Sexta, 29 Março 2024 | Login
Fome e insegurança alimentar crescem na Bahia e cerca de 22% da população cadastrada no Cadúnico vive com R$ 89 por mês

Fome e insegurança alimentar crescem na Bahia e cerca de 22% da população cadastrada no Cadúnico vive com R$ 89 por mês

O número de baianos que não se alimenta como deveria, com qualidade e em quantidade suficiente, cresceu ainda mais depois da pandemia do novo coronavírus. Segundo o secretário de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social da Bahia (SJDHDS), Carlos Martins, 1,9 milhões de pessoas cadastradas no CadÚnico vivem com entre R$ 89 e R$ 150 por mês.

"Nós temos o Cadastro Único com 3.450 milhões famílias. O CadÚnico já lhe dá uma ideia da pobreza na Bahia, porque 1,2 milhões vivem com até R$ 89 por mês, 1,9 milhões vivem com entre R$ 89 e R$ 150", explicou o secretário da SJDHDS, Carlos Martins.
"Então a gente já sabe o número mais ou menos, e onde estão localizados, que é basicamente na região do semiárido da Bahia, que temos boa parte do nosso território. Com o CadÚnico nós temos a noção exata de onde estão a extrema pobreza, a fome".

Essas consequências da fome agravam ainda mais a vulnerabilidade à Covid-19. Os dados da última pesquisa divulgada pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) sobre segurança alimentar, em 2018, revelavam o seguinte cenário.

Segurança Alimentar: 59,01%
Insegurança Alimentar Leve: 22,09%
Insegurança Alimentar Moderada: 14,6%
Insegurança Alimentar Grave: 3,4%

Em entrevista ao G1, o secretário da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social da Bahia (SJDHDS), Carlos Martins, afirmou que a maior parte das pessoas que vivem em extrema pobreza e convivem mais perto com a insegurança alimentar moram no semiárido.

“A Bahia é um estado de 14 milhões de habitantes, a maior economia do Nordeste, mas também tem uma boa parte da população no semiárido e vivendo em extrema pobreza. Segundo os dados do CadÚnico, a Bahia é o estado que mais recebe Bolsa Família, isso quer dizer que a questão da fome é uma preocupação muito forte", disse o secretário.

Segundo a Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social da Bahia (SJDHDS), desde o início da pandemia, o orçamento do órgão foi direcionado às ações de enfrentamento à fome e à vulnerabilidade social, que aumentaram sensivelmente desde março de 2020.

A situação preocupa já que os níveis de insegurança alimentar podem causar impactos à saúde, como a perda de energia até a morte. E a falta de dados recentes prejudica a criação de políticas públicas para atender a população.

A pesquisa da SEI foi feita em 3.956 casas em Salvador a partir de 218 setores censitários e 18 distritos entre setembro e novembro de 2017.

Mesmo com a falta de dados mais recentes, o secretário de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esporte e Lazer de Salvador (Sempre), Kiki Bispo, é taxativo ao revelar que o número de pessoas em insegurança alimentar, que já vinha em crescimento, aumentou ainda mais durante a pandemia.

“A gente percebe pelos nossos equipamentos. Nós temos 28 CRAS [Centro de Referência da Assistência Social], sete CREAS [Centro de Referência Especializado de Assistência Social], e temos quatro centros voltados a população de rua. Então, naturalmente a gente percebe que a procura pelos nossos equipamentos tem crescido. Isso é um índice muito claro de que a pobreza tem aumentado”, disse o secretário.

Segundo o secretário da Sempre, outro aspecto que precisa ser levado em conta é a segunda onda da Covid-19 e a suspensão do auxílio emergencial do governo federal nos últimos meses.

“Na verdade, assim, o primeiro fato que devemos levar em conta é que nós estamos já em uma segunda onda da Covid-19, que voltou mais agressiva e que trouxe novamente as medidas restritivas. Essas medidas fecham comércio, elas pedem para que as pessoas fiquem em casa, então isso impacta diretamente na economia”, disse Kiki Bispo.

“Quando você tem esses indicadores, você acaba afetando também a parte social. É por isso que o número da pobreza e da extrema pobreza tem aumentado no nosso país, porque as empresas estão fechando, as lojas estão fechando e os impactos são vistos a olho nu pelas pessoas”, afirmou.

“Você percebe o aumento das pessoas em situação de rua, o aumento de desempregados, você percebe o aumento de pessoas em estado de vulnerabilidade social. Então isso traz impactos diretos”.
Segundo a Sempre, dados revelados pelo Cadastro Único da prefeitura mostram que a situação de pobreza e extrema pobreza da população também são usados para verificar a situação de segurança alimentar, já que informam a condição das famílias de adquirir e consumir os alimentos em quantidades necessárias e suficientes.

Os números apontam que mais de 170 mil pessoas vivem em situação de extrema pobreza. Já mais de 36 mil estão cadastrados como pobres em Salvador.
CadÚnico extrema pobreza - 170.174
CadÚnico pobreza - 36.736

Para tentar amenizar o sofrimento dessas pessoas, a prefeitura de Salvador, que antes cobrava R$ 1 em uma quentinha nos dois restaurantes populares, passou a ofertar a alimentação de graça.

“Além disso, nós aumentamos a oferta, porque percebemos que a procura aumentou muito nesse período. Ela pulou de 700 para 1.000 quentinhas entregues por dia”, contou Kiki Bispo.

De acordo com a prefeitura, as duas unidades, que ficam em Pau da Lima e São Tomé de Paripe, têm nutricionistas permanentes, cardápios variados com balanceamento das refeições.

"Então existe todo um critério, eu posso garantir que é uma estrutura de qualidade e quem fala isso são nossos assistidos que estão lá. Em muitos casos é a única refeição deles no dia”.

Salvador ainda conta com outros dois restaurantes populares, administrados pelo governo do estado, que ficam no bairro do Comércio e da Liberdade, e também cobram R$ 1 no prato de comida. Crianças com menos de cinco anos têm a refeição gratuita.

O secretário de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social da Bahia, Carlos Martins, revelou ao G1 que uma pesquisa feita com os assistidos apontou que 74% das pessoas fazem a única refeição do dia no local.

"Nós fizemos uma pesquisa com os usuários do Restaurante Popular e 74% deles só tem uma refeição por dia. Então nós temos muitas pessoas com insegurança alimentar", apontou.

Ausência de dados recentes

A última pesquisa relacionada ao tema realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi feita em 2017-2018, e mostrou que na Bahia, 2,221 milhões de domicílios (45,3% do total), onde viviam 7,4 milhões de pessoas (50% do total), sofriam algum grau de insegurança alimentar.

O dado alarmante preocupava ainda mais, porque o total de residências com insegurança alimentar tinha crescido 21,8% no estado, entre 2013 e 2018, o que significou mais 397 mil domicílios nessa condição, no período.

Apesar de significativo, o crescimento da insegurança alimentar na Bahia no período ficou entre os mais baixos do país, por isso o estado tinha melhorado nesse ranking. Em 2013, tinha o maior número absoluto de domicílios com insegurança alimentar (1,823 milhão) e o 5° maior percentual (37,8%). Em 2017-2018, ficou com o terceiro maior número absoluto (2,221 milhões) e apenas o 14° percentual (45,3%).

Segundo o IBGE, o aumento da insegurança alimentar na Bahia, entre 2013 e 2018, foi puxado por casos leves, que afetavam 1,299 milhão de domicílios (26,5% do total de residências no estado) e 4,4 milhões de pessoas (29,8% da população).

Entretanto, em 2017-2018, faltou comida em quase um de cada cinco lares baianos (18,8% ou 922 mil), onde viviam cerca de 3 milhões de pessoas. Dentre esses, existia a estimativa de 310 mil domicílios (6,3% do total), onde moravam 987 mil pessoas, que podem ter convivido com a fome.

Entre 2013 e 2018, a Bahia foi o único estado do país em que se reduziu o número absoluto de domicílios em insegurança alimentar grave, onde pode haver fome (menos 7 mil residências nessa situação).

Ainda assim, em 2017-2018, o estado era o segundo com mais lares ameaçados pela fome (310 mil), atrás apenas de São Paulo, que tinha 381 mil domicílios em insegurança alimentar grave.

A realidade, que já era preocupante, parece ter aumentado ainda mais. Segundo um novo estudo, divulgado pelo Fantástico, no início de abril deste ano, quase 117 milhões de brasileiros não se alimentam como deveriam, com qualidade e em quantidade suficiente. Destes, 19 milhões não tem nem o que comer.

No Norte e Nordeste estão os maiores percentuais de perda de emprego, redução de rendimento familiar e corte de despesas. Quase quase 60% dos entrevistados dessas regiões contaram com auxilio emergencial. A pesquisa não foi destrinchada por estados.

Os secretários da SJDHDS e da Semps garantem que os números apontados nas pesquisas mais recentes do IBGE estão ainda maiores e que a situação ficou ainda mais agravada.

"A situação pandêmica que nós temos nos deixa preocupado. Mesmo com a solidariedade das ONGs, sociedade civil, organizações religiosas, que também fazem esse trabalho de fornecimento de alimentação para as pessoas, O quadro de insegurança alimentar é muito grave", disse o secretario do órgão estadual, Carlos Martins.

Pessoas pobres e extremamente pobres

No último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, divulgado em novembro de 2020, apontou que, em 2019, a Bahia possuía, em números absolutos, a maior quantidade de pessoas extremamente pobres e a segunda maior de pobres.

Segundo a pesquisa, em 2019, quatro em cada 10 moradores do estado (40,4% da população) estavam abaixo da linha da pobreza monetária, com renda domiciliar per capita menor que R$ 428. Além disso, pouco mais de um em cada 10 (12,5%) estava abaixo da linha de extrema pobreza, com renda domiciliar per capita menor que R$ 148.

O instituto explica que o Brasil não tem uma linha oficial de pobreza. Considerando o critério definido pelo Banco Mundial para países de renda média, adotado no acompanhamento das metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), a linha oficial de pobreza é de US$ 1,90 por dia em paridade de poder de compra.

De acordo com a SJDHDS, uma série de serviços e ações de enfrentamento à fome, diretos e indiretos, são ofertados com o objetivo de diminuir os efeitos da falta de alimentação adequada.

"Nesse momento é fundamental a união das três esferas do governo (federal, estadual e municipal) e ao mesmo tempo a união da sociedade civil, que também precisa se movimentar para ajudar, com o espírito de solidariedade, aqueles que mais precisam nesse momento", disse o secretário Carlos Martins.

Confira as ações feitas pela SJDHDS:
Restaurante populares

Os Restaurantes Populares mantidos pelo Governo da Bahia em Salvador serviram 311.535 mil refeições nos três primeiros meses desse ano. Segundo a Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social, diariamente, são servidas 4.945 refeições, sendo 2.645 na unidade Comércio e 2.300 na unidade Liberdade.

Nos três primeiros meses deste ano, foram 169.280 mil refeições servidas na unidade do Comércio e 147.200 mil refeições servidas na unidade da Liberdade. O investimento do Governo da Bahia chegou à marca de R$ 1,7 milhão nesse primeiro trimestre de 2021. Em ambos os restaurantes, o usuário paga o valor de R$ 1 pela refeição. As crianças menores de 5 anos são atendidas gratuitamente.

Em 2020, com a pandemia do novo coronavírus, os equipamentos ofertaram 1.402.275 refeições, o que significa que mais de 1 milhão de quilos de alimentos foram usados nas cozinhas dos equipamentos. Para isso, foram investidos R$ 7,7 milhões.

Programa de Aquisição Alimentar (PAA)

Nos três primeiros meses de 2021, o Programa de Aquisição de Alimentos realizou a compra e doação de 1,071 milhão de quilos de alimentos e 784 mil litros de leite, em um investimento de mais de R$ 5,4 milhões. Mais de 55 mil famílias baianas foram beneficiadas em 2021.

Em 2020, o mesmo programa foi responsável pela distribuição de 4,9 milhões de quilos de alimentos e 5,5 milhões de litros de leite.

Conforme a secretaria, mais de 213 mil famílias foram beneficiadas por alguma das duas modalidades do PAA. O investimento, que chega a R$ 27 milhões, faz parte de um convênio com o Ministério da Cidadania e conta com contrapartida do Governo da Bahia.

Em 2020, a SJDHDS entregou ainda 50 kits de equipamentos e veículos para os municípios fortalecerem a execução do programa.

Cofinanciamento

Em 2020, o Governo da Bahia repassou aos municípios R$ 35,9 milhões para o funcionamento dos diversos serviços socioassistenciais. Um total de 404 municípios receberam os recursos. O cofinanciamento garante o funcionamento de uma série de serviços socioassistenciais que atendem as famílias em situação de vulnerabilidade, entre eles as famílias beneficiárias do Bolsa Família.

Atualmente, a Bahia tem 1.844.945 famílias beneficiárias do Bolsa Família, aproximadamente 28,82% da população. Em fevereiro de 2021, o estado tinha uma demanda reprimida de 175 mil famílias.

Corra pro Abraço

No período de janeiro de 2020 a março de 2021, o programa Corra pro Abraço, que atua com uma população em situação de extrema vulnerabilidade social, alcançou a marca de 25 mil atendimentos, com distribuição de mais de 10 mil kits de lanche e 11 mil kits de higiene pessoal, além de duas mil cestas básicas a instituições e famílias em situação de vulnerabilidade da capital baiana.

Itens relacionados (por tag)

  • Clínica oferece 300 mamografias gratuitas para pacientes de 40 a 70 anos em cidades da Bahia

    Em meio às celebrações do Dia Internacional da Mulher, em março, a clínica CAM vai oferecer 300 mamografias gratuitas para pacientes de 40 a 70 anos. A ação do grupo Oncoclínicas foi idealizada pela mastologista Carolina Argolo e chega ao terceiro ano consecutivo.

    O trabalho é fruto de uma parceria com a rede de postos Shell através da campanha "Meu Combustível Salva".

    “O nosso objetivo é aumentar o acesso de pacientes ao exame de rastreamento, conscientizar a população sobre a importância da prevenção e contribuir para o combate ao câncer de mama”, afirma a médica da CAM, que também é presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia.

    Podem se inscrever para a realização do exame pacientes de 40 anos a 70 anos de idade nas seguintes condições:

    que tenham realizado mamografia há um ano ou mais (ou nunca tenham realizado o exame)
    que sejam usuárias do SUS

    As interessadas devem fazer o agendamento no último sábado de fevereiro através do telefone (71) 3512-8600. Os exames serão feitos nas unidades da clínica em Salvador (Itaigara e Canela) e Lauro de Freitas.

    Em casos de resultados suspeitos, as pacientes serão encaminhadas para diagnóstico final (biópsia) e tratamento no Hospital Aristides Maltez.

    Importância do diagnóstico precoce
    Ao longo de 10 meses, a clínica disponibiliza ainda mais mamografias gratuitas — são duas mil, no total.

    A CAM justifica a iniciativa ao considerar a dificuldade de acesso ao exame no sistema de saúde do país. A mamografia é a forma mais eficaz de diagnóstico precoce do câncer de mama.

    “O exame de mamografia salva vidas, pois é capaz de identificar nódulos muito pequenos, quando eles ainda não são palpáveis”, explica Carolina Argolo. A especialista lembra que o diagnóstico em fase inicial aumenta em 90% a chance de cura.

    Além disso, o início do rastreamento aos 40 anos reduz a mortalidade em 10 anos em 25% dos casos, de acordo com a Sociedade Brasileira de Mastologia, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem.

    Campanha Meu Combustível Salva
    Todas as pessoas que abasteceram seus veículos com gasolina V Power, por meio do aplicativo Shell Box durante o último mês de outubro, contribuíram automaticamente com a doação de mamografias. A iniciativa é parte da campanha “Meu Combustível Salva”, vigente na Bahia e em Sergipe.

  • Após 15 anos, educador social reencontra irmão durante Carnaval de Salvador

    Um abraço longo e emocionado uniu o vendedor ambulante Vitor da Silva, de 42 anos, ao educador social Joaquim Donato dos Santos Júnior, 36 anos, neste Carnaval de Salvador 2024, colocando fim a uma busca que já durava 15 anos. Os dois são irmãos e haviam se encontrado pela última vez em 2009, no enterro do pai deles.

    O reencontro ocorreu na manhã de sexta-feira (9), durante o segundo dia de Carnaval de Salvador. Vitor atuava como vendedor ambulante e catador no Carnaval e Joaquim, que atua como educador social, estava no primeiro dia de plantão do Catafolia, base de apoio para catadores montada pela Prefeitura de Salvador.

    Vitor resolveu ir à base do Dois de Julho para tomar um café. Ao chegar na base, Vitor ouviu a voz de Joaquim e o abordou. Imediatamente, Joaquim perguntou: “É você? Vitor?”. Ao tempo que Vitor perguntou se era Júnior. Depois disso, os dois se abraçaram por um longo tempo e choraram.

    “Eu tive esse privilégio de encontrá-lo depois de 15 anos. O último momento que nos encontramos foi em 2009, no enterro de nosso pai. Foi um momento de tristeza, mas graças a Deus nos reencontramos depois de muita busca minha por ele”, contou Joaquim.

    O Catafolia, local em que os dois se reencontraram, é uma das duas bases de apoio montadas pela Secretaria de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esportes e Lazer (Sempre) para catadores de materiais recicláveis e reutilizáveis. Durante o Carnaval, para cada espaço, são disponibilizadas 400 vagas por dia pela Prefeitura. Na estrutura, os catadores têm acesso a café da manhã, lanche da manhã, almoço e lanche da tarde, além de sanitários químicos e atendimento médico.

    “O que está tendo um significado maior na minha vida hoje é, primeiramente Deus e depois a minha família. Ele me reencontrou neste lugar. Eu nunca imaginei que fosse encontrar com ele aqui dentro, uma pessoa que trabalha com outras que vivem nas ruas. Ele tem esse olhar cuidadoso para quem vive na rua e isso é muito importante, pois quem vive na rua também é ser humano”, disse Vitor.


    Separação – A história de Vitor é marcada por muitos altos e baixos. Filho de Joaquim Donato e de Ana Paula Silva, ele foi criado por uma tia, pois a sua mãe morreu após o parto e o pai não quis cuidar do filho, história muito parecida com o enredo da novela Renascer, obra de Benedito Ruy Barbosa que atualmente está tendo um remake. Esse foi um dos traumas que o empurrou para o alcoolismo.

    “O meu pai também era alcoólatra, bebia muito. Depois entrou para a igreja e parou, mas Deus levou ele. Eu não tive uma infância muito boa. Por causa do meu problema com o alcoolismo, a minha mãe de criação me colocou para dormir na laje, no relento, me cobrindo com pano de chão. Dormi nas ruas por cinco meses. Mas eu sempre pensei que um dia daria a volta por cima e a minha volta por cima começou há nove anos, quando conheci a minha esposa e hoje mãe da minha filha”, contou.

    Joaquim Donato Júnior e Vitor são os únicos filhos vivos de Joaquim, pai. Eles perderam dois irmãos de forma trágica. A irmã Ana Paula morreu atropelada e o irmão Marcos morreu afogado. Vitor chegou a morar um período com Joaquim e o pai, mas devido a uma briga de família, saiu de casa. Após o enterro do pai, os irmãos não se viram mais, e como Vitor não tem redes sociais e nem tinha aparelho celular à época, foi muito difícil o reencontro.

    Busca – A tentativa de encontrar Vitor, foi um dos aspectos que motivou Joaquim Donato a trabalhar como educador social. Ele entrou no Consultório nas Ruas, um serviço da atenção básica do Sistema Único de Saúde (SUS), e em alguns momentos fez buscas por Vitor nos bairros de Itinga, Sete de Abril e Castelo Branco, mas não o encontrou.

    “Eu fiquei sabendo que ele estava se reunindo com outras pessoas dependentes de álcool no Largo do Caranguejo, em Itinga, no ‘sindicato’, como as pessoas costumam chamar esses grupos aqui em Salvador. Também soube que ele andou um tempo nas ruas e em Centros de Recuperação, por isso fiz essas buscas por esses bairros, mas sem sucesso”, contou.

    Encontro – Joaquim está no Serviço Especializado em Abordagem Social (SEAS) da Sempre desde 19 de janeiro, há menos de um mês. “No momento em que eu me candidatei para a vaga, o meu objetivo era trabalhar com a população em situação de rua, na esperança de encontrar o meu irmão. Foi assim, que no meu primeiro plantão do Catafolia, eu o encontrei e quase não acreditei”, contou.

    “O momento foi muito emocionante, eu só fiz chorar bastante. O choro foi de felicidade, de alegria. Eu cheguei em casa sem acreditar, estatelado. Falei com a minha mãe, ela também não acreditou, aí mostrei a foto dele e da filha dele, foi aí que ela já pediu para marcar um dia para eles irem na nossa casa”, descreveu Joaquim.

    “No momento que eu o encontrei, eu já estava meio sem acreditar, mas como a nossa fé vem de lá de cima, Deus nos uniu de novo e ninguém vai nos separar. E se hoje eu estou tendo a oportunidade de contar a minha história, é graças ao Serviço Social. Ninguém faz esse trabalho, a não as pessoas que trabalham com a atenção social e com o morador de rua. Essa é uma história de superação. Eu já passei fome também e já dormi no relento, eu sei o que é isso, mas Deus colocou vocês aqui para nos ajudar. A função de vocês, incluindo a do meu irmão, é ajudar o povo. A minha vida agora é só agradecer. Eu sou muito grato”, agradeceu Vitor.

    Os planos dos irmãos agora são se manter unidos e fortalecidos. “O que eu mais queria era esse encontro e agora Vitor pode ter certeza que eu vou ajudá-lo no que precisar. E a minha sobrinha, que eu nem sabia que tinha, já é o meu xodó”, contou Joaquim, que mora apenas com a mãe e não tem filhos.

  • Americanas abre quase 400 vagas temporárias na Bahia para a Páscoa

    A Americanas está recrutando funcionários para vagas temporárias na Páscoa. Do total, 393 vagas são para atuação em lojas da Bahia. Em todo o país, a empresa abriu mais de 6 mil vagas para o período, para o cargo de operador de loja.

    As vagas da Bahia estão distribuídas nas cidades de Salvador, Alagoinhas, Amargosa, Barreiras, Bom Jesus da Lapa, Brumado, Cachoeira, Caetité, Camacan, Camaçari, Camamu, Campo Formoso, Candeias, Catu, Conceição do Coité, Conceição do Jacuípe, Cruz das Almas, Dias D'ávila, Entre Rios, Esplanada, Euclides da Cunha, Eunápolis, Feira de Santana, Gandu, Guanambi, Ibotirama, Iguaí, Ilhéus, Ipiaú, Ipirá, Irará, Irecê, Itaberaba, Itabuna, Itamaraju, Itaparica, Itapetinga, Jacobina, Jaguaquara, Jequié, Juazeiro, Lauro De Freitas, Livramento Nossa Senhora, Luís Eduardo Magalhães, Maraú, Mata De São João, Monte Santo, Nova Pojuca, Nova Viçosa, Paulo Afonso, Porto Seguro, Presidente Tancredo Neves, Queimadas, Remanso, Ribeira do Pombal, São Gonçalo dos Campos, Santa Luz, Santa Maria da Vitória, Santo Amaro, Santo Antônio de Jesus, Santo Estevão, Seabra, Senhor do Bonfim, Serrinha, Simões Filho, Santa Cruz de Cabrália, Teixeira de Freitas, Tucano, Ubaitaba, Ubatã, Valença e Vitória da Conquista.

    O perfil procurado pela empresa é de pessoas com idade a partir de 18 anos, ensino médio completo e perfil dinâmico, ágil e resiliente para atuar como operador de loja. Entre as atividades estão o atendimento ao cliente, operação de caixa, organização de itens nas gôndolas, parreiras de ovos de Páscoa e suporte à operação de retirada, na loja, de pedidos feitos pelo site e app da Americanas.

    As oportunidades não exigem experiência prévia e os interessados devem ter disponibilidade para trabalhar entre fevereiro e abril.

Deixe um comentário

Certifique-se de preencher os campos indicados com (*). Não é permitido código HTML.