seguro, no sul da Bahia, a situação é parecida. Em quinto lugar no ranking de todo o estado, com 312 casos ativos, a cidade vive um momento em que é difícil não conhecer alguém que tenha positivado para o vírus nesse início de ano. Daniel Isidoro da Silva, 56, é guia de turismo, mora na cidade e conta o que tem sido os primeiros dias de 2022 por lá.

“Porto Seguro não está com 100% de ocupação, mas temos muitos casos de contaminação da covid e da gripe também. Começaram após as festas serem liberadas, relaxamos demais. Conheço algumas pessoas que pegaram, todas casos leves pelo menos”, pontua.

A Prefeitura de Porto Seguro e a secretaria de saúde do município foram procuradas pela reportagem para comentar a situação e falar sobre medidas que estão tomando para frear o avanço da contaminação, mas não responderam até o fechamento desta edição.

Região metropolitana
Já em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), o secretário da Saúde do município, Augusto César, informou que o crescimento no número de casos ativos da covid-19 na cidade está ligado à flexibilização das medidas restritivas de prevenção à doença e também às aglomerações ocorridas em festas de final de ano. “A população não se atentou aos protocolos de restrições”, declara.

Segundo ele, agora a pasta vai realizar um trabalho de prevenção para barrar o crescimento dos infectados. “Amanhã, vamos fazer barreira sanitária, igual a que fizemos no período de São João, em julho, para testagem da população”, finaliza César.

Vacina salva-vidas
Além do crescimento do número de casos, os três municípios do interior com mais casos ativos têm outra coisa em comum: o registro de quadro leve da doença. A médica e coordenadora do hospital de campanha da covid-19 em Guanambi, Brisa Barros, afirma que, em Guanambi, a explicação está na cobertura vacinal. De acordo com informações da prefeitura, 94,98% da população da cidade foi vacinada com as duas doses ou dose única contra a covid-19.

“Por conta da vacina, a letalidade reduziu bastante. Nas últimas ondas, tínhamos uma média de duas entubações por dia. Desde que começou essa, tivemos uma entubação só de um paciente que já tinha sequelas por ter tido covid também antes da vacina”, explica.

Ainda de acordo com Brisa, a vacina foi fundamental para evitar que a situação fosse pior dado o nível de relaxamento com as medidas de proteção que os cidadãos têm mostrado. "Acredito que se banalizou muito a covid, as pessoas relaxaram demais em relação aos cuidados. Isso e a presença da variante ômicron fizeram com que a transmissibilidade do vírus aumentasse muito", fala.

O secretário de Saúde de Lauro de Freitas, Augusto César, também reconhece o impacto que a vacina teve dentro desta nova onda de casos que chegou à cidade da RMS. “Por causa da vacinação, os casos de contaminação são leves. Tínhamos 313 casos ativos, mas somente dois internados”, informou.

A Secretaria de Saúde de Lauro de Freitas já vacinou mais de 174 mil pessoas acima de 12 anos com a primeira dose do imunizante contra a covid-19 e mais de 141 mil com a segunda. Com a terceira dose, 47.265 pessoas já foram imunizadas. Até agora, mais de 500 crianças já foram vacinadas no município.

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Um ano depois de começar a vacinação contra a covid-19, o Brasil se aproxima do patamar de 70% da população com as duas doses, enquanto 15% já receberam a dose de reforço e cerca de 75% receberam ao menos a primeira dose, segundo dados do painel Monitora Covid-19, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A campanha coordenada pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) já tinha atingido 68% dos brasileiros com as duas doses até a última sexta-feira (14) e dá agora os primeiros passos para proteger crianças de 5 a 11 anos.

A vacinação contra a doença teve sua primeira dose administrada em 17 de janeiro de 2021, na enfermeira Mônica Calazans, em São Paulo. A profissional de saúde recebeu a vacina CoronaVac, produzida no Instituto Butantan em parceria com a empresa chinesa Sinovac. Desde então, três em cada quatro brasileiros receberam ao menos a primeira aplicação de um dos quatro imunizantes adquiridos pelo PNI: AstraZeneca, CoronaVac, Janssen e Pfizer.

Pesquisadores da Fiocruz e da Sociedade Brasileira de Imunizações ouvidos pela Agência Brasil indicam que o resultado da vacinação produziu queda drástica na mortalidade e nas internações causadas pela pandemia, mesmo diante de mutações mais transmissíveis do coronavírus, como a Delta e a Ômicron.

Mudança epidemiológica
Quando o Brasil aplicou a primeira vacina contra covid-19, no início do ano passado, a média móvel de vítimas da doença passava das 900 por dia, e 23 estados tinham mais de 60% dos leitos de pacientes graves da doença ocupados no Sistema Único de Saúde (SUS). Com doses limitadas, a campanha começou focando grupos mais expostos, como os profissionais de saúde, e mais vulneráveis, como os idosos.

Levou até junho para que um quarto dos brasileiros recebesse ao menos a primeira dose, e o país viveu o período mais letal da pandemia no primeiro semestre do ano passado, quando a variante Gama (P.1) lotou centros de terapia intensiva e chegou a provocar picos de mais de 3 mil vítimas por dia. Nos grupos já vacinados, porém, as mortes começaram a cair conforme os esquemas vacinais eram completos, e os pesquisadores chegaram a indicar que a pandemia havia rejuvenescido, já que os idosos imunizados passaram a representar um percentual menor das vítimas.

A diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações, Mônica Levi, reforça que as vacinas reduziram a ocorrência de casos graves e mortes na pandemia, mesmo que a ascensão de variantes mais transmissíveis tenha provocado novas ondas de disseminação do coronavírus. "Não conseguimos ganhar do aparecimento de variantes, principalmente porque não houve uma vacinação em massa no mundo inteiro simultaneamente. Então, em lugares em que havia condições de alta transmissibilidade, surgiram variantes", afirma ela, que acrescenta: "Mas as vacinas se mostraram eficazes contra formas graves e mortes mesmo nesse contexto de variantes. Neste momento, com a Ômicron, a explosão do número de casos não foi acompanhada nem pelos casos de internação nem pela mortalidade. E isso se deve à vacinação. As vacinas cumpriram o papel principal e mais importante: salvar vidas".

Pesquisador da Fiocruz Bahia, o epidemiologista Maurício Barreto concorda e avalia que a velocidade de transmissão da Ômicron trará mais um alerta para quem ainda não tomou a primeira dose ou não concluiu o esquema vacinal.

"Esse pico que estamos começando da Ômicron vai crescer nas próximas semanas e pode atingir número grande de pessoas. Pode haver casos severos entre os vacinados, porque a efetividade da vacina não é de 100%, mas será em uma proporção muito maior entre os não vacinados", prevê o epidemiologista, que vê risco para os sistemas de saúde com demanda grande por internação de não vacinados. "Havendo número razoável de não vacinados, isso pode gerar enorme quantidade de casos severos. A Ômicron está expondo a fragilidade dos não vacinados".

Barreto vê como positivo o número de 68% da população com duas doses, mas acredita que há espaço para aumentar esse percentual, porque o Brasil tem tradição de ser um país com alto grau de aceitação das vacinas. Além disso, destaca que há diferença grande entre os vacinados com a primeira dose (75%) e com a segunda dose (68%), o que dá margem para avançar entre quem já se dispôs a receber a primeira aplicação.

"De modo geral, é positivo [o percentual de vacinados]. Reflete, de um lado, o desejo da população de ser vacinada, e, do outro, o desenvolvimento de vacinas com efetividade capaz de proteger principalmente contra casos severos da doença", afirma ele, que pondera: "Poderia ser um pouco mais. O Brasil poderia chegar um pouco além".

Estados e municípios
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse, na última semana, que o sucesso do enfrentamento da pandemia depende da colaboração de estados e municípios, principalmente com relação ao avanço nas aplicações da segunda dose e da dose de reforço. Queiroga chamou a atenção para a situação de alguns estados, principalmente da Região Norte, onde os níveis de aplicação da vacina estão baixos.

Ele comentou que assiste-se ao aumento do número de casos, mas ressaltou que ainda não há pressão sobre os estados. "Estamos ampliando os testes. Em janeiro, vamos distribuir 28 milhões de testes rápidos". Segundo ele, em fevereiro, devem ser distribuídos 7,8 milhões de testes.

Vacinação no mundo
O percentual de vacinados com a segunda dose no Brasil posiciona o país à frente da maioria dos vizinhos sul-americanos, segundo a plataforma Our World in Data, vinculada à Universidade de Oxford. Apesar disso, Chile (86%), Uruguai (76%), Argentina (73%) e Equador (72%) conseguiram cobertura maior no continente.

Quando são analisados os 30 países mais populosos do mundo, o Brasil fica na nona colocação entre os que conseguiram a maior cobertura com duas doses, lista que é liderada pela Coreia do Sul (84,5%), China (84,2%) e Japão (78,9%). Em seguida, o ranking tem Itália (74,9%), França (74,8%), Alemanha (71,8%), Reino Unido (70%) e Vietnam (69,7%). Os países onde a população teve menos acesso às vacinas foram Quênia, Nigéria, Tanzânia, Etiópia e República Democrática do Congo, onde o percentual não chegou a 10%.

A América do Sul é o continente com a maior média de vacinação no cálculo da platafoma Our World in Data, com 65% da população com as duas doses. A lista indica grandes desigualdades regionais, com Europa (62%), Asia (58%), Oceania (58%), América do Norte (54%) e América do Sul acima da média mundial de 50% de vacinados, e a África com apenas 9,9% da população com duas doses.

Mônica Levi vê o percentual de vacinados no Brasil como alto em relação a países que lidam com movimentos antivacina mais fortes, como Estados Unidos (62%) e Israel (64%). "Eles não conseguem avançar, porque sobraram aqueles que têm resistência enorme à vacinação. A gente vê no Brasil facilidade muito maior, e estamos em situação melhor. Alguns países estão melhores que a gente, mas a resistência à vacinação aqui ainda não é tão grande, mas pode se tornar", diz ela, que vê com preocupação a hesitação à vacinação de crianças. "É uma tristeza para nós, da área médica, ver que questões políticas estejam influenciando as decisões de pais sobre a saúde dos próprios filhos, que possa existir pais que se importem mais em seguir orientações politicas do que as bases da ciência e as conclusões de pessoas que são qualificadas para a tomada de decisões na saúde".

Eventos adversos
A médica afirma que o público está sob bombardeio de informações confusas, que supervalorizam eventos adversos raros previstos na vacinação e ignoram os benefícios que as vacinas já trouxeram desde o início da pandemia.

"Eventos adversos aconteceram, alguns graves, mas foram extremamente raros e muito menos frequentes que a ocorrência desses mesmos quadros sendo causados pela própria covid-19. A ponderação do risco-beneficio é extremamente favorável à vacinação. A gente não está negando a existência de eventos adversos graves. Eles existem, mas são extremamente raros. Só que a gente tem que considerar as vidas salvas e os benefícios que a vacinação traz frente ao risco que é incomparavelmente menor".

O epidemiologista da Fiocruz concorda e afirma que as vacinas contra covid-19 usadas no Brasil estão em uso em muitos outros países, o que faz com que diferentes órgãos regulatórios e pesquisadores avaliem os resultados e sua segurança.

"Internacionalmente, já são bilhões de doses. Não são vacinas dadas só no Brasil, mas no mundo inteiro. Então, há muita clareza de que há efeitos adversos, mas que são em uma proporção tão ínfima, que os benefícios os superam e muito. E, sobre isso, há uma concordância dos órgãos regulatórios, sejam brasileiros, americanos, europeus, japoneses, australianos. Milhares de instituições estão monitorando os efeitos dessas vacinas, então, há uma tranquilidade imensa de que a gente tem vacinas seguras".

Para avançar na vacinação, Barreto acredita que é preciso entender por que algumas pessoas não completaram o esquema vacinal e identificar localmente possíveis problemas que podem ter criado dificuldades para que as pessoas retornassem aos postos. O objetivo, reforça ele, deve ser facilitar ao máximo a ida aos locais de vacinação.

Mônica Levi lembra que, em outras vacinas que preveem mais de uma dose, é frequente que a cobertura caia na segunda e terceira aplicação. " A gente já vê isso na vacina da Hepatite B, por exemplo, que também tem três doses. Esse é um comportamento normal que a gente já via, uma dificuldade de fazer vacinas de várias doses e manter a adesão ao esquema completo", diz ela, que ainda acha difícil prever se a vacinação contra covid-19 vai ser encerrada na primeira dose de reforço. "Mais para frente, se vamos ter novas variantes que vão obrigar a fazer vacinas diferentes, ou se a imunidade vai cair mais uma vez depois do reforço, só o tempo vai dizer".

Publicado em Saúde