Quinta, 18 Abril 2024 | Login
Bahia é o segundo estado com a maior taxa de desocupação do Brasil

Bahia é o segundo estado com a maior taxa de desocupação do Brasil

A Bahia possui a 2ª maior taxa de desocupação do Brasil. Ao todo, 18,7% dos baianos em idade produtiva não trabalham, apesar de buscarem um emprego. O estado fica atrás somente de Pernambuco, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta terça-feira (30). O índice baiano também é bem superior à média nacional, de 12,6%.

A baiana Juliane Sailer, 21, trabalhava em Minas Gerais quando a pandemia estourou, no início do ano passado. Com o salário reduzido por causa do home office, ela teve que retornar para a Salvador, para morar com a mãe. Em julho, a jovem perdeu o emprego, mas poucos meses depois, conseguiu outro, também no setor de vendas e online. Três meses depois foi demitida novamente e, desde então, está desempregada. “Agora tô tendo que me reinventar e resolvi trabalhar com algo que sempre quis”, afirma a jovem, que investe em seu trabalho como artista.

Juliane, no período em que procurou emprego, foi considerada uma pessoa desocupada pelo IBGE. O grupo dessas pessoas teve uma leve redução se comparado ao segundo trimestre de 2021, mas chega a 1,336 milhão de pessoas na Bahia. “A pessoa desocupada é a que tomou uma providência para procurar trabalho, até a semana anterior da pesquisa, e que, se encontrasse, poderia trabalhar. Se usa esse termo porque nem sempre quem está trabalhando está empregado”, explica Mariana Viveiros, supervisora de disseminação de informações do IBGE na Bahia.

Se antigamente uma graduação universitária ou curso técnico era passaporte para o mercado de trabalho, hoje em dia a situação parece mais complicada. Ana Paula Sobral, 46, fez curso técnico de segurança do trabalho e gestão comercial, mas nunca conseguiu emprego em nenhuma das duas áreas. Desde que era mais jovem, ela trabalhava com o pai gerindo a logística no setor de transportes. Durante a vida adulta, com duas filhas para sustentar, ela conseguiu trabalhar em duas empresas desempenhando funções parecidas com as que aprendeu com o pai.

Depois de sair do último emprego, ela, que mora em Lauro de Freitas, passou cerca de dois anos, entre 2018 e 2019, procurando emprego, mas sem sucesso: “O que eu mandei de currículo não foi brincadeira. Nesses dois anos que fiquei procurando, acho que não consegui por causa da idade. Minha filha chegou a falar um dia para eu desistir, porque nessa idade eu só conseguiria trabalho se alguém me indicasse”, relembra Ana Paula.

No ano passado, ela conta que desistiu de arranjar um trabalho: “Se já não tinha antes, na pandemia foi pior ainda”, desabafa. Nesse período, ela entrou para o grupo de desalentados, isto é, a parte da população que não trabalha e nem procura por não conseguir colocação por falta de experiência ou pela idade.

A Bahia é o estado com maior número absoluto de desalentados do país desde 2012, segundo o IBGE. No estado, atualmente, são 655 mil pessoas nessa condição. Agora, Ana Paula, por falta de opção, trabalha vendendo cosméticos na empresa do ex-marido, pai de suas duas filhas, mas sem carteira assinada.

Informalidade puxa o aumento de ocupações

De cada 10 pessoas empregadas hoje na Bahia, seis são informais. Do segundo para o terceiro trimestre de 2021, o estado registrou saldo positivo de 355 mil novos postos de trabalho, desses, 233 mil sem carteira assinada. No terceiro semestre deste ano, esse grupo chegou a 3,226 milhões de pessoas.

O aumento da informalidade no mercado de trabalho baiano, em termos absolutos, foi puxado com mais força pelos trabalhadores por conta própria sem CNPJ. O aumento foi de 83 mil pessoas entre o segundo e terceiro trimestre. Yago Castro, 29, é uma dessas pessoas. Seu primeiro emprego, há 10 anos, foi como auxiliar administrativo em uma empresa hospitalar. Lá, chegou a ganhar dois salários mínimos. Mas, há dois meses, foi demitido.

Deu entrada no seguro desemprego e, desde então, se desdobra para conseguir se sustentar. Ele, que vive na Cidade Baixa com a mãe, transformou o hobby de cuidar de plantas em empreendimento próprio e agora vende arranjos pelo Instagram.

“Mas agora eu sinto que só estou trocando dinheiro”, desabafa Yago. Ele conta que conseguiu cerca de 500 reais com o novo trabalho, mas que o roubo do cilindro do ar condicionado do seu carro também pesou no bolso. O jovem tem planos de expandir o empreendimento das plantas, que cultiva dentro da própria casa.

“A pandemia teve efeitos bem fortes no ano passado, as pessoas pararam de trabalhar. Agora a gente tem uma recuperação da ocupação, mas puxada pela informalidade, porque ainda não há um dinamismo econômico suficiente para oferecer vagas formais de trabalho”, elucida Mariana Viveiros. Ainda segundo ela, este é um movimento clássico de retomada pós crise, em qualquer lugar. Segundo o IBGE, o número de pessoas desocupadas registra queda desde o terceiro trimestre do ano passado.

A supervisora também fala sobre o cenário do mercado local, que costuma absorver mais empregados informais historicamente. “Essa realidade é observada no país inteiro, mas, alguns mercados de trabalho, como o baiano, que já têm uma informalidade elevada independentemente de pandemia, esse movimento é ainda mais forte”, exemplifica Mariana.

Poder aquisitivo diminui com a informalidade

O rendimento médio dos trabalhadores na Bahia ficou em R$ 1.538 no terceiro trimestre de 2021, este representa o mais baixo índice para o estado em nove anos de série histórica. Mariana Viveiros afirma que a queda é decorrente direto do aumento dos postos de trabalho informais: “O crescimento da informalidade ajuda a puxar o rendimento médio para baixo, porque as pessoas ganham menos”.

Keyla da Silva, de 53 anos, sente isso na pele. Ela começou a trabalhar aos 17 anos e conta que já vendeu de tudo desde então, de roupas a produtos hospitalares. Em 2017, Keyla, que é natural do estado de São Paulo, mas mora na Bahia há 20 anos, se formou em administração, mas conta que nem assim a sua situação no mercado de trabalho melhorou.

Ela conta que devido à idade, tem dificuldade de conseguir emprego no setor de vendas e que uma vez chegou a ouvir que “mulher na área comercial só é contratada até os 40 anos”. Sem emprego formal desde que a loja em que trabalhava fechou no início deste ano, Keyla diz que nunca parou de mandar currículo.

Atualmente, ela atua vendendo produtos alimentícios, como camponatas, mas que não é suficiente para sustentá-la. Seu marido, que chegou a ser supervisor de vendas de multinacionais, também perdeu o emprego e hoje é motorista de uber. Os dois moram em Lauro de Freitas.

“Tivemos uma perda de poder aquisitivo enorme. A nossa sorte hoje é que temos casa própria e não precisamos pagar aluguel”, desabafa. Keyla revela que pensa em conseguir um empréstimo e abrir seu próprio negócio, mas que não se sente segura, devido à crise econômica. “Eu e meu marido brincamos que vendemos tudo, só falta vender caixão”, descontrai.

Itens relacionados (por tag)

  • Clínica oferece 300 mamografias gratuitas para pacientes de 40 a 70 anos em cidades da Bahia

    Em meio às celebrações do Dia Internacional da Mulher, em março, a clínica CAM vai oferecer 300 mamografias gratuitas para pacientes de 40 a 70 anos. A ação do grupo Oncoclínicas foi idealizada pela mastologista Carolina Argolo e chega ao terceiro ano consecutivo.

    O trabalho é fruto de uma parceria com a rede de postos Shell através da campanha "Meu Combustível Salva".

    “O nosso objetivo é aumentar o acesso de pacientes ao exame de rastreamento, conscientizar a população sobre a importância da prevenção e contribuir para o combate ao câncer de mama”, afirma a médica da CAM, que também é presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia.

    Podem se inscrever para a realização do exame pacientes de 40 anos a 70 anos de idade nas seguintes condições:

    que tenham realizado mamografia há um ano ou mais (ou nunca tenham realizado o exame)
    que sejam usuárias do SUS

    As interessadas devem fazer o agendamento no último sábado de fevereiro através do telefone (71) 3512-8600. Os exames serão feitos nas unidades da clínica em Salvador (Itaigara e Canela) e Lauro de Freitas.

    Em casos de resultados suspeitos, as pacientes serão encaminhadas para diagnóstico final (biópsia) e tratamento no Hospital Aristides Maltez.

    Importância do diagnóstico precoce
    Ao longo de 10 meses, a clínica disponibiliza ainda mais mamografias gratuitas — são duas mil, no total.

    A CAM justifica a iniciativa ao considerar a dificuldade de acesso ao exame no sistema de saúde do país. A mamografia é a forma mais eficaz de diagnóstico precoce do câncer de mama.

    “O exame de mamografia salva vidas, pois é capaz de identificar nódulos muito pequenos, quando eles ainda não são palpáveis”, explica Carolina Argolo. A especialista lembra que o diagnóstico em fase inicial aumenta em 90% a chance de cura.

    Além disso, o início do rastreamento aos 40 anos reduz a mortalidade em 10 anos em 25% dos casos, de acordo com a Sociedade Brasileira de Mastologia, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem.

    Campanha Meu Combustível Salva
    Todas as pessoas que abasteceram seus veículos com gasolina V Power, por meio do aplicativo Shell Box durante o último mês de outubro, contribuíram automaticamente com a doação de mamografias. A iniciativa é parte da campanha “Meu Combustível Salva”, vigente na Bahia e em Sergipe.

  • Após 15 anos, educador social reencontra irmão durante Carnaval de Salvador

    Um abraço longo e emocionado uniu o vendedor ambulante Vitor da Silva, de 42 anos, ao educador social Joaquim Donato dos Santos Júnior, 36 anos, neste Carnaval de Salvador 2024, colocando fim a uma busca que já durava 15 anos. Os dois são irmãos e haviam se encontrado pela última vez em 2009, no enterro do pai deles.

    O reencontro ocorreu na manhã de sexta-feira (9), durante o segundo dia de Carnaval de Salvador. Vitor atuava como vendedor ambulante e catador no Carnaval e Joaquim, que atua como educador social, estava no primeiro dia de plantão do Catafolia, base de apoio para catadores montada pela Prefeitura de Salvador.

    Vitor resolveu ir à base do Dois de Julho para tomar um café. Ao chegar na base, Vitor ouviu a voz de Joaquim e o abordou. Imediatamente, Joaquim perguntou: “É você? Vitor?”. Ao tempo que Vitor perguntou se era Júnior. Depois disso, os dois se abraçaram por um longo tempo e choraram.

    “Eu tive esse privilégio de encontrá-lo depois de 15 anos. O último momento que nos encontramos foi em 2009, no enterro de nosso pai. Foi um momento de tristeza, mas graças a Deus nos reencontramos depois de muita busca minha por ele”, contou Joaquim.

    O Catafolia, local em que os dois se reencontraram, é uma das duas bases de apoio montadas pela Secretaria de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esportes e Lazer (Sempre) para catadores de materiais recicláveis e reutilizáveis. Durante o Carnaval, para cada espaço, são disponibilizadas 400 vagas por dia pela Prefeitura. Na estrutura, os catadores têm acesso a café da manhã, lanche da manhã, almoço e lanche da tarde, além de sanitários químicos e atendimento médico.

    “O que está tendo um significado maior na minha vida hoje é, primeiramente Deus e depois a minha família. Ele me reencontrou neste lugar. Eu nunca imaginei que fosse encontrar com ele aqui dentro, uma pessoa que trabalha com outras que vivem nas ruas. Ele tem esse olhar cuidadoso para quem vive na rua e isso é muito importante, pois quem vive na rua também é ser humano”, disse Vitor.


    Separação – A história de Vitor é marcada por muitos altos e baixos. Filho de Joaquim Donato e de Ana Paula Silva, ele foi criado por uma tia, pois a sua mãe morreu após o parto e o pai não quis cuidar do filho, história muito parecida com o enredo da novela Renascer, obra de Benedito Ruy Barbosa que atualmente está tendo um remake. Esse foi um dos traumas que o empurrou para o alcoolismo.

    “O meu pai também era alcoólatra, bebia muito. Depois entrou para a igreja e parou, mas Deus levou ele. Eu não tive uma infância muito boa. Por causa do meu problema com o alcoolismo, a minha mãe de criação me colocou para dormir na laje, no relento, me cobrindo com pano de chão. Dormi nas ruas por cinco meses. Mas eu sempre pensei que um dia daria a volta por cima e a minha volta por cima começou há nove anos, quando conheci a minha esposa e hoje mãe da minha filha”, contou.

    Joaquim Donato Júnior e Vitor são os únicos filhos vivos de Joaquim, pai. Eles perderam dois irmãos de forma trágica. A irmã Ana Paula morreu atropelada e o irmão Marcos morreu afogado. Vitor chegou a morar um período com Joaquim e o pai, mas devido a uma briga de família, saiu de casa. Após o enterro do pai, os irmãos não se viram mais, e como Vitor não tem redes sociais e nem tinha aparelho celular à época, foi muito difícil o reencontro.

    Busca – A tentativa de encontrar Vitor, foi um dos aspectos que motivou Joaquim Donato a trabalhar como educador social. Ele entrou no Consultório nas Ruas, um serviço da atenção básica do Sistema Único de Saúde (SUS), e em alguns momentos fez buscas por Vitor nos bairros de Itinga, Sete de Abril e Castelo Branco, mas não o encontrou.

    “Eu fiquei sabendo que ele estava se reunindo com outras pessoas dependentes de álcool no Largo do Caranguejo, em Itinga, no ‘sindicato’, como as pessoas costumam chamar esses grupos aqui em Salvador. Também soube que ele andou um tempo nas ruas e em Centros de Recuperação, por isso fiz essas buscas por esses bairros, mas sem sucesso”, contou.

    Encontro – Joaquim está no Serviço Especializado em Abordagem Social (SEAS) da Sempre desde 19 de janeiro, há menos de um mês. “No momento em que eu me candidatei para a vaga, o meu objetivo era trabalhar com a população em situação de rua, na esperança de encontrar o meu irmão. Foi assim, que no meu primeiro plantão do Catafolia, eu o encontrei e quase não acreditei”, contou.

    “O momento foi muito emocionante, eu só fiz chorar bastante. O choro foi de felicidade, de alegria. Eu cheguei em casa sem acreditar, estatelado. Falei com a minha mãe, ela também não acreditou, aí mostrei a foto dele e da filha dele, foi aí que ela já pediu para marcar um dia para eles irem na nossa casa”, descreveu Joaquim.

    “No momento que eu o encontrei, eu já estava meio sem acreditar, mas como a nossa fé vem de lá de cima, Deus nos uniu de novo e ninguém vai nos separar. E se hoje eu estou tendo a oportunidade de contar a minha história, é graças ao Serviço Social. Ninguém faz esse trabalho, a não as pessoas que trabalham com a atenção social e com o morador de rua. Essa é uma história de superação. Eu já passei fome também e já dormi no relento, eu sei o que é isso, mas Deus colocou vocês aqui para nos ajudar. A função de vocês, incluindo a do meu irmão, é ajudar o povo. A minha vida agora é só agradecer. Eu sou muito grato”, agradeceu Vitor.

    Os planos dos irmãos agora são se manter unidos e fortalecidos. “O que eu mais queria era esse encontro e agora Vitor pode ter certeza que eu vou ajudá-lo no que precisar. E a minha sobrinha, que eu nem sabia que tinha, já é o meu xodó”, contou Joaquim, que mora apenas com a mãe e não tem filhos.

  • Americanas abre quase 400 vagas temporárias na Bahia para a Páscoa

    A Americanas está recrutando funcionários para vagas temporárias na Páscoa. Do total, 393 vagas são para atuação em lojas da Bahia. Em todo o país, a empresa abriu mais de 6 mil vagas para o período, para o cargo de operador de loja.

    As vagas da Bahia estão distribuídas nas cidades de Salvador, Alagoinhas, Amargosa, Barreiras, Bom Jesus da Lapa, Brumado, Cachoeira, Caetité, Camacan, Camaçari, Camamu, Campo Formoso, Candeias, Catu, Conceição do Coité, Conceição do Jacuípe, Cruz das Almas, Dias D'ávila, Entre Rios, Esplanada, Euclides da Cunha, Eunápolis, Feira de Santana, Gandu, Guanambi, Ibotirama, Iguaí, Ilhéus, Ipiaú, Ipirá, Irará, Irecê, Itaberaba, Itabuna, Itamaraju, Itaparica, Itapetinga, Jacobina, Jaguaquara, Jequié, Juazeiro, Lauro De Freitas, Livramento Nossa Senhora, Luís Eduardo Magalhães, Maraú, Mata De São João, Monte Santo, Nova Pojuca, Nova Viçosa, Paulo Afonso, Porto Seguro, Presidente Tancredo Neves, Queimadas, Remanso, Ribeira do Pombal, São Gonçalo dos Campos, Santa Luz, Santa Maria da Vitória, Santo Amaro, Santo Antônio de Jesus, Santo Estevão, Seabra, Senhor do Bonfim, Serrinha, Simões Filho, Santa Cruz de Cabrália, Teixeira de Freitas, Tucano, Ubaitaba, Ubatã, Valença e Vitória da Conquista.

    O perfil procurado pela empresa é de pessoas com idade a partir de 18 anos, ensino médio completo e perfil dinâmico, ágil e resiliente para atuar como operador de loja. Entre as atividades estão o atendimento ao cliente, operação de caixa, organização de itens nas gôndolas, parreiras de ovos de Páscoa e suporte à operação de retirada, na loja, de pedidos feitos pelo site e app da Americanas.

    As oportunidades não exigem experiência prévia e os interessados devem ter disponibilidade para trabalhar entre fevereiro e abril.

Deixe um comentário

Certifique-se de preencher os campos indicados com (*). Não é permitido código HTML.